O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

MORTE NO RIO, POLICIAIS DE UPP INVESTIGADOS




ZERO HORA 24 de abril de 2014 | N° 17773


Dançarino levou um tiro, diz laudo

Jovem que atuava em programa da Rede Globo foi morto em circunstâncias ainda investigadas



Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro atestou que o dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, 26 anos, do programa Esquenta, da TV Globo, foi baleado antes de morrer. A informação foi confirmada pelo delegado Gilberto Ribeiro, da 13ª DP (Ipanema).

Ocorpo do rapaz foi encontrado na terça-feira, no pátio de uma creche no Morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana. Ele estava próximo a um muro de 10 metros de altura, que separa os fundos da creche de uma viela, batizada de Avenida Pavãozinho.

O tiro teria atingido o rapaz pelas costas, na região lombar, e saído pelo ombro, perfurando um pulmão. Já a declaração de óbito afirma que a causa da morte foi “hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax devido ou como consequência de ação pérfuro-contundente”.

Para Levi Inimá de Miranda, ex-chefe de Medicina Legal do Exército e perito legista aposentado da Polícia Civil do Rio, não há dúvidas de que a causa da morte do dançarino foi o tiro.

– O disparo foi de trás para frente, e de baixo para cima, o que comprova que ele estava num nível acima do atirador. Isso corrobora as declarações dos moradores da comunidade, que disseram que a vítima estava em cima de um muro, pulando de uma laje para outra. Foi nesse momento que ele deve ter sido baleado. E ao cair de uma altura de cerca de 10 metros, provavelmente bateu com a cabeça no chão, o que explica o afundamento no crânio – disse Miranda ao Estado.

No entanto, no entendimento do perito, o laudo de necropsia e a declaração de óbito contradizem a versão inicial da Secretaria Estadual de Segurança. O órgão divulgou em seu perfil no Twitter que “o laudo de local apontou que as escoriações de Douglas são compatíveis com morte ocasionada por queda”.



Policiais de UPP são investigados


A PM do Rio investiga a participação de oito policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na morte do dançarino Douglas. De acordo com o comandante das UPPs, coronel Frederico Caldas, foi aberta sindicância para apurar se houve participação dos policiais no crime.

Mãe do bailarino, Maria de Fátima da Silva, 56 anos, disse que os oito policiais também são investigados pela Polícia Civil sob suspeita de terem torturado seu filho antes de matá-lo. Segundo a mãe, a informação lhe foi transmitida pelo delegado Gilberto da Cruz Ribeiro, responsável pelo caso.

– Tenho certeza absoluta de que meu filho foi torturado. Ele tinha um corte na cabeça e no nariz. Estava muito machucado. Tinha marcas de botas nas costas. E o perito disse que ele foi atingido por um tiro no tórax – lamentou, emocionada, a mãe.

A mãe diz não entender “por que ele e todos os documentos, passaporte e o cartão do plano de saúde, estavam molhados se na terça não chovia”.

– Por que a gente só foi tomar ciência da morte 18 horas depois, se ele estava com identificação? – indagou a mãe.

O governador Luiz Fernando Pezão determinou empenho total à Polícia Civil nas investigações do caso.


Lamento de Regina Casé


Apresentadora do programa Esquenta, a atriz Regina Casé divulgou nota em que lamentou a morte. Na nota, Regina diz estar “arrasada” e que “toda a família Esquenta está devastada”. “O que dizer em um momento destes?”, pergunta a artista no comunicado. Para Regina Casé, “é preciso que a polícia esclareça a morte” do bailarino, “buscando a verdade”.

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