O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

CONFRONTO, DROGAS E ARMAS APREENDIDAS

O Dia 22/06/2015 10:59:47

PM faz operação em comunidades da Praça Seca e tiros assustam moradores.  Houve confronto e seis fuzis, granadas, carregadores e drogas foram apreendidos. Ação deixa quase 600 alunos sem aulas

Rio - Policiais do Comando de Operações Especiais da PM (COE) realizam, desde a madrugada desta segunda-feira, uma operação nas favelas São José Operário e Covanca, na Praça Seca, na Zona Oeste da cidade. Moradores relataram o medo na região por conta da intensa troca de tiros.

A ação visa combater o tráfico e a milícia que disputam os territórios e seis fuzis foram apreendidos, quatro granadas, carregadores com munições, além de uma grande quantidade de drogas ainda não contabilizada. Os policiais também encontraram barracas montadas na mata na região da Covanca, onde os traficantes se refugiam quando há operações.

Bope, usando farda camuflada, apreende fuzis, carregadores, granadas e drogas em favelas da Praça Seca Foto: Divulgação

Segundo o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o setor de inteligência recebeu informações sobre a presença de traficantes no baile da Covanca. Com isso, os policiais só deram início a operação com o fim da festa para evitar confronto dentro do baile.

De acordo com o Bope, ainda assim, houve confronto com criminosos na chegada às comunidades pela mata. Os homens do batalhão atuam pela primeira vez com roupas camufladas, que ajudam no combate na parte da vegetação. Também participam da operação os batalhões de Choque (BPChq), de Ações com Cães (BAC) e o Grupamento Aéreo Móvel (GAM).

A operação continua em andamento e os policiais fazem varredura na região. Ainda não há informações sobre feridos ou presos. As armas e as drogas apreendidas foram levadas para a 28ª DP (Campinho).


Acampamento usado por traficantes encontrado em mata na região da Covanca, na Praça Seca Foto: Divulgação

Quase 600 alunos ficam sem aulas



Por conta da operação nas duas favelas da Praça Seca, alunos da rede municipal estão sem aulas na região. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, através da 7ª Coordenadoria Regional, uma escola e um Espaço de Desenvolvimento Infantil não estão funcionando.

No total, 599 alunos ficarão sem aulas. A SME também informou que todo o conteúdo perdido será reposto posteriormente.

domingo, 21 de junho de 2015

NUMERO DOIS DA PM DO RIO ADMITE ERROS NAS UPPS

JORNAL EXTRA  21/06/15 07:56


Número dois da PM do Rio admite erros nas UPPs, elogia desmilitarização e critica política de guerra às drogas: ‘Fracasso’


Para coronel, “o que consome as energias da PM” é a guerra às drogas Foto: Marcio Oliveira/Extra


Rafael Soares


Durante a semana, Robson Rodrigues tem uma vida dupla. O coronel passa manhãs e tardes em seu gabinete no Quartel General da PM. Ao entardecer, ele tira a farda e vira aluno: formado em Direito e mestre em Antropologia, Robson, aos 51 anos — 31 deles na PM — é doutorando em Ciência Sociais pela Uerj. Até na faculdade, entretanto, o oficial não esquece a polícia, seu principal objeto de estudo. Em janeiro, Robson deixou os planos de aposentadoria de lado e aceitou o convite para o cargo de chefe do Estado Maior da PM, com o objetivo de transformar suas reflexões sobre a atividade policial em mudanças práticas. Numa sala da Secretaria de Segurança a poucos metros do gabinete do secretário José Mariano Beltrame, o oficial — fardado — revelou ao EXTRA que pretende aumentar o período de formação dos praças, admitiu erros na expansão das UPPs e criticou a política de guerra às drogas e o conservadorismo dentro e fora da corporação.

Por que o senhor largou a aposentadoria e voltou à PM?

A corporação passava por uma crise moral, de credibilidade, os números não estavam bons. Nosso projeto é o de modernização. Modernizar controle, processos e estrutura é prioridade, para que a PM entregue um serviço melhor.

No ano passado, integrantes da cúpula da PM foram presos em casos de corrupção. Esse é um problema institucional?

A corrupção existe em qualquer lugar. A PM está mais visível, como braço da força do estado. Só que o nível onde ela chegou, isso nunca tinha acontecido. Chegou aos altos escalões. Esse combate virou responsabilidade cívica. Por isso, muita gente foi afastada.

Você é a favor da desmilitarização da PM?

Eu sou a favor do serviço policial de natureza civil numa sociedade democrática, só que sou pragmático. Sou a favor da modernização antes da desmilitarização. Na identidade militar, temos bons princípios, como controle, organização e planejamento. Precisamos recuperar isso. Mesmo dentro do militarismo, que eu não acho que seja o melhor modelo, perdemos a essência.

A PM é o maior alvo de críticas quando o assunto é segurança pública. A que você acha que isso se deve?

A uma herança maldita da ditadura que a PM carrega até hoje. A ditadura construiu um desenho institucional bem planejado para um controle totalitário. Nesse cenário, a PM era a extensão da ditadura nas ruas. Passamos a um período democrático e o mesmo arcabouço permaneceu inalterado. Temos que prestar contas e defender os direitos da cidadania, mas temos o mesmo leque de atribuições. A PM faz desde a briga por furto de passarinho até a criminalidade transnacional na favela.

Robson, que já foi comandante das UPPs, admite erros: 'Se tivéssemos feito investimentos em qualidade, talvez não tivéssemos avançado tão rápido' Foto: Eduardo Naddar / Agência O Globo

Você acha que a PM gasta tempo e recursos demais com a guerra às drogas?


A política de combate às drogas, que gerou o proibicionismo, fracassou. O pretexto da guerra era o de que ela iria acabar com o tráfico, diminuir o consumo e a violência. Aconteceu ao contrário. Hoje, muitos estados americanos legalizaram o consumo. Nós continuamos aí. O que consome nossas energias é isso. Se acabasse, talvez sobrasse mais tempo para que combatêssemos o grande traficante de armas e de drogas, os grupos de extermínio... A PM foi convidada para uma dança, e ficou dançando sozinha com uma venda nos olhos. Quem convidou para dançar já saiu há muito tempo.

Como você avalia a formação policial hoje?

Essa é uma área que vai passar por mudanças. Vamos diminuir tempo para formação de oficiais e aumentar o tempo para formação de praças. O fluxo de carreira será meritocrático, os melhores vão ascender. O praça vai ter oportunidade de ter uma formação continuada, chegar a oficial. Mas não acho que haja problemas no currículo. Existe toda uma cultura que não nasce na polícia, mas na sociedade. O policial está em inserido em nossa sociedade elitista, conservadora, o que gera impactos na corporação.

As UPPs falharam?

As UPPs são um ótimo produto, mas precisam ser aprimoradas. Houve equívocos? Houve. Se criou uma expectativa muito grande de que a polícia iria resolver tudo. Se tivéssemos feito investimentos em qualidade, talvez não tivéssemos avançado tão rápido.

Dá para consertar os erros?


A UPP estava isolada dentro da corporação. Percebemos isso e remodelamos. Criamos dois núcleos: um de ocupação segura, com homens do Bope, e outro de proximidade. Por isso dividimos as comunidades por graus de risco. Quando percebemos um nível crítico, entra o núcleo de ocupação segura. Mas não podemos esquecer da pacificação e nos lançarmos para a guerra, como já aconteceu.

Como a PM se posiciona sobre a maioridade penal?

Nossos jovens estão sendo dizimados, tanto policiais quanto moradores de favelas. É uma covardia achar que a polícia vai resolver o problema. Se vai continuar como está ou não, não importa. O que importa é que nós vejamos o que produz isso. A maior parte dos menores encaminhados para delegacias são vítimas, e não autores.

Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/numero-dois-da-pm-do-rio-admite-erros-nas-upps-elogia-desmilitarizacao-critica-politica-de-guerra-as-drogas-fracasso-16508810.html#ixzz3dhWqyUqt