O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

PM MATA DOIS SUSPEITOS EM CONFRONTO ENVOLVENDO ARMA DE GUERRA

O DIA 20/12/2013 09:32:46

PM mata dois suspeitos em confronto na Favela Para Pedro. O patrulhamento na comunidade e na região está reforçado desde sábado. Traficantes rivais tentam invadir comunidade

MARCELLO VICTOR



Rio - Dois homens ainda não identificados foram mortos a tiros em confronto com policiais do 41º BPM (Irajá), na Favela Para Pedro, em Colégio, na noite desta quinta-feira. Segundo os PMs, com eles foram apreendidos um fuzil AR-15, um carregador, uma pistola calibre 45 e cargas de cerca de 100 sacolés de maconha, cocaína e crack.

De acordo com os policiais, o patrulhamento na comunidade e na região está reforçado desde sábado. Informações dão conta que traficantes de uma facção rival vindos dos morros do Jorge Turco, em Rocha Miranda e do Chapadão, em Costa Barros, tentariam invadir o Para Pedro.


Fuzil, pistola e drogas foram apreendidas na Favela Para PedroFoto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia

Por volta das 21h, uma guarnição ouviu uma intensa troca de tiros no interior da comunidade. Os PMs entraram e se depararam com criminosos armados. Houve confronto e dois suspeitos foram baleados. Eles foram levados para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, mas não resistiram aos ferimentos. A polícia ainda não sabe se eles seriam traficantes do local ou de uma quadrilha invasora.

A ocorrência foi registrada na 22ª DP (Penha), central de flagrantes da região.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

UPP PRECISA DA CONFIANÇA DA POPULAÇÃO


Especialista: UPPs precisam ter a confiança da população para obter resultados. Para Alba Zaluar, traficantes tentam retomar pontos de tráfico após desmoralização da PM durante protestos

CARLA ROCHA
SÉRGIO RAMALHO
O GLOBO
Publicado:12/12/13 - 5h00


RIO - Uma pergunta que está na cabeça dos idealizadores da programa de pacificação e de especialistas em segurança é o que faz uma UPP funcionar bem numa comunidade e enfrentar resistências mais ou menos graves em outras. Responder a essa questão é o primeiro passo para que sejam feitos os ajustes necessários no projeto, que tem 36 unidades em funcionamento. Casos como o da Rocinha, onde aconteceu o assassinato do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, ou de Manguinhos, ainda palco de confrontos, acendem um sinal de alerta máximo.

Falta de policias qualificados para ocupar favelas, serviços e projetos sociais complementares à ação policial e fundamentalmente a confiança da população. O projeto das UPPs precisa de credibilidade para ter sucesso. Além do caso Amarildo, que remete a velhas práticas, a onda de protestos que teve início em junho deslocou PMs do policiamento e provocou um desgaste na imagem da Polícia Militar e do próprio governo. Para especialistas, o fenômeno tem impacto no processo de pacificação, que lida também com o imaginário coletivo.

— A Polícia Militar ficou desmoralizada nessas manifestações, foi agredida, xingada e se excedeu, criando uma animosidade. Ao mesmo tempo, o comandante da UPP da Rocinha, que era do Bope, fez aquilo. O Amarildo morreu. Os traficantes disseram: a UPP acabou, vamos retomar as bocas. As pessoas que são contra o projeto, que têm interesses eleitoreiros, se aproveitam — diz a antropóloga Alba Zaluar.

O tamanho da favela, a importância do tráfico na geração de renda na comunidade e a relação dos bandidos com moradores são outros aspectos importantes. O professor Cláudio Ferraz, do Departamento de Economia da PUC-RJ, diz que a resistência do tráfico é proporcional à lucratividade do mercado de drogas:

— A briga para manter o controle do território vai ser maior onde a lucratividade do negócio é maior. É o caso da Rocinha.

Para o sociólogo Ignácio Cano, a entrada dos investimentos sociais é muito desigual.

— Na Cidade de Deus, tem sido intensa. Mas é frágil no São Carlos e no Fallet, por exemplo — conclui, lembrando que a corrupção, quase sempre, está por trás de episódios de violência.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Um dos pilares do policiamento comunitário é a relação de confiança entre policiais e comunidade. E tem sido o maior erro dos governantes que tentam impor esta estratégia com política partidária e não com pessoas comprometidas, qualificadas e preparadas. 

REMOÇÃO DE FAVELAS


A história de uma palavra tabu. Como a remoção de favelas foi alvo de uma intensa disputa ideológica que resultou na transferência de 140 mil pessoas de 1962 a 1974

FLÁVIO TABAK
O GLOBO
Atualizado:13/12/13 - 11h27

Remoção da Favela do Pasmado em 14/01/1964. Ao fundo, o Estádio do Botafogo Arquivo O Globo


RIO - A remoção de favelas cariocas foi alvo de uma intensa disputa ideológica que ganhou força a partir de meados da década de 1940. Até hoje o assunto é polêmico, um tabu como disse o secretário José Mariano Beltrame, mesmo em circunstâncias diferentes, com as favelas já incorporadas ao tecido urbano da cidade e, algumas delas, ocupadas permanentemente pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). No passado, um marco histórico ajuda a entender por que o Rio transplantou milhares de pessoas das encostas de morros ou de áreas planas ocupadas irregularmente: o Código de Obras do Rio de 1937 determinou, pela primeira vez, que favelas eram ilegais.

O fato histórico é lembrado pelo antropólogo Marco Antonio da Silva Mello, coordenador do Laboratório de Etnografia Metropolitana (IFCS/UFRJ). Ele lembra que a palavra “remoção” remete a uma memória traumática da política de urbanização. Ele diz que, durante a chamada política de erradicação das favelas — promovida entre 1962 e 1974 ao longo dos governos de Carlos Lacerda, Negrão de Lima e Chagas Freitas —, foram retirados 80 assentamentos urbanos de baixa renda.

— Dessas 80 favelas removidas, 140 mil moradores foram levados para as periferias da cidade, contabilizando uma diáspora urbana forçada sem precedentes — explica o professor. — A palavra remoção é objeto de uma disputa que pode ser periodizada de várias maneiras. A mais clara está no código de obras de 1937. Se o código, que vigorou até 1970, diz que a favela é ilegal, ela é efêmera, passageira. Assim, depois deveria ser removida e “higienizada”.

Os resultados históricos da política de urbanização que mudou a cara de diversos bairros do Rio — como a Lagoa Rodrigo de Freitas, que era margeada por centenas de casebres —, passaram por intensas disputas.

Em 1948, Carlos Lacerda publicou uma série de reportagens e artigos que, explica Mello, “usavam explicitamente a ideia de remoção de favelas, de erradicação”. Na chegada dos anos 1960, mais novidades surgiram nesse debate. Com a orientação do padre Louis Joseph Lebret, uma pesquisa conduzida pelo sociólogo José Arthur Rios chamada “Aspectos humanos da favela carioca” foi publicada em dois suplementos do “Estado de S.Paulo”. A discussão estava aberta, e as veias do Rio também, com suas mazelas enquanto o país financiava, a altos custos, a construção de Brasília.

— Eles fizeram aquela que até hoje é a maior e insuperável pesquisa sobre as nossas favelas. E não falavam em remoção, mas, sim, em urbanização. Mostraram que as favelas não eram homogêneas, tinham diferentes estilos construtivos, religiosidades, expectativas de vida, consumo. O resultado foi a disputa no Rio entre remoção e urbanização, colocada no fim dos anos 1950 e começo dos anos 1960 — analisa Mello.

Assim estavam postas as condições para o que ocorreu nas duas décadas seguintes. Professor do departamento de Serviço Social da Puc-Rio e autor do livro “Favelas do Rio de Janeiro, história e direito” (PUC-Pallas/2013), Rafael Soares Gonçalves chama a atenção para uma grande mudança na política da antiga Guanabara, que resultou nas remoções e construções de conjuntos habitacionais. No início do governo Lacerda, diz ele, José Arthur Rios assumiu um cargo importante no governo, para cuidar do serviço social.

— Rios tinha uma perspectiva clara de que era necessário priorizar a melhoria das favelas com possibilidade de regularização fundiária. Quando ele assume, começa uma política de urbanização, existia um esforço. Mas, em 1962, há uma mudança radical dessa direção, com a entrada de recursos importantes dos EUA, dentro do contexto da Revolução Cubana. Uma parte dos recursos foi usada na construção de grandes conjuntos habitacionais, como a Vila Kennedy. Só que Rios foi demitido depois, e assumiu a Sandra Cavalcanti — explica Gonçalves.

A partir daí, as remoções foram aceleradas na administração Lacerda. Mas o governo seguinte, de Negrão de Lima, foi o que mais removeu. Gonçalves explica que o governador era um político de oposição, da linha trabalhista, e até urbanizou uma favela em Brás de Pina, mas existia pressão do governo militar. E ainda houve contextos específicos, como as chuvas de 1966 e 1967.

— As chuvas certamente aceleraram o processo de remoção. Negrão foi contraditório, tentava priorizar a urbanização, mas foi no seu mandato que mais se removeu. Ele teve imposições de cima, e o contexto político era mais difícil — conta Gonçalves.

Polêmicas ou não, as remoções poderiam ter dado certo, com os conjuntos habitacionais funcionando bem até hoje. Gonçalves, que estudou profundamente o tema, estabelece três principais motivos para o fracasso dessa política no Rio. As remoções, diz ele, só foram interrompidas — e deixaram de ter grande força e apoio político— em 1977, quando houve uma tentativa, fracassada, de se remover o Vidigal. O Papa João Paulo II visitou, três anos depois, o Vidigal, e a Igreja Católica teve grande participação na luta por melhores condições de vida nas favelas.

— Há, primeiramente, o problema social, porque a moradia não pressupõe apenas quatro paredes e teto, mas se articula com o bairro, uma vida e uma cidade. O impacto social foi grande. Em segundo lugar, o contexto urbanístico. Estava sendo feita uma cidade periférica, expulsando a população em vez de pensar a cidade de forma diversa. Em terceiro vem o fracasso econômico. Ao contrário de algumas remoções que acontecem hoje em dia, nesse período as pessoas não tinham indenização. Eles tinham só o direito de entrar no financiamento habitacional. E algumas dessas famílias não tinham recursos mínimos para entrar no sistema e foram para habitações provisórias, com casas minúsculas — resume o professor Gonçalves.

O QUE SERÁ DA FAVELA?


Beltrame sobre 5 anos de UPP: ‘Daqui a 20 anos, o que será da favela?’ - Secretário de Segurança do Rio diz que a reconquista de territórios é uma janela de oportunidades para a transformação. Ele alerta que é preciso um pacto capaz de acelerar as ações nessas comunidades pacificadas

CARLA ROCHA, SELMA SCHMIDT E SERGIO RAMALHO
O GLOBO
Atualizado:13/12/13 - 10h54

O secretário de Segurança José Mariano Beltrame Paula Giolito / Agência O Globo


RIO - Gaúcho de Santa Maria, José Mariano Beltrame, de 56 anos, completará em janeiro sete anos à frente da Secretaria de Segurança do Rio. Nesse período, foi um dos responsáveis pela implantação do programa de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que, no próximo dia 19, completa cinco anos. De lá para cá, tornou-se figura fácil nas favelas pacificadas. Participa de corridas, como a da Rocinha, e eventos musicais na Providência, no Dona Marta e, recentemente, no Pavão-Pavãozinho, onde foi experimentar um prato servido num dos bares da favela. Em entrevista ao GLOBO, defendeu reformas urbanas profundas nas comunidades pacificadas, com saneamento e abertura de vias, e disse que o tema das remoções precisa entrar em pauta: “Hoje, remoção é tabu, é palavra proibida, porque colocaram ideologia no debate. Hoje há conhecimento, tecnologia e solução urbanística para dar esta guinada definitiva”.

Quais são hoje, na opinião do senhor, os principais desafios da política de segurança com relação ao programa das UPPs?

Eu acho que o maior desafio nem é o da polícia. E diria, sem exageros, nem mesmo do Poder Executivo. Para estas duas instâncias, a necessidade do projeto está bem clara e não há dúvidas quanto aos seus resultados. Ou é UPP ou é a velha lógica do fuzil na favela. Todos sabemos quais são os efeitos das UPPs no curto prazo. O morador do morro fica aliviado e o do asfalto, muito feliz com o fim dos tiros. Mas isso é apenas uma anestesia para a cirurgia maior. A grande questão que ainda está mal resolvida é o que o Rio quer fazer das UPPs no longo prazo. Daqui a 20 anos o que será da favela? A reconquista do território é uma janela de oportunidade para a transformação daquele espaço público. E não se trata apenas de escola, posto de saúde etc. Em muitas favelas a oferta desses serviços é até adequada. Mas como levar saneamento se o cano não passa? Mas como ajudar os mais pobres se eles vivem em aglomerados quase impenetráveis? Adianta levar o médico se a tuberculose vai voltar por causa das condições do ambiente? A favela precisa de acesso, de canos, de transporte coletivo, de ar livre, de uma verdadeira malha que transforme a cara desses lugares. Mudar essa realidade vai exigir que algumas famílias troquem de endereço para a obra passar. Mas os ganhos serão irreversíveis para dezenas de milhares de famílias pobres, fora os ganhos indiretos para a cidade. E, é claro, para fazer a intervenção de verdade vamos entrar na discussão das remoções. Esse assunto precisa entrar em pauta e ninguém tem coragem. Hoje remoção é tabu, é palavra proibida, porque colocaram ideologia no debate. Hoje há conhecimento, tecnologia e solução urbanística para dar esta guinada definitiva. E quem deve bancar somos todos nós, público e privado, porque o benefício é generalizado. Só que hoje o Poder Executivo não está autorizado a mover uma palha, porque os conflitos na Justiça paralisam tudo. E com tanto conflito, o gestor nem vai tentar se desgastar com isso. E quanto tempo temos? As pessoas gostaram do efeito da anestesia só que não têm coragem de encarar a cirurgia. A favela tem pressa, e estão deixando a responsabilidade só com as polícias. Precisamos de um pacto, um pacto que prima pela velocidade das soluções.

Qual a principal dificuldade em capacitar policiais para policiamento de aproximação em áreas que lembram labirintos, tão comuns em várias comunidades do Rio?

Existe um treinamento para fazer o trabalho de proximidade. Mas não se pode esperar que a polícia vá patrulhar todas as vielas da Rocinha, por exemplo. Ali é um aglomerado de 100 mil pessoas. É claro, não estou falando que toda a favela é intransponível. Mas basta que 10% deste território sejam de moradias sub-humanas para aí termos um grande problema.

Pela experiência do senhor, esse tipo de policiamento nas UPPs encontra paralelo em outros estados ou países?

Não. Eu sempre disse que o projeto foi pensado para as características do Rio. Claro, não é uma solução 100% inédita, você pega experiências de outros lugares e vai somando à sua fórmula. Mas, repito, as pessoas estão muito ansiosas em discutir policiamento, em discutir os benefícios da anestesia. Mas o conceito é muito mais amplo e, repito, vai muito além da vontade do Poder Executivo. Temos uma janela de oportunidade, mas transformar gera conflitos de outra natureza que vão parar no Judiciário. A sociedade precisa discutir muito, mas precisa dar objetividade e celeridade a esta transformação.

Qual a opinião do senhor sobre ataques a policiais em áreas com UPP?

Não chega a ser uma surpresa. O comércio de drogas e o crime que está por trás disso geram muito dinheiro. É um problema nacional, diria, do mundo. Ingenuidade seria pensar que eles desistiriam. O problema é que as pessoas imaginavam que todas as favelas seriam iguais ao Dona Marta. Só que estamos em complexos, como o Alemão, que são mais populosos que a grande maioria dos municípios brasileiros. A polícia tem mais dificuldade neste espaços acidentados e superconcentrados de gente.

A resistência percebida em algumas comunidades, como Rocinha, São Carlos, Cidade de Deus e Vila Cruzeiro, significa que as facções que dominavam esses territórios ainda contam com poder de articulação?

Se são entendidas como facções, então é porque representam alguma forma de organização e de articulação. O tráfico hoje tenta se adaptar. O crime é assim, vai mudando de acordo com a repressão. Então, de certa forma, já esperávamos. As trocas de tiros em geral acontecem à noite e naqueles lugares quase impenetráveis. Então quando se fala “tiro na Rocinha", tem que se perguntar melhor. Tiro em qual Rocinha? Em qual parte do Alemão? Isso porque estas comunidades são do tamanho de uma cidade. E há áreas totalmente integradas com a cidade formal e há áreas muito ruins, muito pobres. São nessas últimas que os criminosos se sentem seguros. A questão central da UPP é o controle do território. E disso não vamos abrir mão.

Qual a sua opinião sobre episódios como o ocorrido na Rocinha, que resultou na morte de Amarildo de Souza, e em Manguinhos, onde alguns moradores acusam policias da UPP de envolvimento nas mortes de Paulo Roberto Pinho Menezes e Matheus de Oliveira Case?

Muito ruim. Eu coloco estas questões aqui da favela para além da polícia, mas em hipótese alguma o aparato policial pode deixar de olhar para suas fraquezas, para suas mazelas, para sua cultura. A questão é que o trem não pode parar. Temos que corrigir os rumos com ele andando. Não posso conceber o Rio hoje sem as UPPs, sem os alívios que elas trouxeram. A gente deve criticar para construir melhor. Quem defende o fim delas no curto prazo, ou está mal intencionado ou vive em outro mundo.

Casos como esse resultam em mudanças no treinamento dos policiais?

Há questões relacionadas à cultura. Acho que aí são três variáveis. Treinamento adequado, punição exemplar e tempo para mudar a cabeça das pessoas. Agimos nas três vertentes. O Rio tem pressa e nós também. Só que foram tantos anos de desleixo que, como costumo dizer, talvez leve uma geração para que o Rio se recupere do estrago.

Apesar de uma significativa redução nos homicídios nessas comunidades, onde a taxa fechou ano passado menor que a média nacional, o senhor costuma dizer que ainda há pouco a comemorar. Por quê?

Por todo este cenário que tracei. A discussão precisa mudar de foco, ser mais corajosa. Quando eu falo de um pacto, é um pacto pela agilidade e isso evidentemente inclui o Judiciário, o Legislativo, o dinheiro de Brasília e do setor privado. Sozinho, o Executivo Estadual não tem força para mudar a cara da favela. Mudar de verdade, insisto. Pergunte ao Pezão quantas ações existem só porque abriram uma rua na Rocinha. Centenas. Aqui do lado, o teleférico da Providência está pronto. E tem uma ação proibindo seu funcionamento. Se não repactuarmos essa lógica, a compreensão desse tipo de espaço, não vamos mudar nada. E sabe o que vai acontecer? A sociedade vai pedir mais polícia, que mais uma vez vai ser alvo das críticas.

Com relação aos casos de desaparecimentos, os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que houve aumento de 97, em 2011, para 112, no ano passado, em 29 comunidades pacificadas. O senhor vem acompanhando essa questão?

O Instituto de segurança Pública vem analisando os números relativos às áreas pacificadas, exatamente, com o objetivo de pautar o planejamento de segurança nessas regiões. Também solicitei à direção do instituto um levantamento específico dos casos de desaparecimentos computados nos dois últimos anos para identificar a realidade de cada caso. Assim, poderemos dizer quem realmente desapareceu, quem saiu de casa por questões relacionadas à dependência de drogas, álcool ou outros problemas familiares e, claro, se algum caso tem relação com algum desvio cometido por policiais.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

GOVERNADOR ALEGA SEGURANÇA DA FAMÍLIA PARA USO PARTICULAR DE AERONAVE OFICIAL



Julio Cesar Guimaraes - 28.jul.13/UOL



FOLHA.COM 10/12/2013


Cabral volta a usar helicóptero oficial com a família nos fins de semana


HANRRIKSON DE ANDRADE
DO UOL


O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), voltou a utilizar o helicóptero oficial do Estado para se deslocar entre a capital fluminense e o município de Mangaratiba, na região da Costa Verde, onde ele possui uma casa de veraneio em um luxuoso condomínio.

O governador havia parado de se deslocar com a família desde a discussão em torno de suas viagens com o helicóptero oficial do Estado, reveladas em uma reportagem da revista "Veja", em julho deste ano. Pressionado, o chefe do Executivo estabeleceu regras para o uso de aeronaves por meio do decreto 44.310, publicado no Diário Oficial no dia 5 de agosto.

De acordo com os relatórios de controle de aeronaves da Secretaria Estadual da Casa Civil, Cabral viajou na companhia da mulher, Adriana Ancelmo, dos dois filhos e da babá das crianças em cinco domingos consecutivos --no período entre os dias 13 de outubro e 10 de novembro. Os relatórios informam que as viagens foram justificadas por "recomendação da Sub-Secretaria Militar", departamento vinculado à Casa Civil.

Em nota, o subsecretário militar da Casa Civil, Fernando Messias, afirmou que o uso dos helicópteros do Estado "tem ocorrido de acordo com o decreto regulamentador", e disse não abrir mão do uso de aeronaves nos deslocamentos do governador e da família em função de eventuais riscos.

"O processo de enfrentamento da criminalidade no Estado do Rio nos últimos anos, que tem tido como resultado a queda de todos os índices, acarreta riscos para os seus responsáveis, em especial o governador do Estado, que é, em última análise, o comandante desse processo. A Subsecretaria Militar da Casa Civil, com base em relatórios sigilosos, não abre mão do uso de helicópteros nos deslocamentos do governador e de sua família para a sua residência, em especial levando em conta a regularidade de dias, horários e destino das viagens", informou o órgão.

Nos primeiros meses após a regulamentação, Cabral utilizou apenas uma vez o helicóptero de prefixo PR-GRJ, modelo Agusta AW109 Grand New, para fazer o trajeto Mangaratiba-Rio. A viagem ocorreu no dia 29 de setembro, domingo, às 8h28, quando ele desembarcou no heliponto da Lagoa, na zona sul da cidade, na companhia de um de seus assessores, a fim de comparecer à inauguração da Cidade da Polícia.

Uma semana após, no dia 6 de outubro, domingo, às 8h25, Cabral viajou novamente na companhia de um assessor para acompanhar a ocupação policial no Complexo do Lins, na zona norte da capital fluminense, que mais tarde receberia uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

Do dia 11 de outubro em diante, o peemedebista utilizou a aeronave em todos os fins de semana para ir a Mangaratiba, sempre viajando sozinho na ida e regressando com a família aos domingos. O registro da movimentação aérea de novembro não incluía a segunda quinzena do mês. A assessoria do governo do Estado informou, após a publicação desta reportagem, que o relatório já foi atualizado.

A última viagem relatada ocorreu no dia 14, quinta-feira, véspera do feriado da Proclamação da República. Na ocasião, Cabral viajou sozinho do Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na zona sul do Rio, para Mangaratiba, às 18h35. Não há registro quanto ao retorno.

REGRAS

As regras para utilização de aeronaves oficiais --definidas pelo próprio governo estadual-- determinam, de acordo com o decreto 44.310, que apenas o governador, o vice-governador, os chefes do Legislativo e do Judiciário, os secretários de Estado e os presidentes de autarquias e empresas públicas estão autorizados a voar.

A medida foi aprovada e publicada no Diário Oficial depois de uma reportagem da revista "Veja" que denunciava o suposto uso ilegal por parte do governador. De acordo a publicação, o peemedebista utilizou o helicóptero PR-GRJ para transportar familiares de Cabral, as babás dos filhos e até o cachorro de estimação.

Na ocasião, os deputados estaduais Marcelo Freixo (PSOL), Paulo Ramos (PDT) e Luiz Paulo (PSDB) chegaram protocolar na presidência da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) uma denúncia por crime de responsabilidade e quebra de decoro, e pediram o impeachment do governador. Porém, o procedimento não avançou.

As viagens seriam, segundo texto publicado no DO, "exclusivamente no âmbito da administração pública estadual, direta e indireta, para desempenho de atividades próprias dos serviços públicos".

Além disso, sempre que possível, as aeronaves devem "ser compartilhados por mais de um dos titulares dos cargos" que possuem direito a deslocamentos. As viagens precisam ser previamente aprovadas pela Secretaria Estadual da Casa Civil, o que só ocorre, na versão do governo, "em missão oficial ou por questões de segurança".

As autoridades preenchem um formulário de solicitação indicando data e horário do voo, além do tempo de permanência previsto na localidade de destino, o trajeto a ser percorrido, o motivo do deslocamento e a relação de eventuais acompanhantes.



FOLHA.COM 10/12/2013 - 14h01

Cabral defende uso de helicóptero e se diz ameaçado pelo tráfico


DO RIO



O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), defendeu nesta terça-feira (10) o uso de helicópteros oficiais do Estado para viajar com a família nos fins de semana.

Ele se disse ameaçado pela "marginalidade" e pelo tráfico de drogas ao justificar o uso das aeronaves para se deslocar com parentes até sua casa de veraneio em Mangaratiba (RJ).

"Infelizmente, o fato de ser governador me impõe para enfrentar a segurança pública, a marginalidade, o tráfico de drogas", disse Cabral, em solenidade de formação de policiais no ginásio Maracanãzinho.

"Para ganhar esse jogo, que é um jogo muito difícil, de muita luta, o Gabinete Militar impõe a mim e à minha família restrições. Eu tenho que segui-las por uma questão de segurança", disse o governador.

Reportagem do UOL mostrou nesta terça que o peemedebista continua a usar helicópteros do Estado em viagens de lazer. De acordo com relatórios oficiais, ele viajou com a mulher, Adriana Ancelmo, dois filhos e babá em cinco domingos consecutivos entre 13 de outubro e 10 de novembro.


O subsecretário militar da Casa Civil do governo do Rio, Fernando Messias, também saiu em defesa do governador. Ele disse em nota que "não abre mão" de que Cabral use os helicópteros com a família.

"O processo de enfrentamento da criminalidade no Estado do Rio nos últimos anos, que tem tido como resultado a queda de todos os índices, acarreta riscos para os seus responsáveis, em especial o governador", disse o subsecretário.

"A Subsecretaria Militar da Casa Civil, com base em relatórios sigilosos, não abre mão do uso de helicópteros nos deslocamentos do governador e de sua família para a sua residência, em especial levando em conta a regularidade de dias, horários e destino das viagens", acrescentou Messias.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

PM DE UPP RECÉM-INAUGURADA É BALEADO EM CONFRONTO

O Estado de S. Paulo 09 de dezembro de 2013 | 11h 50

PM da comunidade Camarista Méier, na zona norte do Rio, está internado; no fim de semana, houve confrontos entre bandidos e policiais das unidades da Rocinha e Cidade de Deus

Thaise Constancio 



RIO - Um policial militar da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Camarista Méier, zona norte do Rio, levou um tiro no peito após troca de tiros com criminosos armados. Ele está internado no Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, zona norte, e não corre risco de morte.

Segundo o comando das UPPs, o confronto aconteceu às 23h40 do domingo, 8, quando 12 policiais da UPP Camarista Méier patrulhavam o Morro do Gambá. Eles foram surpreendidos pelos criminosos que atiraram contra os agentes. Durante a troca de tiros, o PM ainda não identificado foi baleado. O tiro atravessou o colete balístico e ficou alojado no peito. Os bandidos conseguiram fugir.

O policial foi encaminhado para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, zona norte, e depois transferido para o HCPM. O caso foi registrado na 26ª DP (Todos os Santos).

O policiamento foi reforçado por agentes de outras UPPs e, no momento, o clima é de tranquilidade na comunidade. A comunidade Camarista Méier foi retomada pelas forças de segurança em 6 de outubro e a UPP foi inaugurada no dia 2 de dezembro. No fim de semana, houve confrontos entre bandidos e policiais das UPPs da Rocinha e Cidade de Deus.


07 de dezembro de 2013 | 11h 50

Dois PMs e dois moradores são baleados em tiroteios na Rocinha. Favela do Rio sofre quinto dia consecutivo de confronto entre policiais e criminosos


Marcelo Gomes - O Estado de S. Paulo


RIO - Dois policiais militares e dois moradores foram baleados durante uma série de tiroteios registrados desde a noite dessa sexta-feira, 06, na Favela da Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro. O último caso ocorreu por volta das 8h deste sábado, 07, quando um PM foi ferido no ombro na localidade conhecida como Via Ápia. Moradores da comunidade relatam em redes sociais que há intensa troca de tiros neste sábado. Este é o quinto dia consecutivo de confrontos na favela, ocupada pelas forças de segurança em novembro de 2011. A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi inaugurada em setembro do ano passado.

Segundo a Polícia Militar, policiais da UPP patrulhavam a Via Ápia quando se depararam com um homem em atitude suspeita. O homem efetuou disparos contra os PMs e fugiu. Um dos policiais foi ferido no ombro e encaminhado ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon. Ele não corre risco de morte.

Por volta das 19h30 de sexta-feira, os PMs foram recebidos a tiros por traficantes na localidade conhecida como Rua 2, na parte alta da favela. Os policiais revidaram e houve confronto. Um policial foi ferido por estilhaços de bala na mão e na perna. Dois moradores também foram baleados: um na perna e outro no braço e no abdômen. Todos os feridos também foram levados ao Miguel Couto e passam bem. Os traficantes conseguiram escapar.

A Coordenadoria de Polícia Pacificadora informou que o efetivo foi reforçado na Rocinha com homens de outras UPPs e dos batalhões de Choque e de Ação com Cães. Os PMs fazem uma varredura na favela à procura de criminosos, armas e drogas.

02 de dezembro de 2013 | 13h 49

Ataques a UPPs são tentativa de retomar território, diz Cabral. Unidades de Polícia Pacificadora de São Carlos, de Manguinhos e da Rocinha foram alvos de bandidos nos últimos dias


ADRIANO BARCELOS - Agência Estado


O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou nesta segunda-feira, 2, que os ataques às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) de São Carlos (no domingo, 1º), em Manguinhos (na quarta-feira passada) e na Rocinha, onde tiroteios foram registrados no sábado, são tentativas de retomar territórios.

"É uma tentativa do poder paralelo sempre de enfrentamento e retomar territórios. Cabe a nós respondermos. E temos respondido permanentemente. E são situações distantes. Gente, não vamos nos iludir. A Rocinha tem 100 mil habitantes. Talvez tenha sido o maior entreposto urbano de venda de droga da América Latina, ao lado do maior poder aquisitivo da cidade. Estamos com a presença permanente lá trazendo enormes prejuízos aos negócios dos traficantes e portanto há uma reação deles. Estamos lá para enfrentá-los", afirmou o governador.

Já o coronel Frederico Caldas, coordenador das UPPs, acredita que a presença dos policiais militares é que tem provocado a reação dos criminosos.

"A presença constante da PM nas comunidades faz com que os confrontos aconteçam. Hoje há 250 comunidades ocupadas e não se pode reduzir o processo de pacificação a apenas um confronto. É preciso compreender que esse processo leva tempo. Temos que conviver com algumas realidades. Seria ótimo acabar com o tráfico por decreto, mas não é assim. O consumo da droga só aumenta no Brasil e no mundo. E os confrontos são inevitáveis. Mas as respostas dadas pela polícia são rápidas e imediatas", disse.

Na noite de domingo, 1º, a UPP de São Carlos, na zona norte, foi atacada a tiros. Nenhum policial foi ferido. O incidente ocorreu depois de um intenso tiroteio entre traficantes no local e a intervenção dos policiais militares. 

sábado, 7 de dezembro de 2013

É GRAVE ESTADO DE BALEADA NA LINHA AMARELA EM TENTATIVA DE ASSALTO


Estado de baleada na Linha Amarela é grave; amiga será enterrada nesta tarde. Ações ocorreram durante tentativa de assalto; pelo menos 11 disparos foram feitos em direção ao carro das vítimas

LEONARDO BARROS
ANA CLÁUDIA COSTA 
O GLOBO
Atualizado:7/12/13 - 12h33

Mulher é morta durante tentativa de assalto na Linha Amarela; carro foi atingido por 11 tiros Fernando Quevedo / O Globo / Reprodução internet


RIO - Após ser baleada na barriga durante uma tentativa de assalto na Linha Amarela, na altura de Del Castilho, na Zona Norte, no fim da noite de sexta-feira, Luana Pereira Amaral dos Reis, de 24 anos foi operada no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte, e o estado dela é grave. O corpo da amiga, a química Daniela Alves Coelho, de 38 anos, morta durante o incidente, será enterrado às 16h deste sábado no cemitério São João Batista. As vítimas estavam num Onix preto, placa LQR-6378, atingido por pelo menos 11 disparos. Diretora de produção da fábrica Coca-Cola, em Jacarepaguá, Daniela dirigia em direção a Búzios, para passar o fim de semana com a amiga.

Daniela chegou a ser socorrida, mas morreu ao dar entrada no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Ela foi atingida por um tiro que atravessou o pescoço.

De acordo com os policiais militares do Batalhão de Policiamento de Vias Expressas (BPVE), o veículo foi abordado por um grupo de assaltantes, que estavam em outro carro, um Fox prata. Como não pararam, os bandidos atiraram contra as vítimas. O Onix ainda seguiu por alguns metros, mas Daniela não conseguiu mais dirigir. As marcas dos dos tiros ficaram na lateral do carro.

Apesar de a polícia informar que teria sido uma tentativa de assalto, os pais de Daniela informaram que nada foi levado das duas. A Divisão de Homicídios investiga o caso. Policiais periciaram o local do crime, e não foi informado se os pertences das vítimas foram levados pelos bandidos.

NOVO TIROTEIO NA ROCINHA DEIXA UM PM E UM MORADOR BALEADOS


Na noite de sexta-feira, outro policial e dois moradores foram atingidos

MAÍSA CAPOBIANGO
O GLOBO
Atualizado:7/12/13 - 11h14

Clima tranquilo na comunidade da Rocinha após troca de tiros na noite de sexta e na manhã deste sábado; na foto, policiais da UPP na entrada da comunidade Márcia Foletto / O Globo


RIO — Um novo tiroteio foi registrado na manhã deste sábado, na Rocinha. Por volta das 8h, um policial militar e um morador foram baleados. O PM levou um tiro no ombro. Na noite de sexta-feira, outro policial e dois moradores foram atingidos. Todos os feridos foram socorridos e levados para o Hospital Municipal Miguel Couto.

De acordo com moradores, recentemente um dos traficantes da comunidade teria trocado de facção, e, desde então, os tiroteios têm sido frequentes, apesar da presença da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

A UPP da Rocinha confirmou que uma operação está em curso no local. Agentes do Batalhão de Choque foram enviados à comunidade para reforçar a ação.

No dia 29 de novembro, um policial militar foi ferido em um tiroteio nas proximidades da UPP da Rocinha, também durante operação. Durante essa semana, pelo menos dois enfrentamentos entre PMs e traficantes foram registrados na comunidade. Nas duas ocasiões, ninguém ficou ferido, segundo a polícia.


PMS E MORADORES SÃO BALEADOS DURANTE TIROTEIOS NA ROCINHA

FOLHA.COM 07/12/2013 - 12h29

PMs e moradores da Rocinha são feridos durante confrontos


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO



Dois policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, na zona sul do Rio, e dois moradores foram baleados durante tiroteios ocorridos nas últimas 12 horas.

Todos os feridos foram atendidos no Hospital Miguel Couto e passam bem, segundo o comando das UPPs. Ninguém foi preso. Os nomes dos PMs e moradores baleados não foram divulgados.

Por volta das 20h da sexta-feira (6), policiais foram recebidos a tiros quando patrulhavam uma rua da Rocinha. Durante o confronto, um PM foi atingido por estilhaços na mão e na perna.

De acordo com a assessoria das UPPs, a troca de tiros já havia se encerrado quando foram ouvidos disparos no alto do Beco da Máscara, na mesma comunidade. Dois moradores foram baleados, um na perna e outro no braço e no abdômen.

Na manhã deste sábado (7), um policial foi atingido no ombro por tiro disparado por um homem na localidade da Rocinha conhecida como Via Ápia. O atirador fugiu.

Até as 12h deste sábado, permanecia em andamento na Rocinha a operação de procura de criminosos, armas e drogas iniciada na noite de sexta-feira por policiais da UPP, com reforço de agentes do Batalhão de Choque, do Batalhão de Ações com Cães e de PMs de outras UPPs.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

MILÍCIA DOMINA 45% E TRÁFICO OCUPA 37% DAS FAVELAS CARIOCAS


Milícia domina 45% das favelas cariocas, revela pesquisa.Outros 37% ainda são controladas por traficantes de drogas. UPPs estão em apenas 18% das comunidades

GUSTAVO GOULART
O GLOBO
Atualizado:3/12/13 - 23h29

Segundo pesquisa, milícias dominam as favelas cariocas Agência O Globo


RIO - A milícia já domina 454 favelas, de um universo de 1.001 localizadas no município do Rio, revela pesquisa realizada pela antropóloga Alba Zaluar, em conjunto com uma equipe do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp), da Uerj, e Christovam Barcellos, coordenador do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict), da Fiocruz. Esse número representa 45% do total de favelas do Rio.

O trabalho também mostra que 370 comunidades, ou 37% do total, ainda são controladas por traficantes de drogas. Já as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) aparecem em 174, ou 18%, das favelas. Todo o resultado da pesquisa, intitulada “Saúde urbana – Homicídios no entorno de favelas do Rio”, será apresentado na quarta-feira, das 9h às 17h, no “Seminário sobre o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora, ou como transformá-la em Polícia de Proximidade”. O evento será realizado na sede do Iesp, na Rua da Matriz 82, em Botafogo.

Segundo Alba Zaluar, o número de favelas foi tirado do Censo 2010, feito pelo IBGE.

— As milícias dominam o cenário. Mas é preciso ressaltar que as favelas têm dimensões diferentes, para mais ou para menos. E populações diferentes. Esse dado, no entanto, é importante para dimensionar o que ainda há por fazer na cidade — frisou Alba Zaluar, que coordena o seminário.

A pesquisa também mostra que apenas seis favelas que passaram por processo de pacificação não têm tráfico de drogas: Chapéu Mangueira e Babilônia, no Leme; Batan e Avenida Brasil (bairro Batan), em Realengo; Camarista Méier, no Engenho de Dentro; e Morro Azul, no Flamengo, segundo a pesquisadora. Esta última tem uma companhia da PM. Além disso, segundo o estudo, apenas 23 das 174 favelas com UPPs têm traficantes de drogas desarmados. O levantamento do Icict ainda busca apurar dados sobre homicídios nas favelas.

— É um projeto interdisciplinar, com o qual estamos procurando reconhecer pelo mapeamento os lugares onde há mais riscos de haver homicídios ou mortes violentas. E, com o estudo etnográfico, procurar entender o que leva as pessoas a se combaterem. Há também a reação dos moradores das favelas com a implantação das UPPs. Isso tudo para que se possa fazer uma política de estado que seja benéfica para a população — afirmou Alba Zaluar. — Pode desagradar aos chefões do tráfico, os milicianos, mas vai ser bom para proporcionar uma vida melhor para a população.

O seminário de apresentação da pesquisa terá quatro mesas-redondas: “O passado nos condena”, “O que é Polícia de Proximidade”, “Funções do comandante da UPP na favela” e “Outras instituições”. Participarão Alba Zaluar; Christovam Barcellos; Frederico Caldas, comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora; Jacqueline Muniz, do Iuperj; e Flávio Mazzaro, presidente da Associação de Moradores do Fallet, entre outros.


Milícias avançam na Zona Oeste da cidade, revela pesquisa. Estudo mostra ainda que o maior número de homicídios não está nas favelas e sim no entorno delas

GUSTAVO GOULART 
O GLOBO
Atualizado:4/12/13 - 14h34

RIO - O coordenador de laboratório de informação em saúde (LIS/ICICT), Christovam Barcellos, revelou que está havendo um avanço das milícias na Zona Oeste da cidade, com forte domínio em Santa Cruz, Campo Grande e grande parte de Jacarepaguá, chegando próximo a Acari e Fazenda Botafogo. A informação foi passada, no início da tarde desta quarta-feira, no “Seminário sobre o projeto das Unidade de Polícia Pacificadora ou como transformá-la em polícia de proximidade”, que está acontecendo ao longo do dia no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da Uerj.

O estudo também revela que o maior número de homicídios não está nas favelas e sim no entorno delas. Segundo Barcellos, uma ampla área ao longo da Avenida Brasil tem se tornado local de confrontos entre grupos de traficantes já instalados na região e outras duas forças: milícia e Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs).

— As UPPs têm se expandido da Zona Sul em direção à Zona Norte e subúrbios da Leopoldina. O grande embate que se espera agora é entre UPPs e milícia — disse Barcellos.

O encontro mostra os resultados da pesquisa “Saúde urbana - homicídio no entrono de favelas do Rio”, feita em conjunto pela antropóloga Alba Zaluar, uma equipe do IESP e Barcellos.

Milícia domina 45% das favelas cariocas

A milícia já domina 454 favelas, de um universo de 1.001 localizadas no município do Rio, revela pesquisa realizada pela antropóloga Alba Zaluar, em conjunto com uma equipe do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp), da Uerj, e Christovam Barcellos, coordenador do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict), da Fiocruz. Esse número representa 45% do total de favelas do Rio.

O trabalho também mostra que 370 comunidades, ou 37% do total, ainda são controladas por traficantes de drogas. Já as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) aparecem em 174, ou 18%, das favelas. Todo o resultado da pesquisa, intitulada “Saúde urbana – Homicídios no entorno de favelas do Rio”, será apresentado na quarta-feira, das 9h às 17h, no “Seminário sobre o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora, ou como transformá-la em Polícia de Proximidade”. O evento será realizado na sede do Iesp, na Rua da Matriz 82, em Botafogo.

Segundo Alba Zaluar, o número de favelas foi tirado do Censo 2010, feito pelo IBGE.

A pesquisa também mostra que apenas seis favelas que passaram por processo de pacificação não têm tráfico de drogas: Chapéu Mangueira e Babilônia, no Leme; Batan e Avenida Brasil (bairro Batan), em Realengo; Camarista Méier, no Engenho de Dentro; e Morro Azul, no Flamengo, segundo a pesquisadora. Esta última tem uma companhia da PM. Além disso, segundo o estudo, apenas 23 das 174 favelas com UPPs têm traficantes de drogas desarmados. O levantamento do Icict ainda busca apurar dados sobre homicídios nas favelas.

sábado, 30 de novembro de 2013

IMAGENS ESTARRECEDORAS, DIZ JUIZ

EXTRA 30/11/13 07:00

Após ver imagens de mortes na Favela do Rola, juiz não vai arquivar caso

Operação da Core deixou 5 mortos na favela do Rola Foto: Reprodução


Rafael Soares


O juiz Fabio Uchôa, da 1ª Vara Criminal da Capital, se negou a arquivar o inquérito que investiga a conduta de agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) durante a operação que deixou cinco mortos na Favela do Rola, em Santa Cruz, em agosto do ano passado. O inquérito será encaminhado ao Procurador Geral de Justiça, Marfan Vieira Martins, que vai dar a decisão final sobre o arquivamento.

Para o magistrado, as imagens reveladas pelo EXTRA em maio — que motivaram a investigação da Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) — são “estarrecedoras” e mostram “policiais fuzilando pessoas ”.

— Recebi o processo no dia 1º de novembro, mas não tinha conseguido abrir o vídeo que mostra policiais atirando nas pessoas. Pedi uma cópia para a autoridade policial e consegui assistir somente hoje. O que vi foi ali foi um filme da Guerra do Golfo. Não é possível que os promotores tenham assistido essas imagens. Fica claro que os policiais não respondem a tiros vindos dos traficantes. Eles dão os primeiros disparos — afirmou o magistrado.

A Coinpol concluiu o inquérito sobre o caso há três meses. As investigações resultaram no indiciamento de seis homens da Core por fraude processual. Homicídios foram descartados pela Corregedoria. Para o MP, porém, “não há nenhuma prova nos autos que indique que a pessoa ferida já estivesse morta quando promovido seu translado”. Ainda de acordo com o relatório, a remoção do baleado foi feita para “aguardar a oportunidade adequada para que fosse socorrido (...), ante a impossibilidade de solicitar socorro médico imediato”. O arquivamento foi assinada pelos promotores Luiz Antonio Ayres e Sergio Pinto.
Punições

Embora peça o arquivamento do caso, o MP não descarta uma punição aos agentes feita pela Polícia Civil. “O fato de não haver justa causa para deflagrar ação penal no caso não interfere na eventual imposição de sanções administrativas”.

Por conta das investigações sobre as mortes, a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, afastou, o delegado Anderson Pinto, titular da 36ª DP (Santa Cruz). Na decisão, ela alegou que o delegado descumpriu a portaria 553, que determina a presença da autoridade policial em locais de homicídio decorrente de intervenção policial. O delegado que assumiu a 36ª DP é o ex-titular da 134ª DP (Campos dos Goytacazes), Geraldo Assed.

TRAFICANTA AMEAÇOU MATAR HOMEM QUE FICOU COM UMA DE SUAS MULHERES

EXTRA 30/11/13 06:00

Traficante da Rocinha ameaçou matar homem que ficou com uma de suas mulheres

Djalma mandou matar homem que ficou com sua namorada Foto: / Divulgação / Polícia Civil


Rafael Soares


Um homem foi obrigado a fugir da Rocinha na noite da última quarta-feira por uma ordem do gerente do tráfico na parte alta da favela, Luiz Carlos Jesus da Silva, o Djalma. Na 15ª DP (Gávea), ele revelou que foi ameaçado por homens liderados por Djalma porque “teve um relacionamento com uma menor, que seria uma das mulheres de Djalma”.

Na distrital, ele registrou que teve que fugir correndo a pé da parte alta da Rocinha até a passarela, na Autoestrada Lagoa-Barra, onde foi resgatado por PMs da UPP. Ele afirmou que “caiu numa ribanceira, andou em mata fechada, pulou muros e rolou escadas e ladeiras”. Por conta das escoriações, foi encaminhado ao Hospital Miguel Couto, de onde foi liberado. Agentes da 15ª vão identificar a namorada e convocá-la para depor.

Já na madrugada de ontem, segunda com relatos de tiroteios na favela, um PM da UPP foi baleado no rosto e na mão por bandidos. O Grupo Tático de Polícia de Proximidade (GTPP) do qual fazia parte o soldado Jaderson dos Anjos foi surpreendido por traficantes armados de fuzis por volta da meia-noite quando fazia patrulhamento no Beco do Máscara, na Rua 3, parte alta da favela. O PM foi atingido por estilhaços no rosto e nas mãos, mas passa bem.

Um PM que ajudou no resgate fez contato com o EXTRA via WhatsApp (21 99644-1263) e afirmou que mais de 80 tiros foram disparados contra os PMs. Segundo ele, o reforço do Batalhão de Choque não intimida os bandidos, porque os policiais ficariam somente no entorno da comunidade.

RAPAZ MORTO TERIA SIDO AGREDIDO POR 15 PMS

EXTRA - 30/11/13 08:50

Testemunhas dizem que rapaz morto em Manguinhos foi agredido por 15 PMs

Paolla Serra


Paulo: morte após agressões Foto: Bruno Gonzalez /

No Inquérito Policial Militar (IPM) que corre em paralelo com a investigação da 21ª DP (Bonsucesso) sobre a morte de Paulo Roberto Pinho de Menezes, duas testemunhas que estavam com o jovem no momento em que ele foi abordado por policiais militares da UPP de Manguinhos narram que ele foi agredido e logo depois caiu no chão desmaiado. Nesta sexta-feira, o delegado José Pedro Costa pediu a prisão dos cinco PMs que estavam no beco, baseado em laudo da Polícia Civil que constatou que o rapaz pode ter morrido em decorrência de asfixia mecânica.

De acordo com os depoimentos, aos quais o EXTRA teve acesso, Paulo Roberto estava com três amigos indo a casa da namorada de um dos jovens. Quando entraram em um beco, encontraram policiais abordando um homem. Neste momento, a vítima “esboçou reclamação” e um dos PMs foi direto para cima de Paulo Roberto.

O homem conta ainda que Paulo Roberto segurou um dos PMs pelo colete, deixando o soldado “com mais raiva”. A partir de então, cerca de 15 PMs agrediram o jovem por dez minutos. Quando Paulo Roberto caiu, um dos militares disse: “Deu merda.” Ele teria tremido e revirado o olho e depois levado um soco na boca, que o fez sangrar.

A família de Roberto na casa onde o jovem morava com os pais e os oito irmãos mais novos Foto: Bruno Gonzalez



No outro depoimento, um menor de idade conta que Paulo foi perguntado se não era ele que “estava mexendo” com os PMs no campo. O jovem negou e foi “espancado”. Nenhum dos dois depoimentos fala sobre asfixia. As testemunhas serão ouvidas pela 21ª DP na quarta-feira.

O delegado explicou que o pedido de prisão foi para “garantir as investigações”:

— Me baseei em laudo técnico. O fato é que houve a morte, mas só depois da reconstituição poderemos esclarecer a dinâmica.

Fátima, mãe de Paulo: "Parecia que meu filho estava errado". Foto: Bruno Gonzalez / Extra/Agência O Globo



Ontem, a mãe de Paulo, Fátima dos Santos, afirmou que deve entrar na justiça contra o estado:

— Meu filho foi vítima, saiu como errado na história e os PMs que o mataram saíram como certos.

MADRUGADA DE TIROTEIO APÓS PM SER FERIDO POR TRAFICANTES


Rocinha: madrugada de tiroteio após policial ser ferido por traficantes. Confronto entre PMs e bandidos ocorreu até as 3h. Militar atingido por estilhaços no rosto e na mão estava em patrulhamento. Na quarta-feira também houve troca de tiros na comunidade pacificada

O GLOBO, COM EXTRA 

Atualizado:30/11/13 - 11h14


RIO - A madrugada de sábado foi de tensão na favela da Rocinha, devido a confronto entre traficantes e agentes do Batalhão de Policiamento de Choque (BPChq) que realizavam operação na comunidade. Os policiais foram surpreendidos por bandidos armados. Segundo a coordenadoria da Polícia Pacificadora, apesar da troca de tiros, não houve regisro de feridos. O confronto durou até as 3h.

No fim da noite de sexta-feira, um policial militar da UPP da Rocinha foi ferido por estilhaços no rosto e na mão, por bandidos da favela. O soldado Jaderson dos Anjos, do Grupo Tático de Polícia de Proximidade (GTPP), foi surpreendido por traficantes armados de fuzis por volta da meia-noite, durante patrulhamento no Beco do Máscara, na Rua 3, parte alta da favela. O PM, levado ao Hospital Miguel Couto, já foi liberado e passa bem. Ninguém foi preso, e o policiamento foi intensificado na comunidade. O caso foi registrado na 15ª DP.

Um PM que ajudou no resgate do soldado, segundo o jornal Extra, afirmou que mais de 80 tiros foram disparados contra os policiais. Segundo ele, o reforço no policiamento feito pelo Batalhão de Choque na favela não intimida os bandidos, pois esses policiais ficariam no entorno da comunidade. Na manhã desta sexta-feira, agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais estiveram na comunidade, mas não trocaram tiros com bandidos.

Na noite anterior, dia da final da Copa do Brasil, vencida pelo Flamengo, moradores relataram que várias pessoas estavam na rua assistindo à final entre Flamengo e Atlético-PR quando tiros começaram a ser disparados na localidade conhecida como Roupa Suja. De acordo com informações de moradores, o confronto foi entre bandidos, que circulam armados de pistolas, fuzis, metralhadoras e granadas na parte alta da Rocinha, sem que haja intervenção de policiais da UPP. A assessoria de imprensa das unidades pacificadoras informou que a comandante da UPP da Rocinha, major Pricilla Azevedo, negou ter havido confronto no local envolvendo policiais na madrugada de quinta-feira.

Homem é obrigado a fugir da favela

Um homem foi obrigado a fugir da Rocinha na noite da última quarta-feira, por uma ordem do gerente do tráfico na parte alta da favela, Luiz Carlos Jesus da Silva, o Djalma. Na 15ª DP (Gávea), ele revelou que foi ameaçado porque “teve um relacionamento com uma menor, que seria uma das mulheres de Djalma”.

Ele registrou que fugiu a pé da parte alta da Rocinha até a passarela, na Autoestrada Lagoa-Barra, onde foi resgatado por PMs da UPP. Ele afirmou que “caiu numa ribanceira, andou em mata fechada, pulou muros e rolou escadas e ladeiras”. Por conta das escoriações, foi encaminhado ao Hospital Miguel Couto, de onde foi liberado. Agentes da 15ª vão identificar a namorada e convocá-la para depor.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

PM DA UPP É BALEADO POR BANDIDOS

O GLOBO 29/11/2013 - 13:20

Na segunda noite de tiroteio na Rocinha, PM da UPP é baleado por bandidos

Extra



Na segunda noite de tiroteios na Rocinha, Zona Sul do Rio, um PM da UPP foi baleado no rosto e na mão por bandidos. O Grupo Tático de Polícia de Proximidade (GTPP) do qual fazia parte so soldado Jaderson dos Anjos foi surpreendido por traficantes armados de fuzis por volta da meia-noite quando fazia patrulhamento no Beco do Máscara, na Rua 3, parte alta da favela. O PM foi atingido por estilhaços no rosto e nas mãos, mas passa bem.

Um PM que ajudou no resgate ao soldado fez contato com o EXTRA via WhatsApp (996441263) e afirmou que mais de 80 tiros foram disparados contra os policiais. Segundo ele, o reforço no policiamento do Batalhão de Choque na favela, não intimida os bandidos, porque os policiais ficariam no entorno da comunidade. Ontem de manhã, agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais estiveram na comunidade, mas não trocaram tiros com bandidos.

Na noite anterior, dia da final da Copa do Brasil, vencida pelo Flamengo, moradores relataram que várias pessoas estavam na rua assistindo à final entre Flamengo e Atlético-PR quando tiros começaram a ser disparados na localidade conhecida como Roupa Suja. De acordo com as informações de moradores, o confronto foi entre bandidos.

— Havia muita gente na rua. Todo mundo se deitou no chão com medo. Os becos ficaram vazios. Depois de cerca de meia hora, parou. Mas o medo continuou — contou um deles.

Segundo o morador — que teme se identificar por medo de represálias, os bandidos circulam armados de pistolas, fuzis, metralhadoras e granadas na parte alta da Rocinha, sem que haja intervenção de policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP):

— A polícia mal sobe (o morro). Já faz tempo que isso acontece e ninguém faz nada. A Rocinha está uma terra sem lei, um terror.

A assessoria de imprensa das UPPs informou que a comandante da unidade da Rocinha, major Pricilla Azevedo, nega ter havido confronto no local envolvendo policiais na madrugada de quinta-feira.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

ARRASTÕES NAS PRAIAS DO RIO ASSUSTAM BANHISTAS


Batalhão de Choque e policiais da Core atuarão na segurança da orla. Medida foi tomada após arrastões que assustaram banhistas. Agentes atuarão em Copacabana, Ipanema, Leblon e Arpoador

CÉLIA COSTA
FÁBIO TEIXEIRA 
O GLOBO
Atualizado:21/11/13 - 20h40

Confusão e correria voltaram a assustar banhistas na Zona Sul nesta quarta-feiraMarcelo Carnaval / Agência O Globo


RIO - Policiais do Batalhão de Choque (BPChq) vão reforçar o patrulhamento na orla da Zona Sul nos fins de semana. Os agentes atuarão nas praias de Copacabana, Ipanema, Leblon e Arpoador. A medida, que já vale a partir de sábado, foi tomada depois de uma onda de arrastões assustar banhistas nos feriados da Consciência Negra e da Proclamação da República. Já a Polícia Civil anunciou que, além de atuar com uma delegacia móvel no Arpoador, homens da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) serão deslocados para Copacabana. Eles circularão em carros, reprimindo ações criminosas nos locais de maior incidência.

Outra medida anunciada pela Polícia Civil é a solicitação ao Conselho Tutelar da identidade dos responsáveis pelos menores apreendidos. Segundo a polícia, eles poderão responder criminalmente por abandono material. A Polícia Militar também vai solicitar a participação dos conselhos tutelares nas operações de revistas dos ônibus que têm como destino as praias do Rio.

Em nota, a Secretaria de Segurança informou que as decisões foram tomadas após um acordo entre o governador Sérgio Cabral, o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o comandante da Polícia Militar, Luís Castro, a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, o comandante da Guarda Municipal, Leandro Matielli, o secretário municipal de Ordem Pública, Alex Costa, e o subsecretário de Assistência Social, Rodrigo Abel.

Nesta quinta-feira, uma reunião no 23º BPM (Leblon) avaliou a operação realizada nesta quarta-feira nas praias de Ipanema e do Leblon, na Zona Sul do Rio. Para o tenente-coronel Luiz Octávio Lopes, comandante do batalhão, o efetivo deslocado para a orla no feriado da Consciência Negra foi ideal:

— Foram 150 policiais distribuídos na orla, sendo que alguns à paisana na areia. Na primeira avaliação, vi que a atuação dos policiais foi de pronto atendimento nas ocorrências. Na hora da saída da praia, ainda tivemos o reforço de mais 30 agentes.

Segundo o tenente-coronel, o trabalho preventivo é um dos pontos da atuação da PM. No Arpoador, por exemplo, onde ocorreram vários saltos, os policiais distribuídos na areia tinham a função de identificar e perceber o comportamento dos grupos e antecipar a abordagem. O patrulhamento na orla da Zona Sul neste feriado do Dia da Consciência Negra foi reforçado por conta da onda de assaltos registrada no Dia da Proclamação da República, na sexta-feira.

Nesta quarta-feira, a Polícia Civil explicou que o objetivo da delegacia móvel, que funcionará em um ônibus, é facilitar o registro de ocorrências, já que muitas vítimas acabam deixando de fazer a queixa. Será montado também um trailer do Instituto Félix Pacheco (IFP) para identificação dos suspeitos. A medida já havia sido antecipada na coluna de Ancelmo Gois desta quarta-feira.

Nesta quarta-feira, uma série de roubos deixou cariocas e banhistas assustados e gerou corre-corre. Grupos agiam com violência para roubar cordões, bolsas e celulares de quem estava na areia. As ações ocorreram principalmente no Arpoador e no Leblon, na altura do Posto 11. Durante a tarde, duas turistas da Argentina foram atacadas por criminosos. Pela manhã, a vítima foi uma colombiana. Segundo o comandante do 23º BPM (Leblon), tenente-coronel Luiz Octávio, 15 pessoas foram detidas, a maioria por assalto na orla. Entre elas estão dois homens que haviam roubado o celular da turista da Colômbia. A PM, no entanto, nega arrastão.

Até as 20h desta quarta-feira, dois homens foram autuados por furto qualificado na 14ª DP (Leblon). Além disso, três menores foram apreendidos por furto e um por roubo. Duas crianças de 10 anos foram entregues ao Conselho Tutelar, após furtarem duas pessoas. Todas as ocorrências registradas estão sendo investigadas para identificação dos responsáveis pelos delitos.

FERIADO DE SOL, PRAIAS LOTADAS E ARRASTÕES

JORNAL DO BRASIL 20/11 às 19h24



Os cariocas tiverem neste feriado um cenário ideal para o lazer: muito sol e calor. As praias ficaram lotadas, mas vários 'arrastões' atrapalharam a tranquilidade dos banhistas.

Pelo menos três momentos de tensão, com muito corre-corre nas areias, foram, registrados nesta quarta-feira na praia do Leblon. Cerca de 12 pessoas foram presas, incluindo alguns menores.

Apesar das imagens gravadas por uma equipe de televisão, registrando o corre-corre, policiais do 23º Batalhão e a Polícia Civil negam que tenha havido arrastão e informam que 12 pessoas foram detidas até as 17h, a maioria delas por furto na orla.


JORNAL DO BRASIL 21/11/2013

Após série de 'arrastões', orla do Rio terá delegacia móvel


O governo do Rio de Janeiro promete instalar uma delegacia móvel na orla da Zona Sul, após os 'arrastões' ocorridos nos últimos feriados. Segundo o Bom Dia Rio, uma reunião no Comando da Polícia Militar ainda vai reavaliar a quantidade de policiais envolvidos na patrulha da região que envolve as praias do Leblon, Ipanema e Copacabana.

Segundo o Bom Dia Rio, a Guarda Municipal confirmou um aumento no número de agentes na orla carioca. O número vai subir para 400 agentes em toda a cidade, sendo 140 nas três praias da Zona Sul que registraram o maior número de ataques.

Uma reunião com os policiais que patrulhavam a praia nesta quarta-feira terá como objetivo identificar os pontos mais críticos da região. Pelo menos 15 pessoas foram detidas e levadas para a delegacia no feriado desta quarta, sendo que oito foram autuados por roubo, tentativa por roubo e desacato à autoridade.

O local da nova delegacia móvel ainda não foi definido pela Polícia Civil.

ARRASTÃO NAS PRAIAS DO RIO APESAR DO POLICIAMENTO


JORNAL DO BRASIL, 21/11/2013

Rio assiste perplexo e assustado ao retorno da violência. Cabral e Paes jogam a cidade de volta à década de 90


As cenas de violência que todos os cariocas achavam que tinham ficado no passado, voltaram com força total durante o feriado de quarta-feira (20/11). Retrato do desgoverno, da falta de ação de Cabral e Paes que jogaram a cidade num túnel do tempo e conseguiram resgatar os arrastões da década de 90, quando o Rio estava entregue ao crime. Os arrastões nas praias, dessa vez, não respeitaram nem a presença de policiais que tentavam inutilmente conter a onde de assaltos cometidos por vários grupos de deliquentes,muitos deles menores de idade. Polícia prende assaltantes na praia de Ipanema


Em resposta, as autoridades insinuaram a possibilidade dessas ações serem orquestradas por grupos de oposição ao governo. Se for, cabe a pergunta: onde estava a segurança da população? Onde estava o policiamento? Se realmente foi orquestrado, serviu de teste e o estado e a prefeitura foram reprovados. O que se viu nesta quarta foi também a continuidade de uma política de segurança que vem demonstrando seu esgotamento, que recentemente matou o pedreiro Amarildo, que vem sendo responsável pelo aumento da criminalidade em todos os bairros da cidade.

ARRASTÕES EM 1992 LEVAVAM PÂNICO ÀS PRAIAS DO RIOReprodução de matéria do Jornal do Brasil publicada em 19/10/1992

A política de segurança pública implantada por Cabral, com a criação das UPPs, seguiu no rumo fácil, correu para a mídia e o que se viu foram apenas belas imagens de hasteamento de bandeiras nos morros e favelas ocupados. Essas ações, mais pirotécnicas do que efetivamente de conquistas das áreas que antes estavam sob domínio do tráfico, trouxeram prestígio ao governador,mas não se sustentavam. Não houve um trabalho de desenvolvimento social, capacitação dos moradores, estímulo ao empreendedorismo, entre tantas outras ações.

A política de segurança falhou também por não capacitar os novos policiais militares que foram lotados nas UPPs e nem investir nas atividades de inteligência da PM, fundamental para combater o crime organizado. Como resultado, moradores das favelas insatisfeitos com a intervenção da polícia em suas rotinas e total incapacidade desses policiais para lidar com o crime, que não foi eliminado definitivamente nessas áreas. Da política de segurança restou apenas a esperança de se ter um Rio melhor, sonho que a cada dia que passa vai se esvaindo.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

PM DE FOLGA REAGE ASSALTO E MATA IDOSA


PM reage a assalto e mata idosa que estava dentro de igreja no Rio. Bandidos tentaram roubar carro do policial, que estava de folga, e houve tiroteio em Bonsucesso, zona norte

11 de novembro de 2013 | 10h 06

Adriano Barcelos - O Estado de S. Paulo



RIO - Um policial militar reagiu a um assalto na noite de domingo, 10, e acabou matando uma idosa que estava em uma igreja em Bonsucesso, zona norte do Rio.

Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Militar, o soldado Jorge André Felix de Santos, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Turano, na zona norte, estava de folga na noite de domingo quando foi abordado por homens armados que anunciaram o roubou do automóvel.

O policial reagiu e houve tiroteio, ferindo a idosa que estava na igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso. Maria Aldemir das Chagas Silva, de 77 anos, ainda foi socorrida e encaminhada ao Hospital Federal de Bonsucesso, mas não resistiu. A ocorrência foi encaminhada para a 21ª Delegacia de Polícia, mas a investigação deve ficar a cargo da Delegacia de Homicídios.

O TRÁFICO SENTIU O GOLPE E BUSCA ALTERNATIVAS


Secretário admite 'alguma migração' de criminosos por causa das 34 UPPs no Rio
17 de novembro de 2013 | 2h 03

MARCELO BERABA, WILSON TOSTA, RIO - O Estado de S.Paulo



Os últimos seis meses foram difíceis para o gaúcho José Mariano Benincá Beltrame, de 56 anos, secretário de Segurança do Rio desde 1.º de janeiro de 2007 e chefe de um dos projetos-chave do governo Sérgio Cabral Filho (PMDB), o das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP).




Wiltonm Junior/Estadão
Beltrame diz que pode ficar no governo caso Pezão vença as eleições em 2014



Desde junho, o setor que o delegado da Polícia Federal comanda foi duramente submetido à prova por uma sucessão de problemas, crises e pressões. As manifestações de rua, marcadas pela violência, se estenderam até outubro, com acusações à Polícia Militar que variaram da omissão ao abuso. Na Rocinha, o desaparecimento do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza após ser preso virou um sombrio caso de sequestro e morte sob tortura perpetrado por PMs.

Recentemente, os índices de criminalidade voltaram a crescer depois de longo período de declínio: em agosto de 2013, os homicídios subiram 38% sobre o mesmo mês do ano passado. Apesar das dificuldades e de se dizer cansado, Beltrame, pela primeira vez, admite que, se for convidado, pode permanecer no cargo.

Nos últimos meses, Beltrame também precisou resistir a pressões para transferir o título eleitoral de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para o Rio, para tentar um cargo eletivo pelo PMDB no Estado.

Outra modificação importante foi a admissão pelo secretário de que "alguma migração" de criminosos da capital, por causa das 34 UPPs em comunidades pobres, pode ter causado aumento da criminalidade em cidades vizinhas. Beltrame afirma ainda que as passeatas representaram um fato totalmente novo para as polícias, até mesmo pelo uso, por manifestantes, de coquetéis molotov e outras armas, e questiona a ideia de que possam ser enfrentadas por meio de procedimentos "manualizados". "Eu já disse, até mesmo eu gostaria de estar na manifestação, com umas plaquinhas", brinca, sem revelar o que escreveria.

Depois de meses de queda, a criminalidade voltou a subir com força no Rio. O que está havendo? Tivemos, sem dúvida nenhuma, uma ação forte (da polícia) na capital. Tivemos uma opção pela UPP e também pelo controle de metas. Tínhamos de atacar essas duas frentes. Agora, o crime também, em uma cidade grande, pode buscar novas formas, outras alternativas. (Houve) Um pouco de migração (da criminalidade), pode ter também aí falha policial, falha na investigação, pode ter falha na supervisão, pode ter uma série de outros problemas. Mas o tráfico sentiu o golpe e pode estar procurando alguma outra maneira de suprir isso.

De que maneira essa reação do crime está impactando o programa de UPPs? Provoca algum tipo de mudança na estratégia? Não necessariamente. Em primeiro lugar, é dizer que o Estado entrou, não vai sair. Eu digo, isso que está acontecendo nas UPPs é a tirania procurando alguma coisa. Não viram uma entrevista em que o cara disse que o tráfico está perdendo dinheiro, que o tráfico está acuado, que isso é um desaforo? E isso não vai parar. Esses caras não vão entregar isso para nós de mão beijada. O que tem de fazer nesses casos é identificar as pessoas, ir lá e tirar. Mas nunca iludi ninguém de que isso seria uma solução. Acho que as pessoas precisam entender que temos hoje 9 mil policiais nesse programa, em torno de 230 comunidades ocupadas, que perfazem 34 UPPs. Isso em cinco anos. E esses 9 mil policiais não estão patrulhando a Nossa Senhora de Copacabana.

Procede a avaliação de que com as UPPs na capital houve uma grande migração de criminosos para municípios próximos, ao mesmo tempo em que tirou policiais dessas regiões? O quadro não é bem assim. Houve migração? Houve. Qual é o nosso calcanhar de Aquiles? É medir o tamanho dessa migração. As pessoas falam em migração e parece que chegaram cinco ônibus de bandidos em um lugar e tomaram conta. Só para ter uma ideia: em Niterói, tivemos, de janeiro a julho, em torno de trezentos e poucos presos... Trinta e poucos eram do Rio.

Em função dessa reação do crime nos últimos meses, pode acontecer alguma modificação no programa das UPPs? Todo planejamento é dinâmico. A gente, em 31 de dezembro, promete um monte de coisa: parar de fumar, parar de beber, emagrecer, e não consegue. Então, o planejamento tem uma margem que muda, mas não temos a intenção de mudar, vamos, até o fim do ano que vem, entregar as 40 UPPs e tem mais um número de UPPs planejadas. Agora, se tiver de fazer ajuste, a gente faz.

Houve um momento em que se juntaram números de aumento de criminalidade, problemas nas UPPs e manifestações de rua, que geraram muitas críticas à PM. Como o senhor avalia isso? A polícia tem de procurar o meio-termo. Se ela não faz, prevarica; e, às vezes, se faz, está sujeita a abuso de poder. Então, o meio disso aí é a solução. E como você chega ao meio, em um movimento totalmente caótico, em um movimento que não tem pessoas para você fazer interlocução e em um movimento totalmente novo? Nunca tivemos aqui pessoas mascaradas, coquetel molotov, estilingue incendiário, muito menos pessoas com rosto coberto. Então, teve aquele primeiro dia, em que 102 cidades do Brasil amanheceram quebradas. E acho que ali a polícia poderia ter agido melhor. Em contrapartida, tenho certeza que ela também evitou muita coisa. A polícia do Rio, de Choque, é uma das mais treinadas do País. O problema é que é uma situação totalmente diferente. Eu já disse, até mesmo eu gostaria de estar na manifestação, com umas plaquinhas, lá...

Com que placa? Não posso dizer agora, né?

Como o senhor analisa as acusações de que a Polícia Militar tem feito, nas manifestações, prisões sem prova, que levam à liberação dos acusados? Por que isso? Porque a legislação quer que tenha autoria e materialidade. Em uma situação caótica, você pode ver, em São Paulo, em outros Estados, é muito difícil. Teve um delegado que enquadrou com Lei de Segurança Nacional. Quando conseguimos pegar as pessoas com porrete com prego na ponta, com bombas, essas pessoas foram presas.

Quando manifestantes presos no Rio foram enquadrados na Lei de Organizações Criminosas, houve muitas críticas, dizendo que essa lei seria adequada para tratar de quadrilhas internacionais, envolvidas em tráfico transnacional de drogas, armas, pessoas. Houve exagero? O que vejo é (a necessidade de) uma adequação. O que estamos vendo são ações muito maiores do que o simples dano, e essas pessoas hoje estão sendo enquadradas no dano. É muito mais do que dano e menos do que organização criminosa, talvez. Mas, uma vez enquadrada, e a polícia trabalhando, nada impede que no transcorrer de uma investigação cheguemos a uma organização criminosa, ou a uma infiltração, ou à participação de outros atores.

Procedem as informações sobre a ação de ativistas ligados a partidos nas manifestações? Aí vai te falar um cara que tem 30 anos de inteligência: eu, sobre inteligência, não falo. Uma coisa é você ter a informação, outra coisa é você divulgar essa informação. Quem tem a informação é responsável pela salvaguarda dela.

Essa divulgação foi precipitada? Claro que foi.

E está prejudicando a investigação? Sem dúvida. Não é nada contra a imprensa, acho que a imprensa está no papel dela.

Um dos fatos que ajudaram a incendiar as manifestações foi o caso do Amarildo de Souza, ajudante de pedreiro desaparecido depois de preso pela PM na Rocinha. Como o senhor viu esse episódio? Muito ruim, muito triste, em especial para a família. Sem dúvida nenhuma chocou a todos nós.

Atingiu a imagem da UPP e da política de segurança? Na minha percepção, não. Porque teve ali um episódio isolado, teve uma ação da polícia representando o Estado, que apresentou os autores à sociedade, estão entregues à sociedade para responder por isso. E a gente mostrou que não tem corporativismo, tem oficiais presos, tem uma turma grande que foi apresentada à Justiça. E hoje (a Rocinha) é um lugar onde se investiga como em qualquer lugar.

Tudo indica que a morte de Amarildo foi resultado de uma sessão em que foi torturado. Por que a polícia do Rio não consegue se livrar do estigma da tortura? Acho que, em primeiro lugar, não dá para generalizar. Temos aí muitas prisões muito bem feitas. Acho que temos diariamente vidas que são salvas (pela polícia), anonimamente, ou pelo menos vocês não estão sabendo. Mas temos, sem dúvida nenhuma, uma história um pouco negativa nesse aspecto, que alguns policiais insistem, por vezes, nessa questão de abuso.

Vão achar o corpo de Amarildo? Como vou te responder isso? Tenho esperança que na Justiça, onde vamos ter o enquadramento da participação de cada um (dos PMs), tenhamos algum tipo de resultado.

O senhor até há pouco tempo dizia que seu sonho era, encerrado o atual governo, ir para a iniciativa privada. O senhor mantém essa disposição ou poderia aceitar continuar, se o vice-governador Luiz Fernando Pezão ganhar a eleição para governador no ano que vem? Se o Pezão ganhar, a gente pode continuar.

Esse 'pode continuar' é eleitoral ou é vontade? Não, não é nada eleitoral. Você tem horizontes aqui para a segurança pública que não terminam mais. Tem toda uma questão de educação, qualificação, preparo nas academias, tecnologia. A gente vê uma série de outras coisas que ainda faltam. O Rio tem uma história de violência. E talvez a gente perca uma geração para mudar esse patamar.

Passados sete anos, o senhor não está cansado? Cansado eu estou. Não tenha dúvidas de que cansado eu estou. Mas quem sabe, se eu ficar, o Pezão não vai me dar férias?

Foi difícil esse período que juntou Amarildo, manifestações, aumento da criminalidade e pressão grande sobre o senhor se candidatar? Difícil, não tenha dúvida. Muito difícil.

Na sua gestão, o senhor acha que o mais importante foi a UPP? O mais importante para mim, de tudo, foi a despolitização da secretaria.

Essa despolitização significa que o senhor não vai para a televisão pedir votos para o Pezão? Não estou pensando nisso, não estou pensando absolutamente em fazer campanha, não é comigo.

ADVOGADA E SEUS PAIS SÃO ASSASSINADOS NO RIO


Advogada e seus pais são assassinados no Rio

Bandidos foram à casa da família à procura da filha e mataram parentes a facadas, em Magé; depois a assassinaram a tiros quando ela se dirigia para o local

Adriano Barcelos - Agência Estado, 19/11/2013



Três pessoas de uma mesma família foram assassinadas na noite de segunda-feira, 18, em Magé, na Baixada Fluminense. De acordo com as investigações, até o momento a motivação mais provável para o triplo homicídio é vingança.

Os bandidos teriam ido até a casa da família no bairro Lagoa com a intenção de encontrar a advogada Lilian de Souza Serri Correia, de 35 anos. Em casa, estavam apenas os pais dela, Dornelles Serri e Cleid Alves de Souza Serri, ambos de 61 anos. Dornelles e Cleid foram mortos a facadas. Em seguida, os assassinos colocaram os corpos dos dois dentro do porta-malas do veículo da família. A 65ª Delegacia de Polícia, responsável pela investigação, ainda apura se o casal foi torturado antes de morrer - possivelmente para fornecer informações sobre o paradeiro de Lilian. Os agentes acreditam que a intenção inicial do grupo era levar os corpos dos pais da advogada para algum lugar afastado, já que os depositaram dentro do carro. Mas, por alguma razão, desistiram de transportá-los.


Já Lilian foi assassinada com vários tiros na rua Doutor Siqueira, também no bairro da Lagoa. Ela se dirigia para casa dos pais quando foi atingida. A advogada foi socorrida e levada ao Hospital Municipal de Magé, mas morreu no caminho.


Embora não descarte, a polícia não trata o caso como latrocínio, uma vez que nenhum pertence da casa da família foi levado durante o ataque.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

TRÁFICO FATURA R$ 10 MILHÕES POR MÊS NA FAVELA

EXTRA/GLOBO 10/11/13 07:00 A

Comandante da UPP da Rocinha diz que tráfico fatura R$ 10 milhões por mês na favela


Em abril de 2011, antes da ocupação da favela pela polícia, um levantamento da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) apontou que a quadrilha movimentava R$ 8 milhões Foto: Bruno Gonzalez / EXTRA


Rafael Soares


A presença de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) não foi capaz de diminuir os lucros do tráfico de drogas da Rocinha. Um ano e dois meses depois da implantação da UPP, traficantes movimentam R$ 10 milhões por mês na favela. A informação, levantada pelo setor de inteligência da unidade, foi revelada neste sábado pela comandante da UPP, major Pricilla Azevedo, em entrevista ao EXTRA. Em abril de 2011, antes da ocupação da favela pela polícia, um levantamento da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) apontou que a quadrilha movimentava R$ 8 milhões.

Segundo a major, uma ofensiva da polícia contra as bocas de fumo foi responsável pelos últimos tiroteios.

— A quadrilha fatura muito aqui e não quer perder esse montante. Informações do nosso setor de inteligência apontam para um faturamento de mais de R$ 10 milhões por mês, interno e externo — disse a oficial, que confirmou que bandidos armados de fuzis ainda circulam pela comunidade.

Pricilla também afirmou que a repercussão do caso Amarildo em meio aos moradores foi usada pelo tráfico para pôr em xeque a legitimidade da polícia. Segundo o Ministério Público, 25 PMs da UPP participaram da sessão de tortura seguida de morte de Amarildo.

— O marginal se aproveita de qualquer oportunidade para impor regras e mostrar para o morador que ainda tem poder. O que ampara as ações do tráfico é o medo que ele impõe e a consequência disso é o silêncio da comunidade. Isso pode ter diminuído o número de ações de repressão: a comunidade denunciou menos — afirmou.

Segundo o setor de inteligência da UPP, há bocas de fumo em todas as regiões da favela, inclusive no asfalto. A Via Ápia, rua mais movimentada da Rocinha, tem dois pontos de venda de droga em sua extensão.

TRÁFICO RETOMA ÁREA EM FAVELA COM UPP

EXTRA/GLOBO 10/11/13 11:07

Tráfico retoma pela primeira vez área em favela com UPP em comunidade de Copacabana


A comunidade do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana Foto: Custódio Coimbra


Carolina Heringer, Herculano Barreto Filho, Paolla Serra e Rafael Soares


Traficantes retomaram, pela primeira vez, uma área dentro de uma favela pacificada desde 2009. Há duas semanas, policiais da UPP do Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul, tentaram entrar na quinta e última estação do plano inclinado. Não conseguiram. Foram surpreendidos por oito homens com fuzis. Após 40 minutos de tiroteio, Thomas Rodrigues Martins, de 32 anos, apontado como traficante pela polícia, acabou morto. Ali é a fronteira entre o território dominado pelo Estado e a localidade conhecida como Vietnã. Segundo seis policiais ouvidos pelo EXTRA, com média de cinco anos na corporação e passagens por outras favelas pacificadas, a área — que equivale a 6% do terreno — voltou às mãos do tráfico. “O morro é deles”, reconheceu um policial, exagerando o poderio dos bandidos.

Por outro lado, o EXTRA constatou que 94% da favela contam com patrulhamento da PM. A Ladeira Saint Roman, que já foi conhecida como uma das maiores bocas de fumo da favela, tem viaturas em todos os seus acessos. Se há policiamento na parte baixa da comunidade, a equipe de reportagem foi orientada a retornar por um adolescente quando chegou à terceira estação do plano inclinado, por volta das 15h da última quarta-feira. O coronel Frederico Caldas, comandante das UPPs, diz desconhecer que haja um território dominado por criminosos na área.

Em seis dias, o EXTRA percorreu 14 comunidades pacificadas em todas as regiões da cidade, ouvindo 85 histórias contadas por policiais militares e 50 moradores. Nessas favelas, há outras 37 áreas mapeadas com histórico de confrontos com moradores ou policiais feridos e mortos neste ano. Se no Vietnã não há tiroteios entre policiais e bandidos porque os PMs nem chegam lá, nas demais áreas conflagradas a polícia ainda tenta evitar que criminosos delimitem seu território.

No Parque Proletário e Vila Cruzeiro, na Penha, há pelo menos três semanas bandidos estão, segundo PMs e moradores, tentando tomar de volta parte do território perdido com a pacificação. Há dez dias, houve dois confrontos num intervalo de 48 horas. No primeiro tiroteio, no dia 31 de outubro, policiais disseram ter sido surpreendidos por mais de 15 homens armados com fuzis na localidade da Vacaria, no Parque Proletário. Dois PMs ficaram feridos e um traficante morreu. Com ele, os policiais apreenderam um fuzil AK-47.

Dois dias depois, um policial morreu ao ser baleado num ataque organizado pelo tráfico na mesma área. De acordo com o relato dado por 20 PMs que atuam na região, não foi um caso isolado.

— Eles dão tiro de fuzil direto. A última coisa que isso aqui está é pacificado — disse um policial.

Na Macega, na Rocinha, a situação é semelhante. Segundo policiais, dia e noite, pelo menos dois traficantes com fuzis fazem a segurança da localidade, uma das maiores bocas de fumo da favela.

No Morro do São Carlos, os policiais dizem se sentir vigiados. Próximo a um contêiner da UPP, três jovens observavam os PMs.

— Meu irmão ganha R$ 150 para avisar quando os policiais estão por perto — admitiu uma moradora.

Localidade da Vacaria, onde policiais trocaram tiros com traficantes no Parque Proletário Foto: Herculano Barreto Filho



‘Vai embora, volta direto, não para’

Tarde da última quinta-feira. Encostados num barraco na região do Caratê, na Cidade de Deus, 15 homens conversam tranquilamente. Basta uma viatura da UPP chegar ao beco para o grupo sair correndo. A região mais humilde da favela é também a mais problemática: o tráfico se concentra ali, segundo os relatos de policiais e moradores.

Do outro da favela, nos Apartamentos, porém, há apenas pontos isolados de venda de drogas. Na Rua 1, quatro homens portavam radiotransmissor. Lá, frases de ódio aos militares estão pichadas num muro. Uma motorista de van orienta a equipe do EXTRA: “Vai embora, volta direto, não para para ninguém.”

Nas favelas de Manguinhos e Jacarezinho, os PMs dizem evitar pelo menos duas áreas: Coreia e Vasco Talibã. Nesses locais, contam, os criminosos circulam livremente e, a qualquer abordagem, moradores revidam, chegando a jogar garrafas nos policiais e viaturas.

No Morro dos Macacos, os policiais garantem que circulam por toda a favela. O risco maior é o ataque de traficantes na localidade da Rachadura.

— Não trocamos tiros. Recebemos — lamenta um soldado da UPP.

No vizinho São João, o Sampaio é apontado pela tropa como a pior área.

— Não é que a gente não possa entrar, mas não somos bem-vindos — ironiza o PM.

coronel Frederico Caldas, coordenador-geral das UPPs Foto: Bruno Gonzalez



‘Esses problemas são pontuais’

Entrevista com o coronel Frederico Caldas, coordenador-geral das UPPs

A política de proximidade fica comprometida com os últimos confrontos?

Isso é uma exceção. Não dá para generalizar e dizer que o processo de pacificação está sendo colocado à prova porque a gente está tendo problema no Alemão, Penha e Rocinha. Esses problemas são pontuais. Na maioria das UPPs, não temos um histórico de enfrentamento.

Os moradores do Parque Proletário contam que a UPP não foi mais à localidade da Vacaria após a morte de um policial. A pacificação está perdendo território lá?

A área passou a ser patrulhada pelo Bope. O policial foi morto porque ali havia policiais da UPP. Quanto maior a resistência (dos traficantes), maior a força (da ação policial). É o que está acontecendo na Vacaria, com a presença do Bope.

Há relatos de policiais dizendo que o fuzil engasgou nos confrontos no Parque Proletário.

Perguntei isso numa reunião com os comandantes das UPPs, na segunda-feira. Não temos qualquer relato assim. Mesmo assim, determinei que fosse feita vistoria nos fuzis.

QUADRILHA ARMADA DE FUZIL NÃO DEIXA A PM OCUPAR A PARTE ALTA DA FAVELA

EXTRA/GLOBO 12/11/13 10:34


Quadrilha com dez fuzis não deixa a PM entrar no Vietnã, parte alta do Pavão-Pavãozinho, pacificado há quatro anos


PMs do Choque na Av. Nossa Senhora de Copacabana, após o último confrointo entre bandidos e PMs no Pavão-Pavãozinho Foto: Fernando Quevedo / O Globo


Rafael Soares


No último dia 6 de julho, Adauto do Nascimento Gonçalves, de 33 anos, o Pitbull, deixou o Instituto Penal Edgard Costa após receber o benefício de Visita Periódica ao Lar. Não voltou mais para a cadeia. Depois, foi visto na Favela do Dique, em São João de Meriti, onde se juntou a um grupo de dez bandidos armados de fuzis. Há cerca de um mês, a quadrilha chegou na Zona Sul e fez de seu quartel general o Vietnã, parte mais alta da favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, onde, há quatro anos, uma UPP foi instalada. PMs da unidade e moradores contaram ao EXTRA que não conseguem mais circular pelo local.

Pitbull nasceu no Pavão-Pavãozinho e chefiava o tráfico no morro até 2008, quando foi preso. Ele chegou à favela para reassumir o cargo após a prisão de Anderson Camilo Fortunato, de 29 anos, o Batoré, que ocupava o posto mais alto na hierarquia da quadrilha, no último dia 10 de outubro, numa casa de shows na Barra da Tijuca. O bandido é o principal alvo do inquérito da 13ª DP (Ipanema) que, há cinco meses, investiga o tráfico na favela e, agora busca identificar os outros integrantes do grupo.

Desde a chegada da quadrilha, dois tiroteios entre bandidos e PMs aconteceram na quinta e última estação do plano inclinado — local determinado pelos traficantes como fronteira do território do tráfico. No último confronto, dia 24, um morador identificado como Thomas Rodrigues Martins, de 32 anos, apontado como traficante por PMs, morreu. Oito bandidos com fuzis atiraram contra a polícia na ocasião.

Uma semana antes, quando quatro policiais chegavam à quinta estação para checar uma denúncia anônima de som alto dentro de um barraco, um grupo de seis bandidos abriu fogo. Os PMs fugiram e não houve feridos. Segundo informações da 13ª DP, Pitbull porta um fuzil, participou de ambos os tiroteios e saiu ferido do segundo confronto.

Por esse motivo, desde então, ele e seu bando não saíram mais do Vietnã, onde o bandido se recupera. Até o dia 24, entretanto, ele saía regularmente do Pavão para ir até a Baixada.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

TURISTA ALEMÃO BALEADO NA ROCINHA AO SER CONFUNDIDO COM PM INFILTRADO

EXTRA 04/11/13 07:00

Escutas telefônicas revelam que turista alemão baleado na Rocinha foi confundido com PM infiltrado


O turista alemão Daniel Benjamin Frank, alemão baleado na Rocinha, na época em que estava internado no Miguel Couto Foto: Marcelo Carnaval / O Globo

Carolina Heringer e Rafael Soares


O turista alemão Daniel Benjamin Frank, de 25 anos, não era o alvo do tiro disparado no dia 31 de maio, durante uma visita à Rocinha, na Zona Sul do Rio. Segundo escutas telefônicas que fazem parte do relatório da operação Paz Armada, obtidas pelo EXTRA, o objetivo dos traficantes era atingir um PM do serviço reservado (P2) da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) que, na ocasião, estava infiltrado no grupo de turistas. A prática da PM de colocar agentes para acompanhar os visitantes na comunidade foi instituída pelo ex-comandante da unidade, major Edson Santos, um dos 13 policiais presos sob a acusação de torturar e matar o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, em julho.

Num diálogo gravado no dia do disparo contra o turista, Luiz Carlos Jesus da Silva, o Djalma, gerente do tráfico na parte alta da Rocinha, diz a Rodrigo de Macedo Avelar da Silva - PM que atuou infiltrado na quadrilha durante a operação Paz Armada - que policiais à paisana estavam em meio ao grupo de turistas: “Os moleques atiraram no P2 (serviço reservado), mas ‘acabou’ acertando o gringo”.

Em seguida, Djalma afirma que o disparo foi uma demonstração de força dos traficantes, que consideraram uma “afronta” a presença de policiais na região. “Se quisessem ter tirado a vida deles, poderiam ter feito ali mesmo. Eles (os traficantes) queriam mostrar que o local não está abandonado, que, se vier, vai ficar”, continuou o bandido.

As escutas revelam ainda que os dois PMs do serviço reservado que acompanhavam os turistas - “um fortinho e outro que usa aparelho”, conforme descrição do traficante - foram identificados e ficaram em poder dos bandidos por algumas horas.

O turista alemão foi baleado na barriga por volta das 13h. Pouco mais de uma hora depois, Avelar faz algumas ligações para Djalma, perguntando se o traficante sabia que os PMs haviam sido pegos e pedindo que fossem libertados. O policial, inclusive, tentou negociar com o bandido a entrega do autor do disparo. Em troca, a polícia não divulgaria fotos do traficante. O pedido do PM foi atendido. Numa ligação, Djalma diz a Avelar que os policiais sequestrados já haviam sido liberados.

Major Edson Santos: preso acusado da morte de morador da Rocinha Foto: Nina Lima / Extra


Socorrido pelos bandidos

A Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat), que investiga o episódio no qual o turista foi baleado na Rocinha, vai pedir acesso às provas que surgiram durante a operação Paz Armada.

Ainda nas escutas telefônicas obtidas durante a investigação do caso, Djalma relata que os próprios bandidos socorreram o turista, ao perceberem que ele tinha sido baleado por engano. O traficante afirma, ainda, que o fato aconteceu quando o alemão estava passando, com um grupo, por um local da favela conhecido como Visual — região que abriga uma das bocas de fumo da comunidade. Os criminosos o teriam levado à Estrada da Gávea, segundo Djalma. Na época, a polícia divulgou que um morador teria socorrido o alemão, levando-o à UPP da Rocinha, na Rua 2. De lá, ele teria sido encaminhado para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea.

Um mês depois, um menor se entregou à Deat, dizendo ser o autor do disparo. Num dos relatórios da Paz Armada, o delegado Ruchester Marreiros afirma que o garoto foi obrigado por Djalma a se entregar, para que a polícia deixasse de fazer operações.

Em depoimento à polícia, o turista alemão contou que viu bandidos armados num beco da favela. Por isso, teria se assustado e corrido. Acompanhado de um amigo, ele havia visitado o Cristo Redentor naquele dia e resolveu conhecer a favela de São Conrado.

Operação

A Paz Armada investigou o tráfico na comunidade. No dia 13 de julho, a Polícia Civil deflagrou a operação, em conjunto com a UPP da Rocinha, na qual 29 pessoas foram presas. No dia seguinte à ação, o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza teria sido torturado e morto. De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), os policiais da UPP da Rocinha foram responsáveis pelo crime. Eles queriam, de acordo com o MP, que a vítima entregasse um paiol de armas. Durante a operação, nenhum armamento foi apreendido. Vinte e cinco policiais militares da UPP da Rocinha foram denunciados pelo MP, acusados de participação na morte de Amarildo. Treze deles, entre eles o major Edson Santos, tiveram as prisões decretadas e estão atrás das grades.



Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/escutas-telefonicas-revelam-que-turista-alemao-baleado-na-rocinha-foi-confundido-com-pm-infiltrado-10674749.html#ixzz2jgvzpnZU

TRAFICANTE ALVO DE RESGATE CHORA EM DEPOIMENTO

EXTRA 04/11/13 06:00

Traficante Piolho, principal alvo de resgate no Fórum de Bangu, chora ao prestar depoimento à polícia


O traficante Piolho: choro durante depoimento à polícia Foto: Reprodução

Carolina Heringer


O traficante Alexandre Bandeira de Melo, o Piolho, principal alvo da tentativa frustrada de resgate no Fórum de Bangu, foi às lágrimas, no último sábado, em depoimento a policiais da Divisão de Homicídios (DH) no Complexo de Gericinó. O bandido chorou ao ver imagens da ação dos criminosos, na última quinta-feira, que terminou com a morte de um policial militar e uma criança de oito anos.

Piolho confessou que planejou o seu resgate do fórum, mas alegou que a ação não foi executada pelo seu bando, pois o combinado com os comparsas era entrar no prédio mais tarde do que ocorreu e pela garagem, e não pela porta principal, como aconteceu. Para o traficante, os criminosos que foram até o Fórum na quinta-feira queriam que ele, além de outros dois importantes integrantes da facção - Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, e Vanderlan Ramos da Silva, o Chocolate - fossem responsabilizados pelo episódio, como está acontecendo. De acordo com Piolho, a intenção dos criminosos, que pertencem à mesma facção, era dar um golpe de estado, já que os três serão levados para presídios federais fora do estado do Rio. O traficante diz ainda acreditar que os criminosos pretendiam matar o juiz Alexandre Abrahão, da 1ª Vara Criminal de Bangu, ou um dos seguranças do magistrado.

Celsinho, ao ser preso, em 2002 Foto: Domingos Peixoto / O Globo


De acordo com a Divisão de Homicídios, na tentativa de resgate de quinta-feira, Piolho era o principal alvo. Chocolate, que também estava no Fórum, e Celsinho são investigados para saber se participaram do plano. Os três foram levados para o presídio de segurança máxima Bangu1, em Gericinó, até que sejam levados para unidades federais. Celsinho e Chocolate, também ouvidos pela Divisão de Homicídios, negaram envolvimento com a fuga.

Segurança fraca

Em depoimento na última sexta-feira, dentro da sindicância interna que foi aberta pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Piolho contou que teve a ideia do plano de fuga após ir três vezes ao Fórum de Bangu e constatar que a segurança do prédio, no final do dia, era fraca. Ele contou que o combinado com os comparsas era retirá-lo da carceragem pela garagem do Fórum entre as 19h e 19h30m, momento em que, de acordo com o bandido, há menos policiais no prédio. Ele relatou que pretendia libertar todos os presos que estavam no local para que não ficasse caracterizado que era o alvo do resgate. Piolho não soube explicar porque os três bandidos entraram pela porta principal do fórum e antes do horário previsto.

Marcas de sangue no chão do fórum 
Foto: / Reprodução


Piolho e Chocolate foram até o fórum após serem chamados pela advogada Adriana Godoy dos Santos Prado para serem testemunhas num processo de tráfico de drogas na Vila Vintém, no qual o juiz Alexandre Abrahão atua. Na hora em que eles seriam ouvidos, no entanto, Adriana desistiu de seus depoimentos. A advogada será chamada pela DH para prestar depoimento.



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