O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

OPERAÇÕES SISTEMÁTICAS


PM faz ações sistemáticas em cerca de 15 favelas próximas ao Jacarezinho. Operações buscam prender traficantes; complexo será ocupado nesta terça-feira pelo Bope


Ana Cláudia Costa
Thamine Leta
Antônio Werneck
Ana Cláudia Costa
Luiz Ernesto Magalhães
O GLOBO
Publicado: 15/10/12 - 23h03
Atualizado: 16/10/12 - 0h31


Degradação. Usuários de crack se reúnem num acesso da Ilha do Governador, em frente à nova sede do Batalhão de Operações Especiais Urbano Erbiste / Extra/O Globo


RIO — Além de ocupar a Favela do Jacarezinho nesta terça-feira, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) fará operações sistemáticas em pelo menos 15 favelas da região, segundo o major Ivan Blaz, porta-voz do batalhão. Blaz afirmou que as operações foram traçadas pelo comando da PM e do Bope. Na relação estão as favelas do Arará, em Benfica; todo o Complexo da Maré; a Barreira do Vasco e as favelas do Lins. O major confirmou que os principais chefes do tráfico de Manguinhos, Jacarezinho, Mandela e Varginha teriam fugido. Parte teria ido para o Parque União, na Maré.

— Iremos aproveitar a base de operações instalada na ocupação para irradiar operações em comunidades vizinhas, em busca de criminosos que fugiram durante a ocupação no domingo — afirma o major.

A decisão de ocupar o Jacarezinho foi tomada na manhã de segunda-feira quando o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, se reuniu com oficiais do Centro de Operações Especiais da PM (COE) e a cúpula da segurança pública. Para entrar no Jacarezinho, os policiais vão usar apenas os carros blindados do próprio Bope. Não será necessário o emprego de carros blindados da Marinha porque a comunidade já está ocupada pela Polícia Civil. Mesmo assim helicópteros do Grupamento Aeromarítimo (GAM) vão dar apoio à ação policial.

O anúncio de que a Favela do Jacarezinho — conhecida por abrigar a maior cracolândia da cidade — vai ser ocupada nesta terça-feira pelo Bope foi feito na segunda-feira pelo secretário de Segurança, que visitou as comunidades de Manguinhos e almoçou na base do Bope na favela. Segundo Beltrame, com a entrada nesta terça-feira de PMs no Jacarezinho, policiais civis, que desde domingo estão na favela, deixam a comunidade. A chegada do Bope, que não estava prevista, é mais um passo para a implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que deve ser inaugurada em janeiro.

— Teremos UPP em Manguinhos e no Jacarezinho. É um esforço do Bope que se fez necessário — disse Beltrame.

“Precisamos tirá-los da miséria”

Durante sua visita a Manguinhos, Beltrame elogiou a atuação da Comlurb e da Rioluz, que passaram a segunda-feira na favela prestando serviços aos moradores. No lixão, que fica próximo à Praça do Meio, a retroescavadeira do Bope ajudou equipes da Comlurb a remover lixo e entulhos. Carcaças de carros foram levadas para um terreno. Uma piscina e um churrasqueira, que seriam de traficantes do Jacarezinho, foram localizadas pela polícia ontem.

— Tiramos essa população da mira dos fuzis, mas agora precisamos tirá-los da linha de extrema miséria. Parabenizo os órgãos públicos que aqui estiveram e agora ficamos aguardando os muitos outros serviços que devem chegar — cobrou Beltrame.

Desafio para a prefeitura, a limpeza nas favelas ganhou reforço na segunda-feira. Um mutirão retirou da linha férrea, que corta as comunidades, muito lixo e entulho. Desde domingo, a Comlurb já recolheu 220 toneladas de resíduos. Cerca de cem garis participaram da limpeza. A Coordenadoria de Operações Especiais (Core) também removeu 35 obstáculos e barreiras físicas instalados pelos traficantes para dificultar a circulação em vias públicas. A Secretaria de Conservação também começou a recuperação das ruas e a Rioluz ficou responsável pela manutenção da iluminação, trocando cerca de 300 lâmpadas. O trabalho da prefeitura continuará a ser feito hoje, a partir das 7h.

Usuários de crack acham novo endereço

Afastados pela polícia das favelas de Manguinhos e do Jacarezinho, usuários de crack encontraram um novo espaço: uma praça na entrada da Ilha do Governador, perto da Avenida Brasil e em frente à nova sede do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), em Ramos. Na segunda-feira, ao meio-dia, mais de 50 viciados — alguns deles, menores de idade e uma grávida — consumiam crack alheios ao movimento intenso de veículos. Em volta do grupo, muito lixo e barracas improvisadas.

— O que tem que acontecer é que essas pessoas têm que ser curadas e tratadas. Se elas não forem curadas, vão partir para outras favelas. Para o Jacarezinho e Manguinhos não vão voltar, porque estão ocupadas — disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.

A PM fez uma operação à tarde na praça, mas minutos depois os usuários estavam de volta. No Jacarezinho e em Manguinhos, a Secretaria municipal de Assistência Social recolheu 197 adultos e 16 menores na segunda e no domingo. O vice-prefeito eleito, Adilson Pires, que comandará a área social da prefeitura, pretende ampliar a rede de atendimento própria e firmar parcerias com entidades privadas para cuidar dos usuários. As medidas fazem parte da estratégia de usar vários projetos municipais em comunidades carentes para reforçar a autoestima dos moradores e evitar o consumo de drogas. As mudanças devem começar nas favelas pacificadas.

domingo, 14 de outubro de 2012

PRESO TRAFICANTE ENVOLVIDO EM MORTE DE MODELO


Polícia prende um dos chefes do tráfico da Rocinha. Rodrigo Belo Ferreira, o ‘Rodrigão’, foi detido por soldados da UPP da comunidade

O Globo
13/10/12 - 19h57


O Disque Denúncia oferecia uma recompensa de R$ 2 mil por informações que levassem a prisão de Rodrigão Disque Denúncia/Divulgação


RIO - Policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha prenderam na tarde deste sábado um dos chefes do tráfico de drogas da comunidade. Rodrigo Belo Ferreira, de 30 anos, vulgo Rodrigão, foi detido em uma casa na localidade conhecida como Roupa Suja. Contra ele, que é acusado pela polícia de comandar a venda de drogas na parte baixa da comunidade, havia um mandado de prisão por tráfico.

Ferreira não resistiu a prisão. Com ele foi apreendida uma pistola 9 milímetros e um carregador. Um homem identificado como Rafael dos Santos Martins de Souza, de 23 anos, que estava com Rodrigão no momento da chegada da polícia, também foi preso. Segundo a polícia, desde a prisão do traficante Nem, Rodrigão vinha assumindo o comando na venda de drogas da parte baixa da favela. Ele está sendo levado para a 14ª DP (Ipanema) onde será registrada a ocorrência policial.

Preso é acusado de envolvimento em morte de modelo, e teria participado de invasão do Intercontinental

Segundo o Disque Denúncia, Rodrigão seria parte do grupo de bandidos cujos integrantes invadiram o Hotel Intercontinental, em São Conrado, em 2010, para fugir da polícia. A invasão ao hotel ocorreu após o grupo trocar tiros com a polícia na Rua Aquarela do Brasil, no mesmo bairro. Uma mulher morreu e quatro policiais militares ficaram feridos durante o tiroteio.

Rodrigão também é acusado de estar envolvido na morte da modelo Luana Rodrigues de Sousa, desaparecida desde 9 de maio do ano passado. A jovem saiu de casa, na Estrada das Canoas, em São Conrado, Zona Sul do Rio, em direção à Rocinha, dizendo que iria resolver um problema. As investigações da Delegacia de Homicídios (DH/Capital) apontaram que Luana era usada no transporte de drogas da favela para outras comunidades do Rio.

Luana teria sido executada depois de Nem, antigo chefe do tráfico da comunidade e hoje preso, ter descoberto que ela mantinha um relacionamento amoroso com um militar lotado no 23 BPM (Leblon). Ao dar a ordem, o traficante Nem, apontaram investigações da polícia, acreditava que a modelo estaria repassando informações de sua quadrilha para os policiais.

Luana foi assassinada no alto da Favela da Rocinha, mas não morreu sozinha: uma amiga e um rapaz foram mortos na mesma ocasião. O bandido não queria testemunhas. Os três tiveram os corpos destroçados e enterrados na mata. Uma investigação da Divisão de Homicídios (DH) chegou aos autores, entre eles Nem. Além dele e de Rodrigão, dois outros homens são acusado de envolvimento no caso: Ronaldo Patrício da Silva, de 36 anos, que se entregou à polícia em novembro de 2011, quando a Rocinha foi ocupada pela PM; e Thiago de Sousa Cherú, o Dorey, que ainda está foragido.

PACIFICAÇÃO: POLICIAIS E FUZILEIROS OCUPAM MANGUINHOS E JACAREZINHO


Após ocupação, Cabral confirma UPPs em Manguinhos e Jacarezinho. Mais de 2 mil homens, entre policiais e fuzileiros navais, participaram da operação

Ana Claudia Costa
Athos Moura
Sérgio Ramalho
 O GLOBO 14/10/12 - 4h39



Bandeiras do Brasil e do governo do estado são hasteadas em Manguinhos Fabiano Rocha / Extra / O Globo


RIO — Cinco horas depois do início da ocupação do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho, o governador Sérgio Cabral disse que a primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)da região será instalada até dezembro e irá beneficiar os moradores de Manguinhos, Varginha e Mandela. Já a Favela do Jacarezinho receberá UPP em janeiro. Enquanto isso, segundo o governador, a polícia continuará ocupando a região.

— Não é uma ação temporária, é uma ação de pacificação, que encurrala os criminosos e diminui a força do poder paralelo. A presença das forças de segurança em Manguinhos e no Jacarezinho é definitiva — afirmou.

Acompanhado do vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, Cabral anunciou ainda uma série de medidas que serão colocadas em prática a partir da ocupação das comunidades. Segundo ele, a região irá receber investimentos para a construção de 9 mil imóveis do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além disso, o governador anunciou a desapropriação da Refinaria de Manguinhos, que irá passar por um processo de descontaminação do solo, para que a região seja utilizada para a população que mora nas comunidades. O investimento previsto é pode chegar a R$ 200 milhões.

— No passado, a região de Manguinhos era rica economicamente, porque concentrava muitas indústrias. Mas por causa da insegurança, muitas delas saíram de lá. Essa região, que é fantástica em termos de logística, vai renascer com a pacificação — disse Cabral, acrescentando que as favelas vão receber ainda esta semana um mutirão de serviços públicos da prefeitura do Rio.

Ainda de acordo com o governador, o governo já conseguiu um empréstimo de R$ 100 milhões do Banco do Brasil e esse recurso será utilizado para a melhoria da infraestrutura e desapropriações da região. Após a ocupação, o governo, com o apoio da Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop), vai investigar denúncias de que, dos quase 2 mil apartamentos entregues aos moradores das regiões, até 90 teriam sido ocupados por traficantes.

O Complexo de Manguinhos e a Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, foram retomados pelas forças de segurança na manhã deste domingo. De acordo com a Secretaria de Segurança, as duas comunidades foram totalmente ocupadas em 20 minutos. A operação começou por volta de 5h. Seis blindados da Marinha e cinco da Polícia Militar auxiliaram os policiais na ocupação de Manguinhos. Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) entraram na comunidade dentro de tanques e foram seguidas por outros carros da polícia. Na chegada dos militares, alguns fogos de artifício foram lançados, mas não houve confronto. As equipes contam com retroescavadeiras para retirar barreiras colocadas por traficantes nos acessos da comunidade. Um blindado da Marinha chegou a passar por cima de uma delas, feita de concreto. Na Favela do Jacarezinho, ocupada pela Polícia Civil, cerca de seis tiros foram disparados na chegada dos agentes. Uma pessoa ficou ferida por estilhaços. O rapaz, ainda não identificado, foi atendido pela ambulância da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Segundo a polícia, ele colocava fogo em uma barricada em um dos acessos à comunidade. Ainda não há informações sobre o estado de saúde do suspeito. Os traficantes colocaram barreiras para impedir a entrada dos comboios.

Em Manguinhos, policiais do Bope tiveram que usar explosivos para destruir uma barreira na Rua Gil Gaffré. Há cerca de um mês, uma outra barreira já havia sido retirada do local pelos agentes. Desta vez, a estrutura foi colocada junto a uma residência. O Bope usa uma retroescavadeira para não prejudicar a casa. As forças das polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal continuam nos dois complexos em operações de buscas de criminosos e apreensões de armas, drogas, objetos roubados. Até o momento, segundo o comandante do Bope, coronel René Alonso, já foram apreendidos 10 kg de maconha perto de torres de transmissão de energia em Manguinhos. Policiais do Bope também apreenderam uma submetralhadora e 12 carregadores na comunidade. Policiais do Batalhão de Choque ainda encontraram, em um barraco abandonando, equipamentos hospitalares, como material cirúrgico, bombas de oxigênio e equipamentos para tratar feridos. Segundo os policiais, o local funcionava como uma enfermaria do tráfico. No Jacarezinho, a polícia apreendeu cerca de 10 kg de pasta base de cocaína.

Representantes de todas as forças de segurança que participaram da ocupação hastearam as bandeiras do governo do estado e do Brasil na localidade conhecida como Praça do Meio, em Manguinhos.O hasteamento das bandeiras simboliza a chegada da pacificação na região. Contêineres que servirão de base para a polícia já chegaram ao local.

Os policiais do Bope e fuzileiros navais deixaram, por volta de 4h50m, o Centro de Farmácia da Marinha, em Benfica, onde estavam concentrados, e seguiram para as favelas. A polícia ocupa as comunidades para dar início ao processo de pacificação da região. A Secretaria de Segurança informou que mais de 2 mil homens, entre policiais militares, civis e federais, além de fuzileiros navais, estão mobilizados na operação.

A PM informou que cerca de 1.300 homens foram deslocados: 900 policiais do Bope, do Batalhão de Choque (BPChq), do Batalhão de Ação com Cães (BAC) e do Grupamento Aéreo-Marítimo (GAM) estão em Manguinhos, enquanto 400 policiais atuam na Baixada Fluminense e nas zonas Norte e Oeste, no cerco e busca de armas, drogas e criminosos em várias ruas e comunidades.

Segundo a Secretaria de Segurança, a PM atua na incursão das favelas de Manguinhos, Mandela, Varginha, enquanto 165 agentes da Polícia Civil dão apoio na comunidade do Jacarezinho, vizinha ao Complexo de Manguinhos. Os policiais são da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de várias delegacias distritais e especializadas. Ele contam com o apoio de dois helicópteros. Outros 300 policiais civis também estão mobilizados na operação. Além da Core, as delegacias envolvidas na operação são: 18ª DP (Praça da Bandeira), 19ª DP (Tijuca), 21ª DP (Bonsucesso), 22ª DP (Penha), 23ª DP (Méier), 24ª DP (Piedade), 25ª DP (Engenho Novo), 26ª DP (Todos os Santos), 28ª DP (Campinho), 29ª DP (Madureira), 37ª DP (Ilha do Governador), 41ª DP (Tanque) e 44ª DP (Inhaúma), DDSD, DPCA, DELFAZ, DRF, DHBF, DPMA, DRFA, DAS, DCOD, DRCPIM, DDEF, DCAV, DPCA/Niterói e Polinter. Os presos e o material apreendido serão levados para a 21ª DP (Bonsucesso) e a 25ª DP (Engenho Novo).

Cerca de 100 agentes e um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal também participam da operação de no Complexo de Manguinhos e Jacarezinho. Agentes da Polícia Federal também apoiam a operação, com foco nas ações de inteligência. Há ainda a presença de ambulâncias do Corpo de Bombeiros, no atendimento pré-hospitalar.

Ao todo, 13 tanques da Marinha, de três modelos diferentes, e participam da operação. A Polícia Militar conta com 11 veículos blindados. De acordo com os fuzileiros navais, 177 militares estão no entorno das comunidades com os tanques. Eles dão apoio logístico aos policiais que participam da ação. Além dos veículos blindados, três helicópteros da PM são utilizados. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, chegou à base da Marinha por volta de 4h, para acompanhar o trabalho dos militares, mas não falou com os jornalistas. O secretário deve dar uma entrevista coletiva às 11h.

Ruas vazias e clima de tranquilidade

Poucas horas antes da ocupação das comunidades de Jacarezinho e Manguinhos, na Zona Norte, o clima no interior das favelas era de tranquilidade, apesar da apreensão e ansiedade em torno da operação policial. De acordo com moradores ouvidos pelo GLOBO, no início da madrugada deste domingo, as ruas estavam vazias e silenciosas, mas, com a ocupação das forças de segurança, as pessoas foram retomando sua rotina. Antes da entrada dos policiais, as cracolândias que funcionavam no interior e nos arredores das áreas que serão ocupadas pelas forças de segurança estavam sem nem um usuário sequer, e as bocas de fumo foram abandonadas. No entanto, durante a operação, a Secretaria municipal de Assistência Social recolheu, 104 usuários de crack no entorno das comunidades do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho. Entre os retirados das ruas, 15 são menores.

O Centro de Operações da prefeitura do Rio divulgou, na madrugada deste domingo, as ruas que ficarão interditadas para o trabalho dos militares. São elas: Av. Dom Helder Câmara, na altura da Av. Ademar Bebiano e, na altura da Av. Leopoldo Bulhões; Av. Leopoldo Bulhões, na altura da Linha Amarela; Largo de Benfica; Estrada Velha da Pavuna, na altura da Rua Francisco Medeiros; e Rua Danke de Matos, na altura da Rua Manoel Fontenele.

A operação para pacificar o Complexo de Manguinhos foi confirmada neste sábado pela Secretaria de Segurança. As ações fazem parte da preparação para a instalação da futura Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos, a 29ª do estado. Nas 28 UPPs do Rio, moram cerca de 400 mil pessoas. Segundo a secretaria, o Jacarezinho será apenas ocupado para apoiar o trabalho da PM em Manguinhos, e ainda não irá receber uma UPP.

A secretaria pede a colaboração dos moradores das comunidades, que devem apresentar seus documentos de identidade sempre que pedido, e afirma que é importante que a população ajude a polícia a localizar criminosos e esconderijos de drogas, armas e objetos roubados, ligando para o Disque Denúncia (2253-1177).

Região é uma das mais perigosas da cidade

A região é considerada um dos mais importantes redutos da maior facção criminosa do Rio. Foi dali que partiram os bandidos que, em 3 de julho deste ano, resgataram de dentro da 25ª DP (Engenho Novo) o traficante Diogo de Souza Feitosa, o DG. O criminoso é um dos chefes da venda de drogas na área. De acordo com o último Censo do IBGE, as duas comunidades têm cerca de 71 mil moradores: 36 mil em Manguinhos e 37 mil no Jacarezinho. A região fica perto de três importantes vias expressas da cidade: a Avenida Brasil e das linhas Vermelha e Amarela. Manguinhos também é conhecido por abrigar a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um dos mais importantes polos científicos do país, e uma refinaria de petróleo.

Em 2007, a Favela do Jacarezinho ficou marcada pelo ataque a um trem onde estava uma comitiva com integrantes do governo federal e estadual. Dois ministros e um secretário estadual faziam o trajeto de inauguração das obras de revitalização do acesso ferroviário ao Porto do Rio, no Caju, Zona Norte, foram surpreendidos por tiros disparados por criminosos da comunidade. Os disparos levaram pânico aos passageiros. No trem estavam jornalistas e outros convidados, além dos ministros Pedro Brito, dos Portos, e Márcio Fortes, das Cidades. O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, também participava da viagem. O governador Sérgio Cabral participou da inauguração, mas não fez a viagem de trem.

O entorno das favelas do Complexo de Manguinhos e do Jacarezinho amanheceu já nesta sexta-feira tomado por policiais dos batalhões de Choque e de Operações Especiais. A ronda se limitou ao entorno das favelas. Motoristas, pedestres e veículos foram revistados, mas não houve prisões ou confronto. Foram apreendidas 13 máquinas caça-níqueis.

Segundo o serviço de inteligência das polícias, com a ocupação de Manguinhos e do Jacarezinho, o Parque União, na Maré, e as favelas do Lins de Vasconcelos devem se tornar refúgios dos traficantes da maior facção do Rio, que já tinha perdido o Complexo do Alemão.

Como estratégia para a ocupação das favelas do Jacarezinho e do Complexo de Manguinhos, região considerada um dos mais importantes redutos da maior facção criminosa do Rio, as polícias Militar e Civil realizaram, na semana passada, operações em diferentes comunidades – como Juramento, Chapadão e Antares – para inviabilizar possíveis rotas e locais de fuga dos traficantes da mesma facção que dominava os Complexos de Manguinhos e Jacarezinho. Ao todo, 40 pessoas foram presas.

Somente a Polícia Militar prendeu 33 suspeitos. Uma grande quantidade de armas foi apreendida, sendo três fuzis, 14 pistolas, dois revólveres, uma metralhadora, uma escopeta e cinco granadas. A polícia ainda apreendeu 2.545 pedras e 1.174 gramas de crack; 86 frascos de cheirinho da loló; 9.373 pedras, 720 sacolés, 7.866 cápsulas e 40 kg de cocaína; e 10.954 trouxinhas, 51 tabletes e 4 kg de maconha.

Já a Polícia Civil, em duas operações da DCOD no Jacarezinho, apreendeu 1 mil cápsulas e 30 kg de cocaína, além de 230 munições de 9 mm. Um suspeito foi detido e um menor apreendido. Também foram apreendidos 21 veículos e outros três recuperados.

Na Nova Holanda, os policiais civis também prenderam dois suspeitos e apreenderam quatro máquinas caça-níqueis, 27 placas de computador, 32 noteiros, uma pistola e carregadores. Outro suspeito foi preso em Cabo Frio e mais três no Rio, um deles o traficante conhecido como “Big Big”, irmão do DG.

Bope mata cinco em operação no Juramento

Uma operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) terminou com cinco suspeitos mortos no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na Zona Norte do Rio. A ação é parte da estratégia para evitar a fuga de bandidos do Complexo de Manguinhos e do Jacarezinho para favelas dominadas pela mesma facção criminosa.

Segundo a polícia, os suspeitos foram baleados em dois confrontos. Eles chegaram a ser levados para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiram aos ferimentos. A operação foi iniciada por volta das 5h e fez a apreensão de armas e drogas, que foram levadas à central de flagrantes, na 38ª DP (Irajá).

De acordo com o 38º BPM (Irajá), foram apreendidas 659 trouxinhas de maconha, 359 papelotes de cocaína e 407 de crack. Na ação, foram recolhidas também uma submetralhadora, três pistolas e três granadas de uso exclusivo das Forças Armadas.


PACIFICAÇÃO: FORÇAS DE SEGURANÇA OCUPAM MANGUINHOS E JACAREZINHO

14 de outubro de 2012 | 5h 31

Policiais ocupam as comunidades de Manguinhos e Jacarezinho no Rio. Operação ocorre em cinco favelas com o objetivo de inaugurar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na região; foram ouvidas explosões, mas não há registros de confrontos


Marcelo Gomes - O Estado de S.Paulo - atualizado as 10h09 para acréscimo de informação

RIO - Dez minutos após o início da operação realizada no fim da madrugada deste domingo, 14, as forças de segurança já haviam ocupado completamente as cinco favelas do complexo de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro. Neste momento, os agentes estão vasculhando as favelas à procura de traficantes, drogas e armas. Não há registros de confrontos até o momento.



Marcos de Paula/AE
Seis veículos blindados foram usados na operação

Os veículos blindados da Marinha abriam caminho derrubando barreiras de concreto colocadas por traficantes nas principais vias de acesso às favelas de Manguinhos, do Jacarezinho, Mandela 1 e 2 e Varginha. Em seguida, os policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) ocuparam essas comunidades.

A Polícia Civil ocupou a favela do Jacarezinho. Por volta das 5h, traficantes do Jacarezinho atearam fogo a sofás, pedaços de pau e pneus na entrada da favela para tentar impedir a entrada da polícia. Eles também soltaram um lança rojão, que explodiu e assustou policiais e repórteres que acompanhavam a ocupação.

Enquanto cerca de 160 policiais civis davam início à ocupação na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio, agentes da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura começaram a recolher dezenas de usuários de crack que se aglomeravam nas imediações da comunidade, que abriga uma das maiores cracolândias da cidade. Os assistentes sociais tiveram apoio de policiais civis da Delegacia de Combate às Drogas e de policiais militares do 3º Batalhão (Méier). Até às 9h deste domingo, foram recolhidos 79 adultos e 15 menores usuários de crack. Todos foram encaminhados a unidades de triagem da Prefeitura.

Na rua Gil Gafrée, um dos acessos à favela de Manguinhos, policiais militares do Bope explodiram uma barricada de concreto fincada na rua pelos traficantes. Após a explosão, uma retroescavadeira recolheu os destroços que foram colocados em um caminhão com caçamba da Polícia Militar.

Cerimônia. Está prevista para 10h a cerimônia de hasteamento da bandeira do Brasil em uma praça localizada no interior da favela de Manguinhos. O hasteamento simboliza a retomada do controle dos territórios dessas comunidades para as forças do Estado.

As principais vias da região, como as avenidas dos Democráticos, Dom Hélder Câmara e Leopoldo Bulhões permanecem interditadas ao tráfego de veículos por motivos de segurança. Apenas viaturas policiais e veículos de imprensa são autorizados a circular por essas vias. A previsão da Secretaria da Segurança do Estado do Rio é de que a UPP seja implantada até o fim deste ano. O governo promete inaugurar 40 UPPs no Rio e na Região Metropolitana até 2014.