O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

sábado, 31 de janeiro de 2015

BALAS PERDIDAS?

REVISTA ISTO É N° Edição: 2357 | 30.Jan.15


Depois da bem-sucedida implantação das UPPs, a violência volta a assustar o Rio de Janeiro, com a volta do crime organizado nas áreas onde o Estado não está presente

Rogério Daflon




Não bastasse o aumento da criminalidade, e consequente insegurança, o primeiro mês do ano chega ao fim com uma estatística apavorante no Rio de Janeiro de uma vítima de bala perdida por dia. Até a sexta-feira 30, a região metropolitana contabilizou 31 pessoas atingidas – cinco delas morreram. O termo bala perdida foi criado pela imprensa carioca e adotado pela estatística oficial em 2007, a partir de um pedido do atual secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Não à toa. O ano de 2007 se mantém com o pior índice, com 279 pessoas baleadas e 21 mortas. Em 2009, após a implementação da política das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), o número de mortos foi quase três vezes menor, à semelhança do que ocorreu com outros crimes. Mas o aumento das balas perdidas em 2015, somado ao volume maior de crimes violentos e ações policias desastradas, põe em xeque a própria UPP, um projeto de sucesso na fase de implantação, e expõe a crise por que passa a segurança pública no Estado. O segundo passo das UPPs, que seria ocupar os morros com o Estado – escolas, espaços culturais, postos de saúde –, não veio e a criminalidade está se reorganizando. “A situação é delicada, porque melhorar os procedimentos da polícia comunitária é muito difícil numa situação tensa”, diz a antropóloga Alba Zaluar, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos.


INSEGURANÇA
Acima, os pais do estudante Alex Schomaker, Andrei e Mausy
- morto num assalto aos 23 anos - durante sua formatura póstuma
na segunda-feira 26. Abaixo, cariocas se protegem de tiroteio



Para Alba, a grande quantidade de balas perdidas tem relação direta com o recrudescimento dos confrontos armados entre traficantes e policiais, em áreas com UPPs como a Favela da Rocinha, na zona sul, e o Complexo do Alemão, na zona norte, e em outras partes da metrópole sem ocupação. Em entrevista à IstoÉ, o secretário José Mariano Beltrame disse que, numa crise aguda como essa, a pressão toda recai sobre a polícia, mas há outras ações a serem feitas. Dois anos após a primeira e bem-sucedida UPP do Morro Santa Marta, na zona sul, a chamada UPP social, administrada pela Prefeitura do Rio, anunciou que faria um trabalho com os jovens, a fim de evitar que eles fossem novamente cooptados pelo tráfico de drogas. “Se você perguntar para a UPP Social e até para o governo federal, eles vão dizer que fizeram um trabalho nesse sentido, mas nada que tivesse surtido o efeito desejado”, diz Beltrame. Segundo o secretário, governo do Estado e prefeitura não tiveram celeridade para implementar serviços públicos nas áreas ocupadas. “Falta velocidade dos outros setores do poder público no Rio. Quando se leva segurança para essas áreas, é para se garantir o ir e vir também do caminhão do lixo, do médico da família, da assistente social”, diz o secretário.


"Falta velocidade dos outros setores do poder público no Rio"
José Mariano Beltrame, secretário de Segurança

Os pais do estudante Alex Schomaker, assassinado aos 23 anos com quatro tiros no dia 8 de janeiro, numa tentativa de assalto em Botafogo, na zona sul do Rio, consideram que o Estado está ausente. “O Estado matou meu filho. O lugar onde ele foi morto está sempre mal iluminado, sem poda de árvores, e isso tem sido reivindicado há muito tempo. A UPP criou uma falsa ilusão de segurança no Rio”, disse a mãe, Mausy Schomaker. O casal foi à formatura do filho na segunda-feira 26, que se formaria em ciências biológicas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fizeram questão de sentar nas fileiras reservadas aos formandos, pegar o certificado de conclusão de curso de Alex e ler uma carta para ele. A cerimônia, no Instituto de Biologia, se transformou em uma homenagem ao jovem, com um painel de fotos dele ao fundo. Num dos momentos mais emocionantes, todos cantaram e disseram: “Eu sou Alex”. A cientista social Silvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, diz que a indignação com a violência mostra que a indiferença da sociedade está diminuindo.

Na visão do cientista político João Trajano, do Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o problema é que, nas UPPs, a lógica da política se sobrepõe à dos profissionais de segurança pública. “Em 2015, teremos 40 UPPs no Rio. Elas têm sido feitas de maneira intempestiva”, diz Trajano, ressaltando a hipótese de as UPPs promoverem a migração de bandidos para outras áreas da capital e da região metropolitana.




Fotos: Alexandre Cassiano/Ag. O Globo; Vítor Silva/Futura Press

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

TIROTEIO VOLTA A ASSUSTAR O RIO E BALA PERDIDA ATINGE MAIS UMA PESSOA

Policiais em operação neste domingo no Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte do Rio
O DIA 27/01/2015, 13:35:05

Tiroteio volta a assustar moradores no Complexo do Alemão . Teleférico do conjunto de favelas teve que ser paralisado

Luarlindo Ernesto


Rio - Uma intensa troca de tiros volta a assustar moradores da Fazendinha, no Complexo do Alemão, na Zona Norte, na manhã desta terça-feira. Segundo as primeiras informações, o teleférico teve que ser paralisado. Há informações, ainda não confirmadas, de que um menor teria sido atingido por disparos. O tiroteio acontece nas proximidades da base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade.

De acordo com a asessoria das Unidades de Polícia Pacificadoras, "no fim da manhã desta terça-feira policiais da UPP Nova Brasília realizavam patrulhamento no interior da comunidade quando foram recebidos a tiros por criminosos. Os agentes revidaram e os suspeitos fugiram. Até o momento, não há registro de feridos"

O policiamento está reforçado na região e equipes estão realizando buscas em toda área do complexo.

Madrugada tensa no conjunto de favelas

Na madrugada desta terça-feira, um adolescente de 16 anos foi ferido nas costas após uma intensa troca de tiros entre policiais da UPP da Fazendinha e traficantes. O jovem está internado no Hospital Estadual Getúlio Vargas (HGV), na Penha. Ele teve que ser submetido a uma cirurgia e está em observação. A vítima pode ser a 18 pessoa ferida por bala perdida nos últimos 10 dias na Região Metropolitana, segundo levantamento do DIA .

De acordo com o Comando de Polícia Pacificadora (CPP), os PMs foram recebidos a tiros por bandidos durante um patrulhamento na localidade conhecida como Inferno Verde. Após o confronto, os marginais fugiram. Pouco tempo depois, o adolescente deu entrada baleado no HGV. Em nota, a PM esclareceu que que nenhuma base da UPP foi atacada. As armas dos militares foram apreendidas pela Polícia Civil. O comando da UPP Fazendinha determinou a abertura de uma averiguação sumária. O caso está sendo analisado na 22ª DP (Penha).

No hospital, o irmão mais velho do adolescente, que preferiu não se identificar, disse que ele foi ferido depois da troca de tiros entre PMs da UPP e bandidos. Como a situação já teria acalmado, o grupo em que a vítima estava resolveu voltar para a praça onde conversava antes do confronto. Foi ouvido um barulho de um disparo de arma de fogo isolado e em seguida o menor tombou atingido nas costas.

Fiquei nervoso, não sabia o que fazer. Não deixei ele dormir, porque ele estava querendo fechar o olho", disse o irmão no HGV. Segundo ele, confrontos acontecem na Fazendinha, mas que eles ocorreram pelo menos três vezes em uma semana.

Ainda segundo o irmão, a vítima foi socorrida de carro por um morador e levada para o HGV. A Polícia Civil investiga em que circunstância o adolescente foi ferido, sua identificação e se tem antecedentes criminais. Até às 3h, não havia definição se o caso seria registrado na 22ª DP ou na 45ª DP (Alemão).

Relembre as outras vítimas

26/01

Sandra Costa dos Santos, 58 anos, ferida na cabeça quando dormia, em Bangu

25/01

Adrienne Solan do Nascimento, 21 anos, morreu baleada na Rocinha.

25/01

Lilian Leal de Moraes, 13, ferida em Costa Barros na guerra entre traficantes.

25/01

Wilian Dias, 24 anos, Marcelo Marques dos Santos, 42, Milton dos Santos Mota, 56, e Norman Maria Silva Rego, 53, feridos em Mesquita durante tiroteio.

24/01

Caio Robert Carvalho Rodrigues, 15, baleado ao visitar amigos em Niterói.

24/01

Uma mulher e um adolescente ficaram feridos em tiroteio no Juramento.

23/01

Edilton de Jesus dos Santos, 20, atingido dentro do Parque Madureira.

22/01

Lavínia Crissiullo, 3, ferida no Estácio.

22/01
William Robaiana, 35, baleado em Santa Cruz.

20/01

Márcia Costa, 44, ferida em Bangu.

18/01

Asafe Ibrahim, 9, baleado no Sesi de Honório Gurgel, morreu dias depois.

17/01

Carlos Eduardo Rodrigues de Paula, 33, atingido por tiro em Bangu.

16/01


Larissa de Carvalho, 4, morreu após ser atingida por bala perdida ao sair de restaurante em Bangu.

domingo, 25 de janeiro de 2015

INTENSO TIROTEIO ENTRE TRAFICANTES COM ARSENAIS DE GUERRA NO MORRO DO JURAMENTO

Do R7 24/1/2015 às 11h14


Mulher é baleada durante intenso tiroteio no Juramento e PM faz operação na comunidade da zona norte do Rio. Vítima foi ferida de raspão na perna e levada para UPA da região





Comunidade sofre com guerra do tráfico Rede Record

Policiais do Batalhão de Irajá (41º BPM) fazem uma operação no morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, zona norte do Rio, na manhã deste sábado (24), após um intenso tiroteio na comunidade durante a madrugada. Segundo a Polícia Militar, o COE (Comando de Operações Especiais) dá apoio à ação.

A PM também confirmou que uma mulher foi atingida por uma bala perdida, em Vaz Lobo, e socorrida na UPA da região. Ela foi ferida de raspão na perna. Em uma semana, já são oito vítimas de balas perdidas no Rio de Janeiro.

Durante a ação, policiais do Bope apreenderam 11 fuzis e diversos carregadores numa região de mata na comunidade. Houve registro de confronto.


11 fuzis e diversos carregadores foram apreendidos por policiais do Bope durante a operação Divulgação / Polícia Militar

Nas redes sociais, por volta das 8h, moradores relataram que escutaram sons de tiros, bombas e granadas.

Segundos testemunhas, na praça Vicente de Carvalho, motoristas voltaram na contramão assustados com os tiros.

Desde o último final semana, a comunidade sofre com a guerra do tráfico. De acordo com a polícia, o bando do traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, tenta invadir o morro do Juramento e é responsável pelos recentes confrontos na região.

Apesar do tiroteio, o Metrô Rio informou que as linhas 1 e 2 funcionam normalmente.

De acordo com o BRT, a estação Vicente de Carvalho também está aberta.

Traficante Playboy

O traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, é o chefe do tráfico de drogas do morro da Pedreira. Ele é apontado como o responsável pelo roubo de 200 motocicletas do depósito do Detro, no dia 31 de dezembro.

O traficante é um dos bandidos mais procurados do Rio. O Disque-Denúncia oferece R$ 50 mil para quem tiver informações sobre o criminoso.



Do R7

Polícia encontra corpo de chefe do tráfico de drogas após operação no Juramento, zona norte do Rio. Segundo agentes, Flavio Silva Mendonça foi localizado na UPA da região





Suspeito era procurado pelos crimes de roubo e homicídio Divulgação

A Polícia Militar confirmou a morte de um traficante após uma operação no morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, zona norte do Rio, neste sábado (24).

Em depoimento na Delegacia de Vicente de Carvalho (27ª DP), os policiais contaram que localizaram o corpo de Flavio Silva Mendonça, o "Flavinho do Juramento", na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Ricardo de Albuquerque.

Flavio era procurado pelos crimes de roubo e homicídio. O Disque Denúncia oferecia uma recompensa de R$ 5 mil por informações que levassem à captura do criminoso.

Desde o último final semana, a comunidade sofre com a guerra do tráfico. De acordo com a polícia, o bando do traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, tenta invadir o morro do Juramento e é responsável pelos recentes confrontos na região.

Vítima bala perdida


A PM também confirmou que uma mulher foi atingida por uma bala perdida, em Vaz Lobo, após o intenso tiroteio entre facções rivais, no Juramento. Ela foi ferida de raspão na perna e socorrida na UPA da região. Em uma semana, já são oito vítimas de balas perdidas no Rio de Janeiro.

Apreensão

Durante a operação policial, neste sábado, o Bope apreendeu 11 fuzis e diversos carregadores numa região de mata na comunidade.

sábado, 24 de janeiro de 2015

EM CINCO DIAS, CINCO PESSOAS VÍTIMAS DE BALAS PERDIDAS

REVISTA VEJA 23/01/2015 - 10:13


Criminalidade. Em 5 dias, 5 pessoas são vítimas de balas perdidas no Rio. Menina de 3 anos foi atingida na perna nesta quinta. Desde sábado, duas crianças morreram na cidade após serem baleadas na cabeça





O garoto Asafe William de 9 anos, foi atingido por uma bala perdida enquanto estava no Sesi de Honório Gurgel, subúrbio do Rio de Janeiro (Reprodução)

Uma menina de 3 anos foi baleada na perna direita na noite desta quinta-feira, em Cidade Nova, no centro do Rio, aumentando para cinco o número de pessoas atingidas por balas perdidas na cidade desde sábado. Um homem que estava em um ponto de ônibus na Zona Oeste também foi baleado também nesta quinta.

A menina, que brincava na calçada em frente à sua casa, foi levada para o Hospital Central da Polícia Militar com uma bala alojada na perna. Ela apresentava quadro de saúde estável na manhã desta sexta. De acordo com a Polícia Civil, houve um tiroteio entre policiais e acusados de tráfico perto do local. De acordo com a delegada responsável pela investigação, as armas dos policiais que participaram da operação foram recolhidas para perícia. Moradores protestaram após a menina ter sido atingida.

Pela manhã, William Robaiana da Silva, de 35 anos, foi baleado quando esperava um ônibus na Avenida Cesário de Melo, perto da estação Cesarão do BRT. Ele buscou atendimento sozinho, embarcando em uma van, mesmo ferido. Foi internado em estado grave, com uma perfuração no fígado, e submetido a cirurgia.

No domingo, um menino de 9 anos teve o olho esquerdo perfurado por uma bala em um clube do Serviço Social da Indústria (Sesi) em Honório Gurgel, na Zona Norte. Ele morreu na quarta-feira. No sábado, uma menina de 4 anos foi baleada na cabeça ao sair de um restaurante com os pais em Bangu, na Zona Oeste. Ela morreu no domingo. Também no sábado, Carlos Eduardo Rodrigues, de 33 anos, levou um tiro quando caminhava para uma lanchonete na Vila Aliança, na Zona Oeste. Até esta quinta-feira ele permanecia internado.

domingo, 18 de janeiro de 2015

VAMOS RECONSTRUIR A POLÍCIA MILITAR DO RIO

O DIA 17/01/2015 23:31:58

'Vamos reconstruir a Polícia Militar', diz novo comandante-geral. Focado em recuperar a credibilidade da corporação, Alberto Pinheiro Neto tem projetos, como promover reavaliação do uso de armas pelos mais de 50 mil PMs

Adriana Cruz e Vania Cunha


Rio - Uma linha direta dos comandantes de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) com o Comando de Operações Especiais (COE) vai formar cinturão de segurança nos grandes confrontos com criminosos. Os quase dez mil policiais que atuam nas UPPs passarão ainda por novo treinamento com instrutores do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Eles vão fazer curso de autoproteção nas áreas de atuação.

Foi o que anunciou o comandante da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto. Focado em recuperar a credibilidade da corporação, o oficial tem projetos, como promover reavaliação do uso de armas pelos 50.201 PMs, e garantir curso de tiro. O ‘caveira’ será duro no combate à corrupção e garantiu reforço à Corregedoria. E trata a atuação da máfia da saúde, que desviou quase R$ 20 milhões, como ação hedionda.


'Vamos reconstruir a Polícia Militar', garante Pinheiro Neto Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

O DIA: O senhor assume o comando em meio a uma crise. Há casos de corrupção, atuação violenta e mortes de policiais. Quais os projetos ?

Pinheiro Neto: O ponto principal é recuperar a credibilidade junto à população. Há fraudes, corrupção e desvios de conduta. Todo esse processo levou ao desequilíbrio administrativo e operacional. Mas vamos reconstruir a Polícia Militar. Montamos equipes que foram submetidas ao crivo do Serviço de Inteligência. Na PM, a maioria é de gente honesta e trabalhadora. Escolhemos profissionais sérios, empreendedores e com motivação para compor a cúpula, serem subchefes de áreas e diretores administrativos.

E com relação às UPPs? Muitos policiais foram mortos e há constantes confrontos...

Os quase dez mil policiais que atuam em UPPs vão passar por novo treinamento. Eles vão fazer curso de uma semana com instrutores do Bope de como sobreviver em situação de risco. Vão aprender tática de autoproteção e proteção aos moradores das comunidades. É preciso ficar claro que o policial que atua nessas unidades têm a missão de fazer o trabalho de proximidade com os moradores.


'Cabines blindadas podem ser reinstaladas em UPPs. O que não quero é cabine desocupada' Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

E as constantes trocas de tiros?

Vamos fazer o Comando de Operações Especiais (COE) voltar a ser a força de intervenção, para o policial que faz o trabalho de proximidade, essência da UPP, não entrar mais em confronto. As unidades do COE estão prontas para dar apoio e, dependendo da necessidade, o comandante da UPP pode acionar o Bope, o Choque, o Batalhão de Cães. Vamos deixar que essas unidades façam as intervenções necessárias, para as quais são treinadas. Teremos também o retorno das grandes operações nessas áreas.

Muitos policiais reclamam que recebem pouca instrução de tiro.


Ainda está em estudo. Mas o objetivo é que todos os policiais da corporação sejam reavaliados. Quem for identificado abaixo do critério será submetido a novo treinamento.


Há projeto para as cabines abandonadas?


Estamos fazendo um diagnóstico. O objetivo é manter as que são consideradas estratégicas e transferir as que não estão em uso para outros lugares. Muitas cabines blindadas podem ser reinstaladas em áreas de UPPs. Podemos ainda adotar parcerias com outros órgãos. O que não quero mais é cabine desocupada.


Como seria a parceria com outros órgãos?

Em Niterói há parceria com a prefeitura, por exemplo. As cabines são usadas pela Guarda Municipal.

E com relação às vias expressas?

Está sendo analisado cada ponto com cabine. De imediato, reforçamos o policiamento com o BPVE e o Choque, que usa motociclistas, e empregamos helicóptero.

Como o senhor avalia a onda de arrastões?

Temos um número grande de policiais atuando na Operação Verão e vamos redistribuir o efetivo para pontos de ônibus e outras áreas de acesso à orla. Mas, às vezes, nada acontece, e as pessoas têm medo, correm. É preciso reconstruir na população a sensação de segurança. Apagar a memória traumática de outras épocas.


'Há fraudes, corrupção e desvio de conduta, mas vamos reconstruir' Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

O Ministério Público determinou que menores só podem ser apreendidos em flagrante. Mas muitos que ficam nas praias participam de arrastões.

Trabalhamos dentro de um limite, com respaldo legal. Temos que cumprir a determinação. Se no futuro tiver uma mudança melhor, poderemos agir.

Mas e os desvios de conduta e a corrupção?

Vamos reforçar o efetivo da Corregedoria. No ano passado, eram oito relatores de Inquéritos Policiais Militares (IPMs). Agora são 18. Vamos fazer um mutirão com mais policiais para solucionar as investigações.

A PM tem um dos maiores escândalos de corrupção na área da Saúde. Na semana que passou, 11 oficiais foram responsabilizados.

O que aconteceu com os recursos do Fundo da Saúde da PM (Fuspom) foi uma ação hedionda. Um serviço que atende 230 mil pessoas foi falido. Se desviar R$ 5 faz falta. Chamamos técnicos para rever a questão e decidir a melhor forma de controle e prevenção. Esse desvio de recurso é comparado aos que foram identificados na tragédia provocada pelas chuvas na Região Serrana.

E por falar em estratégia de controle, como será feito isso na questão de distribuição da gasolina ?


Houve uma falha na entrega do combustível feito pela distribuidora. Há controle na distribuição de armas e combustível também. Mas estamos fazendo monitoramento para identificar aumento, que será investigado. Há grandes gastos em luz, telefone e combustível. Vamos cortar os excessos, como acontece na casa de qualquer pessoa.


Para o senhor, agora o exemplo vem de cima?

Sim. Escolhemos os policiais para os lugares certos.

E quando a população vai começar a sentir os efeitos nas ruas?

Aos poucos, os batalhões vão receber suporte para reorganizar a parte operacional. Vamos reverter o quadro de instabilidade. As palavras de ordem são interação e cooperação. Por exemplo, nos últimos 30 dias, período de transição do antigo comando para o atual, caiu.

O QG vai ter nova sede?

No Batalhão de Choque. Será construído na parte dos fundos do terreno. Teremos mais novidades, como a construção de batalhões e do complexo de ensino dentro do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap). E vamos levantar a sede do Comando de Operações Especiais, em Ramos, um projeto grandioso, mas que ficou guardado durante cinco anos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

DOIS MORTOS E DEZ FERIDOS EM NOITE VIOLENTA



O DIA 16/01/2015 06:55:58

Dois mortos e dez feridos em noite violenta na Baixada Fluminense. Casos aconteceram em Nova Iguaçu e Mesquita, onde cinco pessoas foram baleadas em uma suposta tentativa de assalto

Marcello Victor




Rio - A noite de quinta-feira foi de violência nos municípios de Nova Iguaçu e Mesquita, na Baixada Fluminense. Em sete ocorrências, duas pessoas foram mortas e outras dez foram baleadas. Numa delas, cinco pessoas de uma mesma família foram feridas em uma suposta tentativa de assalto no bairro de Édson Passos, em Mesquita. Uma criança de um ano e seis meses e a mãe dela estão entre as vítimas.

A Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) investiga as mortes ocorridas em Nova Iguaçu. No bairro de Comendador Soares, um homem identificado como Giovani Elias foi morto por um grupo de suspeitos a pé, no acesso à Rodovia Presidente Dutra. Segundo a polícia, ele, o pai e um funcionários deles jogavam entulho em um terreno baldio quando homens passaram pelo local. Desconfiados, os três tentaram ir embora, mas foram atacados a tiros pelos desconhecidos. Giovani ainda foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro, mas não resistiu. O pai e o funcionário nada sofreram.

Outro caso é o de Jonathan da Silva Reis. Ele chegou ao Hospital da Posse baleado com oito tiros e sem um dos pés. De acordo com as primeiras informações colhidas pelos policiais, ele é morador do bairro Ouro Fino e teria sido levado supostamente por parentes. Nenhum deles, porém, foi localizado pelos investigadores. A vítima morreu depois de dar entrada na unidade.

De acordo com a 53ª DP (Mesquita), os cinco baleados em Édson Passos seriam da mesma família e estariam voltando de uma igreja no bairro e sido vítimas de uma tentativa de assalto na Rua Corduva, na localidade de Santa Teresinha, por volta das 22h30. Na chegada de policiais do 20º BPM (Mesquita) ao local, as vítimas já tinham sido socorridas. Mãe e filha tinham sido levadas para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias. As outras três pessoas foram encaminhadas para o Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Posse. Eles foram identificados apenas como Camila, Stela, Raiane, Marcos Vinícius e Manoel Cássio. Não há informações sobre o estado de saúde delas.

Por volta das 23h30, Ubiraci Araújo da Fonseca, de 34 anos, e José André da Silva Junior, 24, foram baleados no bairro Jardim Palmares, em Nova Iguaçu. Segundo policiais da 56ª DP (Comendador Soares), homens armados em um carro de cor escura atiraram contra as vítimas. Os dois estão internados no Hospital da Posse. Ainda de acordo com os agentes, Ubiraci tem passagens pela polícia por homicídios, roubo e formação de quadrilha. José André tem antecedente criminal por porte ilegal de arma.

Ainda em Nova Iguaçu, um homem que seria segurança de uma farmácia na Rua Otávio Moreira de Melo, 290, no bairro Mangueira, foi baleado. Testemunhas contaram que ocupantes de um carro, de placa não anotada, passaram pelo local disparando. Ela foi socorrido por um colega para o Hospital da Posse. os disparos assustaram moradores do Condomínio Residencial Iguaçu, que fica em frente. Devido às férias escolares, várias crianças brincavam na área de lazer do local.

Já no bairro Valverde, o ex-presidiário Leonardo da Silva Pereira foi perseguido e baleado por homens armados. Ele está internado no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias. Segundo a PM, ele tem uma extensa ficha criminal. No bairro Corumbá, em Nova Iguaçu, Thiago Wilson Souza foi ferido à bala após reagir a uma tentativa de assalto. Inicialmente ele foi socorrido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e depois transferido para o Hospital da Posse.