O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

FAVELA É DESOCUPADA APÓS CONFRONTOS, SAQUES, PRISÕES E FERIDOS



Favela da Oi é desocupada após confrontos, saques, prisões e feridos. PM e bombeiros negam que reintegração de posse tenha deixado mortos. Prédio, caminhões, ônibus e carro da polícia foram incendiados. Trechos de ruas do entorno estão interditados

ANA CLÁUDIA COSTA
BRUNO AMORIM
LEONARDO BARROS
O GLOBO
Atualizado:11/04/14 - 13h58

Invasor é retirado por policiais militares de terreno da Oi Fernando Quevedo / O Globo


RIO - Cerca de três horas após a desocupação do terreno da companhia telefônica Oi, no Engenho Novo, na Zona Norte, Bombeiros voltaram a combater dois novos focos de incêndio na área, onde houve ação de reintegração de posse, na manhã desta sexta-feira. Manifestaram atearam fogo em entulhos nas proximidades do prédio da Oi.

O trabalho de desocupação realizado pela Polícia Militar, que teve início por volta das 5h e durou cerca de cinco horas, foi marcado por muita confusão e confrontos. Estabelecimentos comerciais da região foram saqueados e veículos depredados e incendiados. A área foi invadida no dia 31 de março por cerca de 5 mil pessoas. Por volta das 6h50m, foram atirados objetos em direção aos policiais, dando início ao tumulto.

Foram feitos bloqueios em ruas do entorno. Um grupo de 21 pessoas foi detido por saquear um supermercado da rede Campeão. Para dispersar a multidão, a polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo de um helicóptero na altura do Viaduto do Jacaré.

PMs lançaram bombas de efeito moral, spray de pimenta e gás lacrimogêneo. Houve disparo de balas de borracha e os invasores revidaram jogando pedras. Três policiais ficaram feridos. Um dos PMs e uma moradora ficaram desacordados no tumulto. Alguns invasores passaram mal devido ao spray de pimenta. O policial ferido foi retirado do local em uma viatura. Três crianças, uma com seis meses de idade, também foram socorridas, uma com ferimento na perna e as outras por terem inalado fumaça. Não há informação sobre o estado de saúde dos feridos.

Houve um incêndio que atingiu todo andar de um dos prédios invadidos. Bombeiros de sete quartéis conseguiram controlar o fogo no edifício, mas há focos de incêndio em vários pontos da região. Um carro da Polícia Militar, três ônibus, um micro-ônibus e dois caminhões também foram incendiados. Pelo menos três ônibus da PM e três veículos de emissoras de TV foram atacados (TV Globo, SBT e Record). O repórter do jornal O GLOBO Bruno Amorim foi preso pela Polícia Militar por fotografar a operação de desocupação da Favela da Telerj.

A maior parte dos invasores já foi retirada do terreno. Um grupo de 150 pessoas que está no terreno perto dos fundos está sendo removido por funcionários da prefeitura e levado para um portão.

Cerca de 1.500 policiais do 2º BPM (Botafogo), 3º BPM (Méier), 22º BPM (Maré), dos batalhões de Operações Especiais (Bope), de Choque (BPChoq), Grupamento Aéreo e Marítimo (GAM) e de Ações com Cães (BAC), além de policiais de várias Unidade de Polícia Pacificadora participam da operação. Estão na área cerca de 50 viaturas da polícia. Um helicóptero da PM e outro dos bombeiros sobrevoam a região. Uma retroescavadeira está sendo usada para derrubar os barracos, e cinco caminhões da Comlurb carregam os entulhos no terreno do prédio.

A desocupação do espaço foi discutida em uma reunião na tarde de terça-feira na 6ª Vara Cível do Fórum do Méier. A juíza Maria Aparecida Silveira de Abreu, que concedeu a liminar à Oi na ocasião, ficou de estabelecer a data da desocupação depois que a Polícia Militar fez um planejamento para a retirada das famílias do local. Na reunião, o advogado Humberto Cairo, presidente da 55ª subseção da OAB (Méier), sugeriu que o representantes do estado e do município oferecessem aluguel social para o grupo que ocupa o imóvel até um solução definitiva para o caso. No entanto, não houve acordo sobre essa questão.

Por volta das 5h30m, um oficial de Justiça do Fórum do Méier chegou ao local com o mandado de reintegração de posse. Pelas ruas do Engenho Novo, os invasores que foram expulsos tentavam salvar os pertences: roupas em sacos plásticos, colchões, televisões e até ventiladores.

Interdição em uma das principais ruas

A operação da polícia provoca a interdição de algumas vias na região, inclusive em um trecho da Rua Sousa Barros, uma das principais do bairro. O fechamento das vias começou por volta das 5h, complicando o trânsito.

O prefeito Eduardo Paes defendeu na quarta-feira a reintegração de posse do terreno. Ele afirmou que não conhece “nenhuma Favela da Telerj”.

— Eu não conheço favela nenhuma da Telerj e, sim, uma invasão com todas as características que uma invasão profissional pode ter. É um movimento organizado, com pessoas que estão ali loteando, demarcando. Pobre que é pobre, que precisa de casa, não fica demarcando, não aparece com madeirites marcando número. Tem que fazer a reintegração de posse.


Terreno da Oi: após ataque de bandidos, polícia se prepara para entrar na Favela Rato Molhado
Ação dos criminosos complica ainda mais a situação na região, que desde cedo, está em clima de confronto devido à reintegração de posse


ANA CLÁUDIA COSTA
NATANAEL DAMASCENO 
O GLOBO
Atualizado:11/04/14 - 13h08

Mulher foi ferida nas costas por uma bomba de efeito moral lançada pela PM Agência O Globo


RIO - Bandidos da Favela Rato Molhado, que fica ao lado do terreno da Oi, no Engenho Novo, onde ocorreu a reintegração de posse nesta sexta-feira, atiram em direção ao imóvel, agora ocupado pela Polícia Militar. A ação dos criminosos complica ainda mais a situação na região, que desde cedo, está em clima de confronto. Homens do 3º BPM (Méier) se preparam para entrar na comunidade. Policiais do Batalhão do Batalhão de Choque (BPChoq) interditam as ruas no entorno da favela, e homens da Guarda Municipal fazem um cordão de isolamento para evitar que moradores voltem a protestar nas ruas. Bombas de efeito moral também foram lançadas pela PM.

Um grupo de pessoas da Favela Rato Molhado está jogando coquetéis molotov feitos de garrafas de cerveja em direção à polícia na Rua Dois de Maio. Uma moradora foi ferida nas costas com uma bomba de efeito moral lançada pela PM. Uma outra mulher teve o dedo ferido.

Após a reintegração de posse do terreno da Oi, houve tumulto em vários pontos do bairro. Vinte e uma pessoas foram presas por saques a dois supermercados. Para dispensar a multidão, um helicóptero da Polícia Militar lançou bombas de gás lacrimogêneo.


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