O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

TIROTEIOS EM FAVELA COM UPP VOLTAM A ASSUSTAR O RIO


Tiroteios em favelas com UPP voltam a assustar zona sul do Rio. Aumento da violência coincide com saída da prisão de traficantes do Comando Vermelho

28 de janeiro de 2014 | 10h 29



Marcelo Gomes - O Estado de S. Paulo


RIO - Pacificados em dezembro de 2009, os Morros do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na zona sul do Rio, voltaram a registrar tiroteios constantes nos últimos seis meses. O recrudescimento da violência nessas comunidades, que têm cerca de 10 mil habitantes, ocorreu simultaneamente à libertação de traficantes do Comando Vermelho. Os confrontos já deixaram pelo menos dois suspeitos mortos e um policial militar baleado. Moradores e comerciantes de Ipanema e Copacabana estão aterrorizados: além do medo de balas perdidas, lojas nos dois bairros voltaram a ser obrigadas pelo tráfico a baixar as portas.

Os bandidos, que até então evitavam ostentar armas em público, voltaram a usar granadas e armamento de grosso calibre. O último tiroteio ocorreu na noite de sexta-feira, 24, quando policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foram atacados na parte alta do Pavão-Pavãozinho, que voltou a abrigar uma boca de fumo. Um PM foi ferido de raspão no braço. A UPP pediu reforço do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Após varredura, foram presos dois homens, reconhecidos como envolvidos na troca de tiros. A dupla foi autuada por tentativa de homicídio.

A polícia já sabe que o chefe da venda de drogas na favela, Adauto do Nascimento Gonçalves, o Pitbull, de 33 anos, participou do confronto e conseguiu escapar. Nascido no Pavão-Pavãozinho, foi preso em 2008, quando apresentou aos policiais crachá de vigia das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na comunidade. Está foragido desde julho, quando passou para o regime semiaberto e não retornou à cadeia. "O efetivo da UPP foi dobrado. Agora estamos com 70 policiais nas comunidades em cada turno de 12 horas. Esperamos que os confrontos cessem. Desde sábado, 25, não tivemos nenhum problema", afirmou o coronel Claudio Lima Freire, subcomandante geral das UPPs.

Em outra troca de tiros na mesma localidade do morro, na madrugada de 17 de janeiro, morreu Patrick Costa dos Santos, o Cachorrão, de 25 anos. PMs disseram que ele estava com uma pistola. Santos tinha duas condenações por tráfico e obteve livramento condicional em outubro de 2012. Na manhã seguinte, grande parte do comércio não abriu as portas por causa do luto imposto pelo tráfico.

A outra morte ocorreu em outubro. Apontado como "gerente" da venda de drogas no morro, Thomas Rodrigues Martins, de 32 anos, foi baleado num confronto com PMs que durou cerca de 40 minutos. Preso em 2008, foi condenado por tráfico, mas acabou solto depois que o Tribunal de Justiça reformou a sentença e declarou extinta a punibilidade. Revoltados, moradores puseram o corpo de Martins numa maca e o colocaram no meio da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais do bairro.

A 13ª DP (Ipanema) abriu inquérito para investigar o retorno do tráfico ao local. Oito pessoas envolvidas nos últimos confrontos foram identificadas e tiveram pedido de prisão feito à Justiça. É um retrocesso muito triste. "Estamos inseguros, apreensivos e com medo. Se o Estado não transformar aquelas comunidades em bairros integrados à cidade formal, com serviços e regularização fundiária, a UPP vai sair do controle. Não adianta só ocupar militarmente", disse Ignez Barreto, do Projeto de Segurança de Ipanema. Presidente da Sociedade de Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães concorda: "A segurança tem de estar presente. Mas é inquestionável que os serviços públicos precisam entrar nas comunidades".

Mais um caso. Na Rocinha, outra comunidade da zona sul protegida por UPP, um tiroteio assustou moradores e chegou a causar a interdição da Auto Estrada Lagoa-Barra, que contorna um trecho da favela, às 17h30 desta segunda, 27. Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, policiais foram recebidos a tiros quando faziam patrulha por uma área conhecida como Passarela. Eles revidaram e um suspeito foi baleado no peito. Encaminhado ao Hospital Municipal Miguel Couto, o rapaz não corre risco de morte. Segundo policiais, com ele foi apreendido um carregador de pistola.

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