O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

domingo, 28 de dezembro de 2014

BELTRAME - TEMO UM BANHO DE SANGUE SE ALGUÉM DER MARCHA A RÉ


REVISTA ISTO É 05/12/2014 21h32

José Mariano Beltrame: "Temo um banho de sangue se alguém der marcha a ré". Ao explicar por que resolveu continuar no cargo, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro diz que a onda de assassinatos de PMs não representa uma crise das UPPs

RUTH DE AQUINO



O XERIFE
José Mariano Beltrame, em 2011, em frente à favela do Borel, no começo das UPPs. “No Rio, há a tolerância da sociedade e a leniência do Estado” (Foto: Andre Valentim/ÉPOCA)

José Mariano Beltrame continua a correr, “que nem cavalo velho”, porque sua cachaça, diz, é a atividade física. Não corre de traficante ou de miliciano. Gaúcho por origem, teimoso por natureza, com 20 ameaças de morte cadastradas, Beltrame se tornou, após oito anos de trabalho, o maior sobrevivente no comando da Segurança Pública do Rio de Janeiro. A outra cachaça de Beltrame é a pacificação. As UPPs já conheceram dias melhores. Hoje, os bandidos atacam com fuzil as sedes, as patrulhinhas e os policiais. Mataram cinco PMs e um cabo do Exército nos últimos dias de novembro. Na semana passada, Beltrame nomeou o tenente-coronel Luís Claudio Laviano, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), como novo coordenador das UPPs, e deu esta entrevista a ÉPOCA.

ÉPOCA – Há oito anos, o senhor dizia que a Justiça prejudicava seu trabalho. Ainda hoje?
​José Mariano Beltrame – De certa forma, sim. Prendemos 41 no (Complexo do) Alemão, após seis meses de investigação. Voltaram para as ruas. Agora, temos de recapturá-los, quando poderíamos procurar outros 40 criminosos. Nove pessoas da Rocinha que deram tiros num domingo de praia foram soltas. No último feriadão no Rio, apreendemos 120 menores. Apareceram cinco pais e levaram os filhos. Os outros foram soltos. Possivelmente assaltarão na praia de novo. Não falo necessariamente em encarcerar menor. Digo a quem for assaltado e ficar sem relógio, cordão, celular e bolsa, que pense duas vezes antes de reclamar que a polícia não trabalha.

ÉPOCA – O senhor dizia que não havia hipótese de continuar como secretário de Segurança. Por que ficou?
Beltrame – Estava e estou muito cansado. Mas algumas coisas me fizeram permanecer. Acredito que preciso mudar a mentalidade sobre a segurança pública. Tirar o foco da mesmice do tiro, do cordão de ouro. Tenho receio de que alguém dê uma contraordem na pacificação. No momento em que se der uma marcha a ré, teremos um banho de sangue no Rio, porque as favelas, de forma ostensiva ou silenciosa, apoiam esse projeto. As UPPs têm de virar uma política de Estado, não do secretário.

ÉPOCA – O senhor é a favor da redução da maioridade penal?
Beltrame – Sim. A idade e o período de detenção deveriam depender da gravidade do crime que o menor cometeu. O jovem hoje pode votar, pode abrir uma empresa, tem muito mais liberdade, informação e maturidade que antigamente. Precisa sofrer as agruras da lei em cima do que fez.

ÉPOCA – As prisões não recuperam ninguém...

Beltrame – Concordo. Mas deixar na rua também não funciona. Hoje é assim: roubaram o cordão da madame! Polícia! Polícia! Cadê? E quando você vai checar aquele ladrão, menor ou maior de idade, já foi conduzido para a polícia e não ficou preso. Tem uma lei no Brasil, número 12.403. Essa lei diz o seguinte: crimes que, em tese, têm penas inferiores a quatro anos não levam à prisão. A pessoa responde em liberdade. Ótimo. Até aí, sem problemas. Agora, a sociedade sabe que essa lei existe e apoia? Se você pegar alguém dirigindo um carro que consta como roubado às 4 horas da manhã, não adianta prender. Porque ele é receptador, e o crime de receptação é de três anos. Se ele tiver uma arma de calibre, sem porte, ainda pode sair por fiança.



ÉPOCA – O Rio é diferente dos outros Estados?

Beltrame – Fui com minha família ver a Árvore de Natal na Lagoa. Passaram órgãos responsáveis recolhendo carrocinhas de algodão-doce. Caminhei uma quadra em Ipanema e vi um barzinho cheio de mesas na calçada. Só a carrocinha é removida? E as mesas? O pau que dá em Chico, dá em Francisco. Em restaurantes, carros belíssimos dos clientes em fila dupla. No dia seguinte, o cara abraça a Lagoa em passeata pela paz. A visão dele de violência não inclui a desordem. No Rio, há a tolerância da sociedade e a leniência do Estado.

ÉPOCA – O governador Pezão prometeu R$ 600 milhões a policiais em reajustes salariais e também a contratação de novos 6 mil PMs, com o objetivo de chegar a 60 mil até 2018. O senhor está feliz?
Beltrame – Estou feliz. Mas dificilmente a gente terá uma segurança plena. Não dá para querer uma polícia sueca, a sociedade não é sueca. Agora, baixo salário não é desculpa para corrupção ou roubo. Já ganhei muito mal e nunca peguei nada de ninguém. O país inteiro vê que tem gente muito bem estudada, muito educada, muito rica, que não para de roubar.

ÉPOCA – Não adianta formar novos policiais, com aulas de filosofia, direitos humanos e ética? PMs são acusados de estuprar no Jacarezinho, somem com o Amarildo na Rocinha, assassinam um menino no Sumaré, revendem para o tráfico armas apreendidas, achacam comerciantes e moradores. Para completar, o sargento que dava aula de ética invadiu armado um depósito da prefeitura para retirar seu carro rebocado.
Beltrame – Desses casos, o único que envolve policiais novos é do Jacarezinho. Infelizmente, mesmo tendo sido expulsos da corporação, foram soltos na semana passada, “por falta de provas”. Preferia que continuassem presos. A UPP já envolve 10 mil policiais, atinge direta e indiretamente 2 milhões de pessoas e não podemos ser ingênuos. Há policiais que a gente não quer.



ÉPOCA – O senhor não fica frustrado?
Beltrame – A cada assinatura de expulsão de um policial, o sentimento é muito ruim. Mas não fico frustrado. Porque temos infinitos casos de sucesso. Historicamente, nunca se prendeu coronel, comandante. A gente fez isso. Foi difícil. Fizemos e previno que faremos mais. Sou a favor de processos justos, mas rápidos, porque a celeridade é a alma da punição para mim. A impunidade começa quando você liga para o 190 e não te atendem.


ÉPOCA – O tráfico e a milícia ainda comandam os territórios das comunidades, mesmo as pacificadas?
Beltrame – A UPP acabou com aqueles paióis de 500 quilos de droga que existiam antes. Não digo que isso não exista. Pode ser que daqui a pouco apareça. Mas não tem mais aquela história de mandar fechar a rua tal porque chegará o caminhão lá de Mato Grosso. Hoje, a venda da droga é mais picada. Claro que você vê pessoas armadas, mas não há mais aquela ostentação, gente abanando armas e saindo da Rocinha com braçadas de fuzil.

ÉPOCA – O senhor apoia a descriminalização da maconha?
Beltrame – Já dá para discutir. A descriminalização da maconha tem de acontecer, embora seja tabu no Rio. Tenho um temor. O Estado cuidará do viciado? Ele é doente, tem o direito de se recuperar. É o SUS que fará isso? E como? Será vendido em carteira de cigarros, em potinho, como na Califórnia? Meu medo é que um oportunista erga a bandeira da legalização da maconha, aí libera e não se sabe como fazer.

ÉPOCA – Sobre os três PMs mortos no sábado, dia 29, o senhor diz que a ordem não partiu do bandido Elias Maluco, preso em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Acredita realmente que foi um acaso?
Beltrame – Sim. Eles foram abordados como pessoas comuns. Há três possibilidades nas mortes de PMs na rua. Ou eles reagem atirando, como policiais; ou são identificados por uma carteira, ou camiseta por baixo; ou, infelizmente, em alguns casos, é um acerto de contas, porque estavam envolvidos com o crime. A morte de um policial é um troféu para o marginal. Como foram vários casos num curto espaço de tempo, começa a gritaria como se fosse uma crise estrutural. Mas não é.


ÉPOCA – Cento e cinco policiais foram assassinados neste ano no Rio. Policiais civis e militares mataram 416 pessoas em serviço. Não são números de guerra civil?
Beltrame – Só foram mortos até agora neste ano 15 policiais em serviço. Os outros estavam de folga, à paisana. Diria que esses números são de um Estado com uma história de confronto. Era para estar melhor hoje, sim, se o sistema amplo de segurança funcionasse. Não adianta ter um policial com um fuzil numa escadaria na favela. A culpa não é da desigualdade social, que existe desde que o mundo é mundo. A falta de integração entre os vários setores e a impunidade ajudam a inflar essas estatísticas.

ÉPOCA – Qual é o papel das Forças Armadas? Pezão pediu a permanência na Maré. Há quem considere desvio de função.
Beltrame – As Forças Armadas vêm fazendo um trabalho excelente. O governo federal precisa mesmo entrar. Os Estados não têm condição de resolver isso. Essa é a grande verdade. Aceito a ajuda de todo mundo. A geografia do Rio complica ainda mais. O cabo do Exército Michel Mikami foi morto no dia 30 de novembro por um atirador em lugar estratégico na Maré. Ele estava de capacete e colete. Tomou um tiro no rosto. Mesmo com todos esses problemas, Pezão teve 74% de votos em áreas com UPP, onde ele seria eleito no primeiro turno. É uma aprovação impressionante.

HOSPITAL DO TRÁFICO EM FAVELA DO RIO



Criminosos mantinham "hospital do tráfico" em favela do Rio. Posto médico foi montado em barraco no Complexo do Alemão para atender bandidos feridos em confronto com policiais

HUDSON CORRÊA
13/12/2014 10h00




UPP no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro (Foto: Severino Silva/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)

Traficantes passaram a adotar táticas de guerrilha para enfrentar a polícia militar nas favelas pacificadas do Rio de Janeiro. Os criminosos também recrutam adolescentes, até de 15 anos, para chefiar a venda de drogas, como revela a edição desta semana de ÉPOCA. São novas estratégias do tráfico contra a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora nos morros cariocas. Antes das UPPs, moradores estavam habituados a encontrar traficantes armados com fuzis e pistolas caminhando despreocupadamente pelas ruas das favelas. Depois da pacificação, eles continuam armados, mas de forma menos ostensiva. Escondem-se em vielas e, aproveitando-se do fato de conhecer melhor a geografia daqueles locais, preparam emboscadas contra os policiais. Investigadores da Polícia Civil descobriram até um "hospital do tráfico", montado por bandidos, para receber feridos nos confrontos. O posto de atendimento médico ficava em um barraco numa rua sem saída da favela de Nova Brasília, localizada no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio.



Logo após as ocupações da polícia, os bandidos se refugiaram em comunidades sem policiamento, onde preparam e embalam a cocaína, a maconha e o crack que serão vendidos em bocas de fumo espalhadas nas grandes favelas da cidade. A venda pulverizada não evitou um aumento de 260% nas apreensões de drogas, feitas em áreas de UPPs, nos últimos anos. Para compensar o prejuízo, os traficantes começaram a agir como as milícias, cobrando de moradores taxas pelo fornecimento de botijões de gás, de galões de água mineral e acesso a TV a cabo clandestina, a chamada “gatonet”.

Entre abril e setembro deste ano, a Polícia Civil prendeu mais de 60 pessoas sob acusação de envolvimento com o tráfico e com a morte de policiais de UPPs, só neste ano ocorreram oito assassinatos. Um dos presos foi Bruno Eduardo da Silva Procópio, de 34 anos, conhecido como Piná, que agia na favela do Parque do Proletário, também localizada no Alemão. Segundo a polícia, Piná recebia ordens dos chefes da facção Comando Vermelho detidos em presídios federais de segurança máxima para atacar UPPs. Ele foi transferido em junho para a penitenciária federal de Porto Velho, em Rondônia.

Preso, um dos membros da quadrilha de Piná resolveu delatar os comparsas e relatou como e por que o tráfico ataca. Lindemberg Matias da Silva, de 22 anos, conhecido como Anão, disse que os policiais do Parque Proletário aumentaram a repressão ao tráfico, o que levou um grupo de bandidos a decidir usar seus fuzis para atingir a sede da UPP. No ataque, a soldado Alda Rafael Castilho morreu com um tiro na barriga. Três meses antes, em novembro de 2013, o também soldado Melquizedeque dos Santos Basílio fora morto com tiros nas costas enquanto fazia patrulhamento no Parque Proletário. Lindemberg afirmou que o crime foi encomendado por Piná, chefe do tráfico, e executado por homens em dois carros.

O NOVO DESAFIO DA PACIFICAÇÃO NO RIO DE JANEIRO



REVISTA ÉPOCA 27/12/2014 10h00

Traficantes recrutam menores de idade para chefiar o tráfico nas favelas cariocas

HUDSON CORRÊA




MANIFESTAÇÃO
Protesto em Copacabana na semana passada. Ao todo, 152 policiais foram assassinados no Rio de Janeiro nos últimos dois anos. O documento obtido por ÉPOCA revela a participação de menores nos assassinatos (Foto: Glaucon Fernandes/Eleven/Ag. O Globo)



A pacificação das favelas cariocas começou em 2008 e avançou para valer no final de 2010, quando a polícia ocupou o Complexo do Alemão, na Zona Norte, a maior fortaleza dos traficantes no Rio de Janeiro. Quatro anos depois, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) têm resultados para mostrar. Segundo um estudo divulgado na semana passada, elas reduziram em 65,5% os homicídios dolosos nas 50 favelas em que estão instaladas. As mortes em operações policiais caíram 90,7%. As UPPs enfrentam, no entanto, um novo desafio. Os bandidos de início recuaram, agora reagem às ocupações com emboscadas cada vez mais mortíferas. De janeiro a outubro deste ano, 15 policiais militares em serviço foram assassinados, oito deles trabalhando nas UPPs. Em 2013, dos 16 policiais mortos em ação, apenas três eram de UPPs. ÉPOCA teve acesso a documentos de investigações da Polícia Civil sobre como agem as quadrilhas que atacam os policiais. As investigações mostraram um dado novo e preocupante: o tráfico passou a recrutar menores de idade para postos de comando.


Jovens sempre foram arregimentados por traficantes, mas exerciam funções secundárias no comércio de drogas – transportavam pequenas quantidades de entorpecentes ou eram encarregados de disparar fogos de artifício como sinal da chegada da polícia. Agora, os meninos do tráfico viraram chefes. Por ser menores, eles recebem punições mais brandas quando estão presos, e logo estão livres para voltar ao “trabalho”. O adolescente G.A., de 15 anos, é o exemplo mais recente desse novo método dos traficantes. Ele mora com os pais no Complexo do Alemão, parou de estudar no 7º ano do ensino fundamental e dizia trabalhar numa mercearia, com salário de R$ 250 por semana. Em setembro, depois de uma grande operação contra o tráfico na região, o Ministério Público Estadual apontou G.A. como um dos principais gerentes da venda de drogas, encarregado de administrar e proteger da polícia a boca de fumo.



Segundo os investigadores, G.A. faz parte da quadrilha responsável pelo assassinato, em 11 de setembro, do capitão da PM Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos. Responsável pela UPP de Nova Brasília, uma das favelas do Alemão, Uanderson foi o primeiro comandante morto em confronto com o tráfico. Por quatro anos, nenhum policial em Unidades Pacificadoras foi assassinado. Desde 2012, quando ocorreu a primeira morte, 15 já foram vítimas. Sete deles estavam em unidades no Alemão.

G.A., o suspeito de envolvimento na morte de Uanderson, passou um mês internado numa instituição para menores infratores. No fim de outubro, foi colocado em liberdade assistida, com a condição de que prestasse serviços à comunidade durante três meses. A Justiça não informou se ele já começou a cumprir o determinado. G.A. não é o único menor suspeito de envolvimento na morte de PMs. Dez adolescentes, com idade entre 15 e 17 anos, foram identificados pela Polícia Civil. Além de G.A., outros dois ocupam a função de gerentes do tráfico. Seis foram levados para instituições de reeducação e já estão em liberdade. Um está foragido. O crescente envolvimento de menores com crimes mais graves levou o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, a defender em entrevista a ÉPOCA a redução da maioridade penal para esses casos.

A polícia também está atrás dos aliciadores de menores. Edson Silva de Souza, de 27 anos, conhecido como Orelha, foi preso sob suspeita de ter recrutado sete menores para seu bando, dois para o cargo de gerente do tráfico. Em novembro, Edson foi solto graças a um habeas corpus. Um novo mandado de prisão foi expedido, mas ele agora está foragido. O serviço disque-denúncia, que mantém parceria com a Secretaria de Segurança Pública, ofereceu uma recompensa de R$ 20 mil por informações que levem a sua captura.

Em outra estratégia para enfraquecer a pacificação, traficantes se infiltram nos protestos de moradores de favelas para causar tumultos. Os protestos acabam em violentos ataques às sedes das UPPs. No dia 27 de abril passado, uma escuta telefônica autorizada pela Justiça captou a conversa entre um gerente do tráfico e sua comparsa. Ela disse que reunira mais de 50 pessoas para atear fogo na sede da UPP do Alemão. Naquela noite, a base da UPP se salvou. Quatro ônibus foram incendiados, e um posto médico depredado. A polícia identificou um menor de idade entre os mentores da ação criminosa.

A violência crescente contra policiais militares é um tema grave que começa a mobilizar os cariocas. Em protesto organizado pela ONG Rio de Paz, no início do mês, 152 cruzes de madeira foram fincadas nas areias da Praia de Copacabana. Cada uma delas representava um policial morto, durante sua folga ou em serviço, nos últimos dois anos.

domingo, 21 de dezembro de 2014

LÍDER COMUNITÁRIO DO ALEMÃO É ASSASSINADO

VEJA ONLINE 21/12/2014 - 11:24


Líder comunitário de favela é assassinado em centro cultural . Guinha era militante da causa gay e fundador de Grupo Diversidade do Alemão





Polícia reforçou a segurança no Complexo do Alemão, após protesto (Reprodução/TV/VEJA)

O presidente da Associação de Moradores do Conjunto das Casinhas, na comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão (zona norte), Luiz Antônio de Moura, de 41 anos, foi assassinado na tarde de ontem. Conhecido como Guinha, ele foi baleado em um centro cultural da comunidade. Guinha era militante da causa gay e fundador do Grupo Diversidade LGBT do Alemão.



Os tiros foram disparados de dentro de um carro que passou em frente à casa. O crime é investigado pela Divisão de Homicídios (DH). Um rapaz de 18 anos foi atingido no braço, atendido em um hospital da região e está fora de perigo.

Em sua página no Facebook, Guinha publicou, nos últimos dias, fotos de festas e atividades comunitárias. O líder comunitário é personagem do documentário "Favela Gay", sobre a militância em defesa dos direitos dos homossexuais nas comunidades cariocas, produzido por Cacá Diegues e Renata de Almeida Magalhães. No filme, Guinha contou episódios de perseguição a homossexuais e transexuais do conjunto de favelas.

O líder comunitário dizia que, no passado, eram frequentes ataques comandados por traficantes. "Para eles, policial, x-9 (delator) e gay eram a mesma coisa", disse. A intolerância, afirmou, ficava mais grave com a presença de igrejas evangélicas nas favelas. "Nos cultos, nos atacam abertamente. Se o gay for espírita ou umbandista, complica ainda mais", lamentou.

Em nota, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora informou que policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) ouviram os disparos e encontraram o corpo de Guinha, na localidade de Casinhas, no fim da tarde de ontem. O corpo foi levado para a Instituto Médico Legal (IML).

(Com Estadão Conteúdo)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

SE QUISER, MATO UM SOLDADO POR DIA

REVISTA VEJA, Edição 2403 de 10dez2014.


“Se quiser, mato um soldado por dia”, diz traficante da Maré. Um cabo do Exército, veterano da missão no Haiti, foi morto a tiros na favela carioca

Leslie Leitão





A TROPA ACUADA - Sepultamento do cabo Mikami: os militares estão em desvantagem nos domínios do tráfico no Complexo da Maré (Rafa Von Zuben/Código 19/Estadão Conteúdo)

Faltavam cinco dias para o cabo do Exército Brasileiro Michel Augusto Mikami, 21 anos, encerrar a terceira campanha real de sua curta carreira militar. A primeira foi a missão de paz da Organização das Nações Unidas no Haiti. E depois a Copa do Mundo. O plano de Mikami era voltar para casa, em Vinhedo, cidade vizinha a Campinas, no interior de São Paulo. Como parte da Força de Pacificação formada por 3 000 militares da Marinha e do Exército, Mikami patrulhava as vielas do Complexo da Maré, aglomerado de favelas na Zona Norte do Rio de Janeiro. A missão da tropa federal é apoiar a polícia do Rio no que se chamou apressada e exageradamente de “retomada do território do tráfico”. Na tarde da sexta-feira 28, em meio a um tiroteio com os bandidos donos do “território retomado”, o cabo Mikami foi atingido por uma bala de fuzil na cabeça, que o matou instantaneamente. Desde a ação para debelar a guerrilha comunista no Araguaia, em 1972, as Forças Armadas do Brasil não tinham um soldado morto em combate em território brasileiro. O cabo, enterrado com honras militares, é, porém, apenas mais um número da macabra estatística do combate ao crime no Rio de Janeiro. O ano de 2014 ainda não acabou e o número de policiais mortos a tiros por bandidos no Rio de Janeiro chegou a 106 na semana passada. Uma cifra assustadora quando comparada à de outros países. Sim, porque não há base de comparação com cidades. Em Nova York, neste ano, nem um único policial morreu assassinado a tiros por bandidos. Zero. Em todos os Estados Unidos, com quase uma vez e meia a população brasileira, tombaram baleados por bandidos 46 policiais. Menos da metade do que os bandidos mataram em 2014 só no Rio de Janeiro. Todos os estados americanos têm legislação que pune com mais severidade o cop killer, ou assassino de policial. Em Nova York, o cop killer, não importa a circunstância do crime, é enquadrado automaticamente na categoria mais severa do código penal, o assassinato em primeiro grau. O condenado nessa categoria não tem acesso a benefícios jurídicos, como a diminuição de pena por bom comportamento.

VEJA foi ao Complexo da Maré na quarta-feira passada, cinco dias depois da morte do cabo Mikami. O “território retomado”, a “comunidade pacificada”, da propaganda oficial, vivia sua rotina esquizofrênica. As ruas eram patrulhadas por jovens armados com pistolas e radiocomunicadores. A menos de 100 metros de um posto do Exército guarnecido com seis soldados, o carro da equipe de VEJA foi parado pelos traficantes e vistoriado. O gerente do grupo concordou em falar, sem se identificar, dentro de um bar. Ali, tranquilo, deu uma espantosa explicação para a coabitação de militares com bandidos em um mesmo território: os criminosos têm a vantagem por estarem bem armados e conhecerem melhor a região. A morte do cabo Mikami foi descrita por ele como um evento normal, incapaz de perturbar a “paz” do lugar: “Se a gente quisesse, matava um soldado por dia”.



O plano de pacificação que começou em 2008 no Rio de Janeiro teve sucessos iniciais estrondosos com favelas tomadas sem o disparo de um único tiro. No ponto mais alto dos morros, os policiais de elite hasteavam bandeiras do Brasil, do Rio de Janeiro e de suas corporações. Mas, sem que se desse a efetiva ocupação do território pelo estado, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas nas favelas foram sendo isoladas até chegar à situação atual de monumentos ao fracasso de um plano que parecia vitorioso. Não é raro a guarnição de uma UPP pedir a intervenção de unidades de elite para conseguir sair de sua base. Só no conjunto de favelas do Alemão foram registradas quase duas centenas de tiroteios, escaramuças inconsequentes entre policiais e bandidos, sem que nenhum lado se declarasse vencedor.

Na famosa Favela da Rocinha, a presença constante de 700 policiais não consegue impor a ordem, tampouco impedir o tráfico de drogas e os crimes violentos associados a ele. Rajadas de fuzis automáticos cortam o céu noturno do morro que foi durante algum tempo a vitrine da política de pacificação na cidade. Entre os 267 policiais baleados neste ano, 79 foram feridos em combates em áreas de UPPs, onde oito morreram.

É melancólico constatar que sob o rótulo de “pacificação” esteja ocorrendo mesmo uma guerra. Além dos policiais mortos, perderam a vida no Rio de Janeiro até outubro 481 pessoas em circunstâncias oficialmente registradas em “autos de resistência”. Esse termo deveria descrever apenas situação em que, esgotadas todas as outras opções, a polícia recorre às armas para deter um criminoso. Infelizmente, no Rio de Janeiro, o “auto de resistência” pode ser mesmo a clássica “resistência seguida de morte”, mas serve também para encobrir ações de criminosos de farda. A boa notícia desse lado da trincheira é que as mortes de civis em operações policiais na cidade têm diminuído ano a ano: em 2007, antes do início das UPPs, foram 1 330. A má é que mais policiais estão sendo assassinados. “A verdade é que a polícia está matando menos, mas seus homens continuam morrendo como moscas”, diz Richard Ybars, antropólogo e policial civil.

A lógica mais simples levanta a seguinte questão quando alguém se detém diante da resistência do tráfico no Rio de Janeiro: se os morros não produzem drogas nem têm fábricas de armas pesadas, não seria o caso de, em vez de correr em vão atrás do varejo, impedir no atacado o fornecimento de cocaína e fuzis AK-47 aos bandidos? Raramente se consegue uma resposta satisfatória a essa pergunta. Uma fresta de luz, porém, entra no debate quando se analisam as favelas do Complexo da Maré. Com seus 130 000 habitantes, a Maré tem localização geográfica estratégica. Fica próxima do Aeroporto Internacional Tom Jobim e tem saída para o mar. A área é contígua às duas principais vias de trânsito da cidade, a Linha Vermelha e a Avenida Brasil. “A Maré é muito importante na geopolítica do tráfico, porque quase tudo passa por ela. Para os criminosos, é essencial comandá-la”, diz o sociólogo Cláudio Beato, especialista em segurança pública. Com sua óbvia importância tanto para o atacado quanto para o varejo do comércio ilegal de drogas, o Complexo da Maré deveria merecer atenção especial das autoridades. A região é policiada por soldados jovens vindos de diversas partes do Brasil e treinados — quando são — para outro tipo de batalha. “Essa guerra não é nossa”, disse um deles a VEJA. Não é mesmo. O militar das Forças Armadas é treinado para matar o inimigo. Suas armas são canhões, bazucas, carros de combate, jatos e navios de guerra. Reduzidas à função policial, as Forças Armadas correm o risco de ser desmoralizadas por ter sido colocadas em uma guerra que não podem vencer.


Brendan McDermid/Reuters
AÇÃO E REAÇÃO - Patrulhamento em Nova York, onde os assassinos de policiais recebem pena máxima

​O despreparo é uma queixa comum também em relação às forças que operam nas 38 UPPs do Rio — um contingente incrementado ao ritmo de até 500 homens por mês, formados a toque de caixa para cumprir a meta de pôr a segurança nas favelas nas mãos de uma tropa nova, livre de vícios. “A ânsia política de colocar novas turmas nos morros prejudica a formação”, afirma Paulo Storani, ex-capitão do Bope. A tropa das UPPs é de fato majoritariamente nova, mas nem por isso vícios como corrupção, desvios e apatia foram extirpados. “A intenção era ‘uppeizar’ a PM, mas o que se vê é a ‘peemização’ das UPPs”, diz Beato.

Entre setembro e outubro, duas operações do Ministério Público contra a corrupção na polícia puseram na cadeia mais de quarenta homens. Os promotores investigam ainda uma fraude milionária em unidades de saúde da corporação que deve levar à prisão de mais oficiais. Em consequência dessas denúncias, o comando da PM foi trocado. É um movimento positivo, mas será preciso bem mais do que operações episódicas para reverter a derrocada da segurança no Rio e impedir que as UPPs sejam lembradas apenas como mais uma das tantas utopias massacradas pela realidade.






sábado, 29 de novembro de 2014

MILITAR DA FORÇA DE PACIFICAÇÃO LEVA UM TIRO NA CABEÇA E MORRE




Do G1 Rio 28/11/2014 19h34

Vídeo mostra socorro a militar após levar tiro na cabeça na Maré. Nome do ferido e hospital para onde foi removido não foram informados. Força de Pacificação está na Maré desde o dia 5 de abril.






Um vídeo divulgado pelo RJTV mostra um militar do Exército no momento em que é socorrido após ser baleado na cabeça enquanto fazia um patrulhamento no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, nesta sexta-feira (28). Também na região, um blindado caiu num canal em outro ataque de criminosos.

O veículo blindado da Força de Pacificação que estava em patrulhamento na Região do Conjunto Esperança recebeu tiros de supostos envolvidos com facções criminosas.


Segundo a assessoria de imprensa da Força de Pacificação, os policiais responderam aos disparos e, ao manobrar o veículo, colidiram com o meio-fio e caíram no Canal da Avenida 2. O militar ferido recebeu os primeiros-socorros e foi levado para o hospital para receber cuidados médicos. O veículo não sofreu maiores danos. Um rádio transmissor foi apreendido.

O nome do ferido e o hospital para onde ele foi removido não foram informados pela Força de Pacificação por motivo de segurança.

Blindado perdeu o controle após ataque na Maré (Foto: Reprodução / Globo)

Ocupação desde abril


A Força de Pacificação está na Maré desde o dia 5 de abril, quando 2,7 mil militares ocuparam 15 comunidades do conjunto de favelas. Mas os confrontos têm sido frequentes. Desde o início da ocupação, mais de 400 pessoas foram presas e 158 menores apreendidos. Nas operações de combate ao tráfico, além de drogas, os militares também apreenderam veículos, motos, armamento e munição.


 Do G1 Rio 29/11/2014 13h25

Após morte de cabo, Pezão quer pedir permanência de Exército na Maré, Rio. Governador do RJ afirmou que pretende conversar com a presidente. Força de Pacificação está na Maré desde o dia 5 de abril.



Michel Mikami era de Vinhedo, no interior de São
Paulo (Foto: Reprodução / Facebook)

O governador Luiz Fernando Pezão afirmou neste sábado (29) que pretende conversar com a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que a Força de Pacificação permaneça no Complexo da Maré após dezembro, prazo inicialmente previsto. Segundo Pezão, por conta da dificuldade que a comunidade representa, a ideia é que a Força de Pacificação continue ocupando a região até que novos policiais militares se formem no Rio.

"Uma comunidade ao lado da Avenida Brasil, da Linha Vermelha, perto do Galeão, que tinha um nível de violência inimaginável. Uma região que o tráfico dominou por mais de 30 anos. Isso mostra a dificuldade que nós temos. E, se não fosse essa parceria com a presidenta Dilma e as Forças Armadas, dificilmente conseguiríamos ter êxito na nossa política de pacificação", ressaltou o governador, durante inauguração das obras de ampliação do sistema de abastecimento de água de Piraí.

De acordo com o governador, com o apoio da Força de Pacificação na Maré, os policiais militares poderão continuar reforçando os batalhões do interior do estado. Pezão garantiu ainda que mais mil PMs serão formados até o fim deste ano.

Pesar da presidente

A presidente da República Dilma Rousseff também expressou seu pesar por meio de nota. O comunicado ressaltou que o militar "morreu no cumprimento do dever, na missão de pacificação empreendida pelo Exército Brasileiro". "Quero expressar minha dor e minha solidariedade à família e aos amigos de Michel", disse a presidente.

Ocupação desde abril

A Força de Pacificação está na Maré desde o dia 5 de abril, quando 2,7 mil militares ocuparam 15 comunidades do conjunto de favelas. Mas os confrontos têm sido frequentes. Desde o início da ocupação, mais de 400 pessoas foram presas e 158 menores apreendidos. Nas operações de combate ao tráfico, além de drogas, os militares também apreenderam veículos, motos, armamento e munição.

Militares se preparam para participar de operação da PM na Maré (Foto: Mariucha Machado/G1)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

SARGENTO DA MARINHA GUARDAVA ARSENAL DE GUERRA DO TRÁFICO

Do G1 Rio 27/11/2014

Sargento da Marinha é preso com fuzis e metralhadoras do tráfico. Paiol foi encontrado na casa dele, em Padre Miguel. Material pertencia ao tráfico e drogas da comunidade Vila Vintém.





O sargento da Marinha Jerônimo Ronaldo Severino Pereira, de 42 anos, foi preso, nesta quinta-feira (27), por policiais da 6ª DP (Cidade Nova). Na garagem de sua casa, em Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio, foram encontrados 10 fuzis, duas metralhadoras, nove pistolas e muitas munições. O material pertencia ao tráfico e drogas da comunidade Vila Vintém.

Material pertence ao tráfico e drogas da comunidade Vila Vintém (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

Armas foram apreendidas na garagem do sargento da Marinha (Foto: Divulgação/Polícia Civil) 

sábado, 22 de novembro de 2014

POLICIAIS SÃO ATACADOS EM SEGUNDO DIA DE TIROTEIO NA ROCINHA

O DIA 22/11/2014 17:31:31

Policiais são atacados em segundo dia seguido de tiroteio na Rocinha. O pedido de encerramento de um baile onde estariam sendo vendidas drogas teria sido o estopim para o confronto armado

Nonato Viegas



Rio - Durou cerca de meia-hora a troca de tiros entre PMs da UPP da Rocinha e traficantes, na tarde deste sábado. É o segundo dia seguido de confronto. Não há informação de feridos, e equipes do Bope estão no local, fazendo varredura na região conhecida como Terrerão. Segundo informações da Coordenadoria das UPPs, traficantes chegaram a usar granadas contra os policiais, que pediram reforço.

O troca de tiros ocorreu quando oito PMs faziam patrulhamento a pé na Rua 1, Terrerão, quando foram atacados por bandidos armados por volta das 15h30.

Segundo a reportagem apurou, haveria um baile no local, e traficantes aproveitariam o evento para vender drogas. A Coordenadoria das UPPs, no entanto, informa que a unidade local não foi procurada com pedido de autorização para a realização do baile.


Tiroteios têm sido constantes na comunidade Foto: Foto: Fabio Gonçalves / Arquivo Agência O Dia

O confronto começou, segundo testemunhas, quando os policiais determinaram o desarme das caixas de som, que já começavam a ser instaladas.

O Bope ocupará a Rocinha até pelo menos domingo de manhã. Há relatos de que tem havido frequentes trocas de tiro entre PMs e traficantes.

Na sexta-feira, pela manhã, também houve tiroteio e o comércio fechou as portas. Em artigo publicado na edição de sábado do DIA , o coordenador do Movimento Popular de Favelas, William de Oliveira, afirmou que, morando há 43 anos na Rocinha, nunca ouviu tantos tiros diários na favela.


"O tiroteio voltou a fazer parte da rotina de uma das maiores favelas do Brasil", escreveu.

Até o fechamento desta reportagem, a Coordenação das UPPs não se pronunciou sobre o aumento dos confrontos entre PMs e traficantes no local.

Imprensa é recebida a tiros

Uma equipe de reportagem do jornal 'O Globo' foi recebida a tiros na manhã desta sexta-feira na Favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul.

Os jornalistas chegavam ao local para fazer uma matéria sobre desapropriações provocadas pelo alargamento de uma via na comunidade, parte das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2).




O Dia 22/11/2014 00:06:05

William de Oliveira: Rocinha em pé de guerra

Moro na Rocinha há 43 anos e nunca ouvi tantos tiros diários desde a guerra vivenciada em 2004, com a disputa de facções rivais



Rio - Moro na Rocinha há 43 anos e nunca ouvi tantos tiros diários desde a guerra vivenciada em 2004, com a disputa de facções rivais. O tiroteio voltou a fazer parte da rotina de uma das maiores favelas do Brasil. Sei que isso não acontece só na Rocinha, porque leio os jornais e acompanho os relatos de moradores da Maré, do Alemão e de outras comunidades consideradas “pacificadas”. No dia 13, completou três anos da pacificação e também de mais uma semana inteira de violência na Rocinha.


Não é fácil viver no meio de uma guerra travada como essa. O que devemos fazer para levar nossos filhos à escola? O que devemos fazer pra ter mais segurança? Como vamos sair para trabalhar? Escolas e creches não abrem. Equipamentos comunitários, comércio e instituições públicas também não.


É difícil acordar com o som do helicóptero, logo após os tiros e os fogos. A trilha sonora do horror ainda inclui os latidos de cachorros, a gritaria das crianças e, às vezes, alguns gritos de adultos. Sinto minha casa tremer com a passagem dos helicópteros dando seus voos rasantes pelas nossas lajes. Graças a Deus não houve uma tragédia maior. Não quero imaginar o que aconteceria se um deles caísse em cima das casas.


Para se andar pelos becos e vielas da favela é preciso estar com o alerta ligado todo tempo, independente de o céu estar repleto de estrelas ou infestado de balas traçantes. Depois do tiroteio, se ninguém foi alvejado por uma bala perdida, chega a hora de calcular os prejuízos, de contar os furos nas paredes, nas portas e nos produtos expostos dentro das lojas, que foram destruídos. Até hoje, ninguém pagou esse prejuízo.


Ao andar pelas ruas da minha comunidade, fico assustado com as dificuldades da vida do morador de favela. Fico me perguntando o porquê de tanta desigualdade. Durmo sem luz e acordo sem água no meio do tiroteio sem poder sair de casa. A Rocinha está ocupada desde 13 de novembro de 2011. Mas a pacificação ainda é um sonho distante. Além disso, o trabalho precisa ir mais além. Precisa incluir investimento na educação, em saneamento e na criação de oportunidades para a transformação social. É impossível resgatar a cidadania e trazer a paz para lugares abandonados por décadas apenas usando a força policial.


William de Oliveira é coordenador do Movimento Popular de Favelas

domingo, 26 de outubro de 2014

ELEITORES FICAM SEM TRANSPORTE APÓS MORTES E ÔNIBUS INCENDIADOS NO RJ

DO G1 26/10/2014 12h28


Confronto entre policiais e traficantes deixou quatro mortos em Cabo Frio. Dois ônibus foram incendiados; três fuzis e drogas foram apreendidos.


Heitor Moreira Do G1 Região dos Lagos



Após morte de traficantes, ônibus particular foi incendiado no bairro Guarani (Foto: Heitor Moreira/G1)

Quem precisou do transporte público para votar em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio, foi pego de surpresa com a falta de ônibus na cidade. Motoristas da empresa Salineira, a única que presta serviço no município, resolveram tirar os coletivos de circulação após ataques a ônibus na madrugada e na manhã deste domingo (26). Dois coletivos foram incendiados, um às 5h30 da madrugada e outro às 7h30, após quatro traficantes morrerem durante confronto com policiais na Favela do Lixo, na comunidade Manoel Corrêa. Linhas intermunicipais, que atendem a municípios vizinhos da Região dos Lagos, também não estão circulando e alguns usuários desistiram após horas de espera no ponto.

"Eu estou aqui há a mais de três horas. Trabalho em Arraial do Cabo e até agora nada de ônibus e nem tenho como votar", disse um passageiro que não quis se identificar.


Coletivo foi incendiado por volta das 7h30 da
manhã (Foto: Heitor Moreira/G1)

A empresa Salineira explicou que os rodoviários ficaram com medo e decidiram voltar à garagem como medida de segurança. De acordo com o comandante do 25º Batalhão de Polícia Militar, tenente coronel Ruy França, uma denúncia anônima informou que um baile funk estava acontecendo na Favela do Lixo. Homens estariam armados com fuzis e coletes balísticos. Ainda segundo a denúncia, várias pessoas estavam consumindo drogas no local.

Após a informação, o comando da PM decidiu montar uma operação. Cerca de 20 policiais foram em direção à comunidade. O comandante informou ainda que assim que chegaram, traficantes os receberam com vários tiros. A polícia revidou e começou uma intensa troca de tiros.


Três fuzis, pistolas e drogas foram apreendidos
com traficantes (Foto: Eduander Silva/Arquivo)

Quatro traficantes foram mortos, sendo um deles considerado como chefe do tráfico de drogas no local. Foram apreendidos três fuzis, duas pistolas, um colete balístico, carregadores de fuzil e pistola, cápsulas de cocaína, um rádio transmissor e diversos celulares.

O policiamento foi reforçado na cidade. O material apreendido foi levado para a delegacia em Cabo Frio. Os corpos dos quatro traficantes foram encaminhados para o Instituto Médico Legal do município.

Troca de tiros terminou em uma grande área aberta próxima as dunas (Foto: Eduander Silva/Arquivo pessoal)

Dois ônibus foram incendiados

Por volta das 5h30 deste domingo (26), um ônibus que fazia a linha Cabo Frio x Armação dos Búziosfoi incendiado no terminal da principal praça do bairro São Cristovão, um dos mais movimentados da cidade. A polícia acredita que o incêndio foi uma retaliação pela morte dos quatro traficantes.

Às 7h30, um outro ônibus foi incendidado no bairro Guarani, localidade vizinha. Com placa de Cabo Frio, o veículo era particular e estava estacionado ao lado de uma garagem utilizada para guardar ônibus de empresas particulares. De acordo com testemunhas, o coletivo incendiado fazia excursões de igrejas na região.


Ônibus que fazia a linha Cabo Frio x Búzios foi
incendiado as 5h30 (Foto: Eduander Silva/Arquivo)

Funcionários têm medo, diz empresa

A assessoria da Salineira informou que apoia a decisão dos rodoviários que, assustados, decidiram parar de circular com os ônibus. A empresa disse ainda que chegou a garantir o transporte de algumas urnas para as seções eleitorais, com ônibus escoltados pela Polícia Militar.

Até as 11h deste domingo, diretores da empresa estavam reunidos com os rodoviários e aguardam uma posição do 25ºBPM para que os ônibus voltem a circular normalmente, garantindo a segurança dos funcionários e usuários do transporte coletivo.

domingo, 28 de setembro de 2014

UPP: NÃO ACHO A POLÍTICA UMA GUERRA


Luiz Fernando Pezão: governador é candidato a reeleição pelo PMDB
Luiz Fernando Pezão: governador é candidato a reeleição pelo PMDB Foto: Simone Marinho / O Globo

‘Não acho a política uma guerra’, diz Pezão

Guilherme Amado

Apoiado por Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão (PMDB) assumiu o cargo em abril. Mas, por ter sido o braço direito de seu antecessor, cabe a ele defender cada gesto do ex-governador. Em entrevista ao EXTRA, foi aplicado. Assinou embaixo do valor gasto no Maracanã, referendou a polêmica composição do conselho da agência reguladora dos transportes e disse que as UPPs estão no rumo certo. Mas não apontou nenhuma proposta concreta para melhorar a transparência pública, medida fundamental para combater a corrupção.

O senhor foi secretário do governo Rosinha. Não é incoerente que, agora, o senhor critique ela e o marido?
Respeito os dois. Tive parcerias. Vim para o governo da Rosinha, fui secretário durante dois meses em 2006 para tentar ajudar na governabilidade, no relacionamento com os prefeitos. Fui presidente da associação de prefeitos, e sempre foi uma prática minha cuidar dos movimentos municipalistas. Eu critico as políticas públicas que deram errado, que não tinham a minha visão.

Por que não se insurgiu na época e deixou, então, o governo?
Saí com dois meses e fui ser candidato a vice-governador com o Sérgio Cabral.

Mas o senhor saiu para ser candidato com o apoio deles.
Tive o apoio, como o Sérgio também teve do PMDB. Mas vim pelos meus méritos.

Lindberg Farias disse que o senhor seria um governador manipulado por Cabral, Jorge Picciani e Eduardo Cunha.
Lamento. Lindberg foi um senador apoiado por nós, por esse grupo que ele critica hoje.

Caso ele não vá para o segundo turno, pedirá seu apoio?
Do Lindberg, não. Vou conversar com o PT. Converso com os partidos. Eu não acho a política uma guerra.

Em agosto, foram registrados oito mil roubos de rua. São 11 por hora no estado. Como diminuir isso?
Temos que discutir o Código Penal. Lamento que os meus adversários não tenham feito isso no Congresso. Chegam agora cheios de propostas, dois senadores e um deputado federal. A gente tem prendido... batemos recordes de prisões em agosto, na história do ISP, mais de três mil prisões. Só que está aí o tráfico, recrutando cada vez mais menores, gente que tem ficha limpa, para assaltos.

Mas, se aumentam as prisões e a taxa de roubos, a solução não seria outra?
Vamos colocar até o fim do ano mais 1.600 PMs nos batalhões. Abri concurso para mais seis mil. Vou ajudar as cidades a equipar centros de comando e controle próprios, o que tem gerado resultados, e melhorar a integração com as guardas municipais.

Temos PMs de UPPs corruptos e que estupram. No que os policiais das UPPs se diferem do restante da PM?
Eles têm uma formação diferente. A gente está mudando a cultura da Polícia Militar, que teve sua história preparada para a guerra. Não podemos julgar dez mil policiais que estão em UPPs hoje por causa de 50 ou cem que se desviaram. Vamos fazer a academia das UPPs.

A academia das UPPs é prometida desde 2011. O que faz o eleitor acreditar agora que ela realmente sairá do papel?
O governo é um carro em movimento, ainda há uma série de ações que a gente tem que fazer. Mas vamos fazer.

A UPP não precisava ser consolidada antes de avançar?
Acredito que a gente está no caminho certo. A gente enfrentou as dificuldades.

O Rio tem R$ 4,2 bilhões de orçamento em Saúde durante todo o ano. Considerando que só o Maracanã custou R$ 1,2 bilhão, o que houve? Pouco para a Saúde ou muito para o Maracanã?
O estádio foi sede da Copa do Mundo, vai servir para as Olimpíadas, tem a maior taxa de utilização no Brasil. A gente fez o investimento na Saúde. Em quatro anos são quase R$ 16 bi. O Maracanã merecia isso.

As UPAs passam por problemas semelhantes à toda a rede pública, como falta de médicos e longas esperas. Como reverter isso?
Contratar médicos e botar a gestão sob organização social (OS). Estamos fazendo as duas coisas. As OSs facilitam a contratação de especialistas, e os médicos que faltam podem ser demitidos. Quero criar UPAs específicas, uma só de pediatria, por exemplo. Eu vou fazer os municípios terem consórcio de saúde e terem atenção básica à saúde. Vou fazer um programa forte. Eu fiz e vou fazer. Outra parceria que estamos fazendo é reabrir a Santa Casa.

Cabral indicou como conselheiro da agência reguladora dos trens e do metrô Arthur Vieira Bastos, ex-tesoureiro do PMDB. Ele hoje fiscaliza empresas que doaram para ele no PMDB. Vai mexer na composição da Agetransp?
Não. Não vou mudar porque os conselheiros foram escolhidos, os seus nomes o governador escolhe e submete à Assembleia Legislativa. Eles foram aprovados.

Mas quem escolheu foi o ex-governador Cabral.
Ele escolheu, submeteu à Assembleia. O Arthur tem competência. Todos os processos do estado passavam pela mão dele. Seguimos a lei. Nunca houve tanta multa.

O senhor prometeu pôr o Rio em primeiro lugar no ranking nacional do Índice de Educação Básica (Ideb), que avalia a qualidade do ensino. Como?
Vou continuar a investir na Educação, valorizar o professor, valorizar a rede de apoio. Construir novas escolas. Botar ensino médio com ensino profissionalizante. Quero também investir em mais centros de vocação tecnológica e na Faetec.

O valor das multas não é baixo? A multa para o caos de janeiro, quando o sistema de trens parou, foi de R$ 868 mil.
Não sei o valor de multa. Isso, os órgãos de fiscalização submetem e eu aprovo, e eu só sanciono. Eu sei que a gente segue estritamente a lei. A Agetransp é um órgão que está cada vez mais formando mais seus técnicos, melhorando para fiscalizar cada vez mais os transportes concedidos.

O senhor tem alguma proposta concreta para melhorar a transparência?
Não. Sou a favor de continuar a melhorar, a colocar todos esses instrumentos à disposição da população pra nos cobrar e nos fiscalizar cada vez mais.

De 2011 a 2013, o governo do Rio de Janeiro gastou R$ 831 milhões em publicidade. Por que tanto?
A gente vê no que o estado se comunicar se comunicar. Uma operação da Lei Seca, campanhas na Saúde, principalmente da dengue. Eu acho que é um gasto razoável para um governo que tem um orçamento de R$ 84 bilhões , como o deste ano. Nós não estamos nada diferente. Eu procurei até ver esses dias, eu estava vendo que o governo da Bahia gasta até mais do que o Rio.

Nem sempre o dinheiro é para campanhas de interesse público. O ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes e o subsecretário de Comunicação Social Ricardo Cota foram condenados por usar dinheiro da Saúde em propaganda.
O dinheiro foi usado pra campanha de saúde, e houve uma falha na defesa, a gente recorreu, e eu tenho certeza que serão comprovados os gastos. Houve uma falha na defesa, mas os gastos foram feitos em campanhas de saúde.

Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/brasil/eleicoes-2014/nao-acho-politica-uma-guerra-diz-pezao-14069274.html#ixzz3Ece9wlre

sábado, 20 de setembro de 2014

MANGUEIRA VAI REABRIR QUADRA APÓS FIM DE SEMANA DE CONFRONTOS

JORNAL EXTRA 19/09/14 10:17



Quadra foi fechada no último sábado 14/09/2014 Foto: Fábio Guimarães / Extra


Igor Ricardo


Depois de ter cancelado a disputa de samba no último fim de semana por causa da guerra do tráfico, a Mangueira enviou comunicado afirmando que neste sábado ocorrerá normalmente a festa. A regra permanece a mesma da que foi adiada, com nove sambas se apresentando, em que três serão cortados pelos jurados. Na manhã desta sexta-feira, funcionários da agremiação realizaram trabalho de lavagem do espaço.

- Estão lavando e preparando toda a quadra para a noite de amanhã (sábado). A equipe trabalha forte para deixar tudo em seu lugar. Estamos afinando os detalhes e preparando uma belíssima noite de samba - afirmou Junior Schal, diretor de carnaval da Mangueira.


Funcionários preparam quadra da Mangueira para festa neste sábado Foto: Junior Schall

No último sábado, a festa foi cancelada por causa da guerra de traficantes no Morro. A decisão de cancelar o evento foi tomada pelo presidente da escola de samba, Chiquinho da Mangueira.

- Achei prudente não continuar diante do problema no alto do morro. Foi uma decisão minha para preservar a todos - afirmou Chiquinho, no último domingo, que frisou: - Esse clima não tem atrapalhado em nada os nossos ensaios.


 Mangueira afirmou que vai reabrir espaço neste sábado Foto: Picasa / Fernando Azevedo / Divulgação

Na ocasião, por volta das 20h, policiais da UPP da localidade trocaram tiros com traficantes na região conhecida como Candelária, que fica na parte baixa da comunidade, levando tensão a moradores e frequentadores. Durante a tarde de sábado, uma feijoada ocorreu normalmente na quadra da Verde e rosa.


Disputa na Mangueira após morte de Tuchinha


Mangueira cancelou a festa por causa de problema de segurança pública Foto: Reprodução Facebook

Moradores relatam que os confrontos na região se intensificaram após a morte do ex-traficante Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha. Ex-chefe do tráfico na Mangueira nas décadas de 1980 e 1990, Tuchinha foi assassinado no dia 2 deste mês, a tiros e golpes de faca. Ele foi surpreendido por dois homens numa moto, na Rua da Prata, um dos acessos à comunidade, quando esperava seu carro, um Land Rover Discovery avaliado em R$ 110 mil, ser lavado.

Desde 2011 Tuchinha trabalhava de carteira assinada na ONG AfroReggae. Sua função era incentivar jovens a deixar o mundo do crime, por meio de palestras motivacionais. A Divisão de Homicídios investiga a morte do ex-traficante.

Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/mangueira-vai-reabrir-quadra-apos-fim-de-semana-de-confrontos-13983670.html#ixzz3Drq9CWyU

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

MORRE COMANDANTE DA UPP DO ALEMÃO BALEADO COM CONFRONTO COM BANDIDOS

JORNAL EXTRA , 11/09/14 23:39


O comandante foi baelado durante um confronto com bandidos


Extra

A violência em Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) fez nesta quinta-feira a sua primeira vítima entre oficiais da PM: o capitão Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos, comandante da UPP Nova Brasília, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, morreu após ser atingido por um tiro no peito. O confronto foi na localidade conhecida como Largo do Vivi e começou por volta de 17h30, durando aproximadamente 30 minutos.

O policial foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Complexo do Alemão e, em seguida, para o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha. Segundo a direção da unidade de saúde, o comandante foi levado para o centro cirúrgico, onde passou por uma cirurgia no tórax, mas não resistiu aos ferimentos.

O policial foi levado para o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu Foto: Rafael Moraes / Extra



O capitão Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos Foto: Foto do leitor / Via WhatsApp



Um áudio gravado por um PM, que circulou por redes sociais de policiais e foi enviado ao WhatsApp do EXTRA (21 99644-1263 e 21 99809-9952), relata a situação tensa na Nova Brasília no momento em que o capitão foi baleado. “O mundo está se acabando em bala”, diz o autor do áudio. A informação de que outros PMs também teriam ficado feridos não se confirmou, assim como a de que o tiro teria partido de um fuzil.

O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi convocado para reforçar a segurança no conjunto de favelas e auxiliar na busca pelos atiradores.

De acordo com a nota enviada pela Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), Uanderson estava há 11 anos na Polícia Militar. Antes de assumir o comando da UPP Nova Brasília, há três meses, ele trabalhou nos seguintes batalhões: 14º BPM (Bangu), 15º BPM (Caxias) e 41º BPM (Irajá).

O policiamento foi reforçado no Complexo do Alemão Foto: Rafael Moraes / Extra


Veja a íntegra da nota enviada pela CPP:

“Por volta das 17h30 desta quinta-feira (11/9), policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Nova Brasília, no Complexo do Alemão, encontraram com bandidos armados na localidade conhecida como Largo da Vivi. Houve um confronto e o comandante da UPP, capitão Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos, foi atingido. Ele foi socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão e transferido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. O oficial não resistiu aos ferimentos. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) faz buscas na região na tentativa de localizar os atiradores.

O capitão Uanderson estava há 11 anos na Polícia Militar. Ele trabalhou no 14º BPM (Bangu), 15º BPM (Caxias) e 41º BPM (Irajá). Ele comandava a UPP Nova Brasília há 3 meses. O PM era casado e tinha uma filha. Ainda não há informações sobre o enterro do policial”.


Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/morre-comandante-de-upp-baleado-no-alemao-13908444.html#ixzz3D7Neeei3


JORNAL EXTRA 12/09/14 11:23

Polícia prende suspeito de ter participado da morte de comandante de UPP no Alemão




Cassiano da Silva Harris é suspeito de ter participado do confronto que matou comandante Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo


Igor Ricardo

Policiais da 22ª DP (Penha) prenderam, na madrugada desta sexta-feira, Cassiano da Silva Harris, de 20 anos, um dos suspeitos de ter participado do confronto que terminou com a morte do comandante da UPP Nova Brasília, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. Cassiano foi preso na Vila Cruzeiro, no Complexo do Penha. Ele já teve o pedido de prisão temporária de 30 dias aceito pela Justiça do Rio. De acordo com o delegado-assistente Carlos Eduardo Rangel, Cassiano teria arremessado um artefato explosivo contra uma viatura da PM.


- Ele foi reconhecido pelos agentes dessa viatura. Por causa de um defeito no cordão de detonação, o artefato não explodiu. Já identificamos os suspeitos desse ataque que vitimou o capitão Uanderson. Estamos na rua atrás de outros envolvidos - garantiu Carlos Eduardo Rangel.

Cassiano vai responder por tráfico de drogas, associação para o tráfico e homícidio simples. Na decisão assinada pelo juiz Vinicius Marcondes de Araujo, da Vara do Plantão Judicial, Cassiano é identificado como um dos principais homens de resistência ao processo de pacificação na região. Sendo sua prisão necessária para “continuidade das investigações sobre o fato e sobre a associação ao tráfico”.


Na manhã desta sexta-feira, a esposa do capitão Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos, esteve no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, para a liberação do corpo do marido. Em entrevista para à Rádio Globo, Bianca Neves Ferreira da Silva, de 30 anos, contou que trabalhava na mesma unidade de polícia pacificadora do marido. Ela é secretária dos coronéis da UPP e conhecia Uanderson há 11 anos.

"Nós nos conhecemos na academia de polícia. Eu ainda estou sem chão, não consegui dar a notícia para a nossa filha", revelou Bianca para a Rádio Globo.



Bianca Neves esteve no IML na manhã desta sexta-feira Foto: Rafael Moraes / Extra



Morte de capitão

O comandante da UPP Nova Brasília morreu após ser atingido por um tiro no peito. O confronto foi na localidade conhecida como Largo do Vivi e começou por volta de 17h30, durando aproximadamente 30 minutos. O policial foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Complexo do Alemão e, em seguida, para o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha. Segundo a direção da unidade de saúde, o comandante foi levado para o centro cirúrgico, onde passou por uma cirurgia no tórax, mas não resistiu aos ferimentos.



Movimentação policial na porta do Hospital Getúlio Vargas, na Penha 11/09/2014 Foto: Rafael Moraes / Extra


De acordo com a nota enviada pela Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), Uanderson estava há 11 anos na Polícia Militar. Antes de assumir o comando da UPP Nova Brasília, há três meses, ele trabalhou nos seguintes batalhões: 14º BPM (Bangu), 15º BPM (Caxias) e 41º BPM (Irajá).

O policiamento na região do Complexo do Alemão segue reforçado nesta manhã. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) faz operação para reforçar a segurança no conjunto de favelas e auxiliar na busca pelos suspeitos do crime.


Policiamento reforçado no Alemão no dia seguinte após a morte do comandante da UPP Nova Brasilia Foto: Fabiano Rocha / Extra

domingo, 31 de agosto de 2014

GARANTO QUE EM ÁREAS COM UPP PODE FAZER CAMPANHA

REVISTA ISTO É N° Edição: 2336 


por Eliane Lobato


ENTREVISTA


José Mariano Beltrame - "Garanto que em áreas com UPPs pode fazer campanha"

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro diz não haver provas de que milicianos ou traficantes impeçam os candidatos de irem às favelas e afirma que só continua no cargo se Pezão for eleito governador



COOPTADO
"O menor, hoje, é mais usado pelo aparato criminoso do que antes", diz ele


O sotaque gaúcho de José Mariano Beltrame, 57 anos, nascido em Santa Maria (RS), é, aparentemente, o único impedimento para que ele seja confundido com um carioca. Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro há quase sete anos, ele faz caminhadas pela cidade, incluindo subúrbio e favelas, comemora tomando chope com amigos e a mulher, mãe de um de seus três filhos, em bares populares e adota o estilo informal para se vestir. No trabalho, Beltrame criou um divisor de águas na vida dos cariocas: o projeto Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que teve início em dezembro de 2008, quando foi instalada a primeira unidade no Morro Dona Marta, em Botafogo, no governo Sérgio Cabral (PMDB). Faltam apenas duas para alcançar a meta de 40.



"Antes, 'amarildos' eram mortos, mas não ficávamos sabendo.
Hoje, tem investigação, punição. A polícia elucidou esse crime"



As UPPs são aprovadas pela maioria dos moradores do Rio, incluindo os que vivem em favelas – 73,6% disseram, em pesquisas, que as áreas ainda “têm problemas, mas são a melhor coisa que já aconteceu na Segurança Pública do Rio”. Os bastidores desse projeto estão esmiuçados na biografia “Todo Dia É Segunda-feira”, que ele lançou recentemente pela editora Sextante. Beltrame diz não se opor à decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tropas federais da Força Nacional para garantir a segurança nas eleiçoes no Rio. A base do pedido foi, justamente, um documento elaborado pela Secretaria de Segurança Pública.



"A polícia lida com constrangimento com o crack porque se estiver
consumindo é crime; se não estiver, não é. O policial não pode
ficar esperando o cara acender o cachimbo!"



ISTOÉ - Candidatos estão sendo impedidos de fazer campanha em favelas por traficantes ou milicianos?

JOSÉ MARIANO BELTRAME - Não temos nenhum registro oficializado, formalizado, só denúncia anônima. Temos gente em vários lugares tentando levantar essas informações, mas, enquanto não tivermos provas contundentes de que isso está de fato acontecendo, eu, como profissional de inteligência, não posso pedir forças nacionais para atuar no Rio de Janeiro. Não tenho e nunca tive nenhum tipo de escrúpulo de pedir esse tipo de ajuda. Pelo contrário, acho que o Rio é pioneiro nisso.

ISTOÉ - Mas a Secretaria de Segurança Pública entregou um relatório ao desembargador eleitoral Fábio Uchôa no qual diz que em 41 comunidades o tráfico ou a milícia decidem sobre a realização de campanhas.

JOSÉ MARIANO BELTRAME - Mandei esse relatório em caráter reservado exatamente porque está em fase de levantamento, de apuração. Não vou dizer o conteúdo deste relatório porque sou um profissional de inteligência. É assim que a polícia trabalha: transformando uma informação recebida em uma prova. Mas não há provas ainda. Não adianta tapar o sol com a peneira e dizer que vai cobrir todo e qualquer lugar do Rio onde tenha crime, 24 horas por dia, sete dias por semana. O que eu garanto é que em áreas com UPPs pode fazer campanha, não tem problema, basta o candidato comunicar ao Comando (da polícia) que eu tenho certeza que fará.

ISTOÉ - E onde não tem UPP?

JOSÉ MARIANO BELTRAME - Onde não tem é porque nunca teve, sei lá o que faziam antes. Se pagavam, se combinavam, que tipo de moeda de troca. Como é que faziam campanha na Cidade de Deus (favela da zona oeste)? Na (favela) Mangueira (zona central)? Hoje, nesses lugares, que têm UPPs, eu garanto que eles podem fazer. Agora, no Chapadão (favela da Pavuna, zona norte) nunca puderam. O modus operandi que a gente levantou é o seguinte: tudo, em área de crime, entra via associação dos moradores. Seja milícia, seja tráfico, tudo entra através de alguns integrantes dessas associações. Não posso dizer que são todos que integram nem que são todas as associações. Por simpatia ou dinheiro, fazem algum tipo de acordo para permitir ou inviabilizar.

ISTOÉ - A quem interessa dizer que não se pode fazer campanha em favelas se nenhum candidato registrou isso?

JOSÉ MARIANO BELTRAME - Em primeiro lugar, há pessoas que são contrárias ao que foi feito pelo Estado dentro dessas áreas, como (a facção criminosa) Comando Vermelho, a milícia e todos os criminosos que perderam poder com a chegada das UPPs. Tiramos o controle territorial deles, houve perda financeira muito grande. Eles procuram desmoralizar ou desestabilizar o projeto de várias formas.

ISTOÉ - Quase seis anos depois da primeira UPP, como avalia a experiência, levando em conta episódios como o do Amarildo (de Souza, pedreiro torturado e morto na UPP da favela da Rocinha, em 2013)?

JOSÉ MARIANO BELTRAME - Antigamente, “amarildos” eram mortos, mas não ficávamos sabendo. Hoje, tem investigação, punição. A polícia trabalhou na favela da Rocinha (zona sul) e elucidou esse crime, como se elucida no asfalto. Os policiais foram afastados, estão todos presos, o processo está em fase de alegações finais e eu acredito, sem dúvida nenhuma, na expulsão de todos. Eu sempre disse que vocês nunca iriam ouvir da minha boca que “nós vencemos”. Porque segurança pública é um jogo que não permite vencer. Minha avaliação sobre as UPPs é muito boa. Se lembrarmos como essas áreas eram, vemos uma evolução fantástica. A taxa de retorno nas escolas aumentou sensivelmente, da mesmo forma que o nível de aproveitamento dos alunos. O valor dos imóveis no entorno desses lugares cresceu e, dentro dessas áreas, há desenvolvimento microeconômico.Temos problemas ainda? Sim, temos. Não tenho a pretensão de mudar isso a médio prazo porque são medidas estruturantes que, por isso, não dão resultado a curto prazo. E digo mais: tem de ir aos poucos mudando a própria polícia, que tem de entrar e se capacitar cada vez mais, melhorar mais. 

ISTOÉ - Qual é o objetivo prioritário das UPPs?

JOSÉ MARIANO BELTRAME - Não é acabar com o tráfico de drogas, como muitos pensam. Até porque prevalece a velha lógica: enquanto houver vício (consumidor), haverá renda e, em consequência, mercado. O objetivo da UPP é salvar vidas. O que a gente quer é que o chefe de família possa ir e voltar do trabalho, que as pessoas não sejam mais impedidas de entrar na própria casa por ordem de criminosos, etc. Quando fizemos a UPP, nossa preocupação era salvar vidas. Morriam, anualmente, 42 pessoas por 100 mil habitantes, hoje são 26. Está bom? Não, não está bom. Mas está muito melhor. Em UPP, esse é um dado fantástico, o nível de homicídio é 8,9 por 100 mil, abaixo do que a ONU estabelece. No Dona Marta não tem homicídio há três anos.

ISTOÉ - O crack é, hoje, a pior droga do País?

JOSÉ MARIANO BELTRAME - Sem dúvida, e vejo um futuro bastante pessimista para o Brasil em relação ao crack. É uma droga barata, com R$ 1 ou R$ 2 você adquire. Hoje, temos uma legião de pessoas que vivem como verdadeiros zumbis. Sabe por que eles andam sempre em grupos? Porque a dependência dessa droga é diferente, a fissura, como dizem, se repete de uma maneira muito rápida, duas ou três horas depois. Então, o dependente precisa estar perto de quem possa ter a droga, do “ponto de venda”. Diferentemente do viciado em cocaína, que compra sua droga e vai consumir em casa, nas coberturas. Acho que hoje a polícia lida com isso com um constrangimento muito grande porque se estiver consumindo é crime; se não estiver, não é crime. O policial não pode ficar ali parado esperando o cara acender o cachimbo!

ISTOÉ - Alguns candidatos ao governo do Rio já manifestaram interesse em trabalhar com o sr., se forem eleitos. Pretende continuar?

JOSÉ MARIANO BELTRAME - Eu só posso continuar com o (o Luiz Fernando) Pezão (governador atual e também candidato pelo PMDB). Tudo o que foi feito teve um avalista, um apoiador inconteste. Quem assinou o custo, alto, foi o governo Sérgio Cabral (de quem Pezão era vice). Eu tenho que acreditar em quem começou isso e me deu carta branca. São valores muito fortes. Então, meu compromisso é com o Pezão. Se não for ele o eleito, vou tirar férias e, depois, cuidar da minha vida.

ISTOÉ - O sr. levou o candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) para visitar uma UPP. Significa apoio?

JOSÉ MARIANO BELTRAME - O que eu fiz com Aécio Neves já fiz com autoridades nacionais, internacionais, e faço com a presidenta Dilma (Rousseff), se ela quiser, até porque ela é parceira nisso, ou com a Marina (Silva, candidata do PSB) também, se ela achar interessante. Fiquei muito honrado quando um candidato, no caso, o Aécio, quis conhecer uma UPP. Sinto, inclusive, que é minha obrigação mostrar, falar sobre segurança pública, que as pessoas pensam que é sinônimo de polícia, no Brasil, e isso é um erro enorme.

ISTOÉ - O que é então?

JOSÉ MARIANO BELTRAME - Envolve uma cadeia de instituições, como o Judiciário, o legislador, a prefeitura. Existe, por exemplo, a Lei 12.403 do Código de Processo Penal (2011), que não permite prender alguém cujo crime tenha pena menor do que quatro anos. Então, quando roubarem o cordão, a bolsa, o celular de alguém, não chamem a polícia porque ela nada poderá fazer, já que esses crimes têm penas inferiores. Receptação (de carro, joias, etc.) também não dá cadeia porque a pena é de três anos. O policial hoje é um cara constrangido porque sabe que vai ficar quatro horas numa delegacia para fazer a autuação do roubo e, no final, todos sairão juntos – criminoso, vítima, policial. A sociedade sabe dessa lei? Foi consultada? Aprovou? Na Rocinha, 85% dos infratores levados para a delegacia saem junto com os policiais. No centro do Rio, 40% dos delitos são cometidos por menores de idade, e nós temos uma lei que tem 20 anos e estabelece que menor não vai preso.

ISTOÉ - O sr. defende que menores sejam encarcerados?

JOSÉ MARIANO BELTRAME - Não, mas acho que quem cometeu um crime deve sofrer uma ação exemplar do Estado, correspondente ao ato que cometeu. O menor, hoje, é mais usado pelo aparato criminoso do que antes. Quero que as pessoas saibam disso, que existem leis que são assim e que, se elas quiserem modificar, precisam se movimentar.

sábado, 23 de agosto de 2014

AUMENTA O NÚMERO DE HOMICÍDIOS NO RIO



ISP: número de homicídios sobe 22,8% em julho, em relação ao mesmo mês em 2013. Roubos a pedestres tiveram aumento de 123% em Copacabana, no mês da final da Copa do Mundo

O GLOBO 22/08/2014



RIO - O número de homicídios dolosos (aqueles em que os autores têm a intenção de matar) cresceu 22,8% no estado em julho, se comparado com o mesmo mês do ano passado, revelou um levantamento dos índices de criminalidade divulgado ontem pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). A quantidade de registros subiu de 302 para 371. No município do Rio, o aumento foi de 20,7%, passando de 77 para 93.

Em nota, o comando da Polícia Militar enfatizou que “apesar de ser maior que o do mesmo mês em 2013, o número de homicídios dolosos foi o menor do ano e mostra tendência de queda”. Além disso, a PM afirmou que “segue acreditando na eficácia das estratégias de segurança implementadas”.

De acordo com o ISP, os registros de roubos a transeuntes tiveram um aumento de 45,7%, passando de 4.964 casos em julho de 2013 para 7.235 no mês passado. O número mais recente corresponde a uma média de 241 assaltos por dia, ou dez por hora. No município do Rio, a estatística desse tipo de crime subiu 47,5% no período, indo de 2.368 para 3.495 registros, representando 116 casos por dia ou 4,85 por hora.

Em Copacabana, onde foi realizada a Fifa Fan Fest durante a Copa do Mundo, o número de registros de roubos a pedestres cresceu 123%. Foram 85 casos registrados nas duas delegacias do bairro em julho deste ano, contra 38 em 2013.

Nas delegacias da área do Maracanã, a 19ª DP (Tijuca) e 20ª DP (Vila Isabel), também houve aumento no número de roubos a transeuntes: 110%. Foram 147 em julho (uma média de 4,9 casos por dia) contra 70 no mesmo mês do ano passado. Em outras três delegacias que receberam vítimas de assaltos praticados perto do estádio, a quantidade de registros subiu 41%, passando de 153 para 216 casos (7,2 por dia). Somente na 17ª DP (São Cristóvão), foram feitos 89 registros. Na 18ª DP (Praça da Bandeira), 83; e na 6ª DP (Cidade Nova), 44.

As delegacias do Leblon (14ª DP) e da Gávea (15ª DP) registraram um aumento de 118% no número de roubos a transeuntes, subindo de 38 casos em julho do ano passado para 83 no mesmo mês deste ano.

Os chamados roubos de rua, que abrangem assaltos a pedestres e passageiros de ônibus, além de furtos de celulares, subiram 42,4% no estado, passando de 5.857 para 8.483 registros, o que representa uma média de 282,76 casos por dia. Somente o número de roubos de celulares aumentou 39,1% (470 registros em julho, contra 654 ocorridos no mês passado).


A quantidade de veículos roubados no estado subiu 11%: passou de 2.242 em julho de 2013 para 2.488 no mês passado.

Segundo o levantamento do ISP, o crime que registrou o maior aumento percentual de casos foi o roubo de carga: 72,7%. Houve 442 casos, contra 256 em julho de 2013.

A chamada letalidade violenta, que inclui homicídio, latrocínio, auto de resistência e lesão seguida de morte, aumentou 27,4% no estado. Em julho de 2013, foram registrados 350 casos. No mês passado, 446 (uma média de 14,86 por dia).



Read more: http://oglobo.globo.com/rio/isp-numero-de-homicidios-sobe-228-em-julho-em-relacao-ao-mesmo-mes-em-2013-13700357#ixzz3BE1eK9tT

segunda-feira, 21 de julho de 2014

ALEMÃO REGISTRA NOVA TROCA DE TIROS


Mesmo com policiamento reforçado, Alemão registra nova troca de tiros. De acordo com a Coordenadoria da Polícia Pacificadora, o confronto entre PMs e bandidos aconteceu na região da UPP do Alemão

POR TAÍS MENDES / WALESKA BORGES
O GLOBO  21/07/2014 14:21


Crianças observam o contêiner da UPP que foi incendiado no Alemão - Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO - Apesar do policiamento reforçado, uma nova troca de tiros foi registrada. De acordo com a Coordenadoria da Polícia Pacificadora, o confronto entre PMs e bandidos aconteceu na região da UPP do Alemão, na localidade conhecida com o Avenida Central. Dois criminosos foram detidos e levados para 22ª DP (Penha). Não há informações de feridos. De acordo com a secretaria estadual de Educação, duas escolas na região foram fechadas e 550 alunos estão sem aula. As aulas foram suspensas no Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes (350 alunos no turno da tarde) e CAIC Theóphilo de Souza Pinto (200 alunos). Mais cedo, a secretaria municipal de Eduacação informou que as 35 escolas que funcionam no complexo de favelas estão funcionando.

Na noite domingo, traficantes atacaram a sede da UPP do Alemão, na Rua Canitá. Eles provocaram um incêndio no contêiner e um policial militar ficou ferido. Um carro da PM e uma motocicleta também pegaram fogo. O ato teria sido uma represália à morte de Matheus Alexandre da Silva, de 18 anos, atingido por disparos na tarde de domingo, durante tiroteio entre policiais e traficantes.

Na manhã desta segunda-feira, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Choque foram acionados para reforçar a segurança na comunidade e realizar buscas por suspeitos de terem cometido o ataque. A PM isolou uma faixa em frente ao contêiner da unidade e está revistando motociclistas. Um caminhão que estava fazendo descarga em um supermercado também foi orientado a sair do local.

Dois policiais militares que estavam dentro do contêiner na Rua Canita, atacada por bandidos, contaram que os traficantes dispararam cerca de 130 tiros contra a unidade. Um dos disparos atingiu o relógio de luz, o que provocou o incêndio no módulo e no carro da PM que estava estacionado ao lado da unidade. A moto de um vizinho também foi atingida no tanque de combustível e acabou destruída pelo fogo. Nas fachadas e portões de casas ao lado da UPP há muitas marcas de tiros. O carro da PM incendiado permanece no local.

Segundo os policiais, os tiroteio durou cerca de dez minutos. Os PMs que estavam dentro da unidade conseguiram se abrigar e não foram feridos. Já o soldado Cordeiro, que saiu de dentro do contêiner, acabou baleado na cintura. Ele chegou a ser levado para Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, e depois transferido para o Hospital Central da Polícia Militar, no Centro.transferido para o Hospital Central da Polícia Militar, no Centro. A energia já foi restabelecida na Favela Nova Brasília. Por volta das 11h30m, o clima era de aparente tranquilidade na região, e o comércio funcionava normalmente.

MORRE SUPEITO DE TRÁFICO PRESO NO DOMINGO

A Secretaria municipal de Saúde confirmou a morte do suspeito de envolvimento com tráfico de drogas Diogo Wellington Costas, o Bebezão, de 28 anos, baleado na barriga no sábado, durante uma troca de tiros no Complexo do Alemão. Ele passou por uma cirurgia, mas não resistiu.

Bebezão foi preso quando participava de uma festa na comunidade. Ele portava armas e, ao perceber a presença de policiais no local, tentou fugir junto com outro suspeito em uma moto. Eles fizeram disparos contra os PMs. Houve confronto, e Bebezão foi ferido na barriga. Ele ainda conseguiu fugir, mas foi capturado logo depois.

TELEFÉRICO PARADO DESDE QUINTA-FEIRA
Carro da UPP do Alemão incendiado por criminosos - Foto de leitor

O Teleférico do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, amanheceu fechado nesta segunda-feira. De acordo com a SuperVia, técnicos seguem com inspeção nos equipamentos em função de problemas de segurança pública. Desde a quinta-feira, o teleférico estava fechado após um outro tiroteio que aconteceu na comunidade.

Segundo a concessionária, o procedimento é adotado para garantir a segurança dos passageiros e a eficiência operacional do sistema. Não há previsão para que a operação seja retomada.



Read more: http://oglobo.globo.com/rio/mesmo-com-policiamento-reforcado-alemao-registra-nova-troca-de-tiros-13323843#ixzz3883YSyF3

terça-feira, 15 de julho de 2014

SARGENTO PM É MORTO A TIROS DURANTE PERSEGUIÇÃO


JORNAL EXTRA 15/07/14 10:55

PM é morto durante perseguição em Campo Grande

Extra



O primeiro sargento da Polícia Militar Antônio Carlos Novaes, de 43 anos, foi morto a tiros, na madrugada desta terça-feira, quando perseguia dois suspeitos de assalto em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O PM e colegas de farda foram alertados sobre a dupla, que estava de carro, e montaram um cerco na esquina da Avenida Santa Cruz com Estrada do Pré. De acordo com informações da corporação, os suspeitos abriram fogo contra os policiais e acertaram o sargento. Ele chegou a ser levado para o Hospital Estadual Rocha Faria, também em Campo Grande, e em seguida foi transferido para o Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio, Zona Norte do Rio, onde morreu.

Policiais de outra equipe conseguiram localizar o carro. Houve nova perseguição seguida de tiroteio. Um dos suspeitos foi ferido e socorrido no Rocha Faria. O outro foi detido e encaminhado para a 35ª DP (Campo Grande), onde o caso foi registrado. Com a dupla, segundo a PM, foram apreendidos um revólver calibre 38 e uma réplica de pistola.

O sargento Antônio Carlos era casado e tinha 2 filhos. O policial militar estava há 19 anos na corporação. Ainda não há informações sobre horário e local do enterro dele.


Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/pm-morto-durante-perseguicao-em-campo-grande-13262343.html#ixzz37YNDhdE6

domingo, 13 de julho de 2014

FILHO DE PM É ESPANCADO E MORTO POR MILICIANOS


JORNAL EXTRA 11/07/14 07:19

Jovem é morto por milicianos no Piscinão de Ramos; polícia investiga

Hugo Silva foi espancado por milicianos na última terça-feira Foto: Reprodução


Igor Ricardo e Marcos Nunes


A Divisão de Homicídios (DH) investiga a morte de um jovem na última terça-feira depois de ter sido espancado por milicianos nas proximidades do Piscinão de Ramos, na Zona Norte do Rio. De acordo com informações que chegaram pelo WhatsApp do EXTRA (21 99809-9952 e 21 99644-1263), o rapaz identificado apenas como Hugo Silva, de 19 anos, teria sido agredido com socos e pontapés porque estava urinando em local impróprio. O crime ocorreu logo após o jogo entre Brasil e Alemanha. Alguns moradores se reuniam em um bar para acompanhar a partida.

Morte de jovem no Piscinão de Ramos está sendo investigada pela DH 11/12/2011 Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo


A vítima, que também era filho de um policial militar, foi abordada então por um integrante da milícia quando começou a agressão. Hugo teria reagido. Com isso, outros integrantes da quadrilha, inclusive o chefe da milícia, se juntaram para espancar o rapaz. Parentes e moradores da região já foram ouvidos pela Polícia Civil. Novos depoimentos devem ser feitos em breve.

- O mais importante neste caso é quem foram os autores do crime. Vamos chegar nessas pessoas. Daremos uma resposta - afirmou o delegado Alexandre Herdy.

Ainda segundo os relatos, o corpo de Hugo foi jogado na Avenida Brasil para parecer que tinha sido atropelado. Hugo foi enterrado na manhã de quarta-feira no cemitério do Caju. Ele morava com a mãe e o padastro na favela Roquete Pinto, em Ramos.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

MULHERES AINDA SÃO AS GRANDES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA NA CAPITAL FLUMINENSE


Segundo estudo, 40% das vítimas moram no município. Foram 130 agressões por dia entre 2012 e 2013

POR O GLOBO
10/07/2014 5:00




RIO — Com uma população de 3,36 milhões (53,2% do total, de acordo com o Censo de 2010), as mulheres ainda são as grandes vítimas de violência na capital. Segundo informações do Dossiê Mulher de 2013 e do Instituto de Segurança Pública (ISP) de 2012, cerca de 40% das agressões no estado ocorreram na cidade do Rio. Além disso, 130 mulheres por dia sofreram algum tipo de violência no município e, por dia, 63 foram machucadas. Apesar dos avanços com a criação da Lei Maria da Penha, em 2006, a persistência desses crimes é preocupante. O Rio Como Vamos (RCV) vê o combate à violência contra a mulher como uma questão central de direitos humanos, que vai muito além da segurança, englobando temas como educação e saúde.

Dados do RCV mostram que, de 2011 a 2013, o número de ocorrências não diminuiu, e alguns registros são preocupantes. Na comparação entre o primeiro trimestre de 2013 e o mesmo período deste ano, todos os indicadores apresentaram aumento.

JACAREPAGUÁ: MAIS AMEAÇAS

Em relação às ameaças, os registros passaram de 21.423, em 2011, para 21.482, em 2013. As piores situações ocorreram em Jacarepaguá (com o maior volume de ocorrências em 2012 e 2013), e na Barra da Tijuca, onde o número de casos cresceu 18% (de 949 para 1.120). Entre o 1º trimestre de 2013 e de 2014, os números subiram 21,4% (de 5.219 para 6.334).

Apesar da queda entre 2012 e 2013, de 3%, os casos de lesão corporal passaram de 22.158, em 2011, para 22.970, em 2013. A região do Méier foi a que apresentou o maior aumento, de 2012 para 2013 (11,6%). No comparativo entre o primeiro trimestre de 2013 e igual período de 2014, os registros de lesão corporal aumentaram 13,5% (de 5.714 para 6.483).

ESTUPRO PREOCUPA CARIOCA

Segundo o RCV, o estupro merece destaque pela gravidade da violência. Apesar de uma ligeira redução, de 4,8%, entre 2012 e 2013, o crime (abrange estupro de menor e adulto) teve um aumento de 25,4%, entre 2011 e 2012. O maior aumento ocorreu em Guaratiba: 78,4%. No primeiro trimestre de 2014, a cidade apresentou um crescimento de 16,2% (de 364 para 423 casos), quando comparado com igual período do ano passado. A pesquisa de percepção do RCV, de junho de 2013, ratificava esse quadro e mostrava que o estupro era uma preocupação de 22% dos cariocas.

Já os registros de tentativa de homicídio contra mulheres no Rio apresentaram elevação de 6%, de 2011 a 2012, e queda de 7,8%, entre 2012 e 2013. O RCV aponta para uma estabilidade que merece atenção, uma vez que o total de ocorrências permanece quase o mesmo: saiu de 218 (2011) para 213 (2013).

Os homicídios são o último degrau da violência e estão numa trajetória ascendente na cidade: na comparação entre 2011 e 2013, o número de casos foi de 119 para 125 (5% de aumento). As zonas Oeste e Norte lideram os registros, sendo que na região de Madureira o número de ocorrências dobrou, de 2012 para 2013 (de 6 para 12). Nos três primeiros meses de 2014, os casos voltaram a crescer, dessa vez em 50% (de 32 para 48), em relação ao primeiro trimestre de 2013.

FALTA DE INFORMAÇÕES: DESAFIO

O RCV reforça a necessidade de se investigar o motivo de as zonas Oeste e Norte concentrarem mais casos de violência contra a mulher. Segundo a delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) do Centro, Célia Silva Rosa, o maior desafio para cumprir seu trabalho está na falta de informações sobre a pessoa que cometeu o crime:

— Muitas mulheres vêm à delegacia registrar a ocorrência, mas não têm informações mínimas como nome completo, filiação e data de nascimento do agressor. Na hora de efetuarmos a prisão, algumas avisam seus parceiros, pois se arrependem de ter denunciado. Outras vezes, o casal se reconciliou.

Outro complicador está no fato de Célia Rosa não contar com um delegado assistente e ter uma equipe muito pequena. Ela reforça a visão do RCV de que o combate à violência contra a mulher passa pela educação, e aponta o que precisa mudar:

— Os familiares e as escolas têm que trabalhar a importância do respeito ao próximo, que é uma questão de direitos humanos. O tema deveria fazer parte da disciplina das escolas, desde o ensino fundamental.