Comerciante é discriminada por servir PMs no Complexo do Alemão. Dona de bar na Fazendinha já recebeu ameaças de traficantes
ANA CLÁUDIA COSTA
O GLOBO
Publicado: 18/03/14 - 5h00

O bar de dona Cris: moradores deixaram de procurar o local Pablo Jacob / Agência O Globo
RIO — Dona de um bar que serve refeições em quentinhas e churrasquinhos, Ana Cristina Bezerra da Silva, de 40 anos, vive isolada dentro da sua própria comunidade, a Fazendinha, no Complexo do Alemão, na Zona Norte. Ela é excluída por moradores e mototaxistas porque vende comida a policiais. Por não se curvar à intimidação de traficantes, que proíbem comerciantes de servirem PMs, dona Cris, como é conhecida, e seus filhos já foram ameaçados. Após receber vários recados de criminosos, ela já teve até uma patrulha baseada perto de sua casa.
O movimento começou a minguar no ano passado. Sem alternativa, ela começou a vender exclusivamente para policiais (o almoço sai por R$ 10). Por dia, são cerca de 40 refeições, além dos churrasquinhos, que saem à noite.
— Eu nunca parei de vender para os policiais. Vender quentinhas é o meu trabalho, a forma com que sustento meus quatro filhos. Mas confesso que tenho medo. Temo pelos meus filhos, mas preciso trabalhar — contou.
Hoje, policiais lotados nas UPPs não só do Complexo do Alemão como no da Penha fazem suas refeições com dona Cris.
— É o que me salva — disse ela.
A clientela pode ser garantida, mas os problemas continuam. Nenhum mototaxista, por exemplo, aceita transportar Dona Cris ou seus filhos. Os jovens também evitam sair à noite.
— Meus filhos saem, mas voltam para casa ainda com a luz do dia — contou ela.
Também no Alemão, policiais do Bope, que estão na região desde sábado, começaram nesta segunda-feira a dar aulas práticas a um grupo de cem PMs de UPPs. O objetivo é treiná-los para saber o que fazer em caso de confronto. A iniciativa foi tomada após a morte, na quinta-feira, do subcomandante da UPP da Vila Cruzeiro, Leidson Acácio Alves da Silva. Como parte da aula, as equipes fizeram patrulhamento junto com policiais do Bope.
O clima na região era de tranquilidade, mas os moradores evitavam falar sobre os últimos ataques de traficantes a PMs.
Publicado: 18/03/14 - 5h00
O bar de dona Cris: moradores deixaram de procurar o local Pablo Jacob / Agência O Globo
RIO — Dona de um bar que serve refeições em quentinhas e churrasquinhos, Ana Cristina Bezerra da Silva, de 40 anos, vive isolada dentro da sua própria comunidade, a Fazendinha, no Complexo do Alemão, na Zona Norte. Ela é excluída por moradores e mototaxistas porque vende comida a policiais. Por não se curvar à intimidação de traficantes, que proíbem comerciantes de servirem PMs, dona Cris, como é conhecida, e seus filhos já foram ameaçados. Após receber vários recados de criminosos, ela já teve até uma patrulha baseada perto de sua casa.
O movimento começou a minguar no ano passado. Sem alternativa, ela começou a vender exclusivamente para policiais (o almoço sai por R$ 10). Por dia, são cerca de 40 refeições, além dos churrasquinhos, que saem à noite.
— Eu nunca parei de vender para os policiais. Vender quentinhas é o meu trabalho, a forma com que sustento meus quatro filhos. Mas confesso que tenho medo. Temo pelos meus filhos, mas preciso trabalhar — contou.
Hoje, policiais lotados nas UPPs não só do Complexo do Alemão como no da Penha fazem suas refeições com dona Cris.
— É o que me salva — disse ela.
A clientela pode ser garantida, mas os problemas continuam. Nenhum mototaxista, por exemplo, aceita transportar Dona Cris ou seus filhos. Os jovens também evitam sair à noite.
— Meus filhos saem, mas voltam para casa ainda com a luz do dia — contou ela.
Também no Alemão, policiais do Bope, que estão na região desde sábado, começaram nesta segunda-feira a dar aulas práticas a um grupo de cem PMs de UPPs. O objetivo é treiná-los para saber o que fazer em caso de confronto. A iniciativa foi tomada após a morte, na quinta-feira, do subcomandante da UPP da Vila Cruzeiro, Leidson Acácio Alves da Silva. Como parte da aula, as equipes fizeram patrulhamento junto com policiais do Bope.
O clima na região era de tranquilidade, mas os moradores evitavam falar sobre os últimos ataques de traficantes a PMs.
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