O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

COLEGAS DE MÉDICA ASSASSINADA PEDEM MAIS SEGURANÇA

Colegas de pediatra morta cobram mais segurança no entorno do Hospital Getúlio Vargas. Segundo eles, mesmo com a pacificação dos complexos da Penha e do Alemão, violência continua na região

Rafael Galdo
17/09/12 - 21h59


Parentes acompanham o sepultamento do corpo da pediatra Sônia Maria Stender, no Cemitério São João Batista, em Botafogo Márcia Foletto / O Globo


RIO - Colegas de profissão da pediatra Sônia Maria Sant’Anna Stender, de 61 anos, morta com dois tiros na manhã de domingo, contaram que, com a pacificação dos complexos da Penha e do Alemão diminuiu um pouco, mas a violência continua no entorno do Hospital Getúlio Vargas. Eles cobraram mais segurança na unidade e em seu entorno:

— Com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras) diminuiu um pouco mas continua a violência na região. Já vi bandidos armados circulando dentro do hospital — disse uma funcionária que preferiu não se identificar, e que afirmou acreditar que Sônia possa ter sido vítima de algum tipo de vingança — Nunca ouvi que ela tenha sido ameaçada, mas isso já aconteceu no hospital, que precisa ter a segurança reforçada.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) lamentou a morte da pediatra e a falta de segurança na unidade. O conselho afirma ainda que em maio deste ano já havia solicitado à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Seseg) a instalação de câmeras de segurança nos hospitais e postos de atendimento.

"Outra sugestão importante seria a extensão do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), que determinou a presença policiais de plantão nas escolas públicas, às emergências 24 horas. As solicitações foram entregues ao secretário José Mariano Beltrame em reunião após o registro de agressões e assaltos em unidades de saúde", diz trecho da nota.

Em resposta, a Seseg confirmou por meio de nota que recebeu ofícios do conselho em maio com sugestões de câmeras de segurança em unidades hospitalares. Informou que também recebeu documentos do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed), em março. De acordo com a secretaria, as solicitações foram encaminhadas para a Polícia Militar, que, segundo a mensagem, tomou as providências para reforçar o policiamento ostensivo nas adjacências das unidades citadas pelas duas entidades. A secretaria informou, ainda, que a segurança dentro das unidades, bem como a colocação de circuitos internos de câmeras de vigilância compete aos órgãos responsáveis pelas unidades.

O corpo da médica foi enterrado na tarde desta segunda-feira no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Dezenas de funcionários do hospital, amigos e familiares acompanharam o sepultamento.

Sônia Maria foi abordada por homens que ocupavam um Meriva Branco quando passava de carro pela esquina das ruas Conde de Agrolongo e Nicaraguá, próxima ao hospital. Segundo amigos, esse trajeto é rotineiramente usado por quem sai da unidade em direção a Tijuca e a Zona Sul.

— Os assaltos aconteciam frequentemente, mas a retomada do território das mãos de traficantes aumentou a segurança na região — disse Antônio de Oliveira e Silva, cirurgião dentista do HGV, durante o velório do corpo da médica no Cemitério São João Batista.

Sônia Maria foi abordada por criminosos quando deixava o plantão no hospital, por volta das 7h. Os tiros atingiram o lado direito do pescoço dela. A vítima foi abordada por homens armados quando dirigia um Space Fox na esquina das ruas Conde de Agrolongo e Nicarágua, ainda perto do hospital. Policiais da Divisão de Homicídios (DH) trabalham com a possibilidade de Sônia ter reagido a um assalto e acreditam que pelo menos três bandidos participaram do crime.

O Meriva branco ocupado pelos bandidos tinha sido roubado na madrugada de domingo em Vigário Geral. O veículo foi abandonado logo depois do crime num dos acessos à Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Segundo laudo do Instituto Médico-Legal (IML), uma bala acertou a coluna da médica e a outra alojou-se no pulmão. Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) vasculharam o carro da vítima e o veículo usado pelos criminosos em busca de digitais. Agentes também procuraram imagens do crime em câmeras de segurança instaladas no entorno do local da morte.

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