O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

sábado, 31 de maio de 2014

TRÊS PESSOAS MORREM BALEADAS NO RIO


Do G1 Rio 31/05/2014 00h10

Três pessoas morrem baleadas na Baixada Fluminense. Duas morreram na hora e outra chegou a ser socorrida, mas não resistiu. DH da Baixada foi acionada. Tiros teriam partido de outro veículo



Três pessoas morreram baleadas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no início da noite desta sexta-feira (30). De acordo com o Batalhão de Caxias, ocorreu uma tentativa de assalto na rua Luis Carlos Silva Aveiro, no Bairro Jardim Vila Nova. 

Testemunhas contam que um motorista estava estacionando o carro próximo ao nº 45, conversando com duas adolescentes, quando um outro carro passou no local e seus ocupantes alvejaram as vítimas. Duas delas morreram na hora: o motorista e uma das adolescentes. A família da outra adolescente ainda tentou socorrer a vítima, mas ela não resistiu ao ferimento e morreu.

Equipes da Divisão de Homicídios da Baixada foram acionadas para a perícia. Segundo informações ainda não confirmadas, o motorista morto na tentativa de assalto dirigia um carro roubado. O autor dos disparos estava num veículo Vectra Prata. No momento dos tiros, houve correria pelo bairro. De acordo com testemunhas, uma das vítimas foi identificada como Nicolle Cléo, de aparentemente 17 anos.

terça-feira, 27 de maio de 2014

CONFRONTO ENTRE TRAFICANTES E POLICIAIS ASSUSTOU MORADORES DO ALEMÃO


Comandante das UPPS faz reunião para definir reforço durante a Copa. No Complexo do Alemão, confronto entre traficantes e policiais assustou moradores. Disparos ocorreram nas comunidades de Nova Brasília, Pedra do Sapo e Parque Alvorada


O GLOBO
Atualizado:27/05/14 - 12h09

Os policiais da UPP do Complexo do Alemão durante patrulhamento na região na manhã desta terça-feira Gabriel de Paiva / Agência O Globo


RIO - O comandante-geral das Unidades de Polícia Pacificadas, Frederico Caldas, está reunido com as suas equipes, na manhã desta terça-feira, para definir o reforço da segurança nas áreas com UPPs durante a Copa do Mundo. Na madrugada desta terça-feira, um intenso tiroteio entre policiais e traficantes assustou moradores do complexo de favelas do Alemão, na Zona Norte. O confronto teria ocorrido por conta de um ataque de bandidos contra a base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela Nova Brasília.

Segundo relatos de moradores, os disparos também se prolongaram pelo Morro da Pedra do Sapo e na comunidade Parque Alvorada.

Policiais das UPPs do Adeus e da Rocinha foram deslocados para a região para reforçar o patrulhamento na área e fizeram blitzes em pontos estratégicos de acesso às comunidades, na Avenida Itaoca. Com medo dos tiros, pacientes e funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão se abrigaram dentro dos consultórios.

— Existe céu, mas isso é o inferno. Está assim desde as 23h — contou um policial, sem querer se identificar, apontando na direção da UPP da Nova Brasília.

Segundo informações da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), o tiroteio teria começado no fim da noite desta segunda-feira. Policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Nova Brasília estavam em patrulhamento na localidade conhecida como Rua Sem Saída, quando se depararam com criminosos armados que atiraram contra os agentes. A polícia reagiu, e a ação se estendeu até o Largo da Sorveteria, onde os criminosos fugiram. Ainda de acordo com a coordenadoria, um pouco antes, estouros de fogos de artifícios foram ouvidos e um menor foi detido com nove bombas de fabricação caseira na Rua Nova. Ele foi levado para a 45ª DP (Alemão).

sábado, 17 de maio de 2014

NUNCA FOI TÃO FÁCIL SER ASSALTADO NO RIO

REVISTA VEJA 26/03/2014 - 17:43

Rio de Janeiro. Estado registrou, em janeiro, o maior número de casos dos últimos dez anos, com 13.876 roubos. Volume é 26% superior ao de janeiro de 2007, início do governo Cabral

Leslie Leitão, do Rio de Janeiro



Policial em posição durante operação no complexo da Maré, no Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)

As estatísticas de criminalidade – um instrumento poderoso para diferenciar o fato do boato, quando se discute segurança pública – trazem uma constatação alarmante para a população do Rio de Janeiro. O dado mais recente disponível para as autoridades policiais, reunidos pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio mostram que em janeiro de 2014 houve a maior incidência de roubos dos últimos dez anos. Somados todos os tipos de roubo (residência, coletivos, transeuntes, carros e celulares), o primeiro mês do ano da Copa do Mundo foi o mais perigoso dos últimos dez anos, com 13.876 registros – 30% a mais do que janeiro de 2007, quando José Mariano Beltrame assumiu a Secretaria de Segurança do governo Sergio Cabral. Naquele ano, janeiro teve um total de 10.993 ocorrências desse tipo.

Em outras palavras, nunca foi tão fácil ser assaltado no Rio, apesar dos avanços como a redução dos homicídios e outras modalidades de crime. Os roubos estão entre os delitos considerados prioritários pelo ISP e pela Secretaria de Segurança.

A revelação do ISP faz cair por terra o desafio lançado pelo coronel da Polícia Militar Frederico Caldas, o comandante das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). No último dia 10, para defender o programa, Caldas propôs uma comparação: "O Rio de Janeiro era um inferno há dez anos. Vamos olhar para trás. Não podemos esquecer o reflexo desse trabalho no asfalto", disse, para ressaltar a importância da política de pacificação para além das favelas ocupadas.

O site de VEJA foi atrás dos números sugeridos pelo coronel. O cenário não é favorável, como imaginava o oficial. Janeiro de 2014 também carrega o recorde negativo de roubo de automóveis dos últimos 81 meses: foram 3.226, impressionantes 65,9% de aumento em relação ao mesmo período de 2013. Se comparado ao ano de 2004 (2.673 veículos), como desafiou o comandante da PM, o aumento foi de 8%.

Para especialistas consultados pelo site de VEJA, a explicação para a explosão dessa modalidade de crime está, em primeiro lugar, no que parece ser a explicação óbvia: falta de policiamento de rua. O problema da limitação de efetivo nos batalhões da PM se acentuou após a criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs): dos últimos 10.000 policiais militares que ingressaram na corporação, praticamente todos foram colocados dentro das favelas ocupadas. Outro problema é a falta de investigação para identificar e prender essas quadrilhas, esta uma falha da Polícia Civil. Como detectou o Ministério Público do Estado, houve uma diminuição considerável de investigações nos últimos anos. A explicação está no desgaste entre o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e a Polícia Civil, que teve a frente nos últimos três anos a delegada Martha Rocha – exonerada a pedido, em janeiro, para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj).

Os números de assaltos a pedestres também são expressivos. No primeiro mês de 2004, quando a população do Rio de Janeiro era de 15,2 milhões de habitantes, 1.384 pessoas foram assaltadas nas ruas de todo o Estado, o que o ISP classifica como roubo a transeunte. No mesmo período de 2014 (população de 16,5 milhões), 6.490 assaltos foram registrados, um aumento de 368%.

Outro dado preocupante está nos coletivos. Janeiro de 2004 registrou o menor número de assaltos a ônibus neste período em dez anos, com 231 assaltos. A partir do ano seguinte os ataques foram subindo gradativamente até atingir o ápice no início de 2009, com 829. Desde então os dados do ISP indicaram quedas, atingindo 405 ano passado. Em 2014, porém, os números voltaram a subir e atingiram 594 ocorrências, ou seja, quase o triplo de uma década atrás. A boa notícia está nos ataques às residências, que em janeiro de 2004 registraram 165 e agora marcaram 123.

Assassinatos – O número de homicídios caiu consideravelmente na era Cabral/Beltrame. O governo atual assumiu com 526 mortes em janeiro de 2007. Esse volume caiu para 329 no mês de abertura de 2012. No ano passado, os homicídios voltaram a subir, com 397 casos em janeiro. Mas, no acumulado do ano, houve retrocesso: os homicídios ficaram em 4.700 casos no ano – mesmo volume de 2010. No primeiro mês deste ano, houve registro de 469 assassinatos, 72 a mais que no mesmo período de 2013 (crescimento de 18%).

Automóveis – Ao longo da última década, somente os meses de março de 2007 (3.381) e maio de 2006 (3.261) tiveram índices piores do que o registrado no começo deste ano (3.226). Outro dado interessante pinçado das estatísticas do ISP indica que a maior ação policial já registrada no País - a invasão dos complexos do Alemão e da Penha, em novembro de 2010 - fez o índice daquele mês ser o mais baixo em uma década, com apenas 1413 veículos roubados.

O número de veículos roubados vinha caindo desde o ano anterior. Em novembro de 2009, o total de carros e motos roubados chegou a 1.688. As ocorrências oscilaram entre 1.439 e 1.650 durante quase todo o ano de 2011 e voltaram a subir em fevereiro de 2012, atingindo 1.981 casos. Manteve-se, assim, o patamar até julho de 2013, quando novamente houve aumento gradativo desse tipo de crime, até os 2.893 roubos de dezembro.

O índice de janeiro de 2014 ( quando houve 3.226 casos) obrigou o próprio governador Sergio Cabral a fazer uma reunião de emergência no Palácio Guanabara para tratar da questão. Dali saiu a decisão de colocar em prática o plano do novo delegado da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), Marcus Vinícius Braga, que reeditou antigas rondas noturnas durante três dias por semana.

O reflexo da ação ainda não pode ser percebido em fevereiro, mês em que o Estado atingiu 3.080 veículos roubados, o maior número para o mês em dez anos. Os dados de fevereiro ainda não foram computados pelo ISP.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

POLICIAIS MILITARES MORTOS HOMENAGEADOS COM CAMINHADA

JORNAL EXTRA 14/05/14 08:40 Atualizado em14/05/14 08:50


PMs mortos serão homenageados com caminhada no domingo em Copacabana


Paolla Serra


Para homenagear os colegas mortos e baleados no Rio, em 2014, policiais militares organizam uma caminhada para às 9h do próximo dia 25, no Posto Seis, na Praia da Copacabana. Pelas redes sociais, cartazes com as fotos das vítimas trazem a mensagem: “Nós não merecíamos, porém morremos assassinados’’. De acordo com a organizadora do evento, já são 128 vítimas, 29 delas fatais, no estado.

A campanha feita nas redes sociais Foto: Reprodução



- O ano está no quinto mês e já estamos com esse número alto de baixas. Nossa ideia é dar visibilidade a esse sofrimento anônimo das famílias. Queremos mostrar que eles são irmãos de alguém, filhos de alguém, maridos de alguém. São seres humanos como as outras pessoas - defende a cabo Flavia Louzada, de 32 anos.

Há oito anos na corporação, a cabo garante que os ataques em comunidades com UPPs são a preocupação atual dos policiais. De janeiro a abril, foram 25 PMs feridos nessas regiões, sendo 12 deles nos complexos do Alemão e da Penha. Neste período, quatro foram mortos.

- A maioria dos militares que vão pra lá são recém-formados, novos, pessoas cheias de sonho - destaca.

Ainda segundo Louzada, um levantamento feito por ela mostra que, em média, morrem 15 policiais por ano em toda a França. Lotada atualmente no Batalhão de Choque, a policial escolheu a carreira aos 12 anos, depois que sua mãe, professora, morreu assassinada por um aluno na porta da escola.

Com um anjo com o rosto da deusa grega da Justiça atrás de um brasão da PM tatuado, ela participou da terceira temporada de “Papo de polícia”, no Multishow. O programa acompanhou em sete episódios a rotina de Flavia, única mulher a participar da tomada do Complexo do Alemão, em 2010:

- Me tornei uma voz a favor dos meus colegas de profissão. Comecei a falar por eles os anseios, as dificuldades. E, depois de ir a tantos enterros e ver pelo que passam as famílias, como dificuldades financeiras, comecei a pensar no que poderia ser feito para mostrar isso tudo a sociedade. Daí surgiu a ideia da caminhada.


TIROTEIO DEIXA PM E SUSPEITOS BALEADOS

JORNAL EXTRA 14/05/14 08:43 Atualizado em 14/05/14 09:18

Tiroteio em São João de Meriti deixa PM e suspeitos baleados

Extra



Um tiroteio ocorrido na manhã desta quarta-feira em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, deixou um suspeito morto, dois feridos e um PM baleado. Segundo informações do 21º BPM (São João de Meriti), cinco bandidos roubaram uma carga de cigarros. Um oficial do batalhão que estava numa manifestação de rodoviários - que estão em greve naquele município - se deparou com os criminosos, que estavam numa Saveiro e numa Fiorino, na Rua Trevo, no Centro. Os suspeitos, então, se dividiram.

A Saveiro seguiu para o Morro da Caixa D’Água e foi perseguida pelos policiais. Lá, houve troca de tiros. Um suspeito foi baleado e morreu no local. Dois homens foram presos. Com eles, os PMs encontraram duas pistolas 9mm, um fuzil 762 e parte da carga roubada.

Já a Fiorino seguiu pela Estrada São João-Caxias, em direção à Rodovia Presidente Dutra. Houve novo tiroteio e um PM foi ferido na perna. Ele foi levado para o Hospital Central da corporação, no Estácio, Zona Norte do Rio. Dois suspeitos foram baleados - um deles fugiu e o outro está internado no Posto de Atendimento Médico (PAM) de Meriti sob custódia. Um fuzil 556 e dois coletes à prova de balas foram apreendidos.

A ocorrência seguiu para a 64ª DP (Vilar dos Teles). Há informações que os suspeitos são da Comunidade Terra Nostra, na Pavuna, Zona Norte do Rio.

terça-feira, 6 de maio de 2014

UPP: A PACIFICAÇÃO QUE NÃO VEIO

JORNAL DO BRASIL 04/05/2014 às 19h31


Louise Rodrigues




Protestos, violência e insegurança. Enquanto o governo do estado do Rio de Janeiro anuncia um mundo ideal em suas propagandas de TV, pessoas morrem e desaparecem nas favelas cariocas. Os papéis se inverteram: antes, os traficantes andavam armados e disputavam os papéis de vilões e heróis entre os moradores da comunidade. Hoje, os policiais das Unidades de Polícia Pacificadora assumiram o comando do fuzil. Mas a esperada paz continua uma promessa distante, e as comunidades acabaram por se transformar num barril de pólvora prestes a explodir.

Este aumento na violência é facilmente constatado no último levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP). De acordo com o balanço divulgado na sexta-feira (2), o número de homicídios durante confronto com a polícia no Rio registrou um aumento de 59,3% no primeiro trimestre de 2014 em relação ao primeiro trimestre de 2013. Apesar de o ISP não confirmar nem negar que estes números se referem a regiões com UPPs, o assustador crescimento comprova que a cidade vive um clima de guerra.

Em 2010, quando foram inauguradas as primeiras UPPs, o cenário já mostrava uma prévia do que se repetiria muitas vezes. No dia 3 de março daquele ano, um grupo de traficantes incendiou um ônibus, ferindo pessoas e espalhando o terror entre a população da Cidade de Deus. Os criminosos continuavam morando na comunidade, mesmo com a pacificação. No mesmo ano, na madrugada do dia 26 de dezembro, policiais da UPP de Cidade de Deus, foram atacados na Travessa 15 por traficantes que ocupavam uma moto.

Um mapeamento independente, realizado por um morador da comunidade de Manguinhos, levanta dados junto aos moradores da comunidade para medir violações de direitos nos territórios com UPPs. Segundo apontado no próprio mapeamento, um dos objetivos é “gerar informações com o olhar de quem sofre as violações e também contrapor as informações”.















Violência contra moradores

O levantamento faz um trabalho de resgate de casos pouco divulgados de mortes de moradores. De fato, o caso Amarildo foi o primeiro grande escândalo a atingir a UPP. Embora a relação entre policiais e moradores não seja a ideal desde a instalação da primeira UPP, foi o desaparecimento do pedreiro que ganhou grande repercussão na mídia. A partir de então, os abusos de autoridade de policiais lotados em UPPs passou a chamar atenção.

O documento conta a história de outras vítimas da violência nas comunidades “pacificadas”. Em abril de 2013, o jovem Aliélson Nogueira, de 21 anos, foi morto por policiais da UPP Jacarezinho. Segundo a página “Ocupa Alemão”, o rapaz, que trabalhava em um galpão de reciclagem, estava em uma localidade conhecida como Beira do Rio, quando foi assassinado com tiros pelas costas enquanto comia um cachorro quente. A polícia alega que Aliélson foi vítima de uma bala perdida. O jovem seria pai em poucos meses.

Em junho de 2011, André de Lima Cardoso, de 19 anos, foi morto por policiais da UPP Pavão-Pavãozinho. Segundo relatos de moradores, o jovem foi comprar um lanche para a esposa, grávida de 9 meses, quando foi abordado por policiais à paisana e alcoolizados. Após ser agredido com socos e chutes, o rapaz foi liberado. Quando chegou ao final do beco, o jovem foi morto com um tiro nas costas. Os policiais registraram o caso como um auto de resistência. A filha de André nasceu cinco dias após a morte do pai.

Aos 16 anos, Mateus Oliveira Casé foi mais uma vítima da violência policial. Em março de 2013, o adolescente morreu vítima de uma parada cardíaca após uma abordagem violenta de policiais da UPP de Manguinhos, com uso de uma arma teaser. Na ocasião, uma amiga do rapaz contou que eles estavam brincando quando Mateus disse “vai morrer”. Os policiais, então, acreditaram que o garoto se referia a eles e, por trás, deram um choque. Matheus caiu e bateu com a cabeça na calçada. Segundo a jovem, os PMs disseram que ele acordaria em duas horas, mas o adolescente já chegou morto à UPA. Na ocasião, moradores fizeram protestos. Mateus possuía seis anotações como menor infrator: duas por tráfico, duas por furto, uma por tentativa de motim e uma por ameaça.

Em dezembro de 2013, o idoso Joaquim Santana, de 81 anos, foi morto com um tiro no olho. Durante uma abordagem violenta a um grupo de jovens, moradores se revoltaram e causaram um tumulto. Para contê-los, um policial da UPP de Manguinhos deu três tiros para o alto, atingindo o idoso, que estava na sacada de sua casa.

No último dia 20, uma idosa de 72 anos foi baleada e morreu durante um confronto entre policiais e traficantes. Arlinda Bezerra de Assis voltava para casa, na comunidade da Grota, após comemorar o aniversário em um almoço de família. Em meio ao fogo cruzado, a idosa se atirou na frente do sobrinho, de 10 anos, para protegê-lo. Os disparos atingiram a barriga e a virilha. Oito dias depois, um rapaz de 17 anos foi assassinado durante uma operação da Polícia Militar. No dia seguinte, outro jovem, Carlos Alberto de Souza Marcolino (21), foi baleado no peito, também durante um confronto entre PMs e traficantes. Até o fechamento desta reportagem, Carlos permanecia internado em estado grave.

No último dia 22, Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, foi encontrado morto com um tiro e vários ferimentos, na comunidade Pavão-Pavãozinho. De acordo com a Polícia Militar, ele foi encontrado no pátio de uma creche no dia seguinte a um tiroteio entre policiais da UPP e criminosos da comunidade. A família do dançarino aguarda o laudo oficial da perícia para confirmar se houve tortura e se o disparo partiu da arma de policiais.

Em março deste ano, outro caso chocou o Brasil. Cláudia Silva Ferreira foi baleada quando saía para comprar pão, no Morro da Congonha. Após ser ferida, a mulher foi jogada no porta mala de uma viatura e levada para o Hospital Carlos Chagas. Contudo, durante o trajeto, o porta mala abriu e Cláudia foi arrastada por 350 metros. Um vídeo, gravado por um cinegrafista amador, registrou quando os policiais foram avisados e saíram do carro para, novamente, jogar a mulher dentro do porta malas.

No último dia 1° de maio, um tiroteio na comunidade da Rocinha matou uma pessoa e feriu gravemente outra. O episódio começou quando policiais da UPP foram surpreendidos por bandidos enquanto faziam o patrulhamento na Rua 2.

Protestos

Diante dos constantes casos de escândalo envolvendo as UPPs, moradores das comunidades têm realizado constantes protestos. A onda de manifestações começou quando o corpo de Douglas Silva foi encontrado dentro de uma creche. Revoltados, amigos do dançarino e moradores do Pavão-Pavãozinho foram para as ruas e entraram em confronto com policiais.

Durante o protesto, Edilson da Silva dos Santos - um rapaz de 27 anos, que sofria de problemas mentais e era irmão de criação de Douglas – foi morto com um tiro. O caso está sendo investigado. A manifestação teve repercussão mundial. Jornais como Le Monde,Washington Post, New York Times e El País deram destaque para a morte de Douglas e Edilson e questionaram a segurança e as políticas públicas do Rio de Janeiro, em uma época tão próxima à Copa do Mundo.

Após o enterro de Douglas, outro protesto levou amigos e parentes do rapaz às ruas. Os manifestantes seguiram caminhando do Cemitério São João Batista até a comunidade do Pavão-Pavãozinho. A polícia usou bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta. No sábado seguinte à morte de Douglas, outra manifestação tomou às ruas, pedindo paz.

Após a morte de Dona Arlinda, moradores do Complexo do Alemão também protestaram. Eles fecharam a Avenida Itaré, um dos principais acessos da comunidade. Após o ato, a UPP Nova Brasília foi atingida por dois tiros, que não feriram ninguém. A base de Pedra do Sapo também foi atacada, sem vítimas.

Morte de policiais

O mesmo levantamento também aponta o lado social das mortes de policiais lotados em UPPs. De acordo com o documento, a maioria dos policiais de UPPs mortos em confronto com o tráfico é negra. A violência contra policiais coloca em dúvida a segurança destes profissionais nas comunidades “pacificadas”. Em março deste ano, o tenente Leidson Acácio Alves Silva foi morto após ser atingido por um tiro na cabeça. O subcomandante da UPP da Vila Cruzeiro fazia o patrulhamento na favela Parque Proletário quando foi surpreendido por bandidos armados.

A morte do tenente foi a quarta registrada em um período de um mês entre policiais que trabalham em UPPs. Em fevereiro, a PM Alda Castilho, da UPP Parque Proletário, foi baleada na barriga e morreu. Quatro dias depois, o PM Wagner Vieira da Cruz, da UPP Vila Cruzeiro, foi atingido por um disparo na cabeça e também não resistiu aos ferimentos. No dia seguinte, o PM Rodrigo Paes Leme, da UPP Nova Brasília, também foi ferido no peito e morreu.

No ano passado, o PM Melquisedeque Basílio, de 29 anos, da UPP Parque Proletário, no Complexo do Alemão, foi assassinado em frente ao contêiner, que funciona como sede da unidade. Houve troca de tiros com bandidos, ferindo quatro pessoas, entre elas, dois traficantes. Também em 2013, o PM Anderson Dias Brazuna foi morto com um tiro no peito enquanto fazia uma ronda na Cidade de Deus.

Na manhã do dia 1º de maio, um policial da UPP Alemão foi baleado no rosto quando fazia um patrulhamento no Largo do Mineiro. O grupo foi vítima de uma emboscada e trocou tiros com os bandidos. Apesar do grave ferimento, o policial não corre risco de morte.

* Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil

CENA FORTE DE VER

O DIA 06/05/2014

'Cena forte de ver', diz comerciante que viu criança ser baleada em Vila Isabel. Vitor Gomes Bento, de oito anos, será transferido ainda nesta terça-feira para o Hospital dos Servidores do Estado


ATHOS MOURA



Rio - "Uma cena muito forte de se ver". Foi assim que descreveu um comerciante que viu quando a criança Vitor Gomes Bento, de oito anos, foi baleada na tarde de segunda-feira, durante troca de tiros entre policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro dos Macacos e traficantes. De acordo com ele que não quer ser identificado, o garoto correu em direção ao seu estabelecimento gritando: "Tá doendo! Tá doendo", e desmaiou em seguida.


O policiamento foi reforçado nesta terça-feira em Vila Isabel. As escolas municipais funcionaram normalmente, mas foi fraca a presença dos alunosFoto: Cacau Fernandes / Agência O Dia

Vitor Gomes deixava a Escola Municipal Salvador Allende, ao lado da base da UPP, quando, na Rua Armando de Albuquerque, foi atingido com um tiro na cabeça. A criança foi levada para o Posto de Saúde Parque Vila Isabel, mas a unidade não quis socorre-lo, alegando não haver emergência no local. Em seguida, Vitor foi levado pelo seu irmão ao Hospital Federal do Andaraí, onde passou por cirurgia.

"Ele (Vitor) é um menino alegre, aquele era o horário normal dele voltar da escola", afirmou um familiar da criança.

Vitor Gomes será transferido ainda nesta terça-feira para o Hospital dos Servidores do Estado, na Região Portuária. Ele foi operado por cerca de cinco horas no Hospital do Andaraí e está internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). O estado de saúde da criança é considerado grave.
Vitor Gomes Bento, de oito anos, está internado no Hospital Federal do AndaraíFoto: Fernando Souza / Agência O Dia

Alunos deixam de ir às aulas nesta terça

O policiamento está reforçado nos arredores do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, após o tumulto da noite de segunda-feira, motivado pela bala perdida que atingiu Vitor. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, as quatro escolas e duas creches da região estão funcionando normalmente, mas a grande maioria dos 1.838 alunos atendidos, com medo, não foi as aulas.

No entanto, segundo informações da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), o comércio está funcionando normalmente e que nesta manhã ainda não houve nenhuma prisão ou apreensão.

A Polícia Civil deve realizar ainda nesta terça uma perícia no local onde Vitor foi baleado. As armas dos PMs da UPP que participaram do confronto já foram recolhidas e durante a madrugada, policiais dos batalhões de Choque e de Operações Policiais Especiais (Bope) auxiliaram no patrulhamento e na busca pelos bandidos que entraram em confronto com os agentes.

domingo, 4 de maio de 2014

NOITE DE PROTESTOS COM 9 ÔNIBUS INCENDIADOS E PESSOAS DETIDAS


REVISTA ÉPOCA 29/04/2014 10h33

Noite de protestos no Rio termina com seis pessoas detidas. Nove ônibus foram incendiados durante dois protestos no Morro do Chapadão e no Complexo do Alemão,


REDAÇÃO ÉPOCA

Nove ônibus foram incendiados durante dois protestos na zona no Norte do Rio de Janeiro na noite de segunda-feira (28) (Foto: Antonio Scorza / Agência O Globo)


Duas manifestações na zona norte do Rio de Janeiro, na noite da segunda-feira (28), terminaram com o saldo de nove ônibus incendiados e seis pessoas detidas, dois menores entre elas. Os protestos aconteceram no Morro do Chapadão, em Costa Barros e no conjunto de favelas do Alemão. Violentos, eles começaram por motivos diferentes.

No Chapadão, a manifestação aconteceu em reação à morte de um jovem de 17 anos durante uma troca de tiros com policiais militares. O 41º Btalhão da Polícia Militar fazia uma operação contra o roubo de carros na região durante a noite. A polícia divulgou mais de uma versão para a morte do adolescente: segundo uma delas, ele estava morto em um carro roubado. Em outra, ele teria trocado tiros com a polícia. Cerca de 20 manifestantes incendiaram cinco ônibus na Avenida Chisóstomo Pimentel de Oliveira, em Costa Barros. Dois homens foram presos ao tentar atear fogo em um ônibus.

No Alemão, Carlos Alberto de Souza Marcolino, de 21 anos, foi baleado no peito em meio a um confronto entre policiais e criminosos na Estrada do Itararé durante a madrugada. O jovem foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Alemão e, mais tarde, transferido para o Hospital Getúlio Vargas na Penha. Um grupo de manifestantes depredou a UPA e quatro ônibus foram incendiados na região: dois na Estrada no Itararé, outro da Estrada Velha e um último na Estrada do Timbó. Adilson da Luz, de 21 anos, e Matheus da Silva Soares, 18, foram presos acusados pela depredação. Dois menores também foram detidos.

Carros queimados

Na manhã de segunda-feira (28) doi carros foram queimados nos arredores da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), próximo ao Complexo do Alemão. Não houve registros de protestos na região pela manhã, mas a polícia deve investigar se o ato teria relação com a morte da idosa Arlinda Bezerra de Assis, de 72 anos, na noite de domingo(27).

RC

sexta-feira, 2 de maio de 2014

TIROTEIO DEIXA UM MORTO E OUTRO GRAVEMENTE FERIDO


O ESTADO DE S.PAULO 02 de maio de 2014 | 9h 24

Tiroteio na Rocinha deixa um morto e outro gravemente ferido. Confronto ocorreu entre policiais da UPP e traficantes que ocupam o morro

Thaise Constancio



RIO - Uma pessoa morreu e outra ficou gravemente ferida após ser atingida no tórax durante tiroteio entre policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e traficantes que permanecem no morro da Rocinha, na noite dessa quinta-feira, 1º. As vítimas, que ainda não foram identificadas, foram levadas para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro.


De acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), os policiais patrulhavam a Rua 2 quando foram surpreendidos pelo traficantes.

O confronto ocorreu no mesmo dia em que o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), anunciou a transferência para presídios federais de criminosos envolvidos em ataques às UPPs. Segundo Pezão, nos próximos dias, a Justiça estadual pedirá que cinco traficantes, entre eles Luiz Carlos Jesus da Silva, o Djalma da Rocinha, sejam levados para uma unidades prisionais federais. Preso em abril, ele é acusado de coordenar ataques à UPP local, em fevereiro.

“Todos que forem pegos dilapidando patrimônio, atacando as sedes das UPPs, atacando os policiais, nós vamos reagir com força, vamos tirar do Estado, mandando para presídios federais. Tenho falado com o ministro da Justiça (José Eduardo Cardozo) duas, três vezes por dia, e ele tem sido de uma rapidez tremenda”, afirmou Pezão na manhã de quinta.

O policiamento segue reforçado por policiais do 23º Batalhão de Polícia Militar (Rocinha) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

quinta-feira, 1 de maio de 2014

TIROTEIOS NO ALEMÃO DEIXAM DOIS POLICIAIS BALEADOS

Do G1 Rio 01/05/2014 11h24

Tiroteios no Alemão deixam 2 policiais baleados. Trocas de tiros foram no Largo do Mineiro e na favela Nova Brasília. PMs de outras UPPs reforçam segurança na região.


Tiros voltaram a assustar moradores do Complexo do Alemão, na manhã desta quinta-feira 1° (Foto: Alessandro Costa/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)

Um policial militar foi baleado no conjunto de favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quinta-feira (1°). Por volta das 8h30, uma guarnição da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Alemão fazia patrulhamento na localidade conhecida como Largo do Mineiro, quando encontrou criminosos armados. O grupo atirou contra os policiais, e o PM foi atingido no rosto. Ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital Getúlio Vargas (HGV), na Penha, onde passaria por cirurgia. O policiamento seguia reforçado no Complexo do Alemão, com apoio de 200 policiais de outras UPPs.

Na noite de quarta-feira (30), um tiroteio deixou um policial do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) baleado, como mostrou o Bom Dia Rio. O soldado levou um tiro na perna enquanto patrulhava a favela Nova Brasília. Houve confronto entre policiais e bandidos na mesma comunidade.

O policiamento continuava reforçado também no Morro do Chapadão, onde ônibus foram incendiados na segunda-feira (28). Nesta quarta, as escolas municipais reabriram após os protestos, mas a frequência de alunos foi baixa. Outras unidades ficaram fechadas.

UPA foi depredada (Foto: Arquivo pessoal)

Ônibus queimados e UPA depredada

Quatro ônibus foram queimados na estrada do Itararé, em Bonsucesso, um dos acessos ao Alemão, na noite de segunda. Durante o confronto, criminosos invadiram a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no local e a depredaram. Três pessoas foram detidas, acusadas de estarem com pedras na mão e de tentativa de depredação. Elas foram levadas à 45ª Delegacia de Polícia.

Idosa morta no domingo


Uma idosa foi baleada e morreu após tiroteio entre policiais e criminosos na favela Nova Brasília, na noite de domingo (27). Dalva Arlinda Beserra de Assis, de 72 anos, foi levada para ser socorrida na UPA, onde morreu.

Segundo a coordenadoria das UPPs, cerca de 50 moradores da comunidade interditaram a Estrada do Itararé, nos dois sentidos, em protesto, por volta das 20h30. O policiamento foi reforçado no entorno do Alemão.

A sede da UPP Nova Brasília foi atingida por tiros, após a morte da idosa. Também houve registro de tumulto, com policiais atirando balas de borracha contra os manifestantes.

O tiroteio aconteceu após a prisão de Ramires Roberto da Silva, de 20 anos, que era foragido da Justiça e um dos suspeitos de participação no assassinato da policial militar Alda Rafael Castilho, que era lotada na UPP Parque Proletário, e do subcomandante da UPP Vila Cruzeiro, tenente Leidson Acácio.

Ele foi preso na própria comunidade. O Disque-Denúncia oferecia R$ 3 mil como recompensa por informações que levassem a polícia até ele.