O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

sábado, 10 de outubro de 2015

POLICIAIS DE UPP SOFREM ÓDIO DOS MORADORES

 



Policiais de UPPs dizem sofrer “ódio” de moradores em favelas . Pesquisa da Universidade Candido Mendes detalha a situação dos PMs empregados nas Unidades de Polícia Pacificadora do Rio de Janeiro

HUDSON CORRÊA
REVISTA ÉPOCA 10/10/2015 - 01h09 -


 

A maioria dos policiais militares das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), instaladas nas favelas do Rio de Janeiro, acha que os moradores sentem “ódio, desconfiança e medo” deles. Grande parte afirma que fica insegura e também insatisfeita durante o trabalho de policiamento nos morros cariocas. Mas, como última esperança, eles ainda conservam uma opinião positiva sobre as unidades pacificadoras. Esses dados são da pesquisa UPPs: o que pensam os policiais, feita pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Candido Mendes, divulgada deste sábado (10). As pesquisadoras Silvia Ramos, Barbara Musumeci Mourão e Leonarda Musumeci entrevistaram 2002 policiais de 36 UPPs, entre 30 de julho e 19 de novembro de 2014. A amostra representa 21% do total de PMs nas unidades.



As UPPs em 2008 e ainda estão em expansão. Segundo o governo do Rio, as unidades pacificadoras têm a missão de retomar territórios dominados por traficantes de drogas e milicianos que agem armados com fuzis, metralhadoras e até granadas. O Cesec está na terceira rodada de pesquisas sobre o projeto. Atualmente, as unidades enfrentam uma onda de violência com mortes de policiais militares e de moradores, incluindo duas crianças de 11 anos neste ano.

Em 2010, na primeira sondagem, 66,5% dos entrevistados disseram que a maioria dos moradores tinha um “sentimento positivo” em relação a eles, policiais. Na segunda pesquisa, em 2012, a percepção de apoio caiu para 43,7%. Agora, no trabalho de 2014, apenas 25,1% acham que a população das comunidades os aprova. Para 60,1%, existe um “sentimento negativo” que, segundo eles, são “raiva, ódio, hostilidade, rejeição e aversão, desconfiança, resistência e medo”.

O Cesec perguntou se, nós últimos três meses, algum morador fez qualquer tipo de ofensa, pelo menos uma vez. Os números são surpreendentes: 65,8% relataram xingamentos, 63% reportaram desrespeito e 55,8% disseram terem sido alvos de arremesso de algum objeto. A Secretaria de Segurança Pública diz que essa última agressão vai da simples cusparada a um incrível caso do lançamento de um vaso sanitário sobre policiais militares, mas não deu detalhes sobre onde isso ocorreu.

“Como você se sente na maior parte do tempo, sendo policial de UPP”, perguntaram os pesquisadores. No questionário de 2012, 46,2% responderam que estavam satisfeitos, 26,4% insatisfeitos e 27,4% indiferentes. Em 2014, os índices passaram a apenas 28,3% de satisfeitos e 35,5% de descontentes. A pesquisa também perguntou se o policial se sentia seguro durante o trabalho na unidade pacificadora; 42,4% disseram que estão inseguros. O percentual aumenta em áreas mais violentas, que o Comando da PM define como áreas vermelhas.

Duas coisas importantes aconteceram entre as pesquisas de 2012 e 2014. As UPPs chegaram às áreas controladas pelos mais poderosos traficantes do Rio, como a Rocinha – na Zona Sul, a maior favela do Brasil com 69 mil habitantes – e o Complexo do Alemão, na Zona Norte, de onde partiam ordens para bandidos incendiarem carros e ônibus na cidade. Num segundo momento, os criminosos expulsos tentaram reocupar o território, usando táticas de guerrilha que causaram mortes de policiais militares. Em algumas favelas dos complexos do Alemão e da Vila Cruzeiro, percorridos por ÉPOCA, policiais militares visivelmente assustados patrulham becos estreitos sabendo que podem dar de cara com traficantes armados.

Algumas ações desastradas da PM alimentam o rancor dos moradores. Em julho de 2013, uma equipe da UPP da Rocinha torturou, matou e sumiu com o corpo do pedreiro Amarildo de Souza. Soldados com pouco preparo se envolvem em tiroteios que resultam na morte de inocentes, como a de uma criança de 11 anos no Alemão, em abril, e de outra da mesma idade no Complexo do Caju, em outubro. São cada vez mais frequentes os protestos em que moradores descem do morro até o asfalto com placas de "fora UPPs". O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, diz que a polícia está isolada nas favelas sem ajuda de outros órgãos responsáveis pela assistência social.

A primeira vítima dessa guerra foi a policial Fabiana Aparecida de Souza, assassinada na favela de Nova Brasília, no Alemão, em julho de 2012. O crime acendeu a luz amarela na segurança das UPPs porque, conforme a pesquisa do Cesec, as policiais mantêm menos contato com suspeitos de crimes e, por isso, possuem chances menores de ficar no meio de um tiroteio. Desde 2012 até agora, 23 policiais militares morreram em serviço nas UPPs. O caso mais recente foi o do soldado Caio Cesar de Melo, morto no começo do mês no Complexo do Alemão. Além de policial, Melo trabalhava com a dublagem de personagens de cinema. Era dele a voz de Harry Potter na versão brasileira.

O pessoal das UPPs representa 20% do efetivo total da Polícia Militar, porém 8 dos 18 policiais militares mortos em serviço em 2014 pertenciam às unidades pacificadoras. Isso quer dizer que um soldado de UPP tem atualmente maiores chances de ser assassinado em relação aos que trabalham nos batalhões convencionais da PM.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o aumento da violência provocou mudanças na estratégia de patrulhamento nas favelas. A pesquisa do Cesec mostrou que os grupos táticos, mais preparados para um conflito armado, empregavam 7,2% dos policiais em 2010. Agora o índice passou a 22,2%, enquanto a ronda a pé diminuiu.

A Secretaria de Segurança afirma que desde janeiro já treinou mais de 3 mil policiais, tanto para eles se protegerem melhor em eventuais confrontos, como para melhorar o relacionamento com moradores das favelas. Nem tudo está perdido. O Cesec mostra que 41% dos policiais ainda têm uma “opinião geral positiva” das UPPs contra 35,9% que a veem de modo negativo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

PRISÕES E APREENSÃO DE POTENTES ARMAS E MUNIÇÕES DE GUERRA

DIÁRIO GAÚCHO 11/08/2015 | 18h16

Polícia do Rio prende traficantes rivais de Playboy. Durante a operação, foram apreendidas armas, como fuzis de longo alcance, além de munições



Foto: Disque Denúncia / Reprodução


O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro prendeu nesta terça-feira seis dos traficantes mais procurados da cidade. Eles foram encontrados em um condomínio próximo ao Complexo do Chapadão, na zona norte da cidade, e não ofereceram resistência, segundo a PM. Durante a operação, foram apreendidas armas, como fuzis de longo alcance, com grande potencial de destruição, além de munições.

Entre os presos estão Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu da Mineira, e Cláudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira. Ambos tinham uma recompensa por sua captura avaliada em R$ 10 mil, segundo o Portal Procurados, do Disque Denúncia.

Fu era chefe do Comando Vermelho, facção criminosa que chefia o tráfico de drogas no Complexo do Chapadão, em Costa Barros, e no Morro da Mineira, no Catumbi, ambos na zona norte do Rio.

Os criminosos também eram rivais da facção de Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, morto no último sábado. A disputa das facções pelos pontos de venda de drogas na região de Costa Barros levou a inúmeros confrontos armados nos últimos meses. De acordo com o comandante do Bope, o tenente-coronel Carlos Sarmento, a ação que prendeu a "cúpula do crime" do Comando Vermelho foi feita para impedir que a organização rival ganhasse território com a morte de Playboy.

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, defendeu mudanças na legislação para dar maior responsabilidade penal a quem tiver porte de armas de uso restrito das Forças Armadas.

— Estou preparando uma [proposta de] alteração no Estatuto do Desarmamento. Não é possível que uma pessoa tenha um fuzil em casa e na hora de ser julgada não tenha um olhar diferenciado para o porte desse tipo de equipamento. Queremos dar um basta. Chega de termos aqui essa idolatria por armas de guerra. A lei precisa ser forte para que as pessoas entendam que quem tem uma arma de guerra, ou uma dinamite para estourar caixa eletrônico, esse porte não pode ser tratado de maneira normal, como hoje nos diz a lei.


As prisões de hoje fazem parte de uma série de operações feitas em conjunto pelas polícias militar, civil e federal em comunidades do Rio de Janeiro. Nessa segunda-feira quase 6 mil alunos ficaram sem aula por conta da ocupação no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, que resultou na morte de Playboy.

A Secretaria Municipal de Educação informou que nesta terça-feira, em Costa Barros e entorno, de acordo com a 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), duas escolas e um Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) estão sem atendimento nos dois turnos. Já no turno da tarde, estão sem atendimento dois EDIs, uma escola e uma creche. As unidades citadas atendem 1.617 alunos. A secretaria esclarece ainda que o conteúdo perdido será reposto.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

UM POLICIAL MORRE A CADA 40 DIAS EM UPPS DO RIO



Henrique Coelho Do G1 Rio 09/07/2015 06h45

Um policial morre a cada 40 dias em UPPs do Rio desde 2014. Em 2015, 53 policiais de UPP foram baleados e sete foram mortos.  Coordenadoria de Polícia Pacificadora reconhece aumento da violência.




Entre 1º de janeiro de 2014 e 8 de julho de 2015 – período em que se agravou a crise nas Unidades de Polícia Pacificadoras – 15 policiais lotados em nas UPPs morreram em serviço no Rio de Janeiro. A média é de um policial morto a cada 40 dias neste intervalo, incluindo o soldado Alex Amâncio, de 34 anos, que morreu quando patrulhava a região próxima à UPP Andaraí, na última segunda-feira (6).

O G1 inicia nesta quinta-feira (9) uma série de três reportagens para contar a história dos policiais que morreram dentro de comunidades que contam com a presença de UPPs no Rio.



Policiais reclamam da falta de condições de trabalho e a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) reconhece o aumento da violência, mas defende o projeto, que enfrenta seu pior momento desde a implantação da primeira unidade, no morro Dona Marta, em dezembro de 2008.




Em 2014, o numero de policiais mortos em serviço em áreas de UPP chegou a oito, o maior desde o início do projeto. Em 2015, foram sete até a noite de terça-feira (7).

Em 2012 foram registradas as primeiras mortes de policiais em áreas de UPP: quatro. No ano seguinte, mais três, somando 22 policiais mortos desde o início do projeto.

O número de policiais feridos em operações, patrulhamentos ou ataques às sedes e pontos fixos das UPPs também assusta. Segundo fontes do G1, 87 policiais lotados em UPPs foram baleados em 2014. Em 2015, até de 8 de julho, 53 policiais que pertencem às UPPs foram feridos a bala. Desde 2014, portanto, a média é de 1 baleado a cada quatro dias. A PM e a Coordenadoria da Polícia Pacificadora não informam números oficiais de feridos.

Até a publicação desta reportagem, a Secretaria de Estado de Segurança e o secretário José Mariano Beltrame não responderam ao G1.

'Projeto falido', diz viúva de PM

Em 2015, foram dois policiais mortos na UPP Cidade de Deus (Zona Oeste), mais precisamente na localidade conhecida como Apartamentos, em um intervalo de apenas 20 dias. Um deles era Bruno Miguez, de 30 anos, que levou um tiro na cabeça durante patrulhamento no dia 29 de janeiro. Um PM que estava com ele foi baleado no ombro, mas Miguez não resistiu. No dia 18 de fevereiro, Rogério Pereira da Silva, de 39 anos, foi baleado ao sair da base da UPP Apartamentos e também morreu.

O soldado da UPP Cidade de Deus morreu após levar um tiro na cabeça durante patrulhamento

Michelle Miguez, viúva de Bruno, conta em entrevista exclusiva ao G1 sente como se ele ainda estivesse presente em sua vida, e lembrou que o soldado estava havia pouco tempo na unidade.

"A UPP é um projeto falido, feito para os policiais morrerem. Pedi para ele não ir para lá, pois ele estava no Turano e lá era tranquilo. A Cidade de Deus é muito mais complicada, e ninguém nunca o ensinou a se movimentar lá", diz ela, que se emocionou ao lembrar do enterro de Bruno. "Quando eu olhei para o caixão, naquele momento queria ter ido com ele. E acho que não vai demorar muito para reencontrá-lo. Nosso amor é além da vida", garante.

Alemão é ponto crítico


Das 15 mortes ocorridas entre janeiro de 2014 e de 2015, 53% delas foram em comunidades dos conjuntos de favelas do Alemão e da Penha, vizinhos na Zona Norte do Rio: O soldado Wagner Vieira Cruz e o tenente Leidson Acácio (Vila Cruzeiro); a soldado Alda Rafael Castilho (Parque Proletário); o soldado Rodrigo Paes Leme e o capitão Uanderson Manoel da Silva (Nova Brasília); e o soldado Fábio Gomes da Silva (Fazendinha), todos em 2014. Em 2015, morreram o cabo Anderson Fernandes (Fazendinha); e o soldado Marcelo Soares do Reino (Alemão).

Comandante da UPP Nova Brasília, capitão
Uanderson morreu em 2014
(Foto: Divulgação / Polícia Militar)

“Lá é o inferno. Tive que me esconder várias vezes para não morrer”, resumiu um ex-soldado da UPP Fazendinha, que não se identificou à reportagem do G1 por motivos de segurança. No ano passado, um PM expulso pela corporação após críticas ao na época comandante das UPPs, Frederico Caldas, já havia dito que "o Alemão era um castigo" para os soldados.

"Não temos treinamento contínuo de tiro e muitos de nós não somos preparados para atuar em área conflagrada. Essa é a verdade.", confessou outro soldado da UPP Alemão.

Em 2015, foram feridos policiais de 20 UPPs diferentes, com destaque para a UPP Alemão, com 10 feridos. De janeiro até 6 de julho, 25 policiais foram baleados apenas nos conjuntos de favelas do Alemão e da Penha, de um total de 53 feridos a bala.

'Precisamos de mais parceiros'

O coordenador operacional da CPP, Ivan Blaz, reconheceu que, desde meados de 2013, as UPPs vêm passando por eventos críticos que causaram o aumento da violência nas comunidades.

"Já temos cabines blindadas e anteparos balísticos simples na UPP São João, do Alemão, de Nova Brasília e da Fazendinha, e estamos montando na Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) para levar a outras comunidades. Nossa estratégia é a ocupação nas partes elevadas dos morros", afirma Blaz.

As novas medidas, no entanto, já encontraram um avanço, segundo ele: "Os ferimentos em 2014 foram mais graves do que os que estão acontecendo em 2015 [tiros de raspão, por exemplo]. Isso mostra uma melhora no preparo dos policiais", analisa.

Blaz fez um apelo para que mais empresas privadas ajudem a UPP a criar projetos sociais e mantê-los dentro das comunidades.

Ameaças do tráfico

Em entrevista ao G1, um morador do morro Dona Marta, que recebeu a primeira UPP em dezembro de 2008, falou sobre a desistência de muitos moradores de participar de projetos sociais dentro da comunidade.

"Tudo por medo do tráfico, né? Das ameaças que a pessoa pode receber", avalia. Blaz ressalta que este é um dos principais desafios das UPPs neste sétimo ano de projeto, principalmente com o público entre 12 e 18 anos.

"Precisamos da participação popular, que o Alemão demonstrou este ano após 100 dias de conflito armado, e que a Maré já demonstra há muito tempo. Temos parcerias com a LBV [Legião da Boa Vontade] em Manguinhos e o Ação Social Pela Música em 19 comunidades, mas precisamos de mais como estes. Precisamos de mais pessoas e empresas que nos ajudem, porque vários dos projetos tocados hoje ocorrem graças aos próprios policiais das unidades", avaliou.

Imagem aérea do Conjunto de Favelas da Maré: desafio para UPPs (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

Na Maré, os problemas vividos entre a Força de Pacificação e os moradores, além dos tiroteios frequentes envolvendo traficantes, transformam a instalação de UPPs em um desafio.

"Vamos fazer encontros quinzenais com as associações de moradores da Maré para saber das demandas de segurança naquela área, além de simplesmente enfrentar criminosos armados e criar uma relação de confiança com as comunidades", garantiu Blaz.

A previsão é de que as quatro UPPs previstas para a região fiquem prontas até o primeiro trimestre de 2016. Veja abaixo vídeo do enterro do PM Alex Amâncio, nesta terça-feira (7).

segunda-feira, 22 de junho de 2015

CONFRONTO, DROGAS E ARMAS APREENDIDAS

O Dia 22/06/2015 10:59:47

PM faz operação em comunidades da Praça Seca e tiros assustam moradores.  Houve confronto e seis fuzis, granadas, carregadores e drogas foram apreendidos. Ação deixa quase 600 alunos sem aulas

Rio - Policiais do Comando de Operações Especiais da PM (COE) realizam, desde a madrugada desta segunda-feira, uma operação nas favelas São José Operário e Covanca, na Praça Seca, na Zona Oeste da cidade. Moradores relataram o medo na região por conta da intensa troca de tiros.

A ação visa combater o tráfico e a milícia que disputam os territórios e seis fuzis foram apreendidos, quatro granadas, carregadores com munições, além de uma grande quantidade de drogas ainda não contabilizada. Os policiais também encontraram barracas montadas na mata na região da Covanca, onde os traficantes se refugiam quando há operações.

Bope, usando farda camuflada, apreende fuzis, carregadores, granadas e drogas em favelas da Praça Seca Foto: Divulgação

Segundo o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o setor de inteligência recebeu informações sobre a presença de traficantes no baile da Covanca. Com isso, os policiais só deram início a operação com o fim da festa para evitar confronto dentro do baile.

De acordo com o Bope, ainda assim, houve confronto com criminosos na chegada às comunidades pela mata. Os homens do batalhão atuam pela primeira vez com roupas camufladas, que ajudam no combate na parte da vegetação. Também participam da operação os batalhões de Choque (BPChq), de Ações com Cães (BAC) e o Grupamento Aéreo Móvel (GAM).

A operação continua em andamento e os policiais fazem varredura na região. Ainda não há informações sobre feridos ou presos. As armas e as drogas apreendidas foram levadas para a 28ª DP (Campinho).


Acampamento usado por traficantes encontrado em mata na região da Covanca, na Praça Seca Foto: Divulgação

Quase 600 alunos ficam sem aulas



Por conta da operação nas duas favelas da Praça Seca, alunos da rede municipal estão sem aulas na região. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, através da 7ª Coordenadoria Regional, uma escola e um Espaço de Desenvolvimento Infantil não estão funcionando.

No total, 599 alunos ficarão sem aulas. A SME também informou que todo o conteúdo perdido será reposto posteriormente.

domingo, 21 de junho de 2015

NUMERO DOIS DA PM DO RIO ADMITE ERROS NAS UPPS

JORNAL EXTRA  21/06/15 07:56


Número dois da PM do Rio admite erros nas UPPs, elogia desmilitarização e critica política de guerra às drogas: ‘Fracasso’


Para coronel, “o que consome as energias da PM” é a guerra às drogas Foto: Marcio Oliveira/Extra


Rafael Soares


Durante a semana, Robson Rodrigues tem uma vida dupla. O coronel passa manhãs e tardes em seu gabinete no Quartel General da PM. Ao entardecer, ele tira a farda e vira aluno: formado em Direito e mestre em Antropologia, Robson, aos 51 anos — 31 deles na PM — é doutorando em Ciência Sociais pela Uerj. Até na faculdade, entretanto, o oficial não esquece a polícia, seu principal objeto de estudo. Em janeiro, Robson deixou os planos de aposentadoria de lado e aceitou o convite para o cargo de chefe do Estado Maior da PM, com o objetivo de transformar suas reflexões sobre a atividade policial em mudanças práticas. Numa sala da Secretaria de Segurança a poucos metros do gabinete do secretário José Mariano Beltrame, o oficial — fardado — revelou ao EXTRA que pretende aumentar o período de formação dos praças, admitiu erros na expansão das UPPs e criticou a política de guerra às drogas e o conservadorismo dentro e fora da corporação.

Por que o senhor largou a aposentadoria e voltou à PM?

A corporação passava por uma crise moral, de credibilidade, os números não estavam bons. Nosso projeto é o de modernização. Modernizar controle, processos e estrutura é prioridade, para que a PM entregue um serviço melhor.

No ano passado, integrantes da cúpula da PM foram presos em casos de corrupção. Esse é um problema institucional?

A corrupção existe em qualquer lugar. A PM está mais visível, como braço da força do estado. Só que o nível onde ela chegou, isso nunca tinha acontecido. Chegou aos altos escalões. Esse combate virou responsabilidade cívica. Por isso, muita gente foi afastada.

Você é a favor da desmilitarização da PM?

Eu sou a favor do serviço policial de natureza civil numa sociedade democrática, só que sou pragmático. Sou a favor da modernização antes da desmilitarização. Na identidade militar, temos bons princípios, como controle, organização e planejamento. Precisamos recuperar isso. Mesmo dentro do militarismo, que eu não acho que seja o melhor modelo, perdemos a essência.

A PM é o maior alvo de críticas quando o assunto é segurança pública. A que você acha que isso se deve?

A uma herança maldita da ditadura que a PM carrega até hoje. A ditadura construiu um desenho institucional bem planejado para um controle totalitário. Nesse cenário, a PM era a extensão da ditadura nas ruas. Passamos a um período democrático e o mesmo arcabouço permaneceu inalterado. Temos que prestar contas e defender os direitos da cidadania, mas temos o mesmo leque de atribuições. A PM faz desde a briga por furto de passarinho até a criminalidade transnacional na favela.

Robson, que já foi comandante das UPPs, admite erros: 'Se tivéssemos feito investimentos em qualidade, talvez não tivéssemos avançado tão rápido' Foto: Eduardo Naddar / Agência O Globo

Você acha que a PM gasta tempo e recursos demais com a guerra às drogas?


A política de combate às drogas, que gerou o proibicionismo, fracassou. O pretexto da guerra era o de que ela iria acabar com o tráfico, diminuir o consumo e a violência. Aconteceu ao contrário. Hoje, muitos estados americanos legalizaram o consumo. Nós continuamos aí. O que consome nossas energias é isso. Se acabasse, talvez sobrasse mais tempo para que combatêssemos o grande traficante de armas e de drogas, os grupos de extermínio... A PM foi convidada para uma dança, e ficou dançando sozinha com uma venda nos olhos. Quem convidou para dançar já saiu há muito tempo.

Como você avalia a formação policial hoje?

Essa é uma área que vai passar por mudanças. Vamos diminuir tempo para formação de oficiais e aumentar o tempo para formação de praças. O fluxo de carreira será meritocrático, os melhores vão ascender. O praça vai ter oportunidade de ter uma formação continuada, chegar a oficial. Mas não acho que haja problemas no currículo. Existe toda uma cultura que não nasce na polícia, mas na sociedade. O policial está em inserido em nossa sociedade elitista, conservadora, o que gera impactos na corporação.

As UPPs falharam?

As UPPs são um ótimo produto, mas precisam ser aprimoradas. Houve equívocos? Houve. Se criou uma expectativa muito grande de que a polícia iria resolver tudo. Se tivéssemos feito investimentos em qualidade, talvez não tivéssemos avançado tão rápido.

Dá para consertar os erros?


A UPP estava isolada dentro da corporação. Percebemos isso e remodelamos. Criamos dois núcleos: um de ocupação segura, com homens do Bope, e outro de proximidade. Por isso dividimos as comunidades por graus de risco. Quando percebemos um nível crítico, entra o núcleo de ocupação segura. Mas não podemos esquecer da pacificação e nos lançarmos para a guerra, como já aconteceu.

Como a PM se posiciona sobre a maioridade penal?

Nossos jovens estão sendo dizimados, tanto policiais quanto moradores de favelas. É uma covardia achar que a polícia vai resolver o problema. Se vai continuar como está ou não, não importa. O que importa é que nós vejamos o que produz isso. A maior parte dos menores encaminhados para delegacias são vítimas, e não autores.

Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/numero-dois-da-pm-do-rio-admite-erros-nas-upps-elogia-desmilitarizacao-critica-politica-de-guerra-as-drogas-fracasso-16508810.html#ixzz3dhWqyUqt

terça-feira, 7 de abril de 2015

MEDO DOMINA VIELAS DO ALEMÃO




ZERO HORA 07 de abril de 2015 | N° 18125


GUILHERME MAZUI | Rio de Janeiro


GUERRA AO TRÁFICO. PREOCUPAÇÃO NO RIO


COMPLEXO DE FAVELAS vive clima de tensão após polícia intensificar ação de retomada do morro. Moradores relatam rotina de duelo entre forças de pacificação, milícias e grupo Comando Vermelho


Na casa onde Eduardo de Jesus Ferreira levou o tiro que lhe ceifou a vida, um lençol branco pede a paz que os moradores do complexo de favelas do Alemão desconhecem. O menino de 10 anos foi uma das quatro vítimas da última semana no conjunto de comunidades da zona norte do Rio de Janeiro, que há três meses convive com tiroteios diários entre policiais e traficantes. Eduardo foi enterrado ontem, no Piauí (leia ao lado).

– Dois dias sem tiro é um milagre. A morte do Eduardo deu uma trégua – suspira Renata Trajano, 35 anos, do coletivo Papo Reto.

Quase cinco anos depois da ocupação, em novembro de 2010, o medo de ter o caminho interrompido por tiros de fuzil é constante, apesar das quatro unidades de polícia pacificadora (UPP) e dos 1.230 policiais na região. A PM entrou, projetos sociais não avançaram e o Comando Vermelho se fortaleceu para reconquistar o espaço perdido. No meio de confronto ficam os moradores.

Na tarde anterior ao dia da morte do menino Eduardo, também houve tiroteio. Preocupada, Elisabete de Moura correu para fechar a porta de casa. Ao virar as costas, levou o disparo fatal que ainda alvejou sua filha, que sobreviveu.

– Minha mãe morreu com tiro nas costas dentro de casa. Eu vi o policial que a matou. No dia seguinte, ele estava trabalhando normal – diz o universitário Maycom Brum, 27 anos.

A carnificina gerou protestos contra atuação da PM, e o governador Luiz Fernando Pezão anunciou a reocupação. Desde a quinta-feira, 300 homens do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) tomaram degrau a degrau, laje a laje, a área.

COMISSÃO DA CÂMARA FARÁ AUDIÊNCIA PÚBLICA

Ontem, as patrulhas eram intensas. Moradores andavam nas ruas observados por policiais armados. Um grupo do Choque guarnecia uma creche. Em frente a uma quadra de esportes, barricadas aguardavam eventuais confrontos.

– Tem gente na outra laje com fuzil nos monitorando. A gente pede para que as famílias não circulem com as crianças e que os senhores desçam – orientou um sargento a moradores e ao deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Pimenta esteve no Alemão. Ouviu queixas dos moradores e aguarda relatos sobre as condições precárias de trabalho dos PMs, que também acabam vítimas da violência generalizada. A comissão fará uma audiência pública, ainda sem data marcada, no complexo.

Porta-voz da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), o major Marcelo Corbage define a reocupação como “realinhamento estratégico”, sem a presença das Forças Armadas. Segundo ele, a presença de UPPs em outras favelas força o contragolpe do tráfico.

Haverá mudança na distribuição e nas rotinas das patrulhas. O efetivo terá cursos de recapacitação, ministrados por Bope e Choque com 64 horas de duração.

– Uma das partes do curso terá técnicas de abordagem. O policial deve se portar de forma segura para a comunidade. Esperamos que a morte do Eduardo seja a última – disse Corbage.



Enterrado no Piauí menino morto na quinta

Foi enterrado ontem na cidade de Corrente (PI), a 864 quilômetros de Teresina, o menino Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos, morto após ser baleado no complexo do Alemão na última quinta-feira.

As despesas com estadia da família do garoto, que já havia chegado ao Piauí na noite do domingo, e translado do corpo estão sendo custeados pelo governo estadual do Rio. A coordenadoria das UPPs afirma que Eduardo foi atingido por bala perdida durante confronto entre policiais e criminosos.

A mãe do menino, Terezinha Maria de Jesus, afirma que o filho foi morto por um policial quando brincava na porta de casa. O agente teria ainda a ameaçado de morte. Ontem, Terezinha disse que vai retornar ao Rio para acompanhar a investigação, mas, depois, quer voltar a morar no Piauí.

No Ciep Maestro Francisco Mignone, escola onde Eduardo cursava o 5º ano do Ensino Fundamental, pais, alunos e professores fizeram um minuto de silêncio ontem. Todos os funcionários da escola trabalharam vestidos de preto.



Operação deve durar décadas, diz governador


O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou ontem que o processo de pacificação no Complexo do Alemão deve durar décadas.

– É um processo que a gente tem sempre que reavaliar. Foram 20, 30 anos de abandono dentro dessas áreas. O próprio Alemão era a central do crime organizado. Não vão ser oito, 10, 15 anos que vão levar à paz – disse Pezão, em entrevista à Rádio Globo.

Além das queixas de truculência e despreparo dos PMs, o Programa de Polícia Pacificadora enfrenta dificuldades com a falta de estrutura nas bases das UPPs. O Ministério Público (MP) do Rio recebeu mais de mil denúncias registradas por policiais militares nos últimos dois anos e, em algumas UPPs, constatou falta de coletes à prova de balas, armamentos e até mesmo de água potável. A informação foi revelada em reportagem do programa Fantástico, da TV Globo.

Segundo Pezão, o programa das UPPs deve receber investimento de cerca de R$ 30 milhões para corrigir problemas emergenciais.





domingo, 29 de março de 2015

TRÁFICO RESISTE OCUPAÇÃO MILITAR NA MARÉ



O DIA 28/03/2015 23:46:21


Tráfico resiste após um ano de ocupação militar na Maré. A dois meses da substituição das Forças Armadas pela PM , comunidade faz avaliação


Francisco Edson Alves




Rio - No dia 5, a Força de Pacificação do Complexo da Maré completa um ano de ocupação. A data antecede os dois últimos meses em que tropas do Exército, Marinha e Aeronáutica ficarão por lá. Em junho, elas serão substituídas por mais de 1,4 mil policiais militares. A iminente saída dos militares — são três mil por dia — é esperada num clima misto de alívio, ansiedade e apreensão.

A presença dos soldados, segundo analistas, garantiu ações sociais jamais vistas na comunidade. Por outro lado, não conseguiu inibir a sangrenta disputa por bocas de fumo entre traficantes de duas facções criminosas: o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro.

No Complexo da Maré, o maior conglomerado de favelas do Rio, com 16 comunidades, moram mais de 130 mil pessoas. A maioria delas vive a expectativa da mudança. “Se os traficantes ignoraram os militares, com seus tanques e blindados de combate gigantes e armados com fuzis e pistolas (seriam mais de cinco mil armas), vão respeitar a PM?”, questiona o comerciante X., de 45 anos, que diz estar “cansado de presenciar” tiroteios entre quadrilhas, “mesmo com militares observando tudo a distância”.

“Vamos sentir falta. Ruas e escolas foram recuperadas, bandidos importantes foram presos e horários e altura do som dos bailes funk e de pagode, disciplinados”, pondera o motorista Y., 53.

Traumatizados e com medo de que os confrontos se intensifiquem, muitos moradores estão deixando o complexo. É o caso de Maria do Socorro Viana de Araújo, 40, que acusa soldados do Exército de terem executado seu filho, Felipe de Araújo Vieira, 23, com um tiro de pistola à queima-roupa no peito, no dia 20 de janeiro, na Vila dos Pinheiros.

Felipe é uma das 30 pessoas — incluindo um cabo do Exército — que morreram em 11 meses na Maré em confrontos ou em circunstâncias ainda não esclarecidas. Mais de cem ficaram feridas (51 militares).

Maria do Socorro garante que uma testemunha viu Felipe, que nunca teve envolvimento com o crime, sendo assassinado durante abordagem dos militares. “Ela prestou depoimento na Delegacia de Homicídios, mas ninguém foi preso. Os soldados, que não socorreram meu filho, passaram a me ameaçar na porta da minha casa. Estou indo embora daqui, onde nasci, para não morrer como meu filho”, justifica.

Embora, por questões estratégicas, o Comando Militar do Leste (CML) evite comentar o assunto, as tropas deixarão para a PM um mapeamento de acessos difíceis em todo o território, de dez quilômetros quadrados. Novos caminhos foram abertos e outros ficaram livres de barricadas do tráfico, feitas de barras de ferro, concreto e carcaças de carros.

A presença das Forças Armadas terá custado, no fim das contas, R$ 432 milhões ao governo federal, o equivalente a R$ 1,2 milhão por dia. Agora, o desafio será do governo estadual.


Críticos dizem que dinheiro foi mal usado

Educadores e representantes de entidades de Direitos Humanos, criticam a ocupação da Força de Pacificação. “Não mudou absolutamente nada. É impossível querer mudanças com atitudes de guerra. Os tiroteios na porta da minha escola continuam quase diariamente. Na semana passada, por exemplo, por três dias, os alunos tiveram que ficar abaixadas nas salas de aula com medo de balas perdidas”, argumenta Yvonne Bezerra, do Projeto Uerê, ONG que atende 470 crianças com traumas de violência na Baixa do Sapateiro.

“Os R$ 432 milhões poderiam ter sido investidos em escolas, creches, quadras de esportes e postos de saúde. Intervenções armadas só geram mais violência”, diz o advogado do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos, João Tancredo.

Para Edson Diniz, diretor da ONG Redes da Maré, há até boa intenção e esforço dos militares para uma aproximação com a comunidade. “Mas as tropas, preparadas para proteger fronteiras, são vítimas também do quadro atual. Estão como peixes fora d’água”.

CML destaca ‘boas ações’

O delegado da 21ª DP (Bonsucesso), Delmir Gouveia, elogia as tropas na Maré. “Prenderam 570 suspeitos de crimes, entre eles, líderes importantes do tráfico, como Fabiano de Jesus, o Zangado, do TCP, irmão de Marcelo das Dores, o Menor P. Com a ajuda dos militares, também prendemos outros, como Eduardo da Silva, o Avião, maior fornecedor de cocaína do Comando Vermelho, e identificamos dezenas de bandidos”, comenta.

Em nota, o Exército lamentou a morte do cabo Michel Mikami, de 21 anos, por traficantes, em novembro, e diz ter instaurado 17 inquéritos para apurar supostas condutas irregulares e abusos de soldados.

“Além de coibir a violência, o trabalho dos militares e dos órgãos envolvidos visa também criar condições para a entrada do poder público”, diz o texto, citando algumas ações realizadas, entre elas a Justiça Itinerante, a recuperação de instalações escolares, a pintura da Vila Olímpica da Maré e a liberação de vias para a mobilidade urbana, além de encontros periódicos com líderes comunitárias e ONGs.

Tiros e perna amputada

O estoquista Vitor Santiago Borges, 29, é outro que vai embora da Maré. No dia 12 de fevereiro, o carro em que estava, com quatro amigos, foi fuzilado por soldados do Exército na Favela Salsa e Merengue. O motorista não ouviu a ordem de parar numa blitz.

Baleado com tiros de fuzil 762 no tórax e na perna esquerda, Vitor, ainda hospitalizado, teve o membro amputado. Em vídeo no Facebook, ele garante que não voltará para a comunidade. “Está muito violenta”, justifica.

A vendedora M., 43, mudou-se do Parque União com o marido e três filhos ano passado. Paga agora R$ 1,9 mil de aluguel num bairro da Zona Norte. “Alugamos nosso imóvel na Maré, onde meu irmão (de 37 anos) já foi vítima de bala perdida no ombro, por R$ 800. Ele também foi embora. O complexo, por falta de investimentos sociais e da própria falta de educação de boa parte da população, é uma fábrica de bandidos”, opina.

quinta-feira, 26 de março de 2015

AGENTE SOCIAL TORTURADO CONSEGUE ESCAPAR DO MICROONDAS

O DIA 26/03/2015 13:05:27

Agente do Degase foi torturado por 16 horas em favela de Bangu. Homem que seria queimado no chamado 'microondas' conseguiu escapar. Sindicato defende porte de arma fora das unidades para a categoria

Christina Nascimento



Funcionário do Defase foi torturado no Morro do 48, em Bangu. Ele conseguiu fugir antes de ser executado Foto: Leitor O Dia

Rio - O agente do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), sequestrado por criminosos quando voltava para a casa, em Bangu, foi torturado por 16 horas, até conseguir fugir. Durante esse tempo, ele ficou amarrado numa árvore, no alto do Morro do 48, no mesmo bairro, com os braços presos com fios e a cabeça enrolada em fita adesiva. Além de levar coronhadas, chutes e socos, a vítima ainda teve que se deitar para que os bandidos passassem três vezes por cima dele de moto. Pouco antes de conseguir se desamarrar, numa distração do grupo, ele já tinha recebido a ‘sentença’: seria queimado, no chamado microondas, no início da noite.

O drama de X., que é lotado no Educandário Santo Expedito (ESE), em Bangu, começou por volta da meia-noite de terça-feira. Ele tinha deixado o plantão na unidade, onde naquele dia havia ocorrido uma rebelião, quando foi abordado por dois jovens, com pistolas, que estavam em motocicletas. O agente foi cercado em frente a um posto de gasolina, a poucos metros de casa, e foi obrigado a seguir numa das garupas. Um dos menores disse para X. que o reconheceu como sendo funcionário do Degase e que, por isso, o levaria para dentro da comunidade. O adolescente era ex-interno e tinha cumprido medida socioeducativa no ESE.

Durante o período em que ficou amarrado, X. ouviu conversas dos criminosos, por telefone, com o chefe do tráfico do morro, que pertence a facção Comando Vermelho. Os bandidos queriam autorização para matá-lo. A permissão foi dada, e o grupo decidiu que ele seria morto, às 18 horas, queimado. O agente, que trabalha há apenas um ano no sistema Degase, também ficou sabendo pelos bandidos que eles acompanhavam a rotina de alguns funcionários.

X. conseguiu escapar por volta das 16 horas, quando policiais do 14º BPM (Bangu) se preparavam para entrar na comunidade para resgatar o agente. Preocupados com a presença dos militares, os criminosos o deixaram sozinho, o que facilitou sua fuga. Ele está internado para fazer exames, mas está decidido a não voltar mais casa. Para o presidente do Sind Degase, João Luiz Pereira Rodrigues, o caso, além de extremamente grave, mostra a fragilidade na segurança dos agentes. Ele defende o porte de arma fora das unidades.


Após tortura, agente do Degase está decidido a não voltar mais para casa Foto: Leitor O Dia

“Vivemos a rotina do medo. Esse agente nasceu de novo. A realidade não permite que nossos funcionários fiquem circulando sem ter como se defender. Se ele tivesse armado, pelo menos teria como reagir. Temos diversos colegas que estão sendo assassinados todos os anos no país. Em 2013, no Rio, perdemos três colegas. É preciso tomar uma atitude. Dentro da unidade, precisamos do EPI (Equipamento de Proteção Individual), para que não ocorra como na rebelião do Santo Expedito. Naquele dia, os agentes tiveram que correr para a rua porque os menores estavam com armas improvisadas”, alertou ele.


sábado, 28 de fevereiro de 2015

O MORRO AGORA TEM VEZ

REVISTA ISTO É N° Edição: 2361 | 27.Fev.15


Pacificação de favelas reduz índices de criminalidade, leva o poder público a recuperar o controle das comunidades pobres e transforma para melhor a vida de milhões de moradores


Eliane Lobato




Durante décadas, o Rio de Janeiro defrontou-se com o enfraquecimento progressivo das instituições públicas ao mesmo tempo que o reordenamento de forças criminosas constituía um poder paralelo, ávido por ocupar o espaço deixado pelas autoridades. Nesse processo, o carioca conheceu a submissão política e a corrupção de agentes da lei, que resultaram na transformação do Rio em uma das cidades mais perigosas do Brasil. Isso, porém, está ficando para trás. O divisor de águas aconteceu em 2008, um ano após o governador Sérgio Cabral (PMDB) assumir o Estado e criar, com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, um corajoso projeto de retomada de controle das comunidades pobres. Em 19 de dezembro daquele ano foi instalada a primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), no Morro Santa Marta, em Botafogo, na zona sul. Até agora, são 38 unidades espalhadas pelas favelas cariocas. E Beltrame anuncia outra novidade: a UPP do asfalto, como são chamadas as CIPPs, sigla das Companhias Integradas de Polícia de Proximidade. A primeira foi cravada na terça-feira 24, na Tijuca. “Esse é o desfecho do programa de polícia pacificadora”, diz Beltrame. “UPPs nos morros e CIPPs embaixo, todos alinhados numa política só.”



A expectativa é de que até 2018 as CIPPs tenham se transformado em referência no País. “Vamos otimizar o efetivo para ter mais qualidade”, disse, em nota, o comandante-geral da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto. Já o projeto das UPPs será encerrado com 44 ou 46 unidades, segundo Beltrame. Para resumir o benefício que a iniciativa levou às áreas pobres, basta dizer que o índice de homicídios dentro nas favelas com UPPs é de oito por 100 mil habitantes, abaixo até do que a ONU considera aceitável (dez homicídios por 100 mil). O secretário Beltrame diz que a consolidação desse trabalho só será possível com o que chama de UPP social, que consiste em um processo conjunto com escolas, creches e hospitais. Beltrame está exultante com a criação de uma Comissão Executiva de Monitoramento e Avaliação da Política de Pacificação (CEMAPP). A nova entidade tem a missão de planejar a ocupação social das favelas, em parceria com o governo federal, ONGs, entidades internacionais e o setor privado. “As UPPs não são só um projeto de segurança, mas uma política de Estado que traz esperança para a população”, diz o secretário.

Seria ingênuo dizer que as favelas pacificadas se tornaram paraísos imunes à ação dos criminosos. Dispostos a reaver territórios e a desmoralizar a polícia, de tempos em tempos traficantes entram em ação para disseminar a violência. Uma das táticas é dar tiros a esmo e tentar, assim, lembrar os moradores dos anos de medo e tirania. “Os criminosos querem que os moradores pensem que a UPP foi embora”, diz Beltrame. A estratégia, garante ele, não tem funcionado. “A principal facção criminosa do Rio está esfacelada, o Comando Vermelho não tem mais um comando e nas áreas ocupadas não há mais uma liderança”, diz o secretário. Trata-se, enfim, de um vitória de toda a cidade.


NAS ALTURAS
Teleférico no Complexo do Alemão, onde funcionam quatro UPPs (topo)
e o secretário Beltrame: símbolos da luta contra o tráfico

A maior ofensiva contra o tráfico de drogas foi no Complexo do Alemão, que reúne 15 favelas e recebeu quatro UPPs com a união de forças estaduais e federais, algo inédito no País. Antes da pacificação, o Alemão era estratégico para o tráfico. Ali funcionava o QG do Comando Vermelho, que controlava a circulação de moradores e impedia o acesso da polícia ao morro. Após as UPPs, o Alemão se tornou um lugar diferente. O símbolo dessa nova fase é o bondinho inaugurado em 2011. Além de atrair uma legião de turistas, ele serve como meio de transporte para os moradores. Agora todos podem desfrutar de um lugar que, depois de muitos anos, conseguiu deixar a rotina da violência para trás.

Fotos: Marcelo Regua/UOL; Fernando Frazão/Agência Brasil

sábado, 31 de janeiro de 2015

BALAS PERDIDAS?

REVISTA ISTO É N° Edição: 2357 | 30.Jan.15


Depois da bem-sucedida implantação das UPPs, a violência volta a assustar o Rio de Janeiro, com a volta do crime organizado nas áreas onde o Estado não está presente

Rogério Daflon




Não bastasse o aumento da criminalidade, e consequente insegurança, o primeiro mês do ano chega ao fim com uma estatística apavorante no Rio de Janeiro de uma vítima de bala perdida por dia. Até a sexta-feira 30, a região metropolitana contabilizou 31 pessoas atingidas – cinco delas morreram. O termo bala perdida foi criado pela imprensa carioca e adotado pela estatística oficial em 2007, a partir de um pedido do atual secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Não à toa. O ano de 2007 se mantém com o pior índice, com 279 pessoas baleadas e 21 mortas. Em 2009, após a implementação da política das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), o número de mortos foi quase três vezes menor, à semelhança do que ocorreu com outros crimes. Mas o aumento das balas perdidas em 2015, somado ao volume maior de crimes violentos e ações policias desastradas, põe em xeque a própria UPP, um projeto de sucesso na fase de implantação, e expõe a crise por que passa a segurança pública no Estado. O segundo passo das UPPs, que seria ocupar os morros com o Estado – escolas, espaços culturais, postos de saúde –, não veio e a criminalidade está se reorganizando. “A situação é delicada, porque melhorar os procedimentos da polícia comunitária é muito difícil numa situação tensa”, diz a antropóloga Alba Zaluar, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos.


INSEGURANÇA
Acima, os pais do estudante Alex Schomaker, Andrei e Mausy
- morto num assalto aos 23 anos - durante sua formatura póstuma
na segunda-feira 26. Abaixo, cariocas se protegem de tiroteio



Para Alba, a grande quantidade de balas perdidas tem relação direta com o recrudescimento dos confrontos armados entre traficantes e policiais, em áreas com UPPs como a Favela da Rocinha, na zona sul, e o Complexo do Alemão, na zona norte, e em outras partes da metrópole sem ocupação. Em entrevista à IstoÉ, o secretário José Mariano Beltrame disse que, numa crise aguda como essa, a pressão toda recai sobre a polícia, mas há outras ações a serem feitas. Dois anos após a primeira e bem-sucedida UPP do Morro Santa Marta, na zona sul, a chamada UPP social, administrada pela Prefeitura do Rio, anunciou que faria um trabalho com os jovens, a fim de evitar que eles fossem novamente cooptados pelo tráfico de drogas. “Se você perguntar para a UPP Social e até para o governo federal, eles vão dizer que fizeram um trabalho nesse sentido, mas nada que tivesse surtido o efeito desejado”, diz Beltrame. Segundo o secretário, governo do Estado e prefeitura não tiveram celeridade para implementar serviços públicos nas áreas ocupadas. “Falta velocidade dos outros setores do poder público no Rio. Quando se leva segurança para essas áreas, é para se garantir o ir e vir também do caminhão do lixo, do médico da família, da assistente social”, diz o secretário.


"Falta velocidade dos outros setores do poder público no Rio"
José Mariano Beltrame, secretário de Segurança

Os pais do estudante Alex Schomaker, assassinado aos 23 anos com quatro tiros no dia 8 de janeiro, numa tentativa de assalto em Botafogo, na zona sul do Rio, consideram que o Estado está ausente. “O Estado matou meu filho. O lugar onde ele foi morto está sempre mal iluminado, sem poda de árvores, e isso tem sido reivindicado há muito tempo. A UPP criou uma falsa ilusão de segurança no Rio”, disse a mãe, Mausy Schomaker. O casal foi à formatura do filho na segunda-feira 26, que se formaria em ciências biológicas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fizeram questão de sentar nas fileiras reservadas aos formandos, pegar o certificado de conclusão de curso de Alex e ler uma carta para ele. A cerimônia, no Instituto de Biologia, se transformou em uma homenagem ao jovem, com um painel de fotos dele ao fundo. Num dos momentos mais emocionantes, todos cantaram e disseram: “Eu sou Alex”. A cientista social Silvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, diz que a indignação com a violência mostra que a indiferença da sociedade está diminuindo.

Na visão do cientista político João Trajano, do Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o problema é que, nas UPPs, a lógica da política se sobrepõe à dos profissionais de segurança pública. “Em 2015, teremos 40 UPPs no Rio. Elas têm sido feitas de maneira intempestiva”, diz Trajano, ressaltando a hipótese de as UPPs promoverem a migração de bandidos para outras áreas da capital e da região metropolitana.




Fotos: Alexandre Cassiano/Ag. O Globo; Vítor Silva/Futura Press

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

TIROTEIO VOLTA A ASSUSTAR O RIO E BALA PERDIDA ATINGE MAIS UMA PESSOA

Policiais em operação neste domingo no Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte do Rio
O DIA 27/01/2015, 13:35:05

Tiroteio volta a assustar moradores no Complexo do Alemão . Teleférico do conjunto de favelas teve que ser paralisado

Luarlindo Ernesto


Rio - Uma intensa troca de tiros volta a assustar moradores da Fazendinha, no Complexo do Alemão, na Zona Norte, na manhã desta terça-feira. Segundo as primeiras informações, o teleférico teve que ser paralisado. Há informações, ainda não confirmadas, de que um menor teria sido atingido por disparos. O tiroteio acontece nas proximidades da base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade.

De acordo com a asessoria das Unidades de Polícia Pacificadoras, "no fim da manhã desta terça-feira policiais da UPP Nova Brasília realizavam patrulhamento no interior da comunidade quando foram recebidos a tiros por criminosos. Os agentes revidaram e os suspeitos fugiram. Até o momento, não há registro de feridos"

O policiamento está reforçado na região e equipes estão realizando buscas em toda área do complexo.

Madrugada tensa no conjunto de favelas

Na madrugada desta terça-feira, um adolescente de 16 anos foi ferido nas costas após uma intensa troca de tiros entre policiais da UPP da Fazendinha e traficantes. O jovem está internado no Hospital Estadual Getúlio Vargas (HGV), na Penha. Ele teve que ser submetido a uma cirurgia e está em observação. A vítima pode ser a 18 pessoa ferida por bala perdida nos últimos 10 dias na Região Metropolitana, segundo levantamento do DIA .

De acordo com o Comando de Polícia Pacificadora (CPP), os PMs foram recebidos a tiros por bandidos durante um patrulhamento na localidade conhecida como Inferno Verde. Após o confronto, os marginais fugiram. Pouco tempo depois, o adolescente deu entrada baleado no HGV. Em nota, a PM esclareceu que que nenhuma base da UPP foi atacada. As armas dos militares foram apreendidas pela Polícia Civil. O comando da UPP Fazendinha determinou a abertura de uma averiguação sumária. O caso está sendo analisado na 22ª DP (Penha).

No hospital, o irmão mais velho do adolescente, que preferiu não se identificar, disse que ele foi ferido depois da troca de tiros entre PMs da UPP e bandidos. Como a situação já teria acalmado, o grupo em que a vítima estava resolveu voltar para a praça onde conversava antes do confronto. Foi ouvido um barulho de um disparo de arma de fogo isolado e em seguida o menor tombou atingido nas costas.

Fiquei nervoso, não sabia o que fazer. Não deixei ele dormir, porque ele estava querendo fechar o olho", disse o irmão no HGV. Segundo ele, confrontos acontecem na Fazendinha, mas que eles ocorreram pelo menos três vezes em uma semana.

Ainda segundo o irmão, a vítima foi socorrida de carro por um morador e levada para o HGV. A Polícia Civil investiga em que circunstância o adolescente foi ferido, sua identificação e se tem antecedentes criminais. Até às 3h, não havia definição se o caso seria registrado na 22ª DP ou na 45ª DP (Alemão).

Relembre as outras vítimas

26/01

Sandra Costa dos Santos, 58 anos, ferida na cabeça quando dormia, em Bangu

25/01

Adrienne Solan do Nascimento, 21 anos, morreu baleada na Rocinha.

25/01

Lilian Leal de Moraes, 13, ferida em Costa Barros na guerra entre traficantes.

25/01

Wilian Dias, 24 anos, Marcelo Marques dos Santos, 42, Milton dos Santos Mota, 56, e Norman Maria Silva Rego, 53, feridos em Mesquita durante tiroteio.

24/01

Caio Robert Carvalho Rodrigues, 15, baleado ao visitar amigos em Niterói.

24/01

Uma mulher e um adolescente ficaram feridos em tiroteio no Juramento.

23/01

Edilton de Jesus dos Santos, 20, atingido dentro do Parque Madureira.

22/01

Lavínia Crissiullo, 3, ferida no Estácio.

22/01
William Robaiana, 35, baleado em Santa Cruz.

20/01

Márcia Costa, 44, ferida em Bangu.

18/01

Asafe Ibrahim, 9, baleado no Sesi de Honório Gurgel, morreu dias depois.

17/01

Carlos Eduardo Rodrigues de Paula, 33, atingido por tiro em Bangu.

16/01


Larissa de Carvalho, 4, morreu após ser atingida por bala perdida ao sair de restaurante em Bangu.

domingo, 25 de janeiro de 2015

INTENSO TIROTEIO ENTRE TRAFICANTES COM ARSENAIS DE GUERRA NO MORRO DO JURAMENTO

Do R7 24/1/2015 às 11h14


Mulher é baleada durante intenso tiroteio no Juramento e PM faz operação na comunidade da zona norte do Rio. Vítima foi ferida de raspão na perna e levada para UPA da região





Comunidade sofre com guerra do tráfico Rede Record

Policiais do Batalhão de Irajá (41º BPM) fazem uma operação no morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, zona norte do Rio, na manhã deste sábado (24), após um intenso tiroteio na comunidade durante a madrugada. Segundo a Polícia Militar, o COE (Comando de Operações Especiais) dá apoio à ação.

A PM também confirmou que uma mulher foi atingida por uma bala perdida, em Vaz Lobo, e socorrida na UPA da região. Ela foi ferida de raspão na perna. Em uma semana, já são oito vítimas de balas perdidas no Rio de Janeiro.

Durante a ação, policiais do Bope apreenderam 11 fuzis e diversos carregadores numa região de mata na comunidade. Houve registro de confronto.


11 fuzis e diversos carregadores foram apreendidos por policiais do Bope durante a operação Divulgação / Polícia Militar

Nas redes sociais, por volta das 8h, moradores relataram que escutaram sons de tiros, bombas e granadas.

Segundos testemunhas, na praça Vicente de Carvalho, motoristas voltaram na contramão assustados com os tiros.

Desde o último final semana, a comunidade sofre com a guerra do tráfico. De acordo com a polícia, o bando do traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, tenta invadir o morro do Juramento e é responsável pelos recentes confrontos na região.

Apesar do tiroteio, o Metrô Rio informou que as linhas 1 e 2 funcionam normalmente.

De acordo com o BRT, a estação Vicente de Carvalho também está aberta.

Traficante Playboy

O traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, é o chefe do tráfico de drogas do morro da Pedreira. Ele é apontado como o responsável pelo roubo de 200 motocicletas do depósito do Detro, no dia 31 de dezembro.

O traficante é um dos bandidos mais procurados do Rio. O Disque-Denúncia oferece R$ 50 mil para quem tiver informações sobre o criminoso.



Do R7

Polícia encontra corpo de chefe do tráfico de drogas após operação no Juramento, zona norte do Rio. Segundo agentes, Flavio Silva Mendonça foi localizado na UPA da região





Suspeito era procurado pelos crimes de roubo e homicídio Divulgação

A Polícia Militar confirmou a morte de um traficante após uma operação no morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, zona norte do Rio, neste sábado (24).

Em depoimento na Delegacia de Vicente de Carvalho (27ª DP), os policiais contaram que localizaram o corpo de Flavio Silva Mendonça, o "Flavinho do Juramento", na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Ricardo de Albuquerque.

Flavio era procurado pelos crimes de roubo e homicídio. O Disque Denúncia oferecia uma recompensa de R$ 5 mil por informações que levassem à captura do criminoso.

Desde o último final semana, a comunidade sofre com a guerra do tráfico. De acordo com a polícia, o bando do traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, tenta invadir o morro do Juramento e é responsável pelos recentes confrontos na região.

Vítima bala perdida


A PM também confirmou que uma mulher foi atingida por uma bala perdida, em Vaz Lobo, após o intenso tiroteio entre facções rivais, no Juramento. Ela foi ferida de raspão na perna e socorrida na UPA da região. Em uma semana, já são oito vítimas de balas perdidas no Rio de Janeiro.

Apreensão

Durante a operação policial, neste sábado, o Bope apreendeu 11 fuzis e diversos carregadores numa região de mata na comunidade.

sábado, 24 de janeiro de 2015

EM CINCO DIAS, CINCO PESSOAS VÍTIMAS DE BALAS PERDIDAS

REVISTA VEJA 23/01/2015 - 10:13


Criminalidade. Em 5 dias, 5 pessoas são vítimas de balas perdidas no Rio. Menina de 3 anos foi atingida na perna nesta quinta. Desde sábado, duas crianças morreram na cidade após serem baleadas na cabeça





O garoto Asafe William de 9 anos, foi atingido por uma bala perdida enquanto estava no Sesi de Honório Gurgel, subúrbio do Rio de Janeiro (Reprodução)

Uma menina de 3 anos foi baleada na perna direita na noite desta quinta-feira, em Cidade Nova, no centro do Rio, aumentando para cinco o número de pessoas atingidas por balas perdidas na cidade desde sábado. Um homem que estava em um ponto de ônibus na Zona Oeste também foi baleado também nesta quinta.

A menina, que brincava na calçada em frente à sua casa, foi levada para o Hospital Central da Polícia Militar com uma bala alojada na perna. Ela apresentava quadro de saúde estável na manhã desta sexta. De acordo com a Polícia Civil, houve um tiroteio entre policiais e acusados de tráfico perto do local. De acordo com a delegada responsável pela investigação, as armas dos policiais que participaram da operação foram recolhidas para perícia. Moradores protestaram após a menina ter sido atingida.

Pela manhã, William Robaiana da Silva, de 35 anos, foi baleado quando esperava um ônibus na Avenida Cesário de Melo, perto da estação Cesarão do BRT. Ele buscou atendimento sozinho, embarcando em uma van, mesmo ferido. Foi internado em estado grave, com uma perfuração no fígado, e submetido a cirurgia.

No domingo, um menino de 9 anos teve o olho esquerdo perfurado por uma bala em um clube do Serviço Social da Indústria (Sesi) em Honório Gurgel, na Zona Norte. Ele morreu na quarta-feira. No sábado, uma menina de 4 anos foi baleada na cabeça ao sair de um restaurante com os pais em Bangu, na Zona Oeste. Ela morreu no domingo. Também no sábado, Carlos Eduardo Rodrigues, de 33 anos, levou um tiro quando caminhava para uma lanchonete na Vila Aliança, na Zona Oeste. Até esta quinta-feira ele permanecia internado.

domingo, 18 de janeiro de 2015

VAMOS RECONSTRUIR A POLÍCIA MILITAR DO RIO

O DIA 17/01/2015 23:31:58

'Vamos reconstruir a Polícia Militar', diz novo comandante-geral. Focado em recuperar a credibilidade da corporação, Alberto Pinheiro Neto tem projetos, como promover reavaliação do uso de armas pelos mais de 50 mil PMs

Adriana Cruz e Vania Cunha


Rio - Uma linha direta dos comandantes de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) com o Comando de Operações Especiais (COE) vai formar cinturão de segurança nos grandes confrontos com criminosos. Os quase dez mil policiais que atuam nas UPPs passarão ainda por novo treinamento com instrutores do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Eles vão fazer curso de autoproteção nas áreas de atuação.

Foi o que anunciou o comandante da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto. Focado em recuperar a credibilidade da corporação, o oficial tem projetos, como promover reavaliação do uso de armas pelos 50.201 PMs, e garantir curso de tiro. O ‘caveira’ será duro no combate à corrupção e garantiu reforço à Corregedoria. E trata a atuação da máfia da saúde, que desviou quase R$ 20 milhões, como ação hedionda.


'Vamos reconstruir a Polícia Militar', garante Pinheiro Neto Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

O DIA: O senhor assume o comando em meio a uma crise. Há casos de corrupção, atuação violenta e mortes de policiais. Quais os projetos ?

Pinheiro Neto: O ponto principal é recuperar a credibilidade junto à população. Há fraudes, corrupção e desvios de conduta. Todo esse processo levou ao desequilíbrio administrativo e operacional. Mas vamos reconstruir a Polícia Militar. Montamos equipes que foram submetidas ao crivo do Serviço de Inteligência. Na PM, a maioria é de gente honesta e trabalhadora. Escolhemos profissionais sérios, empreendedores e com motivação para compor a cúpula, serem subchefes de áreas e diretores administrativos.

E com relação às UPPs? Muitos policiais foram mortos e há constantes confrontos...

Os quase dez mil policiais que atuam em UPPs vão passar por novo treinamento. Eles vão fazer curso de uma semana com instrutores do Bope de como sobreviver em situação de risco. Vão aprender tática de autoproteção e proteção aos moradores das comunidades. É preciso ficar claro que o policial que atua nessas unidades têm a missão de fazer o trabalho de proximidade com os moradores.


'Cabines blindadas podem ser reinstaladas em UPPs. O que não quero é cabine desocupada' Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

E as constantes trocas de tiros?

Vamos fazer o Comando de Operações Especiais (COE) voltar a ser a força de intervenção, para o policial que faz o trabalho de proximidade, essência da UPP, não entrar mais em confronto. As unidades do COE estão prontas para dar apoio e, dependendo da necessidade, o comandante da UPP pode acionar o Bope, o Choque, o Batalhão de Cães. Vamos deixar que essas unidades façam as intervenções necessárias, para as quais são treinadas. Teremos também o retorno das grandes operações nessas áreas.

Muitos policiais reclamam que recebem pouca instrução de tiro.


Ainda está em estudo. Mas o objetivo é que todos os policiais da corporação sejam reavaliados. Quem for identificado abaixo do critério será submetido a novo treinamento.


Há projeto para as cabines abandonadas?


Estamos fazendo um diagnóstico. O objetivo é manter as que são consideradas estratégicas e transferir as que não estão em uso para outros lugares. Muitas cabines blindadas podem ser reinstaladas em áreas de UPPs. Podemos ainda adotar parcerias com outros órgãos. O que não quero mais é cabine desocupada.


Como seria a parceria com outros órgãos?

Em Niterói há parceria com a prefeitura, por exemplo. As cabines são usadas pela Guarda Municipal.

E com relação às vias expressas?

Está sendo analisado cada ponto com cabine. De imediato, reforçamos o policiamento com o BPVE e o Choque, que usa motociclistas, e empregamos helicóptero.

Como o senhor avalia a onda de arrastões?

Temos um número grande de policiais atuando na Operação Verão e vamos redistribuir o efetivo para pontos de ônibus e outras áreas de acesso à orla. Mas, às vezes, nada acontece, e as pessoas têm medo, correm. É preciso reconstruir na população a sensação de segurança. Apagar a memória traumática de outras épocas.


'Há fraudes, corrupção e desvio de conduta, mas vamos reconstruir' Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

O Ministério Público determinou que menores só podem ser apreendidos em flagrante. Mas muitos que ficam nas praias participam de arrastões.

Trabalhamos dentro de um limite, com respaldo legal. Temos que cumprir a determinação. Se no futuro tiver uma mudança melhor, poderemos agir.

Mas e os desvios de conduta e a corrupção?

Vamos reforçar o efetivo da Corregedoria. No ano passado, eram oito relatores de Inquéritos Policiais Militares (IPMs). Agora são 18. Vamos fazer um mutirão com mais policiais para solucionar as investigações.

A PM tem um dos maiores escândalos de corrupção na área da Saúde. Na semana que passou, 11 oficiais foram responsabilizados.

O que aconteceu com os recursos do Fundo da Saúde da PM (Fuspom) foi uma ação hedionda. Um serviço que atende 230 mil pessoas foi falido. Se desviar R$ 5 faz falta. Chamamos técnicos para rever a questão e decidir a melhor forma de controle e prevenção. Esse desvio de recurso é comparado aos que foram identificados na tragédia provocada pelas chuvas na Região Serrana.

E por falar em estratégia de controle, como será feito isso na questão de distribuição da gasolina ?


Houve uma falha na entrega do combustível feito pela distribuidora. Há controle na distribuição de armas e combustível também. Mas estamos fazendo monitoramento para identificar aumento, que será investigado. Há grandes gastos em luz, telefone e combustível. Vamos cortar os excessos, como acontece na casa de qualquer pessoa.


Para o senhor, agora o exemplo vem de cima?

Sim. Escolhemos os policiais para os lugares certos.

E quando a população vai começar a sentir os efeitos nas ruas?

Aos poucos, os batalhões vão receber suporte para reorganizar a parte operacional. Vamos reverter o quadro de instabilidade. As palavras de ordem são interação e cooperação. Por exemplo, nos últimos 30 dias, período de transição do antigo comando para o atual, caiu.

O QG vai ter nova sede?

No Batalhão de Choque. Será construído na parte dos fundos do terreno. Teremos mais novidades, como a construção de batalhões e do complexo de ensino dentro do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap). E vamos levantar a sede do Comando de Operações Especiais, em Ramos, um projeto grandioso, mas que ficou guardado durante cinco anos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

DOIS MORTOS E DEZ FERIDOS EM NOITE VIOLENTA



O DIA 16/01/2015 06:55:58

Dois mortos e dez feridos em noite violenta na Baixada Fluminense. Casos aconteceram em Nova Iguaçu e Mesquita, onde cinco pessoas foram baleadas em uma suposta tentativa de assalto

Marcello Victor




Rio - A noite de quinta-feira foi de violência nos municípios de Nova Iguaçu e Mesquita, na Baixada Fluminense. Em sete ocorrências, duas pessoas foram mortas e outras dez foram baleadas. Numa delas, cinco pessoas de uma mesma família foram feridas em uma suposta tentativa de assalto no bairro de Édson Passos, em Mesquita. Uma criança de um ano e seis meses e a mãe dela estão entre as vítimas.

A Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) investiga as mortes ocorridas em Nova Iguaçu. No bairro de Comendador Soares, um homem identificado como Giovani Elias foi morto por um grupo de suspeitos a pé, no acesso à Rodovia Presidente Dutra. Segundo a polícia, ele, o pai e um funcionários deles jogavam entulho em um terreno baldio quando homens passaram pelo local. Desconfiados, os três tentaram ir embora, mas foram atacados a tiros pelos desconhecidos. Giovani ainda foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro, mas não resistiu. O pai e o funcionário nada sofreram.

Outro caso é o de Jonathan da Silva Reis. Ele chegou ao Hospital da Posse baleado com oito tiros e sem um dos pés. De acordo com as primeiras informações colhidas pelos policiais, ele é morador do bairro Ouro Fino e teria sido levado supostamente por parentes. Nenhum deles, porém, foi localizado pelos investigadores. A vítima morreu depois de dar entrada na unidade.

De acordo com a 53ª DP (Mesquita), os cinco baleados em Édson Passos seriam da mesma família e estariam voltando de uma igreja no bairro e sido vítimas de uma tentativa de assalto na Rua Corduva, na localidade de Santa Teresinha, por volta das 22h30. Na chegada de policiais do 20º BPM (Mesquita) ao local, as vítimas já tinham sido socorridas. Mãe e filha tinham sido levadas para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias. As outras três pessoas foram encaminhadas para o Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Posse. Eles foram identificados apenas como Camila, Stela, Raiane, Marcos Vinícius e Manoel Cássio. Não há informações sobre o estado de saúde delas.

Por volta das 23h30, Ubiraci Araújo da Fonseca, de 34 anos, e José André da Silva Junior, 24, foram baleados no bairro Jardim Palmares, em Nova Iguaçu. Segundo policiais da 56ª DP (Comendador Soares), homens armados em um carro de cor escura atiraram contra as vítimas. Os dois estão internados no Hospital da Posse. Ainda de acordo com os agentes, Ubiraci tem passagens pela polícia por homicídios, roubo e formação de quadrilha. José André tem antecedente criminal por porte ilegal de arma.

Ainda em Nova Iguaçu, um homem que seria segurança de uma farmácia na Rua Otávio Moreira de Melo, 290, no bairro Mangueira, foi baleado. Testemunhas contaram que ocupantes de um carro, de placa não anotada, passaram pelo local disparando. Ela foi socorrido por um colega para o Hospital da Posse. os disparos assustaram moradores do Condomínio Residencial Iguaçu, que fica em frente. Devido às férias escolares, várias crianças brincavam na área de lazer do local.

Já no bairro Valverde, o ex-presidiário Leonardo da Silva Pereira foi perseguido e baleado por homens armados. Ele está internado no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias. Segundo a PM, ele tem uma extensa ficha criminal. No bairro Corumbá, em Nova Iguaçu, Thiago Wilson Souza foi ferido à bala após reagir a uma tentativa de assalto. Inicialmente ele foi socorrido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e depois transferido para o Hospital da Posse.