O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

sábado, 31 de março de 2012

ARQUITETA MORRE ATINGIDA POR TIROS


Mulher é baleada, bate com o carro e morre no Alto da Boavista. Polícia acredita que ela pode ter sofrido uma tentativa de assalto. O Globo. 31/03/12 - 11h05

RIO - A arquiteta Renata da Trindade Mendonça, de 29 anos, morreu na madrugada deste sábado, por volta das 3h, ao ser atingida por tiros no Alto da Boavista. Depois de ser baleada, ela ainda conseguiu dirigir alguns metros, mas bateu com o veículo na altura da curva do S. Renata ainda foi levada por bombeiros do Batalhão Florestal para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra, mas não resistiu aos ferimentos.

Policiais do 6º BPM (Tijuca) contaram que foram informados sobre uma colisão no local e, ao chegarem, perceberam que Renata, que dirigia um Fox preto, tinha sido baleada. A polícia acredita que ela pode ter sido vítima de uma tentativa de assalto. A Divisão de Homicídios (DH) vai investigar o caso. Na manhã de sábado, ao chegar à delegacia, o tio de Renata, Walter Trindade, disse que ela foi surpreendida por um tiroteio. Ele afirmou que Renata voltava da Barra da Tijuca para a casa, no Grajaú.

RECRUTAS DA PM FARÃO ESTÁGIO NA ROCINHA


Recrutas da PM farão estágio na Rocinha até chegada de UPP. A medida vai possibilitar reforço no policiamento comunitário, agilidade no combate ao crime e uma maior sensação de segurança para os moradores. Antônio Werneck e Duilo Victor. 30/03/12 - 23h32


RIO - Até a chegada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), ainda sem data marcada, a Rocinha será o primeiro campo de instrução por onde todos os recrutas da Polícia Militar passarão, numa espécie de estágio obrigatório, revelou na sexta-feira ao GLOBO o comando da corporação. A medida vai possibilitar reforço no policiamento comunitário, agilidade no combate ao crime e uma maior sensação de segurança para os moradores. Pelo planejamento, a Rocinha ganhará o status de Área de Estágio Prático-Operacional para todos os PMs formados pelo Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap). Na prática, isso significa que a favela terá seu efetivo dobrado até sexta-feira, de 350 para 700 PMs.

A Rocinha é uma das maiores favelas do Rio, com 70 mil habitantes e uma população flutuante que aumenta nos feriados. A comunidade se estende pelos bairros da Gávea e de São Conrado, dois dos mais altos IPTUs da cidade. Nos complexos da Penha e do Alemão, também com cerca de 70 mil habitantes, hoje atuam 750 PMs e 1.800 militares do Exército.

Na Rocinha, os recrutas serão comandados pelo major Edson Santos, oriundo do Bope e escolhido esta semana para ser o coordenador-geral da ocupação. Terão apoio do Bope e do Batalhão de Choque.

— O policiamento está sendo reforçado na Rocinha, além de implantarmos uma dinâmica diferenciada, com superposição de patrulhas, principalmente no alto da favela, na localidade da Cachopa. Não vamos perder essa guerra. Se for necessário, aumentaremos o policiamento — garantiu o coronel Frederico Caldas, coordenador-geral de Comunicação da PM.

A PM informou que o "grande desafio é dar visibilidade ao policiamento, proporcionando sensação de segurança e aumentando a capacidade de prevenção de crimes, inclusive na região em torno das comunidades". No dia 23 passado, a favela já havia recebido o reforço de 130 PMs recém-formados, atualmente lotados na Coordenadoria de Polícia Pacificadora. Na quinta-feira, outros 40 PMs se juntaram à tropa. Para a Polícia Militar, "a missão de acabar com o domínio territorial do fuzil foi cumprida". A corporação diz ainda que "a venda de drogas é uma triste realidade que se repete nas maiores cidades do mundo, causando um grande problema de saúde pública".

Lucros explicariam disputas do tráfico

Desde o início do ano, a Rocinha é palco de uma disputa travada por dois grupos de traficantes. A luta, que já deixou sete mortos, é pelos mais lucrativos pontos de venda de drogas do estado. Os negócios rendem aos bandidos cerca de R$ 1 milhão por mês, segundo revelou o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ao ser preso em novembro, às vésperas da ocupação. Fontes da PF e da Polícia Civil revelaram que os bandidos estariam armados até com fuzis, mas a PM nega categoricamente que tenha essa informação. Último dos grandes redutos do tráfico no Rio recuperado pelo Estado para receber uma UPP, a Rocinha é a primeira a ter resistência violenta do tráfico.

Para especialistas, o processo de pacificação na favela esbarra em dois obstáculos que a tornam diferente das outras comunidades. Ex-secretário nacional de Segurança Pública, o coronel José Vicente da Silva Filho lembra que a Rocinha sempre foi a mais lucrativa favela para a venda de drogas. A coordenadora do Núcleo de Pesquisas das Violências, da Uerj, a antropóloga Alba Zaluar, ressalta que, diferentemente das outras comunidades ocupadas, o principal chefe do tráfico — Nem — foi preso nos primeiros dias de operação. A chance de ainda obter lucros com o tráfico, mesmo com a pacificação, e os acertos de contas que se seguiram à ausência de Nem ajudam a explicar os assassinatos ocorridos nas últimas semanas, segundo especialistas.

José Vicente disse que esperava, com as ocupações do Alemão e da Rocinha, que os traficantes fizessem uma espécie de acordo tácito para não chamar a atenção da polícia com ações armadas. Mas não foi isso o que ocorreu:

— A Rocinha é o filé mignon da droga no Rio, fica no coração da Zona Sul, é de mais fácil acesso que o Complexo do Alemão. As disputas que ocorrem na Rocinha são fruto do vácuo de poder deixado pelo antigo chefe.

Alba destacou que, mesmo com essa aparente resistência do tráfico, os bandidos terão que modificar seus métodos:

— Na Rocinha, o Nem foi preso. Abriu chance para que outras pessoas se interessassem (pelo tráfico na favela). A localização da Rocinha a faz um lugar lucrativo para o tráfico. Isso (o processo de pacificação) vai levar tempo. A organização do tráfico vai ter que se adaptar. Parece que querem o mesmo tipo de controle armado de território que havia antes, mas isso vai ter que acabar.

— Há um ajuste de contas pela herança deixada pelo Nem. O que se pode assegurar é que o tráfico não será nos moldes de antes, com bocas de fumo, como se via. Não vai haver mais poder com fuzil — disse o sociólogo Ignácio Cano, professor da Uerj .

Além da PM, a Polícia Civil também trabalha para acabar com a resistência do tráfico na Rocinha. A Divisão de Homicídios identificou dois homens suspeitos de envolvimento no assassinato do líder comunitário Vanderlan Oliveira, o Feijão, ocorrido segunda-feira: Thiago Martins Cafieiro, o FM, e Wellington Cipriano, o Vasquinho. A DH também conseguiu mandados de prisão contra cinco homens acusados de um quádruplo homicídio na favela, no início do ano: Zeus Pereira Vasconcelos, o Peteleco, de 30 anos; Alberto Luiz Justiniano Deodato, o Zork, de 30; Inácio Castro Silva, o Canelão, de 32; Leandro Soares dos Santos, o Carequinha, de 31; e André Fernandes de Paulo, o Cupim, de 21.

As disputas na Rocinha começaram este ano, depois que traficantes da mesma facção criminosa expulsa dos complexos do Alemão e da Penha pelas forças de segurança tomaram a parte alta da favela de São Conrado. O grupo, segundo policiais federais, seria formado por 50 homens, chefiados por Canelão, expulso da favela em 2008 por Nem. Com a prisão do traficante, que controlou a favela por seis anos, a venda de drogas passou a ser gerida por seu "gerente", Amaro Pereira da Silva, o Neto.

A disputa teve reflexos também numa importante base do tráfico da Rocinha no asfalto: a Cruzada São Sebastião, conjunto habitacional no Leblon. Três pessoas foram baleadas ali nos últimos 34 dias. No dia 26 de fevereiro, um homem levou dois tiros após ser perseguido. No dia 20 passado, o bandido voltou e baleou outro homem, que havia ajudado a socorrer a primeira vítima. Além disso, uma bala perdida atingiu o pé de um funcionário de uma companhia telefônica. O delegado Gilberto Ribeiro, titular da 14 DP (Leblon), diz que o autor das tentativas de homicídios é traficante da Rocinha. O motivo dos crimes ainda é desconhecido:

— Os crimes já foram esclarecidos e o autor, identificado. Sabemos que o atirador é da Rocinha e, pelas minhas informações, a primeira vítima já teve ligação com o tráfico.

MÉDICO É MORTO A TIROS EM TENTATIVA DE ASSALTO

Médico é morto a tiros em tentativa de assalto em Icaraí. De acordo com testemunhas, ele saía de carro quando foi abordado por dois homens em uma moto. O Globo. 31/03/12 - 11h20


RIO - O médico Carlos Vieira de Carvalho Sobrinho, de 65 anos, foi morto a tiros na manhã deste sábado durante uma tentativa de assalto, quando entrava de carro na garagem de sua casa, na Rua Comandante Miguelote Viana, em Icaraí, Niterói, próximo ao Morro do Cavalão. De acordo com testemunhas, ele foi abordado por dois homens numa motocicleta. Os policiais disseram que o médico foi baleado ao tentar reagir. Os bandidos fugiram com o carro da vítima, um Cerato.

Nos últimos meses, Niterói tem experimentado uma onda de violência. A Polícia Militar investiga o deslocamento de traficantes do Morro da Mangueira, no Rio, que foi ocupada por uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), para comunidades do município, como Morro do Preventório, em Charitas, e do Complexo da Maré e de Senador Camará para o Morro do Cavalão, no Centro de Niterói. Pelo menos 30 bandidos já estariam agindo na cidade, praticando assaltos com reféns, arrastões e roubos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

TRANSIÇÃO MILITAR NO COMPLEXO DO ALEMÃO


Começa no Rio nova etapa de pacificação de favelas. Bope ocupou áreas do Complexo do Alemão, numa ação que prepara a saída do Exército do local - ZERO HORA 28/03/2012

A Polícia Militar do Rio de Janeiro iniciou ontem uma varredura em duas comunidades do Complexo do Alemão, na Zona Norte, para a instalação das primeiras Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no local. A operação representa a preparação para a retirada do Exército da comunidade. Os militares estão na região desde novembro de 2010, mas até junho os cerca de 2 mil homens serão substituídos por PMs, numa transição gradual.

Os 750 homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque vão permanecer nas favelas Nova Brasília e Fazendinha por 10 dias. Nesse intervalo serão instaladas as duas primeiras UPPs no complexo, que compreende 13 favelas. Os PMs não encontraram resistências ao entrar na área. Três homens foram presos, um deles suspeito de ser o atual líder do tráfico na região. Foram apreendidas armas e drogas, além de produtos falsificados.

A transição no Alemão ocorre no momento em que se tenta administrar uma crise na Rocinha, com a volta da disputa pelo tráfico. Ontem, a PM anunciou novo aumento do efetivo responsável pelo policiamento na comunidade, na zona sul da cidade, ocupada desde novembro passado. Mais 40 policiais foram enviados para a favela, que já havia recebido 130 na última sexta-feira. Agora já são 350 os PMs em ação na Rocinha, que ainda não tem data para receber UPP.

A comunidade foi palco de crimes e confrontos nos últimos dias, quando nove pessoas foram assassinadas, entre elas um líder comunitário suspeito de envolvimento com o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem.

O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, defendeu a ocupação:

– Não podemos dizer que em quatro meses vamos trazer a paz total para essa comunidade nem para o Rio de Janeiro. Se tiver que colocar mais policiais, nós vamos colocar. A população pode acreditar que nessas comunidades onde já estamos não vai haver nenhum tipo de recuo, porque a ocupação é absolutamente necessária.

Segundo Beltrame, os crimes na Rocinha foram praticados por criminosos prejudicados pela ocupação policial.

O governador Sérgio Cabral (PMDB) emitiu nota. Segundo ele, a polícia está enfrentando um “tumor que estava matando o Rio de Janeiro”.

SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi. Mais do que na hora

A PM do Rio começou ontem a fazer a varredura final nas favelas Nova Brasília e Fazendinha para implantar as primeiras Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no chamado Complexo do Alemão, composto de 13 comunidades. Já era mais do que hora disso acontecer.

O Alemão, como é chamado pelos moradores, era o maior QG do crime organizado no Rio. As comunidades do complexo eram as que reuniam mais bandidos armados. E isso ficou escancarado após a fuga de centenas de criminosos com fuzis nas mãos, mostrada ao vivo pelas TVs, em novembro de 2010. Tomados aqueles morros, o Exército permaneceu lá, inclusive com tropas gaúchas. Até certa forma, uma decisão controversa, porque as Forças Armadas não conhecem bem os criminosos. É até possível que tenham conseguido se reorganizar, como está acontecendo na Rocinha, que já tem uma UPP e, apesar disso, enfrenta uma guerra de quadrilhas pelo controle do tráfico.

terça-feira, 27 de março de 2012

UPP SE INSTALA NO COMPLEXO DO ALEMÃO

Bope apreende grande quantidade de drogas no Complexo do Alemão. Cerca de 750 PMs participam da implantação de UPPs em Nova Brasília e Fazendinha. Ana Claudia Costa E Athos Moura - O GLOBO, 27/03/12 - 12h11

RIO - Policiais do Bope que participam da operação de implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Complexo do Alemão, apreenderam, na manhã desta terça-feira, grande quantidade de cocaína, maconha e crack, na localidade conhecida como Aurora, na Favela Nova Brasília. O volume ainda não foi divulgado pela polícia. Cerca de 750 agentes participam da operação, que ocorre também na comunidade Fazendinha. Além do Bope, estão presentes o Batalhão de Choque, a Companhia de Cães e o Grupamento Aéreo Marítmo (GAM), além de 300 policiais recém-formados que já vão compor as novas UPPS. Os policiais substituem os militares do Exército nessas localidades.

Mais cedo, durante a ação de varredura em Nova Brasília e Fazendinha, equipes do Bope prenderam um homem foragido da Justiça. Simultaneamente, policiais do 12º BPM prenderam em Niterói um homem com uma metralhadora, uma pistola e quantidade de maconha. Segundo informações da PM, ele atuava no Alemão e fugiu para o Morro do Palácio, no Centro de Niterói. O comandante geral da PM, o coronel Erir Costa Filho, disse que as equipes dos outros batalhões da PM estão de prontidão para atuar em favelas cujos bandidos são da mesma facção dos traficantes do Alemão.

Segundo Costa Filho, assim que houver informação de movimentação de bandidos, esses batalhões atuarão em suas áreas. As bases das UPPs já estão sendo construídas ao lado das estações Fazendinha e Itararé, em Nova Brasília. Enquanto não ficam prontas, elas vão funcionar temporariamente em contêineres nesses locais.

Dois centros de controle instalados

A PM já instalou dois centros de controle nas duas comunidades. As novas unidades vão funcionar provisoriamente dentro de contêineres posicionados ao lado das estações dos teleférico e já foram vistoriadas pelo comandante da PM. As unidades fazem parte do processo de instalação da UPP. As sedes permanentes ainda estão em obra. O coronel apresentou também o comandante da UPP da Nova Brasília, o major Edson Raimundo dos Santos. Falta ainda nomear o capitão da UPP da Fazendinha.

Desde as 4h, o Bope está na favela Nova Brasília, enquanto o Choque ocupa o Morro da Fazendinha. A ação policial, segundo a PM, é o protocolo a ser cumprido conforme o decreto para implantação da UPP. Simultaneamente, os policiais que farão parte destas UPPs participam também desde as 4h do patrulhamento no entorno dessas comunidades. A ação do Bope na região deve durar uma semana. Em seguida, os policiais vão ocupar aos poucos as outras favelas do Complexo do Alemão para implantação de novas UPPs.

Rumores nas comunidades dão conta que as escolas estão fechadas, mas os professores estão nas salas de aulas aguardando os alunos. O comércio funciona normalmente, e os moradores saem para trabalhar com tranquilidade. Os moradores são revistados, e a documentação de motoqueiros é cobrada. Três helicópteros da Polícia Militar fazem uma ronda. A PM divulgou uma nota informando que a ouvidoria das polícias e a corregedoria da corporação acompanham a operação. A Defensoria Pública também está na comunidade.

A Polícia Militar pede que moradores façam denúncias através do Disque Denúncia para que traficantes e armas sejam localizados. A intenção é encontrar os que que ainda estejam atuando na área. Segundo o serviço de inteligência da PM, traficantes do segundo e terceiro escalões que ficaram nas duas comunidades são hoje os responsáveis pela venda de drogas na região.

Clima de expectativa ontem

Na segunda-feira já era possível notar a retirada gradativa dos militares da Força de Pacificação do Alemão. No interior das favelas, só eram vistos homens do Exército perto das estações do teleférico. Nas ruas, o clima era de expectativa entre moradores. Muitos temem a saída do Exército.

— Tenho medo de que isso aqui fique como era antes. Hoje existe tráfico, sim, mas de forma mais velada, sem armas nas ruas — disse uma comerciante.

Segundo dados levantados pelo serviço de inteligência da PM, até armas grandes já entraram na região, principalmente no Complexo da Penha. No Alemão, há pistolas, e o tráfico atende basicamente ao consumo interno.

Segundo o relações-públicas da Força de Pacificação, tenente-coronel Fernando Fantazzini, toda a tropa que está ocupando o Complexo do Alemão sairá para dar lugar aos homens do Bope. Ele informou que os 900 militares do Exército, que ocupam a região em sistema de escala, serão distribuídos entre a Serra da Misericórdia e favelas do Complexo da Penha, principalmente a Vila Cruzeiro.

quinta-feira, 22 de março de 2012

TRÁFICO USA MENORES PARA SE ARMAR


Policiais apreendem adolescentes tentando entrar na Fazendinha com pistola. ATHOS MOURA. O GLOBO, 22/03/12 - 7h37

RIO - A Força de Pacificação que atua nos complexos do Alemão e da Penha apreendeu, na noite desta quarta-feira, duas crianças, uma delas deficiente mental, tentando entrar na localidade da Fazendinha com uma pistola americana 9mm. Segundo o Exército, essa foi a sétima arma apreendida com um menor em um mês e meio, desde que começou a operação Check-Point, na qual tropas atuam em todas as entradas das comunidades evitando a entrada de armas e drogas na região até que a Polícia Militar comece a atuar na área. Durante a semana, armas caseiras utilizadas por menores de idade também foram apreendidas. Segundo os próprios soldados que realizaram a apreensão, um menino de 12 anos e um de 15, que é deficiente mental, caminhavam por uma das entradas da Fazendinha, no Alemão, carregando uma sacola plástica utilizada em supermercados. Um dos militares desconfiou do volume e pediu ao garoto que abrisse a sacola. Ao descobrirem a arma, os dois menores foram conduzidos à sede da Força de Pacificação, onde há um destacamento da 22ª DP (Penha).

De acordo com o chefe da comunicação social da Força de Pacificação, tenente-coronel Fernando Fantazzini, o tráfico está usando menores de idade para atuar contra as tropas. Na última semana, foram apreendidas armas caseiras. Os explosivos, que segundo os militares já foram utilizados pelos traficantes diversas vezes, são feitos com garrafas d’água. Dentro, os bandidos colocam pólvora e diversas giletes comuns utilizadas em barbeadores.

- Esse tipo de mecanismo é mais letal que algumas granadas que são utilizadas pelas tropas. A letalidade é tão grande que esse tipo de arma, nesse molde, é proibida pela Convenção de Genebra de ser utilizada em guerras convencionais – relatou o coronel Fernando.

Outro armamento feito pelos traficantes são adaptações de jorrões. Os traficantes abrem o fogo de artifício e incluem mais pólvora, bolas de gude, pregos e giletes. Os militares contam que essas armas são usadas apenas por crianças e são jogadas de cima de lajes. Ainda de acordo com o Exército, a maior parte das apreensões tem sido feita na Vila Cruzeiro, porém, já foram recolhidos armamentos caseiros no Complexo do Alemão.

Na última sexta-feira, O GLOBO veiculou um vídeo cedido pelo Exército mostrando a hostilidade de crianças e adolescentes à ação da Força de Pacificação, que desde o fim de janeiro teve sua atuação modificada quando 1.800 militares da 11ª Brigada de Infantaria Leve, de Campinas (SP), e da 6ª Divisão de Exército de Porto Alegre (RS) assumiram o patrulhamento da região. O patrulhamento a pé nos becos e vielas de áreas mapeadas como pontos de venda de drogas foram intensificados.

As imagens mostram os jovens desafiando as tropas. Como numa brincadeira de gato e rato, crianças usam as mãos para formar as iniciais de uma facção criminosa, e fogem quando os militares avançam em sua direção. Em casos mais extremos, jovens pulam entre as lajes para atirar garrafas, pedras e até lançar rojões. Segundo o serviço de inteligência do Exército, bandidos dão ordens a moradores para que provoquem os soldados que patrulham a região.

quarta-feira, 21 de março de 2012

ARRASTÃO NA GÁVEA

Dois homens em uma moto fazem arrastão na Gávea. Vítimas foram abordadas na Avenida Borges de Medeiros, em frente à sede do Flamengo. WALESKA BORGES, O GLOBO, 21/03/12 - 11h31


RIO - Dois homens em uma moto fizeram um arrastão na Avenida Borges de Medeiros, na Gávea, em frente à sede do Flamengo, no início da manhã desta quarta-feira. Pelo menos quatro mulheres já procuraram a 14ª DP (Leblon) relatando que foram assaltadas. Três delas estavam em frente ao clube, e a quarta vítima estava parada num sinal da Rua Vinícius de Moraes, em Ipanema, em frente ao clube Dama de Ferro.

A estudante Fernanda Silva, de 22 anos, contou que os bandidos pegaram sua bolsa com documentos por um espaço aberto na janela.

— Achei um injustiça, é um absurdo. Foi muito fácil para eles. Na hora, não havia nenhuma viatura da polícia à vista no local.

A médica colombiana Blanca Marins, de 38 anos, também teve o vidro do carona quebrado pelo cotovelo de um dos assaltantes. Ela contou que os bandidos pediram a sua bolsa.

O acessório estava debaixo da perna da vítima, no lado do motorista, e mesmo assim foi arrancada pelos ladrões. Ela estava com R$ 1.500 para pagar a prestação de seu carro, um Honda Fit. Blanca disse que se surpreendeu porque é acostumada a trabalhar em favelas com o veículo e nunca foi assaltada:

— Dá muito medo. A angústia foi grande. Estou chocada — disse ela, reclamando da falta de policiamento na região.

Outra vítimas, Adriana Leonardi, de 43 anos, relatou que dois homens que usavam uma moto aproveitaram um engarrafamento para quebrar o vidro do seu carro e de pelo menos outros oito veículos. Os bandidos levaram sua bolsa e celular e fugiram em seguida.

No fim de fevereiro, um assalto na Avenida Epitácio Pessoa, na Lagoa, acabou em mal-entendido no diálogo entre uma operadora do 190 (telefone de emergência da PM) e a testemunha. Em entrevista à BandNews FM, a enfermeira Sheila da Cruz acusou a atendente do serviço de perder tempo solicitando informações em excesso como precondição para enviar uma viatura ao local. A Secretaria de Segurança, que coordena o teleatendimento nos 19 municípios da Região Metropolitana, por sua vez, alega que a funcionária adotou o procedimento padrão e que a enfermeira estava nervosa ao ligar para o serviço.

Já em agosto do ano passado, um grupo de 11 bandidos, a maioria menor de idade, foi preso após fazer um arrastão na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio.

O bando começou o arrastão na altura do Quiosque Palaphita Kitsch e seguiu até a escola de remo do clube do Botafogo, próximo à Fonte da Saudade. Os bandidos, que seriam do Morro da Mangueira, foram detidos e levados para a 14ª DP (Leblon).Em novembro de 2010, depois de dois arrastões assustarem moradores da Rua Faro, no Jardim Botânico, a Polícia Militar colocou quatro motocicletas do Grupamento Tático de Motociclistas da PM (GTM) para fazer rondas no Jardim Botânico e na Gávea.

ROCINHA TEM SEGUNDO CONFRONTO EM DOIS DIAS


Policiamento é reforçado na Rocinha após segundo confronto em dois dias. Homem fugiu após troca de tiros com PMs e deixou para trás pistola. ATHOS MOURA e FERNANDA BALDIOTI. O GLOBO, 21/03/12 - 9h29

RIO - A PM reforçou ainda mais o policiamento na Favela da Rocinha, ocupada pela polícia em novembro de 2011, na noite desta terça-feira, após um homem ter atirado contra um grupo de militares. O patrulhamento já havia sido reforçado na segunda-feira quando três homens foram encontrados mortos a tiros no início da madrugada. A assessoria da PM não informou, no entanto, o efetivo que foi destacado.

De acordo com o jornal “Extra”, moradores e comerciantes da comunidade demonstravam medo com a possibilidade de confrontos. Rumores davam conta de que uma disputa entre traficantes rivais poderia trazer a violência de volta ao local. Ainda de acordo com o jornal, alguns moradores chegaram a falar na imposição de um toque de recolher. No centro do briga estariam dois criminosos: um deles é Amaro Pereira da Silva, o Neto — que substituiu Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, no controle do tráfico. O outro é Inácio de Castro e Silva, o Canelão, que foi expulso da Rocinha por Nem em 2008.

Canelão estaria tentando voltar a comandar o tráfico na região. Duas vans com bandidos do bando de Neto teriam sido vistas na Rua 2. Antigas bocas de fumo, localizadas no Valão e nas Ruas Um e Dois, teriam voltado a funcionar. A assessoria da PM informou que não tem informações sobre o suposto toque de recolher.

Segundo o serviço reservado do Batalhão de Choque (BPChoque), o incidente de terça-feira ocorreu por volta das 23h30m, quando um homem atirou contra um grupo de PMs. Após trocar tiros com os militares, o suspeito conseguiu fugir, mas deixou para trás uma pistola calibre 45 importada. Seis homens foram detidos e encaminhados para a delegacia da região para averiguação, mas foram liberados.

Mais cedo, por volta das 20h30m, a Polícia Militar divulgou uma nota negando que PMs do mesmo batalhão teriam se envolvido em um tiroteio. De acordo com a nota, o comandante do BPChoque, Fábio Souza, informou que o que houve foi a prisão em flagrante de um traficante com maconha.

Na segunda-feira, três homens foram encontrados mortos a tiros no início da madrugada. Os PMs suspeitam que uma briga entre traficantes rivais causou as mortes. No local do crime, na Rua 2, homens do Grupamento Tático de Motociclistas do batalhão chegaram a uma casa arrombada que servia de abrigo para traficantes. No imóvel, foram apreendidos cinco pistolas, três granadas e 1.505 papelotes de cocaína. Em nota, a PM pede que a população faça denúncias pelo Disque-Denúncia (2253-1177) e pelo 190.

Ocupada desde novembro pela Polícia Militar, a Rocinha ainda aguarda a instalação de uma sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que será inaugurada ainda neste primeiro semestre. A comunidade tem sido alvo de conflitos entre traficantes nas últimas semanas. Em 16 de fevereiro, uma disputa pelo poder decretou a morte de pelo menos dois homens. Um deles, Thiago Schimmer Cáceres, o Leão ou Pateta, substituto de Nem no comando do tráfico da favela foi morto na mesma Rua 2. Na ocasião, Rodrigo Tavares de Paula, o Rodrigo PQD, também foi morto.

Antes da ocupação policial, traficantes transformaram a Rocinha e o Vidigal num entreposto de drogas, armas e munição de uma facção criminosa. Bandidos foragidos de outras favelas da Região Metropolitana ocupadas por UPPs teriam buscado refúgio na Rocinha e só na comunidade havia mais de 200 traficantes e 200 fuzis em poder da quadrilha. A Rocinha era estratégica para o tráfico por seu faturamento alto (os traficantes vendem drogas a um tipo de viciado que pode pagar mais caro) e sua localização, cercada de rochas e matas (o que amplia o número de rotas de fuga numa ação policial).

sábado, 10 de março de 2012

ENFRENTAMENTO: TROCA DE TIROS E MORTES

O DIA 10/03/2012

Homem é morto durante troca de tiros com PMs na Zona Oeste

Rio - Um homem morreu, na manhã deste sábado, depois de trocar tiros com PMs do 14º BPM (Bangu) na Rua Doutor Lessa, em Realengo, na Zona Oeste. Ele e um comparsa estavam num Fox preto roubado quando foram interceptados pelos policiais. Houve confronto e um dos suspeitos foi baleado e morreu no Hospital Albert Schweitzer, também em Realengo. O outro acusado foi preso e o carro recuperado. Com eles foi apreendida uma pistola.

Homem morre em confronto com PMs em Anchieta

Rio - Um suspeito morreu em confronto com policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) na Estrada Marechal Alencastro, em Anchieta, Zona Norte, na madrugada deste sábado. De acordo com os PMs, dois homens tentaram roubar um veículo e foram surpreendidos. Houve troca de tiros. Um deles fugiu e o outro foi baleado. A vítima foi levada para o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, mas não resistiu. O caso foi registrado na 33ª DP (Realengo).

Morte em Realengo

Um homem morreu, na manhã deste sábado, depois de trocar tiros com PMs do 14º BPM (Bangu) na Rua Doutor Lessa, em Realengo, na Zona Oeste. Ele e um comparsa estavam num Fox preto roubado quando foram interceptados pelos policiais. Houve confronto e um dos suspeitos foi baleado e morreu no Hospital Albert Schweitzer, também em Realengo. O outro acusado foi preso e o carro recuperado. Com eles foi apreendida uma pistola.


Dois suspeitos são presos após troca de tiros com agentes da PRF em Niterói. POR ADRIANO ARAUJO

Rio - Dois homens foram presos após atirarem contra agentes da Policia Rodoviária Federal na Avenida do Contorno, próximo ao bairro Barreto, em Niterói, Região Metropolitana, na noite desta sexta-feira. A viatura passava pela via no sentido Niterói quando avistaram os suspeitos no sentido contrário e começaram a segui-los. Os criminosos atiraram contra os policiais, que revidaram e atingiram um deles na testa e renderam o outro.

Com eles, os agentes apreenderam duas pistolas 9mm de uso restrito e cinco carregadores, um deles com alongador para 30 munições. Um Fiat Uno roubado pelos criminosos também foi recuperado. Eles disseram aos policiais que são da Vila do João, na Zona Norte do Rio. Há relatos que a dupla não estivesse sozinha e que realizou outros roubos na região.

O assaltante atingido, de 18 anos, foi levado para um hospital nas proximidades e seu comparsa, de 21 anos, encaminhado para a 78º DP (Icaraí).

Jovens são vítimas de sequestro-relâmpago na Zona Norte. POR LEANDRO EIRÓ

Rio - Um grupo de seis homens armados a bordo de um Ford Fusion renderam cinco jovens, entre eles dois rapazes e três mulheres, que estavam em um Infiniti FX 35 na manhã deste sábado, na Rua Eimã, em Irajá, Zona Norte. Na ação, os dois homens foram obrigados a seguir com os bandidos, sendo vítimas de um sequestro-relâmpago.

Os criminosos deixaram no local o proprietário do Ford Fusion. A vítima contou que foi rendida na Vila Militar, na Zona Oeste, ainda na noite desta sexta e circulou com os bandidos durante a madrugada, recebendo ameaças a todo momento. O homem foi deixado em Irajá apenas de calças.

Pouco tempo depois, os jovens apareceram em um táxi no local, sem ferimentos. Eles também tiveram seus pertences roubados e contaram que foram abandonados na região de Colégio, Zona Norte. Os bandidos fugiram com o veículo. PMs foram acionados, mas ainda não localizaram os criminosos. O caso foi registrado na 27ª DP (Vicente de Carvalho).

sexta-feira, 2 de março de 2012

POLÍCIA CIVIL E MILITAR FAZEM OPERAÇÕES NAS FAVELAS DO RIO

Polícia Civil faz operação em Manguinhos, na Zona Norte. Outras três operações, mas da PM, acontecem no Lins, em Acari e na Coreia - PAULO CARVALHO e WALESKA BORGES. O GLOBO, 2/03/12 - 13h26

RIO - O chefe do tráfico de drogas da Favela de Manguinhos, Edilson Lourenço de Azevedo, o Caroço, foi preso durante uma grande operação desencadeada, na manhã desta sexta-feira, por cerca de 150 policiais de várias delegacias distritais e especializadas. A ação é coordenada pelo Departamento Geral de Polícia Especializada e visa a combater o tráfico de drogas no conjunto de favelas. Os agentes também buscam cumprir vários mandados de prisão, expedidos pela Justiça, e também verificar informações do Disque-Denúncia e do setor de Inteligência da Polícia. Até o momento, dois mandados de prisão foram cumpridos, oito motos roubadas recuperadas, além de apreensão de drogas, coldres e radiotransmissores.

A ação tem o apoio de dois helicópteros Águia. Como os veículos blindados da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) - dois da Core e um da Dcod - estão parados por falta de manutenção, a operação conta apenas com um blindado da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Já houve uma rápida troca de tiros, mas não há notícias de feridos. Um homem foi preso, e algumas outras pessoas estão detidas para averiguação. Houve apreensão de uma réplica de fuzil.

A Secretaria estadual de Segurança admitiu que três dos quatro veículos blindados da Polícia Civil - que podem ser utilizados pela Polícia Militar - estão parados para manutenção. Por isso, restou apenas um para a operação de Manguinhos. Por meio de nota enviada à imprensa, a secretaria afirmou que o governo já aprovou "uma política de renovação da frota de carros blidandos utilizados" pelas duas polícias e que publicou "aviso público" convocando fabricantes nacionais e internacionais para apresentação de tecnologias que pudessem atender às suas necessidades. A secretaria já estaria avaliando informações enviadas por fornecedores. "Quando todas as avaliações técnicas sobre fabricantes estiverem concluídas, será montado termo de referência para subsidiar uma licitação para compra da nova frota de blindados", afirma a secretaria.

Polícia Militar faz operação no Complexo do Lins, em Acari e na Coreia
Cerca de 30 policiais do 14º BPM (Bangu) fizeram uma operação na Favela da Coreia, na Zona Oeste. A ação contou com o apoio de um veículo blindado. Três homens e uma mulher foram presos, e drogas foram apreendidas. A mulher presa é conhecida como Lili e atua no Complexo de Senador Camará. Houve tiroteio na comunidade. Os presos e as drogas foram levados para 34ª DP (Bangu).

Uma outra operação aconteceu, na manhã desta sexta-feira, no Complexo do Lins, na Zona Norte. A ação foi realizada pelo Batalhão de Choque (BPChq) da Polícia Militar. Uma casa usada por traficantes como refinaria de cocaína foi encontrada. A residência fica entre o Morro do Gambá e a Cachoeira Grande. Durante a ação, os policiais também apreenderam 140 sacolés de cocaína, 207 pedras de crack, dez máquinas caça-níqueis, uma pistola calibre nove milímetros, munição, carregadores, além de dez papelotes de cocaína e 23 de maconha. Um homem com mandado judicial também foi preso. Os policiais contaram com o apoio de um helicóptero e um carro blindado. Houve tiroteio no local, o que assustou os motoristas que passavam pela Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá.

Já cerca de 30 policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) realizam, desde as 6h30m, uma operação na Favela do Acari, na Zona Norte da cidade. A ação foi desencadeada com o objetivo de reprimir o tráfico de drogas na região. Os policiais militares contam com o apoio de um veículo blindado. Até o momento, segundo PMs, não houve tiroteiro.

TRÁFICO ATACA TROPA DO EXÉRCITO

Tráfico ataca tropa do Exército no Complexo do Alemão. Soldado foi ferido no braço enquanto fazia patrulhamento no Morro da Caixa D’Água - Duilo Victor - O GLOBO, 25/11/11 - 3h56


RIO - O soldado do Exército Leandro Barros dos Santos foi baleado no antebraço direito durante um tiroteio com traficantes nas proximidades do Morro da Caixa D’Água, em Ramos, no Complexo do Alemão, no final da noite de ontem. A comunidade está ocupada pela Força de Pacificação desde novembro do ano passado.

Um grupo de 12 militares fazia patrulhamento a pé, por volta das 22h, quando foi atacado por pelo menos dois bandidos, perto da sede da Central Única das Favelas (Cufa). Atingido por um tiro de pistola, o soldado foi levado para o Hospital Central do Exército (HCE), em Triagem. O quadro de saúde do militar é estável.

Logo após o ataque a tiros, cerca de 200 homens, entre soldados do Exército e policiais do Batalhão de Campanha da Polícia Militar, reforçaram o patrulhamento e realizaram buscas para tentar encontrar os bandidos. O general Rêgo Barros, comandante da Força de Pacificação, foi ao local do ataque para liderar a busca aos criminosos.

— Os bandidos atiraram deliberadamente. O soldado foi atingido logo quando os tiros começaram. Procuramos abrigo e depois veio o reforço. Nossa tropa não revida a esmo, mas a intenção agora é capturar os atiradores — disse o major Evandro Lupchinski.

De acordo com o major, foi a primeira vez que um militar do grupo Arcanjo 5, tropa da 4ª Brigada de Infantaria Motorizada, de Juiz de Fora, que está atualmente no comando da Força de Pacificação, foi ferido em ações de patrulhamento.

No fim da noite de ontem, cerca de 60 homens, em três caminhões do Exército, estavam de prontidão no quartel da Força de Pacificação, para se juntar a qualquer momento aos militares que patrulhavam o complexo.

Apesar do incidente, o tráfego era normal nas ruas que dão acesso ao Alemão no fim da noite, assim como no teleférico que atende ao complexo de favelas.

Não é a primeira vez que o Complexo do Alemão é palco de um confronto desde que a região foi ocupada pelas forças de segurança. No início de setembro, houve tiroteio na região, inclusive com balas traçantes cruzando a parte baixa da favela. Na ocasião, bandidos que estavam no Morro da Baiana, favela vizinha ao Alemão, teriam disparado contra policiais militares e integrantes da Força de Pacificação. O tráfego na Estrada do Itararé, na altura da Avenida Itaoca, foi fechado. Ninguém se feriu.

DESARTICULANDO O TRÁFICO

PF realiza operação para desarticular quadrilha de traficantes. Policiais cumprem mandados de prisão em dezenas de endereços da Região Metropolitana - Antonio Werneck e Sérgio Ramalho - 25/11/11 - 9h47


RIO - Policiais federais do Rio estão cumprindo, na manhã desta sexta-feira, mandados de prisão de traficantes e de busca e apreensão em dezenas de endereços na Região Metropolitana do estado. O objetivo é desarticular uma grande quadrilha de traficantes de drogas que atuava no Rio a partir do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, com apoio e participação de policiais militares do 7º BPM (São Gonçalo). Foi do batalhão da Polícia Militar de São Gonçalo que saíram os policiais militares acusados de executar a juíza Patrícia Acioli. Ao todo, 22 policiais militares foram identificados nas investigações. Eles foram presos no mês passado por determinação judicial.

Batizada de Martelo, numa referência à atuação rigorosa da magistrada, a operação está sendo realizada em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual e com o apoio do setor de inteligência da Secretaria de Segurança do Rio e da Corregedoria da Polícia Militar do Rio. Participam da ação 410 policiais, sendo 330 federais, por terra, ar e mar, cumprindo 46 mandados de prisão e 51 de busca e apreensão.

A investigação teve início no mês de outubro de 2009, com o objetivo de apurar os envolvidos com o tráfico de drogas no Complexo do Salgueiro, considerado atualmente pela PF um dos maiores entrepostos de drogas do estado. Durante as investigações, diálogos comprometedores foram interceptados pelos policiais federais com autorização judicial. Os traficantes são da mesma organização criminosa que dominava o tráfico nos complexos da Penha e do Alemão, ocupados por forças federais há um ano para a implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Os policiais federais identificaram ainda que o grupo de traficantes atuava no estado em parceria com bandidos da facção criminosa de São Paulo praticando assaltos, tráfico de drogas e rebeliões em presídios. A quadrilha de São Gonçalo era comandada de dentro do Complexo Penitenciário de Bangu, pelo traficante Antônio Ilário, o Coroa ou Rabicó.

Nas investigações, os policiais federais descobriram o envolvimento de diversos policiais militares lotados na época no 7º BPM em crimes como tráfico de drogas e extorsão. Em algumas escutas, os PMs são flagrados pedindo dinheiro aos bandidos, falando sobre sequestros parentes e membros da quadrilha e até ordenando assassinatos.

Segundo relatórios da PF e do MP estadual obtidos pelo GLOBO, a identificação dos policiais flagrados nas escutas telefônicas foi possível em razão das datas, das escalas de serviço, da composição das guarnições e do teor dos diálogos travados em comparação com as informações prestadas pela Corregedoria Geral Unificada sobre a qualificação, escalas de plantão e números e placas de viaturas utilizadas. Os federais também usaram um exame minucioso de con fronto de padrão de voz.

BLINDADOS DA MARINHA NA OCUPAÇÃO DA ROCINHA

Ocupação da Rocinha terá 18 blindados da Marinha - PAULA BIANCHI, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO - 12/11/2011 - 11h07

A ocupação da favela da Rocinha que vai ocorrer neste domingo irá contar com 18 blindados da Marinha --um a menos que na tomada do Complexo do Alemão, em novembro do ano passado.

Os veículos já estão à disposição do governo carioca e darão apoio logístico a tropa, levando policiais para dentro da favela. No entanto, o cerco será feito pelos policiais.

Além dos blindados, a Marinha cedeu 19 oficiais e 175 fuzileiros navais para cuidar do transporte dos veículos e dos policiais.

A Força Aérea irá participar da ocupação com o fechamento do espaço aéreo. Das 0h às 16h de domingo fica proibida a circulação de aeronaves nas proximidades da favela, em uma área de 2,8 quilômetros de raio e 900 metros de altitude.

O Hospital Miguel Couto, na Gávea, vizinho à Rocinha, também reforçou o plantão neste fim de semana. A direção irá separar uma sala para receber os possíveis feridos na ocupação, que deve começar neste domingo de madrugada.

A UPP da Rocinha será a 19ª do Rio. A favela é uma das maiores do Rio, e sua pacificação é considerada chave para a política de segurança da gestão de Sérgio Cabral (PMDB). A medida acontece após a prisão de Nem, apontado como chefe do tráfico na favela.

PRISÃO

Nem estava no porta-malas de um Toyota Corolla, que foi parado pela polícia a poucos quilômetros da favela. Segundo os policiais que participaram da prisão, eles suspeitaram do veículo porque a suspensão estava baixa --indicando alguma carga no porta-malas.

O traficante portava cerca de R$ 180 mil no momento em que foi preso. O dinheiro estava dividido em notas de real (59.900) e de euro (50.500 ou R$ 120 mil).

INVESTIGAÇÃO

A cúpula da Segurança do Rio investiga se um delegado ajudou na tentativa de fuga do chefe do tráfico da Rocinha. O governo quer saber quem seriam os policiais que, segundo Nem disse em depoimento informal à Polícia Federal, recebiam propina de cerca de R$ 500 mil por mês.

"Espero que essa pessoa revele o que ela sabe tanto em relação a desvios de conduta de agentes públicos, quanto na arquitetura do tráfico", disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.

NEM É CAPTURADO DENTRO DO PORTA-MALAS DE UM COROLA

Bandido estava em porta-malas. Traficante Nem, chefe do tráfico de drogas da Favela da Rocinha, é preso na Lagoa - 10/11/2011 às 09h09m; Renata Leite e O Globo.


RIO - O traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico de drogas na Rocinha, deve ser transferido ainda nesta quinta-feira para o Complexo Penitenciário de Gericinó, mais conhecido como Complexo de Bangu, na Zona Oeste da cidade. O traficante está há mais de sete horas prestando depoimento na sede da Polícia Federal, na Praça Mauá.

Nem foi preso no fim da noite desta quarta-feira por policiais do Batalhão de Choque da PM, na Lagoa, em frente ao Clube Piraquê. Segundo a polícia, ele foi encontrado no porta-malas de um Corolla preto, onde viajavam mais três homens, que também foram presos. Um deles se apresentou como funcionário do consulado da República do Congo, o segundo se disse cônsul honorário daquele país e o terceiro seria advogado.

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse nesta quinta-feira, em entrevista ao Bom Dia Rio, que é fundamental a prisão de grandes chefes do tráfico, assim como apreensões de armas e drogas:

- A estratégia que está sendo utilizada é a quebra do império, é a quebra do muro imposto por armas, é a quebra daquele lugar, daquela ilha inexpugnável da violência. Na medida em que simplesmente se anunciou que isso ia acontecer, essas pessoas mostraram fragilidade - afirma Beltrame.

O secretário disse ainda que não há uma receita concreta de pacificação e não confirmou se a ocupação da favela da Rocinha começa no próximo domingo:

- A gente se prepara para entrar, sem confronto, mas não sabemos o que os criminosos têm na cabeça. Na Rocinha, há uma operação combinada que já começou há dias e nós ainda temos alguma informação a ser processada para determinar quando isso vai se dar
Comparsas de Nem ofereceram R$ 1 milhão a policiais para que o grupo fosse liberado

O carro em que Nem estava foi abordado inicialmente na saída da Rocinha por policiais do Batalhão de Choque, mas o suposto funcionário do consulado, alegando imunidade diplomática, se recusou a passar pela revista e a abrir o porta-malas. Ele afirmou que só abriria o veículo numa unidade da Polícia Federal. Os PMs seguiram então o carro em direção a uma unidade policial. Na altura do Piraquê, no entanto, o automóvel parou e um dos homens teria oferecido o suborno aos policiais para que fossem liberados. A Polícia Federal foi chamada porque o advogado alegou a imunidade diplomática do cônsul para não abrir a mala do carro. O Corolla foi revistado, e Nem, encontrado.

O soldado Heitor, do Batalhão de Choque da Polícia Militar, que participou da prisão, contou na manhã desta quinta-feira que o advogado que estava no carro ofereceu num primeiro momento R$ 20 mil de suborno para que o grupo fosse liberado. Diante da recusa dos policiais, eles aumentaram o valor para R$ 1 milhão. Heitor disse ainda que todos os carros estavam sendo revistados por ordem do comando da PM e que a hora avançada e a potência do Corolla usado pelo cônsul chamaram a atenção dos policiais.
- Me sinto orgulhoso com a vitória - disse o policial.

O cabo Eduardo Teixeira, do Batalhão de Choque, que também acompanhou a prisão na Lagoa, confirmou que o suposto funcionário do consulado ofereceu propina.
- Quando o porta-malas foi aberto, o Nem viu que tinha perdido e não apresentou nenhuma reação - disse Teixeira.

O comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, foi à sede da Polícia Federal e disse que os traficantes da Rocinha, onde em breve será implantada uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), estão se sentindo acuados:

- Eles estão tentando fugir da favela. Continuaremos revistando todos no entorno da comunidade.

Em volta da sede da PF, os PMs comemoravam a prisão.

Nem era o alvo de policiais que faziam um cerco na favela, que deve receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no próximo domingo. A Polícia Militar havia reforçado o patrulhamento nos acessos à Rocinha e à Favela do Vidigal, também na Zona Sul, inclusive com viaturas da corporação. Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegaram a ocupar a Vista Chinesa, uma das possíveis rotas de fuga de bandidos da Rocinha.

No início da noite, dez pessoas, entre policiais e traficantes, foram presas durante operação da Polícia Federal , quando cinco agentes civis e militares escoltavam cinco traficantes que estariam fugido da Favela da Rocinha. O grupo estava dividido em quatro carros que foram interceptados por agentes da PF em frente ao Shopping da Gávea e ao Jóquei, na Zona Sul do Rio. Um dos bandidos presos é o traficante Anderson Rosa Mendonça, conhecido como Coelho, braço-direito do traficante Nem e chefe do tráfico no Morro de São Carlos. Nos carros foram apreendidas armas, granadas e drogas. Todos foram levados para a sede da PF, na Praça da Bandeira. Os bandidos teriam negociado, segundo uma alta fonte da Polícia Civil, o pagamento de cerca de R$ 2 milhões pela escolta feita pelos agentes do estado. Com escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, agentes federais estavam monitorando os traficantes e flagraram os policiais em conversas com os bandidos.

Entre os presos, segundo a PF, estão três policiais civis, sendo deles da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) - Carlos Renato Rodrigues Tenório e Wagner de Souza Neves - e um da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública (DRCCSP) - Carlos Daniel Ferreira Dias. O grupo também conta com dois ex-PMs, José Faustino Silva e Flávio Melo dos Santos, de acordo com nota enviada pela PF na noite desta quarta-feira. Os outros cinco são traficantes. Além de Coelho, outro dos principais chefes do tráfico no Morro de São Carlos, no Estácio, também estaria entre os presos na noite desta quarta-feira. Sandro Luiz de Paula Amorim, o Lindinho ou Peixe, foi procurar abrigo na Rocinha logo após seu reduto ser ocupado por uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ele foi encarregado de assumir também o comandos das favelas de Macaé, após a morte do traficante Roupinol, ocorrida em 2010. Os outros três bandidos são Paulo Roberto Lima da Luz, conhecido como Paulinho; Varquia Garcia dos Santos, conhecido como "Carré"; e Sandro Oliveiro.

Três fuzis, dez pistolas, cinco granadas e 20 carregadores, além de reais e euros em quantidade ainda não revelada, foram apreendidos. Também foram apreendidas joias em ouro.

Segundo o Tribunal de Justiça, a PF pediu auxilio à Vara de Execuções Penais para monitorar um dos integrantes do grupo que foi preso. A PF sabia que ele, por ser foragido do sistema penal, estava usando uma tornozeleira eletrônica. Através desse monitoramento, foi possível localizar o grupo.

A correria dos policiais para capturar os bandidos transformou a rotina da Rua Arthur Araripe, uma via curta, predominantemente residencial, em frente ao shopping da Gávea, que liga a Marquês de São Vicente à Autoestrada Lagoa-Barra. Os policiais fecharam o trânsito em dois pontos durante a operação, que mobilizou cerca de 40 agentes. Algemados, os bandidos presos eram colocados deitados no asfalto.

Nem responde a 10 processos e 20 inquéritos

À frente de uma holding criminosa que fatura cerca de R$ 10 milhões por mês, vendendo no atacado e no varejo desde maconha até ecstasy, e apontado como responsável por uma série de espancamentos e assassinatos, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, responde a uma dezena de processos por tráfico e formação de quadrilha, além de 20 inquéritos, inclusive por lavagem de dinheiro.

Franzino e com orelhas de abano, Nem nunca se destacou pelo physique du rôle. O chefão do tráfico na Rocinha surgiu quase por acaso. Ele começou a trabalhar para o traficante Lulu depois que este lhe emprestou R$ 400 mil para pagar o tratamento de sua filha, portadora de uma doença óssea rara.

Com a morte de Lulu, Nem passou a ser o braço-direito do sucessor, Bem-Te-Vi, que rompeu com a facção criminosa que dominava o morro. Como Bem-Te-Vi se afundava no álcool, Nem ganhou espaço até substitui-lo quando ele foi morto pela polícia, em 2005.

- Nos seis anos em que domina a Rocinha, Nem, que não costuma se drogar, tornou o negócio da droga mais rentável e profissional. Ele procura evitar confrontos com a polícia porque não quer afungentar os compradores e, ao contrário de outras favelas, não vende crack porque é um tipo de droga que leva o viciado a roubar e a criar problemas. Mas de maconha aos sintéticos, oferece de tudo - conta a ex-deputada federal Marina Magessi, que, como inspetora de polícia, investigou a quadrilha do bandido.

Rocinha é hipermercado das drogas, inclusive sintéticas

A Rocinha é um hipermercado das drogas. A "firma" cresceu com Nem, inclusive com delivery para a Zona Sul e a Barra. Em 2007, a polícia descobriu lá o primeiro laboratório de refino de cocaína numa favela, capaz de produzir meia tonelada da droga para abastecer 13 morros. Nem pagava R$ 40 para cada pessoa que comprasse numa loja no Centro produtos de uso controlado utilizados na refinaria. Seguindo os compradores, os policiais descobriram que boa parte deles ia para a Rocinha.

Nem distribuía cestas básicas e se envolveu com política, a começar pela eleição para a associação de moradores, mas é temido por ser temperamental. Um dia antes da invasão do Intercontinental, teria mandado espancar um morador que tentou enganá-lo fazendo com que a mãe pedisse R$ 10 mil para livrá-lo de um suposto sequestro praticado por policiais. O bando dele é suspeito da morte da jovem Luana Rodrigues de Sousa, de 20 anos, desaparecida desde maio. Ela trabalharia como "mula" para Nem e teria vazado informações da quadrilha para um policial com quem namorava.

MODELO DE ATUAÇÃO DA POLÍCIA É ULTRAPASSADO

Modelo de atuação da polícia do Rio é ultrapassado, dizem especialistas - Juliana Braga - 07/11/2011 10:46


Especialistas ouvidos pelo Correio defendem que o atual modelo de atuação da polícia do Rio de Janeiro é ultrapassado. Faltam inteligência e planejamento, e a prevalência de confrontos com criminosos acaba vitimando inocentes, como o repórter cinematográfico Gelson Domingos da Silva. De 1997 até 2010, foram registrados 11.614 casos de resistência com morte do opositor, segundo dados do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes. O relatório mais recente divulgado pela Secretaria de Segurança do estado mostra que, somente em julho deste ano, a polícia matou 37 pessoas. No mesmo período, um policial foi morto.

“Esse modelo tradicional de operações de incursões em favela procurando criminosos, que acaba em tiroteios, só traz risco e nenhum benefício para a população” critica o sociólogo e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Ignácio Cano. Segundo o especialista, a ação não coíbe a violência nas favelas. “Quando os policiais saem, as redes criminosas se reorganizam”, detalha.

Ignácio Cano acredita que o padrão militarizado deve ser substituído por um que envolva uma ação planejada. “Tem que identificar os suspeitos, monitorar e prender quando não oferecerem resistência”, defende. O sociólogo também acredita que o modelo da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) deve ser ampliado para que o trabalho da polícia não seja pontual. “Hoje, são apenas 18 UPPs. No Rio de Janeiro, há centenas de regiões que precisam delas”, diz.

O professor de sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Cláudio Beato sustenta que outro erro da segurança carioca é utilizar o Batalhão de Operações Especiais, treinado para confrontos, em ações rotineiras. “A polícia já entra com violência no morro. O criminoso sabe que está em uma situação em que precisa matar para não morrer”, relata.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Também tenho esta opinião de que o modelo de enfrentamento é ultrapassado, imediatista, inoperante, superficial, midiático e focado apenas na força policial de contenção. Quando se objetiva a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio significa colocar todos os esforços em defesa do cidadão, e não apenas prender ou matar bandidos, ou apreender drogas e armas. É preciso a permanência da força policial preventiva, coativa e comunitária. Mas para isto, concordo com a ideia de que "tem que identificar os suspeitos, monitorar e prender quando não oferecerem resistência", mas para tanto é necessário identificar moradores e comerciantes locais, separando o joio do trigo. As medidas conjuntas que defendo estão no livro "Ordem e Liberdade"(Polost 2006. pg 255)

CINEGRAFISTA DA BAND É MORTO COM TIRO DE FUZIL AO FILMAR ENFRENTAMENTO

NA LINHA DE FRENTE. Cinegrafista é morto em operação no Rio. Profissional de TV cobria ação para reprimir o tráfico em favela quando foi baleado por tiro de fuzil - ZERO HORA 07/11/2011

O cinegrafista da TV Bandeirantes Gelson Domingos da Silva, 46 anos, morreu na manhã de ontem após ser baleado no peito enquanto cobria uma operação policial na favela de Antares, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro. A Polícia Militar (PM) iniciou a ação por volta das 6h30min, com o objetivo de reprimir o tráfico de drogas e armas na região, mas os criminosos, fortemente armados, reagiram.

A vítima estava com uma equipe de jornalistas que acompanhava oito policiais. Em determinado momento, o grupo se separou. A maioria ficou protegida por um muro. Um cabo do Batalhão de Choque da PM atravessou uma rua e foi seguido pelo cinegrafista. Os traficantes dispararam dois tiros de fuzil contra eles. O primeiro acertou a árvore atrás da qual ambos estavam escondidos. O segundo atingiu o cinegrafista. Muito abalado, o cabo, identificado como Gomes, desabafou:

– O tiro que pegou o Gelson era para mim.

Pouco antes de ser atingido, Silva chegou a alertar que ele e PMs haviam sido vistos pelos bandidos. O cinegrafista vestia um colete à prova de balas regulamentado pelas Forças Armadas, informou o Grupo Bandeirantes. O tiro, de fuzil, atravessou a proteção. Testemunhas relataram que o atendimento ao profissional demorou cerca de 20 minutos, já que o tiroteio continuou com intensidade mesmo depois de o cinegrafista ter sido atendido. A PM chegou a levar a vítima à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santa Cruz. Segundo a secretaria estadual de Saúde, o cinegrafista morreu a caminho do local, por volta das 7h40min.

Além de Silva, morreram quatro pessoas na operação, que a PM informa serem traficantes. Oito suspeitos foram presos. As imagens feitas por Silva serão analisadas para tentar confirmar se os atiradores aparecem nelas. As filmagens também servirão para mostrar se os atiradores seriam os mesmos que foram mortos pela PM durante a investida na favela.

O cinegrafista era casado, tinha três filhos e dois netos. Antes de trabalhar para a Band, passara por outras emissoras, como SBT e Record. A empresa ressaltou que Silva “sempre foi reconhecido pela experiência e cautela no trabalho que exercia”. De acordo com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública, a imprensa não havia sido convocada para acompanhar a operação, devido ao risco elevado. A Polícia Civil investigará o caso.

O Sindicato dos Jornalistas do Rio afirmou que a morte do cinegrafista expõe a falta de estrutura e condições de segurança para o trabalho de jornalistas que cobrem a violência no Rio. O Grupo Bandeirantes afirmou que toma todas as precauções para garantir a segurança de seus jornalistas.


NA LINHA DE FRENTE - notas de pesar

Presidência “A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República expressa o seu pesar aos familiares, amigos e companheiros de Gelson Domingos (...). O trágico episódio reforça o sentimento de gratidão e de solidariedade a todos os profissionais de todas as categorias que arriscam-se em suas tarefas diárias em prol dos brasileiros.”

Abert “A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão lamenta profundamente a morte do cinegrafista Gelson Domingos da Silva, da TV Bandeirantes.

O profissional foi baleado no tórax quando participava da cobertura de uma operação contra o tráfico. (...) A entidade manifesta solidariedade aos familiares, colegas e amigos.”

ABI “(...) Embora reconhecendo que a atividade jornalística expõe os profissionais a graves riscos no Brasil e no mundo, a Associação Brasileira de Imprensa considera necessário reiterar aos jornalistas e às empresas a necessidade de adoção de (...) de procedimentos que diminuam os riscos de perda de vidas e de ferimentos de jornalistas no desempenho profissional.”

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O jornalismo aberto, investigativo e ousado é um dos instrumentos mais importantes de uma democracia. Mas para tanto é preciso que heróis se coloquem em situações de risco para informar e mostrar ao público a realidade de um submundo só conhecido pela bandidagem e pelos policiais. É a realidade do enfrentamento, da guerra, da luta pela vida e pela sobrevivência em terreno, situações e vontades críticas. Esta guerra do Rio já dura décadas, só enfrentada por estratégias pontuais, superficiais, imediatista, midiáticas e inoperantes diante das leis fracas, justiça distante e morosa, omissão dos parlamentares, negligência dos governantes que inutilizam o esforço policial, enfraquecem a punições e impossibilitam a reabilitação dos apenados. E, infelizmente, a rotina sempre é a mesma, quando não morre um inocente ou um policial, é um agente da mídia que tomba empunhando a única arma que tem: uma câmera.

TRÁFICO ATACA POLICIAIS

Policiais são atacados por traficantes de Manguinhos na Avenida Brasil - RICARDO ALBUQUERQUE - O DIA ONLINE, 10/09/2011

Rio - Uma patrulha do Batalhão de Choque foi atacado na noite desta sexta-feira por traficantes da Favela de Manguinhos, quando passava pela Avenida Brasil, pista sentido Centro, perto da Fundação Oswaldo Cruz, Zona Norte da cidade. O ataque ocorreu no momento em que os PMs se preparavam para abordar dois homens em uma moto, quando um Corsa bateu na traseira da viatura da Polícia Militar.

Os dois homens da moto foram levados para 21ª DP (Bonsucesso), onde foram identificados como Michel Ribeiro de Almeida, de 21 anos, também conhecido como MK, apontado como gerente do tráfico na Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, e Pablo Araújo Brunete, de 31 anos, o Papito.

Contra Michel havia um mandado de prisão por tráfico de drogas. Contra Pablo eram dois mandados, um por assalto à mão armada e outro por tráfico de drogas. Segundo a polícia, eles estavam se dirigindo para a Favela Saco da Lama, em Maricá, Região dos Lagos, controlada pela mesma facção criminosa do Complexo do Alemão.

Eles são suspeitos de participação no ataque à Força de Pacificação, no Complexo do Alemão, na noite de terça-feira. A moto em que eles estavam, uma Bros de cor vermelha, não consta como roubada, mas os policiais acreditam que ela possa ter tido o chassi adulterado. O veículo foi levado para um depósito da Prefeitura.

ENFRENTAMENTO NA FAVELA DO CHAPADÃO

Polícia troca tiros com traficantes durante operação na Favela do Chapadão - POR LUARLINDO ERNESTO, O DIA 16/09/2011

Rio - Tiroteio marcou o início de operação policial na Favela do Chapadão, em Costa Barros, na manhã desta sexta-feira. Homens do 41º Batalhão da PM, com apoio de dois blindados e cerca de trinta policiais, buscam bandidos do tráfico de drogas e ladrões de carros.

Na chegada dos PMs, traficantes soltaram fogos de artifício e iniciaram troca de tiros. Moradores ficaram assustados, mas os bandidos recuaram quando os policiais avançaram rumo ao interior da comunidade. No momento, os soldados estão vasculhando pontos pré-determinados pelo serviço de inteligência a procura de drogas e armas.

Presos na Baixada

Seis homens foram presos durante operação no complexo de favelas da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, nesta sexta-feira. Uma quantidade de drogas ainda não contabilizada foi apreendida e um veículo roubado, recuperado. Policiais de cinco batalhões da Polícia Militar realizam a ação.

Na quarta-feira, quase dez quilos de maconha e oito motocicletas roubadas foram apreendidos em operação na comunidade. Policiais também retiram barricadas colocadas pelos traficantes.

EXÉRCITO É PEGO DE SURPRESA

Autoridades foram surpreendidas pelo ataque do tráfico, afirma General. O General Adriano Pereira Junior, Comandante Militar do Leste, durante coletiva de imprensa. Carolina Heringer - O DIA ONLINE, 07/09/2011 às 16:04

“Fomos pegos de surpresa”. A revelação foi feita pelo General Adriano Pereira Junior, Comandante Militar do Leste, em coletiva de imprensa no início da tarde desta quarta-feira, em relação ao ataque de traficantes a militares, no início da noite de ontem, no Complexo do Alemão.

O general admitiu que a reação de ontem pelo tráfico não era esperada e surpreendeu as autoridades, mas acrescentou que, apesar disso, episódios como esse não se repetirão.

- Não posso dar total certeza, mas afirmo que não voltará a acontecer. Alemão e Penha são pontos de honra que conquistamos e não vamos voltar atrás – afirmou.

Tráfico volta a levantar barreiras no Complexo do Alemão - Eletícia Quintao

Uma prática comum dos traficantes, as barricadas voltaram a ser utilizadas para impedir o acesso dos militares à parte alta do Complexo do Alemão. No começo da tarde, barreiras feitas com tampas de ralos ainda podiam ser vistas em acessos à comunidade.

Na rua Joaquim de Queiroz, que dá acesso à grota, a 300 metros da Avenida Itararé, tampas de ferro de bueiros e ralos foram levantadas impedindo a passagem dos veículos. Segundo os moradores, os traficantes teriam levantado as grades de ferro durante a madrugada.

Dois blindados do Exército, modelo Urutu chegaram, no começo da tarde, para dar reforço à operação, mas se mantiveram na parte baixa de acesso à favela, sem ultrapassar a barricada. Além dos soldados, policiais militares reforçam a segurança na comunidade.

Uma moradora desabafou:

— Isso nunca vai acabar. É uma pacificação que tapa o sol com a peneira e nós, moradores, ficamos no meio desta guerra.

POLICIAIS ERRAM O CAMINHO. UM MORTO E UM FERIDO AO SEREM ABORDADOS PELO TRÁFICO

Caminho errado. Um policial civil é morto e outro baleado na Maré - O GLOBO, 20/08/2011 às 08h56m; Athos Moura

RIO - Um policial civil morreu e outro ficou ferido na noite desta sexta-feira após trocarem tiros com bandidos da comunidade Boa Esperança, na Maré. Evandro Carlos Mendes, de 33 anos, lotado no Instituto Médico Legal (IML), e Walter Cardoso, lotado na Academia Estadual de Polícia Silvio Terra (Acadepol), seguiam para o Centro pela Linha Vermelha, mas acabaram errando o caminho e entraram dentro da comunidade e foram abordados por homens armados.

Houve tiroteio e Walter, que estava no banco do carona, morreu na hora. Evandro, que estava dirigindo o carro, foi baleado duas vezes em uma das pernas. Mesmo assim conseguiu dirigir até o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde foi operado para a retirada das balas. De acordo com a polícia, Evandro seguia pela Linha Amarela e decidiu acessar a Linha Vermelha para não enfrentar um engarrafamento na Avenida Brasil. Segundo o irmão de Evandro, o policial teria dito que o tiroteio começou depois que bandidos teriam tentado roubar seu carro.

Três homens foram presos no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) suspeitos de terem participado do tiroteio. Matheus Nascimento da Silva, de 18 anos, foi baleado no braço; Vitor Souza os Reis, de 28 anos; e Gladson Ales dos Santos, de 20, foram baleados no tórax. Eles procuraram atendimento na Unidade de Pronto Atendimento de Bonsucesso, mas como a UPA não tinha condições de atendê-los, o trio foi encaminhado para a HFB. Policiais militares do 22º BPM (Maré) estiveram no local e os prenderam.

A família de Evandro, que está há 12 anos na Polícia Civil, esteve no Hospital Getúlio Vargas e criticou a falta de sinalização do local. A mãe do policial disse que só permanece no Rio de Janeiro porque seus filhos moram na cidade:

- Senão fosse pelos meus filhos, que moram aqui, eu já teria me mudado para um local mais tranquilo. Hoje perdemos um amigo e meu filho está ferido. Talvez se tivesse mais placas orientado isso não teria acontecido - disse.

O corpo de Walter será enterrado neste sábado, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte. O caso foi encaminhada para a Divisão de Homicídios.

INTENSO TIROTEIO ENTRE PM E TRAFICANTES

PM do Rio troca tiros com bandidos em ação no morro do Juramento - FOLHA ONLINE, DO RIO,13/07/2011

Pelo menos 30 policiais militares do 41º Batalhão de Irajá realizam uma operação desde as 6h desta quarta-feira para coibir roubos de veículos no entorno do morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, zona norte do Rio. Segundo a corporação, houve intensa troca de tiros na chegada dos policiais à favela, mas não há registro de feridos.

Ainda de acordo com a PM, Juan dos Santos, 37, conhecido como 'Pescoço', foi preso. Ele estava com mais de 3.000 pedras de crack e é apontado como um dos seguranças do chefe do tráfico de drogas da favela. A operação da polícia também conta com o apoio de um carro blindado.

Força de Paz é chamada para atuar no teleférico do Alemão - LUIZA SOUTO, DO RIO

Um dia após ter suas vidraças quebradas por usuários insatisfeitos, o teleférico do Alemão, no Rio de Janeiro, voltou a ser alvo de críticas da população nesta terça-feira devido à decisão da Supervia de encerrar o serviço antes do horário previsto. Dessa vez, porém, não houve atos de vandalismo.

Inaugurado na última quinta pela presidente Dilma Rousseff, o teleférico liga a estação de trem de Bonsucesso a cinco outras estações no Complexo do Alemão.

Durante o primeiro mês, a previsão era de que ele funcionasse de 9h às 11h e de 14h às 16h. Nesta terça, porém, funcionários anunciaram o fechamento da estação Bonsucesso às 15h45 devido ao excesso de demanda --segundo a Supervia, passaram pelo local 20.246 pessoas.

"Eles tinham que avisar lá embaixo para ninguém subir essa escadaria [que leva à estação]. Acabei de voltar do cardiologista e agora não posso subir", criticou a costureira Izoneth Zdminas, 64. Após muita reclamação, funcionários liberaram a passagem até as 16h.

Moradora do morro da Baiana, Zdminas queixou-se da falta de orientação, mas disse esperar que a confusão não persista por muitos dias.

"Tudo que começa é assim mesmo, mas eles têm que colocar mais agentes para nos guiar", disse.

Para ajudar na organização, a assessoria da Supervia disse que convocou a Força de Pacificação, que atua na região. O pedido foi feito na tarde de segunda, quando o transporte teria sofrido atos de vandalismo.

Segundo a assessoria, crianças arremessaram pedras no vidro da estação Itararé, de brincadeira, provocando rachaduras. Moradores contam outra versão.

"Eu estava perto e vi adultos também jogando, querendo furar a fila", relatou a babá Tatiana de Lima, 28.

O vidro deve ser trocado nos próximos dias. À Folha, o Comando Militar do Leste confirmou que houve atos pontuais de vandalismo.

TRÁFICO E MILÍCIA, AMEAÇAS PERMANENTES

Rio: a permanente ameaça do narcoterrorismo - Milton Corrêa da Costa, O GLOBO, 29/06/2011 às 16h41m


Ainda que tenha sido detectado como fato isolado, o confronto do último final de semana no Rio entre policiais militares da UPP do Morro da Coroa e marginais da lei, no qual um soldado resultou gravemente ferido por estilhaços de granada arremessada pelos meliantes, a inteligência policial já detectou o possível desencadeamento de represália de traficantes em razão de intervenção do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), culminando, durante um confronto numa favela do bairro do Engenho da Rainha , Zona Norte do Rio, na semana passada, na morte de oito bandidos. A polícia encontra-se pois, preventivamente, como não poderia deixar de ser, em estado de alerta. A ação de represália resultaria em ataques sucessivos desferidos contra viaturas e cabines da PM e contra delegacias policiais.

Ressalte-se que na noite da última segunda-feira dois mototaxistas foram mortos a cerca de 500 metros da UPP do Morro do Andaraí, saindo ferida ainda uma mulher que se encontrava no local. A motivação do crime - os bandidos passaram de carro atirando - seria a recusa dos mototaxistas a continuarem a pagar 'pedágio' a ex-traficantes da área. Na Mangueira, uma família acaba de ser expulsa do local por dar apoio explícito à implantação da UPP naquele morro.

Se associarmos tal ousadia do banditismo à constante apreensão de paióis de armas e munições, além de drogas, acrescido da ação de milicianos - seis deles foram presos recentemente com pesado arsenal no Morro do Fubá -, chegamos à conclusão que o narcoterrorismo e as milícias, apesar de enfraquecidos pela forte repressão policial, permanecem bem vivos e prontos a desafiar a sociedade e o poder do Estado, pela prática da ousadia, do terror e da intimidação pelas armas de guerra.

Registre-se que, no caso do narcoterrorismo, apesar da importante vitória da polícia do Rio na tomada de favelas do Complexo da Penha, em novembro último -um episódio memorável de restauração da ordem pública e sem precedentes -, tal doutrina não sucumbiu em sua essência. Há mais de 900 favelas não ocupadas por UPPs nas Zonas Norte e Oeste da cidade e na Baixada Fluminense, à mercê de traficantes e para onde já migraram diferentes facções criminosas.

Portanto, a conclusão a que se chega é que o enfrentamento ao tráfico e às milícias, com base em dados da inteligência policial, precisa prosseguir de forma permanente e obstinada. Até aqui, vencemos importantes batalhas, mas não a guerra pela paz social. Os arsenais e as drogas continuam chegando aos morros e favelas do Rio numa grave e permanente ameaça à sociedade. O preço da liberdade, neste caso, será a eterna vigilância. Narcoterroristas e milicianos permanecem vivos e bem ousados.

ENFRENTAMENTOS, TIROTEIOS E MAIS MORTES

Mais mortes e tiroteios no Rio onde as UPPs ainda não chegaram - Carolina Heringer, Guilherme Amado, Paula Bianchi, Paulo Carvalho e Thamyres Dias , EXTRA, 24/06/2011 às 01:00


Fora dos cinturões de segurança criados pela pacificação de grande parte das favelas da Zona Sul, do Centro e da Tijuca — o último, fechado desde o domingo passado, com a ocupação da Mangueira —, confrontos entre o tráfico e a polícia continuam a assustar moradores de diferentes áreas do estado. Na madrugada desta quinta-feira, policiais do Bope mataram oito pessoas numa operação de repressão ao tráfico no Morro do Engenho da Rainha, no bairro de mesmo nome. A ação se junta a outras que, ao contrário da ocupação sem tiros do morro verde e rosa, ainda aterrorizam quem mora na parte do Rio sem UPPs.

Desde a noite da última quarta-feira, o 41ºBPM (Irajá) faz um cerco no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho. Durante a ação, houve confronto entre a polícia e traficantes, e o músico Josimar Amanso Gomes, de 47 anos, foi ferido por uma bala perdida. Ele foi operado no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e passa bem.

Na Zona Oeste, embora policiais do 14º BPM (Bangu) tenham negado que estivessem ocorrendo operações na favela Vila Aliança, em Bangu, ontem, moradores ouvidos pelo EXTRA afirmaram que até um caveirão entrou na favela à tarde.

— Teve caveirão e tiroteio entre os traficantes e a polícia. Mas no fim do dia eles foram embora — explicou um morador, que preferiu não se identificar.

Na Vila Kennedy, também na Zona Oeste, tiros foram novamente ouvidos por moradores, na noite de ontem. Embora as ruas de acesso à favela ainda estejam ocupadas — desde que bandidos rivais tentaram uma invasão, no início do mês —, moradores afirmam que não há policiamento reforçado dentro da comunidade.

— Aqui dentro, tudo continua a mesma coisa. Às vezes, fico pensando que isso aqui nunca vai melhorar — criticou um morador da Vila Kennedy.

No Instituto Médico-Legal, familiares dos mortos choravam, chocados com o tiroteio. A maioria preferiu não conversar com a imprensa. O reconhecimento dos corpos seguia até a noite de ontem. De acordo com informações do IML, cinco dos oito mortos no confronto com PMs não moravam na Mangueira. Dois não foram identificados ainda pela polícia.

Os nomes divulgados pelo IML são: Diego Cordeiro Neves, de 24 anos, João Carlos da Silva, de 27, Robério Antônio da Silva, de 28, Marcos Flávio de Almeida Moreira, de 20, e Magno Alves dos Santos, o Fofo, de 23 anos, e um menor de 17 anos.

Um homem que se identificou apenas como Custódio disse ser pai de Iraquen Conceição da Silva, que teria morrido na operação e pode ser um dos não identificados. Segundo ele, o rapaz abandonou o tráfico e foi ao morro para encontrar conhecidos:

— Ele foi lá ver o negócio de uma festa com alguns amigos. Já esteve envolvido com o tráfico, mas parou faz tempo.

Iraquen, de 32 anos, morava com os pais na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão.

Já Talita Cunha da Luz, de 19 anos, namorada de um dos mortos sem identificação, de 16 anos, ambos moradores do Engenho da Rainha, diz que o rapaz era inocente:

— Mataram sem motivo. Ele fugiu de casa ontem de manhã. Era trabalhador.

Enquanto aguardava parentes de Magno Alves dos Santos, um homem conversava por telefone, dizendo que o rapaz era morador da Mangueira. Conhecido como Fofo, Magno veio de São Francisco do Itabapoana, no Norte Fluminense, para o Rio, onde teria se envolvido com o tráfico. As informações são de conhecidos da cidade.

HÁ UMA INTERVENÇÃO FEDERAL

Há uma intervenção federal no Estado do Rio, diz desembargador que determinou volta ao Rio dos bandidos que invadiram hotel em São Conrado. Marcelo Gomes - EXTRA, CASOS DE POLÍCIA, 18/06/2011, 21:04

Para o desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, o Rio está sofrendo uma “intervenção branca” na área de segurança a pedido das próprias autoridades estaduais. Segundo ele, a atuação do Exército no policiamento dos complexos da Penha e do Alemão e as transferências de vários presos de baixa periculosidade para presídios federais provam a falência das polícias e do sistema prisional do estado.

Darlan diz não ser contra a atuação das Forças Armadas na segurança ou o uso de presídios federais para abrigar presos do Rio, mas defende que o governador “tenha a honestidade de dizer à população do estado que a sua polícia é incompetente para garantir a segurança pública”.

Como o EXTRA mostrou na sexta-feira, os nove presos na invasão do Hotel Intercontinental — que foram transferidos dias depois para a Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia — já retornaram ao Rio, por determinação da Justiça. Darlan foi o relator das ações e votou a favor do retorno de todos os acusados.

Em nota, a Secretaria de Segurança informou nesta sexta que “acompanha e monitora todos os processos dos presos cujas transferências para outros estados tenham sido solicitadas por este órgão à Justiça. Quando os prazos estão vencendo alertamos a autoridade judicial e, quando é o caso, pedimos a prorrogação. Os presos por ocasião do episódio do Hotel Intercontinental e dos ataques incendiários que precederam a ocupação do Alemão foram transferidos em caráter emergencial e excepcional. O retorno destas pessoas já estava previsto, pois, como bem afirma o desembargador, não são presos, na sua maioria, que precisam ficar afastados do Rio”.

Por que o senhor determinou a volta ao Rio dos nove presos após a invasão ao Hotel Intercontinental?

Porque a prisão de criminosos em outro estado, sobretudo em Rondônia, representa um prejuízo para a defesa deles. E o papel do Judiciário é assegurar as garantias constitucionais àquele que está sendo processado. Independentemente da gravidade dos crimes a eles atribuídos, são presos pobres, de origem humilde. Ao serem colocados do outro lado do país, o acesso dos seus advogados e parentes é dificultado. Os presos estão privados da liberdade, mas não dos outros direitos, como o de ter a sua família próxima. O juiz precisa ouvi-los, interrogá-los, produzir a prova, e tudo isso prejudica o processo. A autoridade judiciária que autorizou a transferência não fundamentou sua decisão de forma convincente. Então, eu determinei que a lei fosse cumprida e mandei que voltassem. E, no exame desse direito, verificamos que havia sido preso, com os demais acusados, um personagem que sequer havia participado da invasão do Hotel Intercontinental, fato que causou grande comoção nacional e internacional e motivou a transferência para Rondônia.

Foi apenas o respeito às garantias constitucionais dos presos que motivou seu voto para o retorno deles?

Não. Além disso, o que se espera de um estado da federação é que ele esteja aparelhado para dar segurança à população com os seus próprios recursos. Para isso existe a autonomia do estado. Nós vivemos numa república federativa, onde a União só pode intervir em situações extremas, como numa necessidade de intervenção federal, o que eu não creio que seja o caso do Estado do Rio. Salvo pelas intervenções federais que de fato estão ocorrendo ultimamente, com a presença das Forças Armadas na segurança pública (nos Complexos da Penha e do Alemão).

Como o senhor avalia as transferências para outros estados de presos que não são chefes de facções criminosas?

Vejo isso, lamentavelmente, como uma falência do sistema penitenciário do estado, que já está abarrotado, superlotado e mal aparelhado. Se a fiscalização estivesse sendo feita com o rigor que a lei determina, esses presídios já estariam interditados há muito tempo. O que o Estado do Rio faz é, por incapacidade gerencial, encaminhar presos de pouca periculosidade para os presídios federais.

Eles seriam, como o senhor escreveu, apenas soldados do tráfico.

Eu afirmo, na minha decisão, que não houve a individualização da conduta desses acusados, para se comprovar que eles sejam chefes ou tenham uma posição hierárquica de comando dentro do tráfico. Isso nos leva a crer que sejam apenas soldados do tráfico. Muitos deles eram primários, e estão sendo presos pela primeira vez. Eles poderão até, se o Ministério Público não comprovar a vinculação deles com o tráfico, serem absolvidos. No entanto, já foram penalizados com a pena do exílio, porque foram presos num estado do outro lado do país, a quilômetros de distância da sua família.

As instituições do Estado do Rio são suficientes para garantir a segurança dos cidadãos?

Falando como cidadão, e não como juiz: desde há muito há uma intervenção federal no Estado do Rio. Quando o governador pede ao presidente da República que as Forças Armadas substituam a sua polícia, por incapacidade de patrocinar a segurança pública, significa que oficialmente houve uma intervenção federal. Se nós tivéssemos uma polícia em que o nosso governador confiasse, não seria necessário pedir o reforço das Forças Armadas para garantir a segurança. Além disso, a transferência de presos que sequer foram condenados para outro estado é sinal da falência do sistema penitenciário fluminense. Se estivessem condenados, ainda haveria justificativas aceitáveis para transferi-los.

De que forma as transferências de presos do Rio para outros estados atrapalham os processos criminais?

O que se quer da Justiça é celeridade, e nós estamos trabalhando nesse sentido. Aqui no Rio, estamos com os trabalhos totalmente informatizados, o que dá maior rapidez. Mas não adianta nada disso se os presos estiverem a quilômetros e quilômetros de distância. O dever da Justiça é garantir o devido processo legal e, no fim, firmar um juízo de convicção para aplicar a pena. Se for o caso, afastando os condenados do convívio com a sociedade para protegê-la. Além disso, o custo operacional dessas transferências é altíssimo. Os impostos que nós estamos pagando, que já são altíssimos, acabam sendo direcionados pra esse tipo de procedimento. Imagine se, cada vez que um juiz do Rio quiser ouvir o preso ou uma testemunha, ele tiver de vir de Rondônia para cá. Qual é o custo operacional disso? Então, isso inviabiliza a Justiça célere e encarece os procedimentos judiciários.

As autoridades do estado podem alegar que, com as transferências de presos para presídios federais e a presença das Forças Armadas nos Complexos da Penha do Alemão, aumenta a sensação de segurança dos cidadãos.

Eu acho esse argumento muito forte, tem que ser levado em conta, porque o que o cidadão quer é a garantia da sua segurança. Então, para a população não interessa quem são os agentes que garantam a sua segurança, sejam as Forças Armadas, seja a polícia. Mas, como nós vivemos numa república federativa e as atribuições são divididas, a União e os estados têm as suas atribuições. E a obrigação da segurança pública é do Estado. O Estado do Rio de Janeiro tem de ser no mínimo honesto para dizer à população que ele é incompetente para garantir a sua segurança pública através de suas forças policiais. Ou seja, nós queremos que nossos políticos sejam honestos, que exerçam a sua função dentro da verdade.

O que o senhor defende, então, é que haja transparência.

A transparência máxima implica em que o governador tenha a honestidade de dizer à população do estado que a sua polícia é incompetente para garantir a segurança pública. Se assim for, há previsão constitucional para intervenção federal. Não sou contra isso. Sou só a favor de que as coisas sejam feitas com honestidade.

MILICIANOS SÃO PRESOS COM FUZIS

POLÍCIA CIVIL prende milicianos e apreende fuzis no Morro do Fubá - O DIA ONLINE 21/06/2011

Rio - Policiais da Polinter, com apoio de agentes da Delegacia Fazendária (DELFAZ), desencadearam, na manhã desta terça-feira, uma operação no Morro do Fubá, em Campinho, Zona Norte, que resultou na prisão de milicianos e na apreensão de fuzis, metralhadoras, pistolas e munições. A ação visa a combater a milícia que age naquela região. A apresentação dos presos e do material apreendido será realizada, às 11h, desta terça-feira, no prédio da Chefia de Polícia Civil, na Rua da Relação, nº 42, Centro.

Um morto, dois baleados e um preso em Nova Iguaçu - POR MARCELLO VICTOR

Rio - Noite de segunda-feira agitada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Policiais do 20º BPM (Mesquita) entraram em confronto com traficantes e apreenderam drogas. No total, um bandido foi preso, dois baleados e um preso. Grande quantidade de drogas foi apreendida, além de uma pistola, uma granada e três radiotransmissores.

Por volta das 21h, PMs foram até o bairro Danon verificar a informação de que vários homens armados estariam traficando drogas. Ao chegar, os militares foram recebidos a tiros e houve revide. Após buscas, eles localizaram um homem baleado. Ele foi socorrido no Hospital da Posse, mas não resistiu. A vítima ainda não foi identificada.

Os policiais também receberam a informação que outros dois homens teriam dado entrada baleados no mesmo hospital. Vanderson dos Santos de Assis, de 19 anos, e um menor de 14 anos teriam participado do confronto. Eles foram transferidos para o Hospital de Saracuruna, onde estão presos sob custódia. Foram apreendidas uma pistola calibre 9mm com oito munições, uma granada de efeito moral, 139 sacolés de cocaína e três radiotransmissores.

No mesmo horário, na Rua Buriti com Rua Laranjeiras, próximo ao Km 32 da antiga Rio-São Paulo, 162 pedras de crack, 23 sacolés de cocaína e 36 trouxinhas de maconha foram apreendidas por policiais do Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) de Dom Bosco. O material foi deixado por marginais que fugiram ao avistar uma viatura que fora ao locarl verificar uma denúncia de tráfico. Ninguém foi preso.

No início da noite, no bairro Dom Bosco, policiais tiveram a atenção voltada para a atitude suspeita de Alexsandro Gomes de Santana, de 20 anos. Ele fugiu quando seria abordado, mas foi perseguido e preso. Aos PMs ele informou o local onde entorpecentes eram armazenados, na Rua Vinte e Dois, 162. Foram encontradas 24 cápsulas de cocaína.

Todas as ocorrências foram registradas na 56ª DP (Comendador Soares), central de flagrantes da região.

Supervisor de vendas morto em blitz será enterrado em Niterói

Rio - Vítima de um sequestro relâmpago em Niterói, o supervisor de vendas Aloysio Mattos Martins Júnior, 45 anos, que foi morto por tiros nesta segunda-feira, será enterrado às 10h, nesta terça-feira, no Cemitério do Maruí, em Niterói.

Aloysio foi morto em Benfica durante troca de tiros entre policiais do 22º BPM (Maré) e bandidos que o mantinham refém no banco traseiro de seu veículo, um Honda Fit. Atingido por um tiro na cabeça — que pode ter partido da arma de um policial —, a vítima chegou a ser levada para o Hospital de Bonsucesso, mas não resistiu. Ruan Ferreira de Oliveira, 19, que também foi baleado, acabou preso no hospital. Os dois comparsas dele fugiram.

Segundo amigos, Aloysio foi rendido quando chegava em casa por volta das 22h, no Cubango, em Niterói. “Ele comemorou seu aniversário e depois foi socorrer um amigo que se machucou. Na volta para casa, algumas pessoas ouviram os gritos de ‘perdeu, perdeu’ e viram o portão aberto”, contou Leonardo Serejo.

Os bandidos — identificados apenas como Gordinho e Bruninho — seguiram com a vítima para Benfica, onde encontraram Ruan. Em depoimento, ele disse que os comparsas contaram que sairiam para fazer “novos ganhos”. Em seguida, furaram blitz da PM que fazia um cerco para evitar fuga de bandidos da Mangueira, ocupada horas antes.

PM admite ter atirado cinco vezes com fuzil

Em depoimento, os PMs disseram que atiraram contra o carro para revidar os disparos que um dos bandidos fez de dentro do Honda Fit, por uma das janelas traseiras, e que chegou a atingir o parachoque da viatura. Um dos PMs admitiu ter feito cinco disparos com o fuzil.

Na troca de tiros, o carro da vítima foi perfurado pelo menos 10 vezes. Aloysio recebeu pelo menos uma bala na cabeça. À polícia, Ruan disse que quem estava com a pistola 9 milímetros era Gordinho, que teria feito os disparos e mandado que todos no carro se abaixassem.

Ladrão preso havia saído da cadeia há 15 dias

Os bandidos abandonaram o carro no Largo de Benfica, com a vítima dentro e as portas abertas. Os PMs disseram ter encontrado a arma debaixo da perna de Aloysio. Uma garrafa de bebida alcoólica também estava no veículo. Ruan foi encontrado pelos PMs no Hospital de Bonsucesso, com ferimentos no braço direito e barriga. Ele estava em liberdade condicional há 15 dias por roubo. O irmão gêmeo do jovem também está preso por roubo.

O comandante do 22º BPM, tenente-coronel Gláucio Moreira, disse que foi aberto processo administrativo para investigar o caso. Segundo ele, por mais que seja confirmada a morte em decorrência de um disparo policial, os PMs agiram em legítima defesa. “A guarnição só efetuou os disparos após ser atacada”, afirmou o oficial.

OPERAÇÃO PARA LOCALIZAR MODELO

Policiais fazem operação na Rocinha para encontrar corpo da modelo Luana Rodrigues - O GLOBO, 29/06/2011 às 10h23m - Athos Moura e Simone Cândida


RIO - A Delegacia de Homicídios (DH), com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), realiza uma operação, na manhã desta quarta-feira, na Favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul. O objetivo é encontrar o local onde está enterrado o corpo da modelo Luana Rodrigues de Sousa, de 20 anos, que desapareceu no dia 9 de maio dentro da comunidade.

Os 100 policiais da DH e 30 da Core fazem as buscas em uma localidade conhecida como Dioneia. Ainda são aguardados cães da Polícia Militar para ajudarem nas buscas numa mata e de técnicos da perícia. Outro objetivo é encontrar a residência onde Luana morava.

Os agentes entraram na favela sem encontrar resistência. Alguns já estão no alto do morro e outros ocuparam pontos estratégicos da comunidade.

Segunda a DH, as informações sobre o possível lugar onde Luana estaria enterrada foram obtidas através de pequenas incursões na Rocinha, aos fins de semana, e também com dados passados pelo Disque-Denúncia e pelos moradores.

A modelo falou com 16 pessoas antes de desaparecer segundo mostrou a quebra do sigilo do seu telefone celular - que também sumiu -, autorizada pela Justiça. Pelo menos duas ligações são consideradas fundamentais para o esclarecimento do caso. Com duração média de dois minutos, os telefonemas teriam sido dados quando a jovem já estava no alto da favela, possivelmente em poder de traficantes.

A quebra do sigilo do celular de Luana possibilitou aos policiais identificar testemunhas, cujos nomes estão sendo mantidos em sigilo. Ouvidas pelos agentes da DH, elas confirmaram que Luana tinha estreita relação com traficantes da favela.

Segundo policiais, a modelo trabalharia para o tráfico como "mula", fazendo o transporte de drogas da Rocinha para o Morro de São Carlos, no Estácio, até a favela ser pacificada, em fevereiro. Depois, teria continuado a trabalhar, com a mesma função, para o grupo do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe da venda de drogas na Rocinha e no Vidigal. O tráfico usaria Luana porque a boa aparência dela não despertava suspeitas da polícia.

A jovem teria sido morta por ter traído a confiança da quadrilha. Uma das hipóteses com que polícia trabalhou foi a de que ela teria revelado a um policial militar com o qual também manteria um romance a existência de uma grande quantidade de maconha na favela, que seria levada para Macaé. Em abril, a polícia estourou uma casa que servia de depósito para 2,5 toneladas da droga. Luana, então, teria passado a ser a suspeita número um pelo vazamento da informação. Desavisada da desconfiança, a jovem atendeu a um chamado de um traficante da Rocinha e, no dia 9, quando desapareceu, foi até o morro para "um desenrolo", como disseram amigos dela.

Luana tinha um filho de 2 anos com um morador da favela. Logo após seu desaparecimento, parentes da modelo estiveram na Rocinha em busca de informações e foram avisados de que ela teria sido morta por traficantes. A jovem, moradora da Estrada das Canoas, foi vista pela última vez em frente a uma concessionária de veículos perto da Rocinha. Ela teria sido executada pelos bandidos depois de iniciar um romance com um policial militar.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Este tipo de operação já é rotina no Rio. Mas gostaria que observassem a imagem inserida nesta matéria (Foto: André Teixeira / Agência O Globo) em que um grupo de policiais entram embarcados numa viatura em área de risco para realizarem uma operação perigosa. Notem os equipamentos de segurança individual que eles portam. Só consigo enxergar a coragem destes bravos e mal pagos policiais, pois estão sem capacetes e num veículo superlotado e expostos a atiradores do tráfico. E depois dizem que os policiais já ganham muito para arriscar a vida. Na minha opinião, no caso de algum policial ser ferido ou morto, o Governo e quem determinou esta operação deveriam ser responsabilizados por negligência e abandono da tropa.