O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

CRIMINOSOS ATIRAM CONTRA A PM

Criminosos atiram contra PMs e policiamento é reforçado no Alemão - FOLHA.COM, 25/04/2012 - 10h01

O policiamento foi reforçado na manhã desta quarta-feira no Complexo do Alemão, zona norte do Rio, após policiais militares serem atacados a tiros por traficantes, durante a madrugada, no alto do morro do Adeus. Segundo a PM, ninguém ficou ferido.

Também não houve registro de presos ou apreensões. Policiais do 22º Batalhão de Bonsucesso disseram que, por volta das 3h, realizavam ronda de rotina em um carro da PM quando foram alvejados a tiros por um grupo armado na favela.

Os policiais afirmam que não reagiram e que os tiros duraram cerca de dez minutos.

O incidente aconteceu horas antes da primeira reunião entre os comandantes das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) no conjunto de favelas, marcada para hoje.

O morro do Adeus, apesar de não ter UPP, também recebe ronda de policiais da tropa de pacificação do Alemão, além do 22º Batalhão de Bonsucesso.

De acordo com policiais, teria ocorrido uma tentativa de invasão de criminosos de uma facção rival ao morro do Adeus. O setor de inteligência da polícia afirma que a favela ainda abriga traficantes do CV (Comando Vermelho).

TIROTEIO EM FAVELA COM UPP

Uma semana após a implantação das duas primeiras UPPs no Complexo do Alemão, uma intensa troca de tiros assustou moradores, na noite de segunda-feira, na favela Nova Brasília. Foi o primeiro confronto na comunidade após a passagem do controle para a PM.

O comandante da unidade, capitão Márcio Ferreira Rodrigues, disse que ninguém ficou ferido. Segundo ele, quatro policiais realizavam ronda de rotina quando receberam uma informação sobre um grupo armado vendendo drogas em um beco da favela.

"Os criminosos perceberam a ação [policial] e dois deles atiraram contra os policiais, que revidaram. Em seguida, a dupla conseguiu fugir", afirmou. Durante a fuga, os criminosos deixaram cair uma granada com os dizeres "morte UPP", munições de fuzis, além de nove sacolés de cocaína. Nenhum dos criminosos foi preso ou identificado.

OPERAÇÃO DEIXA QUASE CINCO MIL ALUNOS SEM AULA

Operação no Morro do Chapadão deixa 4.737 alunos sem aula. Nove unidades estão fechadas, sendo seis escolas e três creches - O Globo - 26/04/12 - 11h12

RIO - Pelo menos 4.737 alunos da Zona Norte do Rio estão sem aula na manhã desta quinta-feira, devido à uma operação da Polícia Civil no Morro do Chapadão, em Costa Barros. Segundo a Secretaria municipal de Educação, nove unidades estão fechadas, sendo seis escolas e três creches.

A ação da polícia teve início às 6h e conta com cerca de 60 agentes de delegacias da Capital e de especializadas. Policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) dão apoio à ação, que conta ainda com um helicóptero Águia e um blindado.

A operação tem como objetivo verificar informações sobre o tráfico de drogas na região, a partir de um inquérito instaurado pela 21ª DP (Bonsucesso). De acordo com a polícia, ainda não houve confronto na região.

A GUERRA DE NITERÓI

Acuados pelas UPPs no Rio, bandidos atravessam a ponte, aterrorizam a cidade vizinha e o governo arma ofensiva para enfrentá-los. Wilson Aquino - REVISTA ISTO É N° Edição: 2215, 22.Abr.12 - 11:51




Ligada à cidade do Rio de Janeiro por uma ponte de 13,29 quilômetros sobre o mar, Niterói sempre conseguiu combinar as vantagens das cidades pequenas com as facilidades de estar bem próxima a uma metrópole. Dona da maior renda per capita do País, R$ 2.031, com 30% dos moradores na classe A, também detém o terceiro melhor índice de qualidade de vida do Brasil, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

O cotidiano de seus 500 mil habitantes, porém, não é mais tranquilo como no passado. Somente na primeira quinzena do mês, cinco pessoas foram baleadas. Um médico, um universitário, uma dona de casa, um policial militar fora de serviço e um fiseoterapeuta. Os quatro primeiros morreram, o último corre o risco de ficar cego. A violência que se abate sobre os niteroienses tem a ver com a queda da criminalidade na cidade do Rio.

A instalação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) em favelas cariocas expulsou os traficantes, que se refugiaram no município vizinho e, agora, atacam sua população. O governo estadual atentou para a situação e promete uma ofensiva à altura.



“Antes, a gente fechava o bar quando o último freguês pedia a conta. Atualmente, estamos pedindo para os clientes irem embora porque o medo nos obriga a fechar mais cedo”, lamenta Carlos Manhães, 50 anos, dono de um bar no Ingá, área nobre de Niterói, que, em 23 anos de funcionamento, nunca tinha sido assaltado. Em fevereiro, o estabelecimento sofreu dois assaltos por homens armados. De seis meses para cá, verificou-se o aumento na incidência de assaltos ao comércio, às residências e aos pedestres na cidade.

“A gente percebe que os bandidos são ‘estrangeiros’ por causa da forma gratuita com que as vítimas são machucadas, mesmo sem esboçar reação”, diz o teólogo Antonio Carlos Costa, coordenador da Organização Não Governamental Rio de Paz e morador de Niterói.

A polícia detectou que traficantes cariocas do Morro da Mangueira e da favela da Maré se instalaram em favelas do município. Na sexta-feira 13, PMs evitaram a invasão do Morro do Palácio, no Ingá, por parte de bandidos da comunidade Mandela, do Rio.



Para a antropóloga Ana Paula de Miranda, coordenadora do grupo de estudos da violência da Universidade Federal Fluminense (UFF), no entanto, a migração é apenas parte de um problema maior.

“Talvez explique o acirramento dos atos violentos, que são antigos. Não vejo policiamento em Niterói há muito tempo”, afirma. A antropóloga ressalta que a onda atual teve início justamente após o assassinato da juíza Patrícia Acioli, em agosto do ano passado.

“Esse crime foi um marco e revelou toda a fragilidade da cidade”, afirma.

Alunos, professores e funcionários da UFF estão entre os primeiros a perceber essa vulnerabilidade. O grande número de assaltos que eles sofreram na rua General Andrade Neves, via de acesso à universidade, acabou por rebatizar o local como “Rua do Perdeu”.

É que, na gíria de marginais das favelas do Rio, essa é a senha do assalto.

“Eles apontam a arma para a vítima e dizem ‘perdeu, perdeu’”, explica uma aluna da universidade que prefere não ter o nome divulgado.

Para evitar que alunos e funcionários transitem pela perigosa rua, o reitor Roberto Salles comprou três ônibus para transportar o pessoal entre a instituição e um terminal de barcas.



Acuada, a população tem reagido por meio de manifestações públicas. Este ano já foram quatro, a última no sábado 21, na Praia de Icaraí, organizada por universitários que fundaram o movimento Niterói Quer Paz.

“Não somos contra a pacificação do Rio, mas queremos um plano de segurança para Niterói também”, explicou o estudante Raphael Costa, 17 anos.

“A população cresceu e o número de policiais diminuiu”, diz Costa, referindo-se ao fato de que na década de 80 havia 1,2 mil PMs na cidade e hoje são cerca de 700.

O secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, reconheceu que o município pode estar sendo invadido por criminosos cariocas e anunciou medidas de emergência para conter a violência.



A principal delas é a instalação de duas Companhias de Polícia, cada uma com 100 homens, em duas favelas de Niterói: Cavalão, na zona sul, e Estado, no centro. O policiamento motorizado também foi reforçado. Durante a inauguração de duas UPPs no Complexo do Alemão, na quarta-feira 18, o governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), acenou com a hipótese de levar o projeto de pacificação para Niterói antes do previsto. “Se as medidas emergenciais não resolverem, nós vamos para a UPP (em Niterói)”, afirmou. É preciso agir para impedir que a escalada da violência manche os bons indicadores sociais e econômicos de Niterói.

BOPE INSTALA MAIS DUAS UPP NO ALEMÃO

Bope inicia instalação de mais duas UPPs no Alemão. Novas unidades devem ser inauguradas em um mês. Uma ficará no alto do complexo e a outra nos arredores dos morros do Adeus e da Baiana - Ana Claudia Costa, Athos Moura - EXTRA, O GLOBO, 26/04/12 - 11h46

RIO - Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estão instalando na manhã desta quinta-feira o contêiner que servirá como base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no alto do Morro do Alemão. De acordo com o relações públicas da Polícia Militar, as ações do Bope nos morros do Alemão, da Baiana e do Adeus fazem parte da primeira fase para a implantação de mais duas UPPs na região. Uma ficará nas comunidade do Adeus e Baiana e a outra no alto do complexo de favelas. A previsão de inauguração dessas novas unidades é de um mês.

Enquanto o Bope ocupa as favelas do Alemão, a PM realiza operações em 14 favelas da região metropolitana, cuja os criminosos são da mesma facção do complexo de favelas da Zona Norte. Duas pessoas já foram presas na Favela de Antares, em Santa Cruz; e outras duas em Caxias, na Baixada Fluminense. As ações estão sendo realizadas em favelas das zonas Norte, Oeste, Baixada Fluminense, Niterói e São Gonçalo.

A substituição dos militares do Exército nos morros do Adeus e da Baiana, no Complexo do Alemão, comunidades que se preparam para receber as Unidades de Polícia Pacificadora, tiveram início por volta das 23h desta quarta-feira. Durante a madrugada eles contaram com o apoio do Batalhão de Choque (BPChoque), revistando suspeitos e patrulhando as entradas de ambos os morros. Na manhã desta quinta-feira, juntaram-se a eles policiais do Batalhão de Ações com Cães (BAC), do Batalhão de Campanha, do Grupamento Aero-Marítimo (GAM) e do 22º BPM (Maré). Agentes da Coordenadoria de Inteligência (CI) da PM vão cumprir mandados de prisão nas duas localidades. A expectativa é de que até o fim de junho, a Polícia Militar já tenha substituído o Exército em todo o complexo de favelas.

O morro do Adeus atraiu a atenção da polícia durante essa semana. Na noite desta terça-feira, policiais do 16º BPM trocaram tiros com bandidos nas proximidades da escola Tim Lopes, na subida da grota do Morro do Adeus. Segundo a assessoria da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, um morador que não quis se identificar afirmou ter visto homens armados descerem de uma van minutos antes do início do confronto. No Twitter, outros moradores relataram que ouviram tiros de fuzil entre o Morro do Adeus e o Morro da Baiana. As duas áreas ainda não foram pacificadas. O autor do perfil @Rene_Silva_RJ disse: “Voltou… tiros e mais tiros são ouvidos aqui no alemão… clima tenso, ninguém na rua, comércios fechados”.

Também na madrugada de terça-feira, policiais militares e bandidos trocaram tiros na região. O confronto ocorreu na comunidade Nova Brasília, uma das favelas que recebeu uma das duas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas no Complexo do Alemão, há uma semana. De acordo com a polícia, os PMs receberam denúncia sobre um ponto de venda de drogas em um local conhecido como Coqueirinho. Três pessoas envolvidas no tiroteio conseguiram fugir e deixaram para trás uma granada com a inscrição "morte UPP". Os policiais também encontraram munições para fuzil e cocaína.

As primeiras UPPs do Complexo do Alemão começaram a ser instaladas na quarta-feira da semana passada. A unidade na localidade da Fazendinha atenderá também as subcomunidades Relicário, Palmeirinha, Morro das Palmeiras, Vila Matinha, Parque Alvorada e Casinhas. Já a UPP Nova Brasília também será responsável pelo policiamento das localidades Ipê Itararé, Mourão Filho, Largo Gamboa, Cabão, Joaquim de Queiroz, Loteamento, Prédios, Aterro I e Aterro II. Ao todo, 660 policiais passaram a fazer parte do cotidiano de aproximadamente 40 mil moradores das 16 primeiras comunidades do Complexo do Alemão contempladas pelo programa de pacificação da Secretaria de Estado de Segurança.

O processo para a instalação das duras UPPs no Alemão, ocupado pelo Exército desde 2010, começou em março. A ação contou com 750 homens, que substituíram os militares do Exército nas favelas de Nova Brasília e da Fazendinha. As outras dez comunidades do complexo, onde o Exército mantém 1.800 militares, serão ocupadas pela PM gradativamente. Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, todo o processo de implantação das oito UPPs será concluído em 27 junho.

Assim que o processo de implantação das UPPs nos complexos do Alemão e da Penha for concluído, a base da Força de Pacificação, montada na antiga fábrica da Coca-Cola, na Avenida Itaoca, será transformada em sede do Comando de Polícia Pacificadora (CPP). Quando a sede do Bope for instalada na Maré, o CPP ocupará o atual quartel do batalhão, em Laranjeiras.

Ainda na noite de terça-feira, por volta das 20h30m, em outra área pacificada, um homem foi morto na porta de casa no Morro da Mineira, no Catumbi. O crime ocorreu em uma localidade conhecida como Beco do Gabriel. De acordo com a polícia, a vítima foi executada com três tiros. A Divisão de Homicídios (DH) assumiu a investigação. Nenhuma arma foi encontrada com o morto.

Dificuldade do processo de pacificação das comunidades

Com objetivo de conhecer de perto as dificuldades e experiências vividas pelos policiais no processo de pacificação, no dia 16 deste mês, o secretário Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, visitou as Unidades de Policia Pacificadora (UPP) da Mangueira e da Cidade de Deus. Na ocasião, Beltrame conversou com o capitão Leonardo Nogueira, comandante da UPP da Mangueira, e reafirmou que o processo de pacificação não é apenas uma questão de Segurança, mas de presença do Estado com serviços que resgatem a cidadania dos moradores. Na Cidade de Deus, o secretário caminhou pela comunidade com o major Felipe Romeu, comandante da UPP da área e conversou com alguns moradores.

domingo, 22 de abril de 2012

A GUERRA DE NITERÓI



Acuados pelas UPPs no Rio, bandidos atravessam a ponte, aterrorizam a cidade vizinha e o governo arma ofensiva para enfrentá-los. Wilson Aquino - REVISTA ISTO É N° Edição: 2215, 22.Abr.12 - 11:51


Ligada à cidade do Rio de Janeiro por uma ponte de 13,29 quilômetros sobre o mar, Niterói sempre conseguiu combinar as vantagens das cidades pequenas com as facilidades de estar bem próxima a uma metrópole. Dona da maior renda per capita do País, R$ 2.031, com 30% dos moradores na classe A, também detém o terceiro melhor índice de qualidade de vida do Brasil, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O cotidiano de seus 500 mil habitantes, porém, não é mais tranquilo como no passado. Somente na primeira quinzena do mês, cinco pessoas foram baleadas. Um médico, um universitário, uma dona de casa, um policial militar fora de serviço e um fiseoterapeuta. Os quatro primeiros morreram, o último corre o risco de ficar cego. A violência que se abate sobre os niteroienses tem a ver com a queda da criminalidade na cidade do Rio. A instalação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) em favelas cariocas expulsou os traficantes, que se refugiaram no município vizinho e, agora, atacam sua população. O governo estadual atentou para a situação e promete uma ofensiva à altura.

“Antes, a gente fechava o bar quando o último freguês pedia a conta. Atualmente, estamos pedindo para os clientes irem embora porque o medo nos obriga a fechar mais cedo”, lamenta Carlos Manhães, 50 anos, dono de um bar no Ingá, área nobre de Niterói, que, em 23 anos de funcionamento, nunca tinha sido assaltado. Em fevereiro, o estabelecimento sofreu dois assaltos por homens armados. De seis meses para cá, verificou-se o aumento na incidência de assaltos ao comércio, às residências e aos pedestres na cidade (leia quadro). “A gente percebe que os bandidos são ‘estrangeiros’ por causa da forma gratuita com que as vítimas são machucadas, mesmo sem esboçar reação”, diz o teólogo Antonio Carlos Costa, coordenador da Organização Não Governamental Rio de Paz e morador de Niterói. A polícia detectou que traficantes cariocas do Morro da Mangueira e da favela da Maré se instalaram em favelas do município. Na sexta-feira 13, PMs evitaram a invasão do Morro do Palácio, no Ingá, por parte de bandidos da comunidade Mandela, do Rio.

Para a antropóloga Ana Paula de Miranda, coordenadora do grupo de estudos da violência da Universidade Federal Fluminense (UFF), no entanto, a migração é apenas parte de um problema maior. “Talvez explique o acirramento dos atos violentos, que são antigos. Não vejo policiamento em Niterói há muito tempo”, afirma. A antropóloga ressalta que a onda atual teve início justamente após o assassinato da juíza Patrícia Acioli, em agosto do ano passado. “Esse crime foi um marco e revelou toda a fragilidade da cidade”, afirma. Alunos, professores e funcionários da UFF estão entre os primeiros a perceber essa vulnerabilidade. O grande número de assaltos que eles sofreram na rua General Andrade Neves, via de acesso à universidade, acabou por rebatizar o local como “Rua do Perdeu”. É que, na gíria de marginais das favelas do Rio, essa é a senha do assalto. “Eles apontam a arma para a vítima e dizem ‘perdeu, perdeu’”, explica uma aluna da universidade que prefere não ter o nome divulgado. Para evitar que alunos e funcionários transitem pela perigosa rua, o reitor Roberto Salles comprou três ônibus para transportar o pessoal entre a instituição e um terminal de barcas.

Acuada, a população tem reagido por meio de manifestações públicas. Este ano já foram quatro, a última no sábado 21, na Praia de Icaraí, organizada por universitários que fundaram o movimento Niterói Quer Paz. “Não somos contra a pacificação do Rio, mas queremos um plano de segurança para Niterói também”, explicou o estudante Raphael Costa, 17 anos. “A população cresceu e o número de policiais diminuiu”, diz Costa, referindo-se ao fato de que na década de 80 havia 1,2 mil PMs na cidade e hoje são cerca de 700. O secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, reconheceu que o município pode estar sendo invadido por criminosos cariocas e anunciou medidas de emergência para conter a violência.

A principal delas é a instalação de duas Companhias de Polícia, cada uma com 100 homens, em duas favelas de Niterói: Cavalão, na zona sul, e Estado, no centro. O policiamento motorizado também foi reforçado. Durante a inauguração de duas UPPs no Complexo do Alemão, na quarta-feira 18, o governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), acenou com a hipótese de levar o projeto de pacificação para Niterói antes do previsto. “Se as medidas emergenciais não resolverem, nós vamos para a UPP (em Niterói)”, afirmou. É preciso agir para impedir que a escalada da violência manche os bons indicadores sociais e econômicos de Niterói.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

NITERÓI: OPERAÇÃO POLICIAL DEIXA DOIS MORTOS E UM FERIDO


Operação da PM em Niterói deixa dois mortos e um ferido. Com eles, foram apreendidos uma metralhadora, uma pistola e um revólver. O Globo. Rafael Galdo. 19/04/12 - 13h11



RIO - Policiais do 12 BPM (Niterói) fizeram uma operação na manhã desta quinta-feira na Vila Ipiranga, no Fonseca, considerada uma das comunidades mais perigosas da cidade. Na ação, que teve a participação de policiais que patrulham os morros do Estado e do Cavalão, dois suspeitos morreram e um menor de 17 anos ficou ferido. Um dos mortos é Janilson Silva dos Anjos, de 21 anos. O segundo morto ainda não foi identificado.

Foram apreendidos uma metralhadora, uma pistola e um revólver, além de 81 pedras de crack, 50 trouxinhas de maconha e 207 papelotes de cocaína. Os policiais contaram que faziam uma operação contra o tráfico na favela por volta das 10h, quando foram atacados a tiros na Rua Tenente Osório, a 50 metros da Alameda São Boaventura, uma das mais movimentadas de Niterói.

Depois do aumento de crimes na região, a cidade de Niterói pode ganhar uma Unidade da Polícia Pacificadora (UPP) antes do planejado. Nesta quarta-feira, durante a cerimônia das primeiras UPPs do Complexo do Alemão, o governador Sérgio Cabral afirmou que se o reforço no patrulhamento no município, que vive uma onda de violência, não funcionar, “nós vamos para a UPP”. O governador, no entanto, acredita que as medidas anunciadas para conter os problemas de segurança na cidade serão eficazes.

Na terça-feira, em uma visita surpresa, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, foi ao 12º BPM (Niterói) para checar a chegada de novos policiais ao batalhão e verificar de perto como será a distribuição dos policiais no patrulhamento do município. Segundo o comandante do 12º BPM, coronel Wolney Dias, os policias já seriam distribuídos nas companhias independentes do Morro do Estado e do Cavalão. Esse efetivo, segundo ele, será espalhado também para os bairros de Santa Rosa, Ingá e Icaraí.

Ruas de Niterói têm apenas um PM a cada 6km

Nas ruas de Niterói, a pergunta que não quer calar: onde foram parar os 366 policiais militares que, segundo anúncios recentes da Secretaria estadual de Segurança, reforçariam o efetivo do 12º BPM (Niterói)? A promessa era de que eles se juntariam aos cerca de 700 PMs que já formavam o contingente do batalhão. Mas uma equipe do GLOBO percorreu na quarta-feira 104 quilômetros de 26 bairros da cidade e, em cinco horas, das 10h40m às 15h40m, constatou o motivo dos questionamentos da população: ainda são muitos os vazios de policiamento. No trajeto por todas as regiões do município, havia apenas 17 pontos de patrulhamento, em média um a cada 6,1 quilômetros, com 42 PMs no total. E detalhe: no caminho, as sete cabines de policiamento encontradas estavam vazias.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

NOVA MEGAOPERAÇÃO PARA REPRIMIR O TRÁFICO


Polícia faz megaoperação para reprimir o tráfico de drogas no Rio. Até o momento, 12 pessoas foram presas e dois menores apreendidos. Renata Leite, Paulo Roberto Araújo, Waleska Borges, Daniela de Paula - O GLOBO 11/04/12 - 10h36


RIO - As polícias Civil e Militar realizam uma megaoperação na manhã desta quarta-feira para reprimir o tráfico de drogas em vários pontos do Estado do Rio. Batizada como Conexão Mandela, a ação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Rio e da Coordenadoria de Inteligência da PM, e visa a cumprir 19 mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão na cidade do Rio; e nos municípios de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; Teresópolis, na Região Serrana; Rio das Ostras, na Região dos Lagos; e em São Paulo. Até o momento, 12 pessoas foram presas e dois menores apreendidos. De acordo com a polícia, os denunciados são acusados de associação para o tráfico de entorpecentes e corrupção ativa.

A ação conta com apoio de cerca de 500 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoq), da CI, do Grupamento Aéreo e Marítimo (GAM), do Batalhão de Ações com Cães (BAC), do Grupo de Apoio aos Promotores (GAP), do 30º BPM (Teresópolis) e do Gaeco/SP, de quatro Promotores de Justiça do Gaeco do MPRJ; além de dois helicópteros, um blindado, uma retroescavadeira, uma pá mecânica e um caminhão munk da PM.

As investigações começaram em novembro do ano passado em Teresópolis, após traficantes tentarem subornar policiais militares para que o tráfico na região não fosse reprimido. Os PMs levaram o caso ao MPRJ, que apontou a Favela Mandela como um dos principais pontos de distribuição de drogas para diferentes bairros e municípios do Rio. De acordo com a denúncia, foi constatado que por causa da implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), e a prisão de muitos integrantes de uma facção criminosa, traficantes fizeram uma aliança com uma facção criminosa de São Paulo, de onde passaram a importar grande parte do material entorpecente. Segundo o Ministério Público, a Favela Mandela, recebe as substâncias ilícitas de São Paulo e distribui para as regiões Serrana e dos Lagos, além de Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias, Campo Grande e demais favelas do Rio dominadas pela mesma facção criminosa.

Na Região Serrana, policiais do 30º BPM (Teresópolis) com o apoio de cães do canil da PM e do (Gaeco) estão na comunidade da Coreia, a quatro quilômetros de Centro de Teresópolis. Eles buscam traficantes que migraram da Favela Mandela. O coronel Mário Fernandes, comandante do 30º BPM, lidera a operação, que conta com cerca de 50 homens. Uma grande quantidade de maconha e cocaína já foi apreendida na região.

Na Zona Norte do Rio, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque (BPChoque) estão nas favelas de Jacarezinho, Manguinhos e Mandela. A ação conta com o apoio de um helicóptero e de um veículo blindado. Há registro de tiroteio na chegada dos PMs às favelas. Ainda não há informações sobre feridos, presos ou apreensões. Em Madureira, a ação acontece no Morro da Serrinha e conta com cerca de 40 agentes da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD); da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core); dois blindados e um helicóptero. A polícia informou que dois homens morreram durante operação nas favelas do Jacarezinho e de Manguinhos. Eles estavam armados com um fuzil calibre 556 e uma pistola nove milímetros. Uma grande quantidade de drogas - ainda não contabilizada - foi apreendida e uma prensa industrial encontrada dentro de um caminhão no Jacarezinho.

No Morro do Dezoito, em Água Santa, também na Zona Norte, cerca de 30 policiais do 3º BPM (Méier) também foram recebidos a tiros na manhã desta quarta-feira. A operação, que começou às 5h45m, conta com o apoio do 4º BPM (São Cristóvão), 6º BPM (Tijuca) e 17º BPM (Ilha do Governador). Moradores que deixam a favela estão sendo revistados. Segundo o comandante do 3º BPM, tenente-coronel Ivanir Linhares, além de reprimir o tráfico de drogas na comunidade, o objetivo é combater o roubo de veículos na área. Ainda não há informações de prisões nem de apreensões.

O 9º BPM (Rocha Miranda) também está em Água Santa, no Morro do Saçu, com apoio de outros batalhões. A polícia tenta capturar o traficante conhecido como Piolho, que comanda a comunidade e o Morro do Dezoito. Ele já esteve preso, mas fugiu do Instituto Penal Sirieiro, em Niterói, em setembro de 2010. Lá, ele cumpria pena em regime semi-aberto. Na época, o Dezoito estava sob o domínio de uma milícia, que foi expulsa pelo traficante. Piolho já havia chefiado a venda de drogas na localidade anteriormente.

Na Zona Oeste da cidade, um homem suspeito de tráfico de drogas foi preso e uma submetralhadora apreendida na Favela da Coreia, em Senador Camará. Os policiais contam com o apoio de um helicóptero. Também já houve confronto, mas ainda não há informações sobre feridos.

terça-feira, 10 de abril de 2012

PM É ASSASSINADO POR ASSALTANTES EM NITERÓI


Delegacia de Homicídios que atende a cidade e Maricá conta apenas com 30 policiais para 629 mil habitantes - Antonio Werneck e Luiz Ernesto Magalhães - O GLOBO, 10/04/12 - 0h51


RIO - Em mais um caso de violência em Niterói, um PM foi assassinado na noite de segunda-feira, por volta das 21h, ao tentar impedir um assalto a um posto de gasolina na Avenida Professor João Brasil, próximo à Alameda São Boaventura, no Fonseca. Identificado como Celso de Jesus, o policial, lotado no 12º BPM (Niterói), estava à paisana, percebeu a ação dos bandidos e os abordou. Houve troca de tiros e o PM foi atingido por quatro balas — uma delas na cabeça. Ele ainda foi levado para o Hospital Azevedo Lima, mas não resistiu aos ferimentos.

Apesar dos problemas que vem enfrentando, a cidade ainda sofre com a falta de policiais. Líder em pesquisas de qualidade de vida — é a terceira cidade com o melhor índice de desenvolvimento humano (IDH) do país e está no topo no ranking dos municípios com a maior renda média domiciliar per capita do país (R$ 2 mil, segundo o Censo 2010) —, Niterói não tem o mesmo destaque quando o assunto é segurança. A síntese do esvaziamento da cidade poderia ser a situação da Delegacia de Homicídios (DH). Responsável pelo combate ao crime nos municípios de Niterói e Maricá, a delegacia, que já teve 80 policiais há dez anos, hoje trabalha com 30 para cuidar de 629 mil habitantes dos dois municípios. Cada policial da DH cuida de 21 mil moradores.

População aumentou, mas efetivo da PM encolheu

Um estudo do professor Jorge da Silva, coronel reformado da PM e atualmente lecionando na Uerj, revela que Niterói passou a perder efetivo policial com a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975. Na época, observa o professor, a população de Niterói era de 376 mil habitantes e o efetivo do 12º BPM tinha mais de mil homens. "Três décadas depois, a população aumentara para 477.919 (dados de 2008) e o efetivo do batalhão encolhera para 820 componentes (dados de 2009)", diz ele no estudo.

Em 1975, além do 12º BPM, a PM contava em Niterói com a Ala de Cavalaria, no Fonseca, que fazia o patrulhamento a cavalo na cidade; as companhias de Choque, de Trânsito e de Escola (no Fonseca), que formava PMs e complementava o policiamento na fase de treinamento.

Em São Gonçalo, havia ainda o 11º BPM (Neves) — importante para Niterói, pois era limítrofe e fazia a segurança dos presídios. O batalhão acabou transferido para Nova Friburgo. Funcionava ainda na cidade o Batalhão de Serviços Auxiliares (BSA), cujos policiais nos fins de semana eram empregados em eventos extraordinários. Segundo o professor, com exceção do 11º BPM, todas as unidades foram extintas.

Com pouco efetivo, o jeito é improvisar: devido ao aumento da violência, a PM anunciou ontem que vai criar um cinturão cercando todos os acessos a Niterói. O comandante do 12 BPM, coronel Volney Dias, quer apresentar ao coronel Maurício Santos de Moraes, comandante do policiamento da área, uma proposta que abrange São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Cabo Frio. O objetivo é fazer um cinturão de segurança nas entradas das cidades. Será feita também uma reunião para decidir como será esse reforço.

Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), em fevereiro deste ano, o número de assaltos a estabelecimentos comerciais em Niterói aumentou 38,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Os roubos de residência subiram 285,7%; os de veículos, 71,1%; e os assaltos a pedestres, 13,5%. No último caso de violência em Niterói, um homem foi baleado durante um assalto, sábado à noite, e corre o risco de ficar cego de um dos olhos.

O rapaz, que é deficiente auditivo, seguia com a namorada, de moto, pela Estrada de Itaipu, quando foi abordado por dois homens numa outra moto. Segundo o depoimento da jovem, os bandidos atiraram na vítima antes mesmo que ele tivesse qualquer reação e fugiram com a moto.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Os policiais militares do Rio são os que recebem um dos piores salários pagos nas PMs em todo o Brasil. E são os que mais arriscam a vida num cenário de guerra, terror e violência.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

TRAFICANTES MATAM CABO PM NO CONFRONTO COM PATRULHA


Polícia faz operação para encontrar bandido que matou PM na Rocinha. Cabo do Batalhão de Choque foi a nona vítima na comunidade em menos de dois meses. Athos Moura e Ana Claudia Costa - O GLOBO, 4/04/12 - 3h45


RIO - Cerca de 150 policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do Batalhão de Choque e da Coordenadoria de Inteligência fazem uma operação na Rocinha, na Zona Sul, em busca do assassino do cabo da PM Rodrigo Alves Cavalcante, do Batalhão de Choque.

O PM foi morto a tiros na madrugada desta quarta-feira quando fazia patrulhamento a pé no alto da comunidade com outros sete policiais, por volta de 0h30m. Ele é a nona pessoa assassinada na comunidade desde fevereiro. A Rocinha está ocupada pela polícia desde novembro do ano passado. Segundo o coordenador de Policiamento da Rocinha, major Edson Raimundo dos Santos, oito policias patrulhavam o beco 99 quando abordaram um homem suspeito, que não obedeceu à ordem de parar e fugiu atirando para trás. O disparo atingiu o cabo Rodrigo pelas costas. De acordo com o major, mais à frente, os policiais encontram uma pochete com munições de 9 milímetros e uma identificação. De acordo com a polícia, o suspeito se chama Edilson Tenório de Araújo, que já tem passagem por tráfico de drogas.

O cabo foi atingido no ombro esquerdo, na altura da axila. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital Miguel Couto, no Leblon, mas não resistiu aos ferimentos. O cabo Rodrigues, que é filho de um policial militar, será sepultado com honras militares. A data e o local do enterro ainda não estão definidos.

O ataque aos policiais aconteceu dois dias após o coordenador de Policiamento da Rocinha ter anunciado que a Polícia Militar adotaria um Plano B no policiamento da área. Aos invés de patrulharem apenas os principais acessos da comunidade, os policiais também percorreriam becos e vielas a pé.

A decisão foi tomada após as mortes na comunidade. No domingo, Alexandre da Cunha Fernandes, de 30 anos, conhecido como Dante, foi morto com um tiro na testa enquanto bebia na frente de um bar, na Estrada da Gávea com a Via Ápia. Testemunhas contaram que dois homens numa moto se aproximaram de Alexandre, e que o carona, portando uma pistola, disparou uma única vez.

No último dia 26, Vanderlan Barros de Oliveira, conhecido como Feijão, que presidia uma das quatro associações de moradores da Rocinha, foi executado pelas costas com três tiros de pistola. Um dia depois da morte do líder comunitário, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, ao visitar o Complexo do Alemão, afirmou que iria aumentar o número de policiais na Rocinha.

No dia 16 de fevereiro, uma disputa entre traficantes rivais na Rocinha deixou dois mortos. Há cerca de um mês, três homens foram encontrados mortos a tiros na comunidade. E um suspeito ferido nesse mesmo tiroteio acabou morrendo quando estava sendo socorrido no hospital.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

NOVOS ATAQUES

Em novo ataque, jovem é baleado em Niterói. Estudante é baleado por bandidos no Ingá 24 horas após morte de médico em assalto - O Globo. 1/04/12 - 11h44

RIO - No centro de uma onda de violência, Niterói teve neste domingo mais um dia tenso. Menos de 24 horas depois do assassinato do médico Carlos Vieira de Carvalho Sobrinho, em Icaraí, durante um assalto na porta de casa, uma tentativa de roubo de carro fez mais uma vítima na Zona Sul da cidade. Na madrugada de domingo, por volta das 2h30m, o estudante de administração Jorge Luiz Carvalho, de 24 anos, foi baleado no pescoço após ser atacado por dois homens na Rua Justino Bulhões, em Icaraí.

De acordo com o comandante do 12 BPM (Niterói), coronel Wolney Dias, a população de Niterói tem razão ao reclamar da falta de policiais no batalhão. Ele afirmou, no entanto, que o comando da corporação está ciente do problema e fazendo esforços para mudar o quadro. Esta semana, 30 recrutas serão incorporados à unidade, responsável pelo policiamento de Niterói e Maricá.

— Nós estamos conversando muito com a sociedade de Niterói, com o objetivo de buscar soluções para a segurança da cidade. Queremos dar uma resposta rápida e, por isso, estamos dinamizando o policiamento nos locais de maior incidência criminal — disse.

O coronel Dias disse ainda que não pode afirmar que o aumento da criminalidade em Niterói e São Gonçalo tenha relação com a fuga de bandidos das comunidades pacificadas do Rio:

—- Não podemos especular. Não temos números para confirmar esta suspeita de alguns segmentos da sociedade. Desde que assumi o batalhão, foram feitas cerca de 600 prisões. Desse total, apenas 5% dos detidos declararam que vieram do Rio.

No entanto, reportagem do GLOBO revelou, em março, que o Ministério Público estadual investiga a ação de traficantes da Rocinha e do Vidigal na Favela do Sabão, no Centro de Niterói.

Estudante respira por aparelhos

O segundo ataque consecutivo também aconteceu na porta de casa. Jorge Luiz estava dentro de seu carro, em frente a um prédio no Ingá, onde mora um amigo. Após disparar contra o jovem, os bandidos ainda roubaram outro carro e fugiram. O amigo de Jorge Luiz o encontrou caído no chão.

O rapaz foi levado pelos bombeiros para o Hospital Azevedo Lima, no Fonseca, onde foi operado de manhã. Segundo informações do hospital, Jorge Luiz respira com a ajuda de aparelhos e seu estado de saúde é grave. À tarde, ele foi transferido para um hospital particular, em Icaraí.

Também na manhã de ontem, policiais do 12 BPM prenderam em flagrante Gustavo Gabriel Sampaio, de 24 anos, e um menor, de 16 anos. Eles haviam rendido um casal num Fiat Uno, na Rua Fagundes Varela, no Ingá, e planejavam seguir com as vítimas para São Gonçalo, com a intenção de fazer saques em caixas eletrônicos.

Quando os ladrões passavam pela Avenida Visconde de Rio Branco, no Centro de Niterói, policiais militares desconfiaram e pararam o carro onde eles estavam. Com a dupla, foi apreendido um revólver calibre 38. Gustavo mora no bairro Gradim e o menor na Favela da Chumbada, no bairro Mutondo, um dos principais pontos de venda de drogas em São Gonçalo.

— Os policiais fizeram um excelente trabalho, ao efetuarem a prisão sem colocar em risco a vida dos reféns — disse o tenente Maurício, supervisor do 12 BPM.

Neste domingo, no Cemitério Parque da Colina, em Cantagalo, durante o enterro do médico Carlos Vieira de Carvalho Sobrinho, morto quando chegava em casa na madrugada de sábado, parentes e amigos estavam indignados com a situação de Niterói. Compadre do médico, o ex-secretário de Segurança do município e atual assessor do prefeito Jorge Roberto Silveira, Marival Gomes, criticava a falta de integração dos governos estadual e municipal.

— O governo do estado tem que cuidar de todo o estado e não só do Rio de Janeiro. Falta um plano de avaliação da política de segurança para os outros municípios — criticou Gomes. — Esse e outros crimes não podem ficar sem solução. Carlos era um irmão para mim. Foi ele que fez o parto das minhas filhas. Ele voltava para casa depois de deixar um filho na rodoviária e morreu ao tentar recuperar laudos médicos que estavam no carro. Era um homem voltado para a família e de muita responsabilidade profissional.

Uma manifestação pela paz foi organizada ontem, na Praia de Piratininga, pelo SOS São Francisco e SOS Niterói, movimentos surgidos na internet, em redes sociais. Segundo o analista judiciário Luís Roberto Saad, membro do SOS São Francisco, há quase duas mil assinaturas já coletadas em uma petição pública que o grupo pretende levar ao governo estadual, pedindo o aumento do efetivo no 12 BPM.

— O batalhão, que já foi classe A, com 1.200 policiais, agora é classe C, com efetivo máximo de 600 homens. Além disso, é responsável pelo policiamento de Niterói e Maricá. Reivindicamos um efetivo maior e um batalhão para Maricá — observou Saad.

Enquanto o reforço policial não chega, a mobilização continua. Uma nova manifestação está marcada para o dia 29, em São Francisco.