O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

terça-feira, 29 de abril de 2014

BARBÁRIE E NÃO BESTEIRAS

O GLOBO, 29/04/2014


Marcus Faustini



A militarização das comunidades, uma das principais marcas das UPPs, desvaloriza a vida



O contundente, frasístico e hilariante “Febeapá — Festival de Besteiras que Assola o País”, criado por Sérgio Porto nos anos 1960, como crítica às loucuras de uma ditadura, pode ser reeditado para uma versão no Rio de Janeiro contemporâneo como um infeliz e nada engraçado Festival de Barbáries que Assola os Pobres.

Pode parecer espantoso e exagerado, mas a ideia de barbárie não deve ser pensada apenas como uma inexistência de civilização, forjando um mundo selvático, sem o direito à vida e à liberdade garantidos, do olho por olho — num resumo nada conceitual para simplificar e demonstrar a gravidade. Não precisamos viver esta oposição extrema aos valores daquilo que é defendido como civilização para estar numa barbárie, basta que os princípios do que é chamado de civilização sejam transformados apenas num mero expediente que não é respeitado. O mais grave é ver o próprio estado democrático de direito operando essa barbárie feito a ditadura. E ainda perceber que isso é uma tradição que vai se consolidando como natural. Cabe repetir aqui que a própria ideia de categorizar o outro como selvagem serviu para dizimar e/ou escravizar povos.

A morte do jovem DG é um dos rastros desta barbárie. Não adianta tratá-la apenas como acidente de percurso, como uma besteirada, fruto de tiroteio inesperado — versão sempre contumaz — ou de um possível e inaceitável acerto de rivalidade — segundo algumas versões que circulam.

Desde o início do processo da presença das UPPs nas favelas, diversas organizações da sociedade civil, pesquisadores e reconhecidos sujeitos atuantes nas causas da juventude e do direito à cidade apontaram o perigoso caminho que este projeto estava tomando na relação com a juventude da favela. O imaginário que se criou colocou o jovem como inimigo deste processo de “pacificação”. Logo nos primeiros anos da UPP, a declaração de um importante membro do governo dizendo que possivelmente perderíamos uma geração de jovens para conquistar a paz abriu espaço para que a relação cotidiana seja pautada na desconfiança mútua — entretanto, sabemos quem tem o poder nesta relação.

Das críticas à proibição dos bailes funk — sem diálogo e alternativas — aos esculachos em “duras” relatados até mesmo em vídeos nas redes sociais ao longo desses anos, nada sensibilizou o governo a criar uma política pública de promoção desta juventude e um ambiente de cuidado desta relação — nem mesmo as repetidas pesquisas que mostraram que a desigualdade se localiza com ênfase na juventude. É claro que existiram iniciativas positivas, sobretudo da sociedade civil independente ou em parceria com o poder público e algumas poucas empresas. Porém elas são apenas bons exemplos fragmentados de um desafio que precisa de um grande esforço e uma grande inteligência de coordenação, tarefa que deveria ser do poder público.

Em alguns momentos, setores do poder público, na perspectiva de mostrar resultados diante da pressão, realizaram eventos, oficinas e pequenas ações nas favelas na busca por envolver a juventude, porém sem nenhum convite à escuta e à participação dos sujeitos na efetiva tomada de decisões. O efeito, apesar de bem-intencionado, é apenas midiático e imitador do papel de organizações da sociedade civil, chegando a disputar com elas e eximindo o poder público de um lugar de animador da construção de uma política pública consistente e coordenada com os diversos agentes e sujeitos necessários.

Essa falta de clareza e demora diante de um assunto tão delicado abriu espaço para a militarização da vida nas comunidades, como marca principal das UPPs. E a história de nosso país demonstra que quando isso acontece o resultado é a desvalorização da vida, fazendo caminhar para a barbárie que aponto aqui. Resumida algumas vezes de forma redutora na “boca do povo” como apenas uma troca de mandantes de armas — que antes estavam nas mãos dos traficantes e agora numa postura policial imprevisível. Essa falta de confiança e essa relação baseada na força afastaram a ideia de policiamento comunitário defendido no começo das UPPs em comunidades decisivas. A volta do tráfico armado já é narrada nas redes sociais e os conflitos são seguidos, gerando mortes indesculpáveis de todos os lados, sobretudo de jovens NEGROS.

As situações aqui narradas não são apenas desvios pequenos de um bom projeto. Elas se colocam como estruturais e tendem a colocar a barbárie diante de nós, mas afetando diretamente o direito à vida da juventude popular. Não há outro caminho que não passe pela mudança da estrutura da polícia, como diz Luiz Eduardo Soares; da legislação das drogas, como aponta Julita Lemgruber; e de uma política consistente de mobilidade social e direitos para a juventude pobre. Dizer que essas críticas às UPPs são apenas eleitoreiras e ideológicas é colaborar com esse festival de barbárie.

ÔNIBUS SÃO INCENDIADOS EM MAIS UMA MORTE

REVISTA VEJA 28/04/2014 - 19:56

Cidades. Cinco ônibus são incendiados em protesto no Rio. Moradores se revoltaram com mais uma morte durante confronto com policiais




Coletivos foram incendiados ao mesmo tempo, na Pavuna (Reprodução/Globonews)

Moradores de Costa Barros, na Zona Norte, incendiaram pelo menos cinco ônibus num protesto contra a morte de um menino numa troca de tiros entre policiais e traficantes no Morro do Chapadão.

Os veículos foram destruídos num trecho da Avenida Chrisóstomo Pimentel de Oliveira, um dos acessos à favela. Além dos coletivos, os manifestantes também queimaram montes de lixo no meio da pista. A polícia está no local. A identidade e a idade da criança não foram divulgadas.

A manifestação é semelhante à que aconteceu durante a manhã, próximo ao Complexo do Alemão, também na Zona Norte. Três carros foram queimados na calçada da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, responsável pelas 37 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) implantadas no Estado.

Esse ataque seria uma represália a outra morte, da idosa Arlinda Bezerra das Chagas, de 72 anos, na noite de domingo. Ela foi baleada durante confronto entre bandidos e PMs da UPP Nova Brasília, no conjunto de favelas.

BANDIDOS AGORA ATACAM UNIDADES DE SAÚDE- E USAM A POPULAÇÃO

REVISTA VEJA 29/04/2014 - 13:26


Rio de Janeiro. 
Pezão pede ajuda ao governo federal e à Justiça para alojar em presídios federais traficantes apontados como mandantes de mortes de policiais

João Marcello Erthal



Batata com pregos usada para atacar UPA no Alemão (Reprodução)

Com policiais sob ataque no Complexo do Alemão, onde bandidos invadiram uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e atiraram contra ambulâncias na noite de segunda-feira, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, solicitou nesta manhã auxílio ao governo federal e à Justiça. Pezão fez contato com o ministro da Justiça. José Eduardo Cardozo, e com a presidente do Tribunal de Justiça (RJ) do Rio, desembargadora Leila Mariano, para articular a transferência de criminosos presos no Rio para unidades federais, longe do Estado. Um pedido de transferência será enviado nesta tarde ao TJ.

O objetivo é afastar do Rio bandidos apontados como mandantes de ataques às Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e pelo assassinato de policiais, como a soldado Alda Rafael Castilho, morta em fevereiro. Os três criminoso que terão a transferência pedida são Bruno Eduardo da Silva Procópio, o Piná, e Eduardo Fernandes de Oliveira, o 2D, e Ramires Roberto da Silva. Piná e 2D foram presos em Búzios, no último dia 21. Ramires foi capturado por PMs da UPP do Parque Proletário, na Penha, Zona Norte do Rio.

Sob o pretexto de “protestar”, bandidos têm comandado ataques em áreas com UPPs. Ao longo da última noite e madrugada, quatro ônibus foram incendiados. A gravidade da situação está, no momento, tanto na intenção dos bandidos como na forma como moradores estão sendo envolvidos na estratégia criminosa. No Alemão, o que seria uma “manifestação” evoluiu para uma invasão a uma unidade de saúde, a UPA do complexo de favelas. De acordo com o jornalExtra, uma família com duas crianças, uma de 3 anos e a outra com apenas 3 meses, ficou encurralada por criminosos no início da madrugada. Uma ambulância tentou resgatar a família, pois uma das crianças estava recebendo medicação na veia devido a um problema de baixa imunidade. As duas crianças têm suspeita de contaminação da gripe H1N1. A ambulância, ao se aproximar do local, foi atacada a tiros e os profissionais de saúde tiveram que recuar.

Depois do ataque à UPA foram recolhidos, no local, alguns itens que desmontam qualquer teoria de que o protesto foi espontâneo. Entre eles, batatas atravessadas por vários pregos. O ataque não foi contra policiais, mas contra a unidade de saúde, onde há pacientes, crianças, idosos, médicos e enfermeiros em ação.

Pavão-Pavãozinho – Na Zona Sul do Rio, a morte do dançarino Douglas Rafael da Silva, o DG, do programa ‘Esquenta’ da Rede Globo, serviu de munição para um protesto violento na semana passada. PMs da UPP daquela favela estão sendo investigados pelo caso – apesar de, para a família e uma parte dos moradores do local, eles já estarem previamente condenados. Havia, de fato, um tiroteio no momento em que DG foi morto. Mas não houve reclamação quanto aos disparos feitos por traficantes. A manifestação pelas ruas de Copacabana, logo após o enterro de DG, levou medo ao bairro, com comércio fechado e bombas de efeito moral lançadas pela polícia, como reação às pedras lançadas por um grupo.

Uma nota divulgada pelo governador do Rio esta manhã repete, de certa forma, o que o antecessor, Sérgio Cabral, vinha afirmando. “Não há recuo no processo de pacificação, que vem retomando territórios, dominados, durante muitos anos, por bandidos. Não vamos tolerar baderna, atos de vandalismo, destruição de patrimônio. Aqueles que cometerem esses atos serão submetidos ao rigor da lei”, afirmou Pezão.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

IDOSA MORRE BALEADA E UPP É ATINGIDA POR DISPAROS DE BANDIDOS


Alemão: Vítima, de 72 anos, foi encontrada após troca de tiros entre PMs e criminosos na Nova Brasília. Estrada do Itararé ficou bloqueada por mais de cinco horas

O GLOBO
Atualizado:28/04/14 - 2h20


Batalhão de choque dispara bomba de gás lacrimogêneo para para restabelecer a ordem no Alemão Fernando Quevedo / Agência O Globo


RIO — A Estrada do Itararé, nos acessos ao Complexo do Alemão, foi liberada em ambos os sentidos, às 2h desta segunda-feira, após mais de cinco horas de interdição. O policiamento no local continua reforçado. A morte de uma idosa na noite de ontem, durante tiroteio entre policiais militares e criminosos, levou cerca de 50 moradores da comunidade às ruas e deixou o clima tenso. De acordo com a assessoria das UPPs, manifestantes atiraram rojões contra policiais que acompanhavam o ato. O Batalhão de Choque (BPChq) reagiu com bombas de efeito moral. Dois menores foram apreendidos quando tentavam incendiar um ônibus.

A mulher, identificada como Arlinda Bezerra das Chagas, de 72 anos, foi baleada no abdômen próximo à localidade de Largo da Vivi. Ela chegou a ser levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região, mas não resistiu aos ferimentos. Cerca de dez minutos antes, policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) haviam trocado tiros com criminosos na Rua Dois. A Polícia Militar disse que ainda não é possível dizer se o disparo que atingiu a mulher tem relação com o tiroteio.

Depois do confronto, a base da UPP da Nova Brasília foi atacada por criminosos. De acordo com a assessoria das UPPs, criminosos deram tiros à distância e dois disparos atingiram a base, mas ninguém ficou ferido.

Preso acusado de matar subcomandante

Neste domingo, foi preso, no Parque Proletário, no Complexo da Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte, Ramires Roberto da Silva, de 21 anos. Ele é suspeito de ser o autor dos disparos que mataram o subcomandante da UPP da Vila Cruzeiro, Leidson Acácio Alves Silva, no dia 13 de março.

O criminoso foi encontrado por policiais que faziam patrulhamento de rotina. Ao passar pela Rua 13, a equipe avistou um grupo de homens na boca de fumo. Houve troca de tiros, mas ninguém se feriu. Apenas Ramires acabou preso. Segundo os PMs, ele confessou ter matado o subcomandante no mês passado. Ele também é suspeito de estar envolvido com a morte da soldado Alda Rafael Castilho, em fevereiro, também no Parque Proletário.


CARROS INCENDIADOS EM FRENTE À UPP


Três carros são incendiados em frente à UPP no Complexo do Alemão. Ação ocorreu em represália à morte de idosa na favela Nova Brasília. No domingo, policiais e bandidos entraram em confronto. Revoltados, moradores fizeram manifestação


GISELLE OUCHANA E GUSTAVO GOULART
O GLOBO
Atualizado:28/04/14 - 12h20


Bombeiro perto de carro incendiado na Avenida Itaoca Gabriel de Paiva / O Globo


RIO - Três carros foram incendiados no fim da manhã desta segunda-feira em frente à Coordenadoria de Polícia Pacificadora na Avenida Itaoca, no Complexo do Alemão, supostamente em represália à morte da Arlinda Bezerra, ocorrida na noite deste domingo, na favela Nova Brasília. Um dos carros, um Monza, seria de um policial militar. Os outros dois carros são uma Parati e um Hyundai Tucson placa EBV- 7458. Segundo testemunhas, o alvo do ataque seria o carro do policial. Revoltado com a represália, um soldado que chegou ao local xingou moradores aos gritos, sem no entanto, se dirigir especificamente a ninguém.

O trânsito só foi interditado cerca de dez minutos depois do início do incêndio. Um policial militar tentou apagar as chamas utilizando um extintor com água e depois outro, do tipo BC (utilizado em veículos), mas as chamas só foram debeladas com a chegada das equipes do Corpo de Bombeiros. Nem mesmo os fortes estalos vindos dos carros e o risco de explosão inibiu a passagem de pedestres no local, que demorou para ser isolado. Neste momento a Avenida Itaoca está interditada.

Na manhã desta segunda-feira, o policiamento na região do Complexo do Alemão amanheceu reforçado.Cerca de 25 policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Nova Brasília, no Complexo do Alemão, procuram os traficantes que trocaram tiros na noite de domingo com PMs. Na ocasião, a idosa Arlinda Bezerra das Chagas, de 72 anos, foi baleada no abdômen e morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região.

A 45ª DP (Complexo do Alemão), que fica na estação Itararé do teleférico, tem várias marcas de tiros disparados neste domingo e em outras ocasiões. Os policiais já passaram pelo ponto onde a idosa foi baleada, no Largo da Vivi. Segundo o oficial que comanda a ação, o tiro que matou a mulher foi disparado por bandidos. Após a morte da idosa, moradores bloquearam a Estrada do Itararé, nos dois sentidos, por cerca de cinco horas. Durante a manifestação, houve confusão e homens do Batalhão de Choque (BPChoq) reagiram com bombas de efeito moral. Dois menores foram apreendidos ao serem flagrados ordenando aos passageiros que deixassem um ônibus para incendiá-lo.

No domingo, policiais militares prenderam no Parque Proletário, no complexo de favelas da Penha, Ramires Roberto da Silva, de 21 anos. Ele é suspeito de ser o autor dos disparos que mataram Leidson Acácio Alves da Silva, subcomandante da UPP Vila Cruzeiro, no dia 13 de março, e de estar envolvido na morte da soldado Alda Rafael Castilho, em fevereiro. Ramires foi capturado por policiais da UPP.


quinta-feira, 24 de abril de 2014

MORTE NO RIO, POLICIAIS DE UPP INVESTIGADOS




ZERO HORA 24 de abril de 2014 | N° 17773


Dançarino levou um tiro, diz laudo

Jovem que atuava em programa da Rede Globo foi morto em circunstâncias ainda investigadas



Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro atestou que o dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, 26 anos, do programa Esquenta, da TV Globo, foi baleado antes de morrer. A informação foi confirmada pelo delegado Gilberto Ribeiro, da 13ª DP (Ipanema).

Ocorpo do rapaz foi encontrado na terça-feira, no pátio de uma creche no Morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana. Ele estava próximo a um muro de 10 metros de altura, que separa os fundos da creche de uma viela, batizada de Avenida Pavãozinho.

O tiro teria atingido o rapaz pelas costas, na região lombar, e saído pelo ombro, perfurando um pulmão. Já a declaração de óbito afirma que a causa da morte foi “hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax devido ou como consequência de ação pérfuro-contundente”.

Para Levi Inimá de Miranda, ex-chefe de Medicina Legal do Exército e perito legista aposentado da Polícia Civil do Rio, não há dúvidas de que a causa da morte do dançarino foi o tiro.

– O disparo foi de trás para frente, e de baixo para cima, o que comprova que ele estava num nível acima do atirador. Isso corrobora as declarações dos moradores da comunidade, que disseram que a vítima estava em cima de um muro, pulando de uma laje para outra. Foi nesse momento que ele deve ter sido baleado. E ao cair de uma altura de cerca de 10 metros, provavelmente bateu com a cabeça no chão, o que explica o afundamento no crânio – disse Miranda ao Estado.

No entanto, no entendimento do perito, o laudo de necropsia e a declaração de óbito contradizem a versão inicial da Secretaria Estadual de Segurança. O órgão divulgou em seu perfil no Twitter que “o laudo de local apontou que as escoriações de Douglas são compatíveis com morte ocasionada por queda”.



Policiais de UPP são investigados


A PM do Rio investiga a participação de oito policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na morte do dançarino Douglas. De acordo com o comandante das UPPs, coronel Frederico Caldas, foi aberta sindicância para apurar se houve participação dos policiais no crime.

Mãe do bailarino, Maria de Fátima da Silva, 56 anos, disse que os oito policiais também são investigados pela Polícia Civil sob suspeita de terem torturado seu filho antes de matá-lo. Segundo a mãe, a informação lhe foi transmitida pelo delegado Gilberto da Cruz Ribeiro, responsável pelo caso.

– Tenho certeza absoluta de que meu filho foi torturado. Ele tinha um corte na cabeça e no nariz. Estava muito machucado. Tinha marcas de botas nas costas. E o perito disse que ele foi atingido por um tiro no tórax – lamentou, emocionada, a mãe.

A mãe diz não entender “por que ele e todos os documentos, passaporte e o cartão do plano de saúde, estavam molhados se na terça não chovia”.

– Por que a gente só foi tomar ciência da morte 18 horas depois, se ele estava com identificação? – indagou a mãe.

O governador Luiz Fernando Pezão determinou empenho total à Polícia Civil nas investigações do caso.


Lamento de Regina Casé


Apresentadora do programa Esquenta, a atriz Regina Casé divulgou nota em que lamentou a morte. Na nota, Regina diz estar “arrasada” e que “toda a família Esquenta está devastada”. “O que dizer em um momento destes?”, pergunta a artista no comunicado. Para Regina Casé, “é preciso que a polícia esclareça a morte” do bailarino, “buscando a verdade”.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

MEU FILHO FOI TORTURADO, DIZ MÃE DE DANÇARINO MORTO EM FAVELA DO RIO

FOLHA.COM 23/04/2014 12h52 - Atualizado às 13h32


DIANA BRITO
DO RIO



A auxiliar de enfermagem Maria de Fátima da Silva, 56, disse na manhã desta quarta-feira (23) que seu filho Douglas Pereira, 26, foi torturado até a morte nos fundos da creche Paulo de Tarso, no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio. Laudo preliminar do IML (Instituto Médico Legal) afirma que o jovem morreu de "hemorragia interna decorrente de ferimento transfixante do tórax".

O perito legista Levi Miranda disse, em entrevista ao 'RJTV' da TV Globo, que o laudo do IML indica que o jovem teria sido atingido por um disparo de arma de fogo. 'Sem dúvida nenhuma ele foi vítima de tiro", afirmou o legista.

O governador Luiz Fernando Pezão determinou empenho total à Policia Civil na investigação do caso. Ele aguarda o resultado das investigações para tomar as medidas cabíveis.

'Tenho certeza absoluta que o meu filho foi torturado. Ele tinha um corte na cabeça e no nariz. Estava muito machucado... tinha marcas de botas nas costas. Alguma coisa perfurou ele no tórax e causou a morte dele por hemorragia', lamentou emocionada a mãe do dançarino, antes de depor na 13ª DP (Copacabana).

Douglas Pereira morava com a mãe na rua Barata Ribeiro, em Copacabana. Ele deixou um filho de quatro anos.

Segundo a auxiliar de enfermagem, o jovem costumava levar a namorada - remadora do Vasco - no alto no morro, onde ela mora. Mas também encontrava amigos do grupo de dança ' Bonde da Madrugada' ali.

"A filha dele também mora ali. Todo mundo conhece ele. Não sei como isso foi acontecer", disse a mãe, que acrescentou que luvas plásticas e dois projéteis de tiros foram encontrados próximo ao corpo de Douglas.

De acordo com a coordenação das UPPs, PMs da unidade pacificadora local foram checar uma denúncia de que traficantes armados estariam circulando num beco da favela, por volta das 22h de segunda-feira (21). Ao chegar na viela, eles foram recebidos a tiros. Houve confronto, mas ninguém teria ficado ferido e não houve preso.

Por volta das 9h de terça (22), a PM diz que foi fazer perícia do tiroteio junto com a Polícia Civil e descobriram o corpo do dançarino nos fundos da creche. A PM nega ter encostado no corpo.

O comandante das UPPs, Frederico Caldas, disse que "abriu um procedimento apuratório para investigar o caso". Ao menos oito PMs participaram da ação e tiveram o armamento apreendido para exame de confronto de balística.

Reprodução/Facebook

Dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG; morte provocou protestos em comunidade no Rio

SEDE DA UPP É ATACADA DURANTE PROTESTO DE MORADORES


Sede da UPP do Pavão-Pavãozinho foi atacada durante protesto de moradores. Policiamento é reforçado na comunidade nesta quarta-feira. Manifestação após morte de dançarino gerou confusão na favela e no bairro de Copacabana

PABLO JACOB 
O GLOBO
Atualizado:23/04/14 - 10h30


Cacos de vidro no chão, em frente à sede da UPP do Pavão-Pavãozinho: unidade foi atacada durante protesto na favela Pablo Jacob / Agência O Globo


RIO - Peritos da Polícia Civil chegaram cedo à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, nesta quarta-feira. O local foi atacado na noite de terça-feira, durante protesto de moradores pela morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG.

O toldo da entrada da sede foi arrancado e o prédio, que fica no alto do morro, atingido por diversas garrafas de vidro. Há muitos cacos espalhados pelo chão, no entorno da unidade. Um carro estacionado em frente ao prédio foi incendiado, outro apedrejado.


O policiamento foi reforçado no Pavão-Pavãozinho, na manhã desta quarta-feira, segundo informações da rádio CBN. O clima na comunidade, por volta das 8h, era de tranquilidade. No fim da tarde de terça-feira, moradores da favela deram início a um protesto violento, para denunciar a morte do dançarino. Houve muito tumulto, confronto com policiais, barricadas foram incendiadas e a confusão chegou às ruas de Copacabana. Vias importantes do bairro ficaram fechadas até a madrugada.

A Avenida Nossa Senhora de Copacabana, por exemplo, teve o trecho entre as ruas Almirante Gonçalves e Sá Ferreira completamente interditado após virar praça de guerra. A confusão, que também provocou o fechamento do Túnel Sá Freire Alvim, da Rua Raul Pompeia, de lojas e de um dos acessos à estação do metrô da General Osório, começou após a descoberta do corpo de Douglas, em uma creche da comunidade. Ele fazia parte do elenco do programa “Esquenta”, da TV Globo.

Moradores do Pavãozinho acusavam policiais da UPP de terem espancado Douglas. Eles começaram o tumulto por volta das 17h30m, provocando pânico na região e atrapalhando a volta para casa de trabalhadores. Parte da comunidade ficou sem luz.

Laudo cita "ferimento transfixante do tórax"

Laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML), a que o "Jornal da Globo", da TV GLobo, teve acesso no fim da noite de terça-feira, determina que Douglas teve “hemorragia interna, decorrente de laceração pulmonar por ferimento transfixante do tórax. Ação pérfuro-contundente”.

Para a Polícia Civil, as escoriações no corpo eram típicas de uma queda. A perícia do ICCE encontrou, ainda, um rastro de sangue entre o muro onde, supostamente, o dançarino teria caído e o pátio da Creche Lar de Pierina. Ainda segundo, ainda, a Polícia Civil, não havia perfurações por balas de armas de fogo.

Na delegacia, a mãe do dançarino ficou indignada com a versão da polícia. “Ele não caiu do muro. Ele estava machucado. Ele tem marca de chute nas costas, na costela”, disse Maria de Fátima da Silva ao site G1.

Moradores do Pavão-Pavãozinho relataram, ainda, que Douglas estaria pulando muros da creche para fugir do tiroteio entre bandidos e policiais da UPP e teria sido confundido com traficantes.

O dançarino tinha duas passagens pela polícia: em 2011, por porte de droga para consumo próprio. Em 2010, teve passagem por ter agredido a mulher, Larissa de Lima Ignácio.

MORTE DE DANÇARINO GERA PROTESTO, CONFRONTO, QUEBRA-QUEBRA E MORTE

Do G1 Rio 22/04/2014 20h57

Homem morre baleado no protesto por morte de dançarino do 'Esquenta'. Vítima foi baleada na cabeça, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.  Confusão em Copacabana e Ipanema teve tiros, bombas e quebra-quebra.



Um homem morreu baleado na cabeça durante uma manifestação de moradores do Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio, nesta terça-feira (22). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a vítima tem cerca de 30 anos e já chegou morta ao Hospital Miguel Couto. O protesto de moradores começou após o corpo do dançarino do programa "Esquenta" Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, de 25 anos, ser encontrado na comunidade.

Até as 20h30, não havia informação sobre a identidade da vítima ou sobre quem teria feito o disparo que o matou.

Dançarino DG durante apresentação do programa
Esquenta (Foto: Reprodução/Tv Globo)


Morte de dançarino

Amigos do dançarino DG acusam policiaismilitares de o espancarem por acharem que o jovem era traficante. A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) nega. Segundo o comando da unidade, houve tiroteio durante ação da PM na noite de segunda-feira (21) na comunidade. O corpo do dançarino, que fazia parte do Bonde da Madrugada, do programa de Regina Casé, foi encontrado numa creche, no fim da manhã desta terça-feira. A apresentadora está de férias, viajando, e não foi encontrada para comentar o caso.

De acordo com a 13ª DP (Ipanema), onde o caso foi registrado, as circunstâncias da morte de Douglas estão sendo investigadas. O laudo preliminar da perícia apontou que as escoriação são compatíveis com morte ocasionada por queda. Equipes da delegacia estiveram no local. Testemunhas e moradores serão chamados para depor.

Manifestação no morro Pavão Pavãozinho, na Zona Sul do Rio, em protesto após a morte do dançarino do programa 'Esquenta' Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, de 25 anos (Foto: Marcelo Piu/Agência O Globo)

Tiros e bombas

Helicópteros sobrevoavam a região por volta das 19h. Tiros, bombas e muito quebra-quebra foram relatados por moradores da região, assustados. Pelo menos um carro foi queimado na subida da comunidade. O Batalhão de Choque da Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram para o local. Por volta das 19h30, a situação começou a ser controlada.

O Túnel Sá Freire Alvim e a Avenida Nossa Senhora de Copacabana também foi interditada às 18h30, na altura da Rua Sá Ferreira. Imagens aéreas mostram barricadas montadas com fogo. O trânsito ficou muito ruim na região. Acessos da estação General Osório também foram fechados. A única entrada aberta, segundo a concessionária, é a da Rua Jangadeiros. De acordo com a Light, faltou luz na comunidade.

Padaria na Rua Farme de Amoedo foi fechada
(Foto: Márcia Saad/Tv Globo )

Em Ipanema, houve correria quando a polícia perseguia um grupo de pessoas, que teria depredado um hospital particular na esquina das ruas Barão da Torre e Farme de Amoedo. Funcionários do metrô que fica perto saíram correndo. Comerciantes fecharam as portas e o policiamento está reforçado na região.

Batalhão de Choque foi para Copacabana
(Foto: Marcelo Elizardo/G1)

Pelo Twitter, o líder comunitário Rene Silva postou uma mensagem lamentando a morte de um jovem dançarino, que trabalharia em programa de televisão. "Meus sentimentos ao amigo DG do #esquenta... Q covadria fizeram com ele... Mataram mais um adolescente trabalhador", diz o post, um dos muitos sobre o caso nas redes sociais.

"Qual será a desculpa dessa vez? Que o inocente que os UPPs maram era suspeito, que estava com atitudes suspeitas, estava em confronto com a polícia, era ex-traficante? Mais um inocente morto, mais uma mãe sem filho, mais um filho sem pai", escreveu uma amigo, também no Twittter.

Manifestação fechou subida do Pavão-Pavãozinho (Foto: Marcelo Piu/Agência O Globo)



Muitas pessoas estão na região próxima do Pavão-Pavãozinho (Foto: Marcelo Elizardo/G1)
Trânsito ficou muito ruim no entorno de Copacabana (Foto: Marcelos Elizardo / G1)Fonte: G1

REAÇÃO VIOLENTA


ZERO HORA 23 de abril de 2014 | N° 17772


Morte gera confronto em favela do Rio


A morte de um dançarino de 25 anos provocou uma série de confrontos entre a polícia e moradores das comunidades Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, na zona sul do Rio.

O tumulto começou após a notícia de que Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, foi encontrado morto, na manhã de ontem, por policiais da 13ª DP (Ipanema) e PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Pavãozinho durante perícia no alto do morro. Douglas era motoboy, mas trabalhava como dançarino no programa Esquenta, da TV Globo.

Revoltados com a morte, moradores da favela atearam fogo em vários pontos da comunidade, e também interditaram a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais vias do bairro. Policiais do Choque foram ontem à região, onde 10 policiais da UPP ficaram encurralados em uma casa no alto da comunidade à noite.

O trânsito na região ficou bastante complicado e estações de metrô próximas foram fechadas. Helicópteros da polícia sobrevoavam a favela, de onde se ouvia sons de tiros e bombas. Um carro foi incendiado em um dos acessos ao Pavão-Pavãozinho. A polícia avalia que a ação tenha sido orquestrada por traficantes do Comando Vermelho.

O corpo de Pereira foi localizado no interior de uma escola. PMs chamaram a diretora para abrir o colégio e viram que o corpo estava junto a um barranco de 10 metros de altura. Segundo policiais, não havia marcas de tiro na vítima. Moradores contam que Pereira foi perseguido pelas vielas da favela na noite de segunda-feira, durante o tiroteio. Não está claro se o rapaz caiu do barranco ou foi empurrado. Policiais contam que Pereira estava com uma costela quebrada.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

PRESO TRAFICANTE DE COMANDAR ATAQUES A UPPS

O Estado de S. Paulo 21 de abril de 2014 | 13h 25

Traficante acusado de comandar ataques a UPPs no Rio é preso. Bruno Eduardo da Silva Procópio, conhecido como Piná, atuava no Complexo do Alemão

Luciana Nunes Leal 



Disque Denúncia/Divulgação
Além de Piná, a Justiça decretou a prisão temporária por 30 dias de outras 11 pessoas


RIO - O traficante do Complexo do Alemão, na zona norte, Bruno Eduardo da Silva Procópio, conhecido como Piná, foi preso nesta segunda-feira, 21, em Armação dos Búzios, na Região dos Lagos. Ele é suspeito de comandar ataques a Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), nos últimos meses. A prisão foi resultado de uma ação conjunta da Polícia Federal e da Polícia Civil.

Em 1º de abril, a Polícia Civil do Rio havia prendido seis homens acusados de terem participado do ataque à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Mandela/Arará, no Complexo de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro, na noite de 20 de março. Foi após esse ataque que o governador Sérgio Cabral (PMDB) foi à Brasília pedir à presidente Dilma Rousseff (PT) que autorizasse o emprego do Exército no Complexo da Maré.

Na ocasião, o comandante da UPP Manguinhos, capitão Gabriel Toledo, foi baleado na virilha. Além disso, os criminosos arremessaram coquetéis molotov em cinco contêineres e duas viaturas da UPP (uma picape Nissan e um Logan), que pegaram fogo e ficaram completamente destruídas.

No total, a Justiça decretou a prisão temporária por 30 dias de 12 pessoas. Eles são acusados de nove crimes: tráfico, associação para o tráfico, associação criminosa, dano ao patrimônio público, disparo de arma de fogo, incêndio, explosão, roubo e esbulho (invasão de propriedade).

sábado, 19 de abril de 2014

NA MARÉ, A VIDA TERMINA ÀS TRÊS DA TARDE

REVISTA VEJA 03/04/2014 - 07:27



Rio de Janeiro. Serviços, creches e postos de saúde antecipam fim do expediente para evitar os confrontos armados. Taxa de analfabetismo entre jovens é quase o dobro da encontrada no restante do município do Rio. Moradores ainda não estão convencidos da pacificação


Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro




A operação com as tropas das Forças Armadas no controle das favelas do Complexo da Maré, importante reduto do tráfico de drogas no Rio de Janeiro, dá continuidade à ocupação realizada na semana passada pela polícia carioca - Marcelo Sayão/EFE

Rajadas de balas, caveirões em disparada, movimento de homens com armas de guerra à porta de casa. Uma parte do drama de quem vive em áreas dominadas pelo tráfico de drogas é conhecida, ou imaginada, pela população "do asfalto". Há, além do medo de morrer, um conjunto surpreendente de limitações que não comovem o mundo, não causam indignação de órgãos de defesa dos direitos humanos. Mas obrigam milhares de moradores, no caso do Complexo da Maré, a viver pela metade. Com a entrada dos policiais militares no conjunto de quinze favelas, no último domingo, começa a ser revelada até para os cariocas a rotina das 130.000 pessoas que habitam o labiríntico conjunto de paredes de tijolos expostos à margem da Linha Vermelha.

Se para o cidadão parado no engarrafamento os tiroteios podem transformar a pista em uma prisão, para o morador da Maré essa é uma perspectiva permanente. Uma prova de como o medo encurta os dias naquela área está no horário de funcionamento dos serviços. Creches, postos de saúde e outros estabelecimentos têm, na Maré, o meio da tarde como fim de turno.

“Aqui na Maré, quase nada funciona em turno integral porque as pessoas que não moram no complexo têm medo dos confrontos e querem sair antes do fim do tarde”, conta Andrea Mota, presidente da Associação de Moradores da favela Nova Holanda.

Segundo Andrea, pelo menos três dos sete postos de saúde instalados dentro do complexo de favelas funcionam até as 15h. A maioria das creches públicas encerra o expediente no mesmo horário, o que obriga centenas de mães a deixarem seus filhos sob os cuidados de pessoas que cobram, em média, cem reais para tomar conta de cada criança. Os pais geralmente contratam vizinhas que, de forma improvisada, recebem as crianças em casa.

“É muito difícil alguém trabalhar e voltar para casa antes das 15h, a tempo de buscar o filho na creche. Por isso, a opção é deixar com uma vizinha que não trabalha e cobra para cuidar das crianças. Isso evita que os meninos e as meninas fiquem na rua sozinhos”, explica Andrea.

O complexo formado por quinze favelas e sete conjuntos habitacionais tem, segundo o Instituto municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP), 22 escolas. A taxa de analfabetismo na população entre 10 e 14 anos dentro dos limites das favelas é de 4,25% - quase o dobro da taxa em todo o município do Rio, que tem 2,57% de analfabetismo entre os jovens nessa faixa etária. Os dados são do Censo de 2010, e mostram como a Maré e outras favelas têm dificuldade de acompanhar as conquistas do restante da população. O Índice de Desenvolvimento Social (IDS) na Maré manteve-se inalterado entre 2000 e 2010, em 0,55 (o máximo é 1). Nesse período, o município do Rio teve um avanço significativo, de 0,58 para 0,61, em média – com bairros da Zona Sul acima de 0,80. Os dados do IBGE também mostram que a maioria dos trabalhadores na Maré (76,26%) ganham até dois salários mínimos. Só 0,28% ganham acima de dez salários mínimos. Mais uma vez, encontra-se no dado de renda uma discrepância gritante com o restante da cidade. Em todo o município, o porcentual de trabalhadores que recebem até dois salários mínimos é de 47,25% - com 11,34% acima dos dez salários.

“O adulto analfabeto não tem oportunidade de aprender a ler, porque trabalha de dia. Os únicos projetos de alfabetização para adultos são realizados por ONGs, mas têm limite de idade. Só são aceitos estudantes com até 23 anos. Ou seja, se você tem 30 e não sabe ler, dificilmente vai conseguir se alfabetizar”, explica Andrea.

Promessas - A promessa do governo do Estado é de levar finalmente os serviços públicos à Maré. Os moradores, no entanto, ainda não estão convencidos de que haverá avanços. “Como acreditar na pacificação se a gente está vendo que em outros locais pacificados, como a Rocinha, o Alemão e a Grota, a violência não acabou? Eu quero acreditar que a Maré vai ter paz, mas temos que esperar para saber o que vai acontecer”, diz Andrea.

Presidente da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro, que faz parte da Maré, Charles Guimarães tem o mesmo temor. “A gente não consegue acreditar na pacificação da forma que as autoridades anunciam. Casos de abusos policiais são frequentes em territórios pacificados. E esse é um dos nossos medos. A polícia deve fazer o trabalho dela, mas precisa respeitar o morador. A grande maioria da população da Maré é formada por gente correta, que trabalha e quer ter seus direitos garantidos”, disse Guimarães.

Alemão - No Complexo do Alemão, ocupado pelas forças policiais em novembro de 2010, o processo de pacificação trouxe melhorias para os moradores, como a instalação de um teleférico de 3,5 quilômetros de extensão, que facilitou o acesso à favela, e reforços na limpeza urbana. A instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em 2012, no entanto, não livrou a população do domínio de traficantes. As obras prometidas, como pavimentação e ampliação do saneamento básico, ainda não chegaram. “Nenhuma rua foi pavimentada e ainda há muito esgoto a céu aberto”, afirma Marco Antônio Quintal, presidente da Associação de Moradores da Grota.

MORADORES PROTESTAM CONTRA MORTE DE JOVEM EM NITERÓI

REVISTA VEJA 19/04/2014 - 15:14

Rio de Janeiro. 
Quatro ônibus e três carros foram incendiados na tarde deste sábado



Quatro ônibus e três carros foram incendiados na tarde deste sábado (19) durante protesto de moradores do bairro Caramujo, em Niterói (Reprodução)

Quatro ônibus e três carros foram incendiados neste sábado durante protesto de cerca de 30 moradores do bairro Caramujo, em Niterói, na região metropolitana do Rio, contra a morte de Anderson Luiz Santos da Silva, de 21 anos, baleado na cabeça na madrugada de sexta-feira.

Os manifestantes acusam policiais militares de terem baleado o rapaz. A Polícia Militar (PM) nega envolvimento no crime. A Polícia Civil registrou a morte como provocada por bala perdida, disparada durante confronto entre traficantes de drogas e policiais militares. As armas dos PMs envolvidos no tiroteio foram apreendidas para a realização de perícia.

Anderson, que trabalhava como eletricista, foi baleado quando deixava a Igreja Nossa Senhora de Nazareth. Ele participara de uma vigília de Páscoa, na qual atuou na animação musical da celebração religiosa. A irmã dele, de 9 anos, também foi baleada, mas não corre risco de vida. A Arquidiocese de Niterói divulgou uma nota lamentando a morte do jovem.

"O jovem, procurando defender sua mãe e sua irmã, foi atingido e morreu. Rezamos pelo consolo da família do Anderson, e manifestamos nossa solidariedade a todas as famílias que constantemente enfrentam situações de violência. Rezamos pelo consolo da família do Anderson, e manifestamos nossa solidariedade a todas as famílias que constantemente enfrentam situações de violência", disse a Arquidiocese, em nota.

Além de queimar os veículos, os manifestantes interditaram a rodovia Amaral Peixoto (um dos acessos à Região dos Lagos), na altura do Caramujo, e montaram barricadas com objetos em chamas para interromper o trânsito na alameda São Boaventura, umas das principais vias de Niterói. O protesto começou depois do sepultamento de Anderson, ocorrido nesta manhã no cemitério do Maruí, em Niterói.

(Com Estadão Conteúdo)



17/04/2014 - 19:01


Com assaltos em alta, Niterói quer ajuda do governo federal. Prefeito pediu socorro ao ministro da Justiça, por considerar que a polícia não consegue conter escalada da criminalidade na cidade da Região Metropolitana


Niterói no Rio de Janeiro (Dilmar Cavalher)

Com favelas ocupadas por tropas federais e índices de criminalidade em crescimento, o Estado do Rio atravessa um momento delicado: os turistas da Copa do Mundo de 2014 estão a caminho, e as forças policiais não dão conta do aumento da violência. Esta semana, Niterói, cidade separada da capital pelos 13 quilômetros da Ponte Rio-Niterói, pediu socorro ao governo federal para combater os assaltos. O prefeito petista Rodrigo Neves foi a Brasília e reuniu-se com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para pedir o envio da Força Nacional de Segurança para patrulhar a cidade.

Em entrevista ao RJTV, da Rede Globo, Neves afirmou que a polícia “não está dando conta”. Como mostrou reportagem do site de VEJA, o mês de janeiro de 2014 foi o de maior volume de assaltos dos últimos dez anos no Estado. Em Niterói, o crescimento foi de 34,92% - houve 189 casos registrados em janeiro de 2013 e, no mesmo período deste ano, foram 255 as ocorrências contabilizadas pela Polícia Civil. Sabe-se que o total de roubos é muito superior a esses números, mas as estatísticas oficiais são o melhor termômetro da situação nas ruas e do comportamento da população.

Niterói, assim como cidades da Baixada Fluminense e regiões Serrana e dos Lagos, enfrenta o que os moradores chamam de “efeito colateral” da política de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Com os morros da capital ocupados, afirmam os moradores desses locais, os criminosos abrigam-se onde o policiamento é deficiente. Os problemas ocorrem também onde há as UPPs: no Complexo do Alemão, na Rocinha e, mais recentemente, no Complexo da Maré - onde militares do Exército e da Marinha atuam ao lado de policiais militares - traficantes ainda agem e os tiroteios são frequentes.

terça-feira, 15 de abril de 2014

IDOSA DE 67 ANOS MORRE BALEADA


Mulher de 67 anos morre baleada com dois tiros na Maré

FOLHA.COM 15/04/2014 10h38


DIANA BRITO
DO RIO



Uma mulher de 67 anos morreu após ser atingida por dois tiros no conjunto de favelas da Maré, na zona norte do Rio, ocupado por forças do Exército há duas semanas. Terezinha Justina da Silva chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Não há informações de onde partiram os disparos que atingiram Terezinha.

O Exército informou à Folha que por volta das 22h de ontem uma equipe da Polícia Militar, que também faz parte da Força de Pacificação, foi atacada a tiros por criminosos entre as favelas Vila do João e Vila dos Pinheiros, na Maré. "As primeiras informações que temos é que a patrulha da PM se evadiu do local e não revidou ao ataque. Mesmo assim, vamos apurar o que aconteceu", afirmou o porta-voz do Exército, o major Alberto Horita.

A reportagem entrou em contato com a PM, mas não obteve retorno.

Terezinha Silva chegou por volta das 22h10 de ontem no Hospital Federal de Bonsucesso, inconsciente e em estado grave. Ela foi socorrida, entubada, mas não resistiu aos ferimentos e morreu 40 minutos depois, segundo médicos da instituição.

Ainda de acordo com o hospital, a moradora foi atingida por um tiro no tórax e outro no abdômen.

SEGUNDO CASO

Esta é a segunda morte registrada no complexo da Maré desde a ocupação do conjunto de favelas pelas Forças de Pacificação do Exército. No sábado (12),Jefferson Rodrigues da Silva, 18, foi baleado por um fuzileiro.

De acordo com a versão do Exército, os militares identificaram dois suspeitos em uma das ruas da Vila do Pinheiro, que, na sequência, atiraram na direção da tropa. Os militares reagiram e o rapaz foi baleado.

Moradores ouvidos pela Folha, no entanto, disseram que Jefferson Silva não tinha ligação com o tráfico e trabalhava em um lava-jato da região.

ARMED POLICE IN TANKS WITH OVERHEAD HELICOPTER GUARDS

DAILY MAIL Tuesday, Apr 15th 2014http://www.dailymail.co.uk/


Armed police in tanks with overhead helicopter guards storm notorious Rio slum in controversial 'clean-up' ahead of World Cup
1,400 armed police and marines have stormed one of Brazil's biggest slums in bulletproof trucks
Helicopters circle as scores of military point guns at residents as they walk through the streets in which they live. Operation to rid Complexo da Mare, home to more than 130,000 residents, of violence and drug gangs started today. Since 2011, government has cracked down on slums within the city ahead of World Cup which begins in June. Brazilian police have attracted widespread criticism following use of violence and 'covered-up' murders

By EMILY KENT SMITH

PUBLISHED: 10:15 GMT, 30 March 2014 | UPDATED: 14:08 GMT, 31 March 2014


The Brazilian government has deployed forces to one of Rio de Janeiro's largest slums - in a clean-up operation which aims to reduce crime in the city ahead of the World Cup.


Federal forces are here pictured entering the violence-plagued Complexo da Mare - one of Brazil's biggest slums - 'favelas' in Portuguese.


These pictures show troops storming the favela bearing guns in bullet-proof vehicles while a helicopter circles above.


The faces of the 130,000 residents who live on the Mare complex have also been pictured. Mare is formed of 16 separate communities and has been riddled with drugs and dominated by gangs and militias.


It is close to Rio's international airport, which means that visitors must drive past it on their way into the city.


Senior officials have denied that the Mare clean-up is related to the World Cup - claiming that they aim to improve the lives of Rio favela residents.
Scroll down for video



Today, daily life in one of Rio de Janerio's biggest shanty towns was disrupted by military personnel in an attempted to clean up the city before the World Cup




Residents looked on bemusedly as armed federal officers in bullet-proof vests strode through the run-down streets in a bid to crack down on crime




This emaciated horse eating from a bin is not an uncommon sight in the violence-plagued Complexo da Mare, which is controlled by gangs and militias




Tanks were even rolled out into the complex early Sunday morning to carry more than 1,000 police and further military personnel on an impromptu patrol

Armed forces occupy Rio in 'clean-up' ahead of World Cup





Helicopters circle the Mare slum complex in Rio de Janeiro. The slum - 'favela' in Portuguese - is home to some 130,000 residents




Residents walk through the slum as dozens of police officers, in camouflaged uniform hold machine guns from behind heavy-duty navy trucks




Residents are seen walking out of the favela as armed troops in bullet-proof vests storm in



Locals carried on with daily life as police officers and marines in uniform filed through the narrow streets. No shots have been fired so far





Police in the city have attracted widespread criticism for their heavy-handed approach to controlling drug crime in the city. Last year, police were charged after bricklayer Amarildo de Souza, who lived in the city's biggest shanty town Roncinha, was tortured and murdered. Police were then charged with hiding his body




A special operations officer is pictured here in front of a graffiti drawing of Rio's symbolic statue: Christ the Redeemer. Troops have stormed the favela to rid it of drug gangs and clamp down on violence




In the coming days, army soldiers will begin patrolling the virtually treeless, flat area of about two square miles in northern Rio that hugs the main road to the airport and is home to about 130,000 people




A navy tank drives behind a police van carrying scores of police officers holding machine guns




One soldier hides behind a wall as he point his gun towards the street. It was dusk in Rio when troops entered the favela





Navy tanks roll through the favela. The police community pacification unit, known as the UPP, will step in once federal forces have left the area. The UPP will then remain in the shanty town in order to keep peace and control any uprising




A couple walks along as a navy tank storms into the place where they live. The army presence in favelas across Rio has sparked rage across the city. Last week, protestors set fire to a police office in the city





A policeman stands next to a piece of graffiti bearing the words: 'Politicians and the UPP' will die. The UPP is a special community officer group which steps in to keep peace in the favela once government troops have left




One police officer is pictured here holding a man up against a wall while he searches him. Troops took over the favela this afternoon - six weeks before the World Cup





Brazil will host the World Cup from June 14 and has been named host of the 2016 Olympics. The clean-up is an attempt to make Rio a safer place for tourists attending the events





Police wait outside an unknown house in the slum. Security forces will eventually set up permanent posts in Mare as part of the 'pacification' programme that began in 2008 and is meant to secure Rio ahead of the World Cup and also the 2016 summer Olympics





Early evening today the troops stormed the favela. It is unknown how long the operation will last. Once troops leave a 'pacification' force will be introduced into Mare




The BOPE paramilitary police unit have been patrolling streets since dusk. Once they leave a more long-term patrol force will be established in the favela. Police have installed 37 such posts in recent years in an area covering 1.5 million people




Please line up outside a boarded up pharmacy. They are pictured here in Nova Holanda, a part of the Mare slum complex






Three children sit on a sofa staring at the camera in the Complexo da Mare slum - one of the largest 'favelas' in Rio de Janeiro. Today, Brazilan government forces will clear out the favela ahead of the World Cup which begins on June 14




Little Jessica prepares to carry water from the one pipe with running water - available to dozens of residents in the impoverished area. Mare favela is located near to Rio's international airport




Mother Quiva stands with her son Joao Vitor in the impoverished favela. The Mare complex has more than 13,000 residents




An 'pacification' initiative was launched in 2010 by government forces to reclaim power of the city's slums from armed gangs. Pictured here Louis Carlos de Sousa and Tania Gozalves at their home on the Complexo da Mare





Mare resident Joao Vitor kneels with a dog in the slum. The Complexo da Mare is close to Rio's international airport, which means that visitors to Rio must drive past it on their way into the city



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Jessica washes dishes at the one with with running water available to dozens of residents in the area. The Brazilian government has claimed that the clean-up operation will improved the quality of life of favela residents'




Rubbish litters the floor and graffiti covers the walls in the da Mare slum. The favelas are self-contained communities within the city and even have schools and local shops on site




Pacification officers, known as the UPP, will soon occupy and control life within the slum. UPP officers come in after federal troops 'clean-up' a slum imprisoning drug dealers in an attempt to rid the favela of crime. Pictured behind the children are community posters advertising items that are up for sale




Mothers gather to chat in the Mare complex. From today UPP officers will occupy the slum, the government pacification program was launched in December 2011





Louis Carlos de Sousa (right) and Tania Gonsalves stand in their home on the complex. Police in the city have attracted widespread criticism for their heavy-handed approach to controlling drug crime in the city




Joao Batista da Silva (left) and wife Gizelda Alves da Silva pose on their bed in the Complexo da Mare slum. Police have been criticised for violent control tactics in the slums. Last year, police were charged after bricklayer Amarildo de Souza, who lived in the city's biggest shanty town Roncinha, was tortured and murdered




Friends hug in the complex while little Jessica washes dishes outside her home. 'Disappearances' of shanty town residents have become widespread in the police clean-up operation





Mother Quiva stands in her home near son Joao Vitor. The police have been the subject of much controversy in the country. Last week. a police headquarters was burned down in a protest against government presence in the favelas




A Mare resident Louis Carlos de Sousa is pictured here. Since winning the World Cup host title and being chosen as host for the 2016 Olympics, Brazilian authorities have cracked down on violence and drug gangs in the country's major cities



Joao Batista da Silva lives in the slum. A clean-up operation began on Rio's biggest slum Rocinha in 2011. In the clean-up helicopters circled the slum and troops charged into the favela in bullet-proof clothing




Community spirit is strong in the Brazilian slums where residents exist almost apart from the rest of society. Shanty towns in Rio are built into the hills weaved into the city




Rio has long been in the global spotlight for its slums and the drug-related violence. The government is hoping to change the face of the city with the upcoming World Cup