O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

sexta-feira, 2 de março de 2012

TROPA DE ELITE 2 NÃO É MERA COINCIDÊNCIA


Não é mera coincidência. Personagem de André Mattos em “Tropa de Elite 2” teve inspiração real - Zero Hora, 25/10/2010 - Caderno de Cultura.

Ele já foi reconhecido na rua como o Fininho, que na Escolinha do Professor Raimundo repetia o bordão “Eu te amo, meu queriiiiido’’; como D. João VI, da minissérie Quinto dos Infernos; e como Madruga, da novela Senhora do Destino. Agora, o ator André Mattos, 49 anos, faz sucesso como Fortunato em Tropa de Elite 2.

Quando entra em cena, o personagem transforma em gargalhada a tensão quase constante dos espectadores. Deputado, líder miliciano e apresentador de TV, Fortunato foi inspirado em vários personagens reais (confira outras referências do filme no quadro abaixo).

– Me inspirei no Wagner Montes, que segue essa linha de programa popular – diz, referindo-se ao apresentador da versão carioca do Balanço Geral, da Record (o programa fictício se chama Mira Geral).

Para interpretar o deputado, Mattos diz ter estudado vídeos da atuação parlamentar de deputados e vereadores acusados de envolvimento com a milícia:

– Depois da primeira cena que fiz como político, os seguranças e o cara do café disseram: “Nossa, pensei que o Jerominho (vereador preso, condenado por liderar milícias no Rio) tinha voltado”. Aí percebi que estava no rumo certo.

Embora satisfeito com o sucesso do filme, Mattos não se ilude com a fama.

– Minha sensação é a de ter estreado uma novela das oito: as pessoas me reconhecem na rua, parabenizam, e isso é ótimo. Mas aqui não é os Estados Unidos, onde um ator ganha US$ 500 mil, conquista um Oscar e passa a receber US$ 10 milhões. No Brasil não existe isso. Já ganhei 18 prêmios e sabe o que mudou na minha vida? Nada. Reconhecimento é bom, mas não paga as contas.

Filho de Emílio e Zélia de Mattos, atores que participaram da fundação do Tablado, André é casado com a atriz Roberta Repetto, e suas duas filhas (de 13 e 16 anos) já demonstram interesse por teatro e cinema. Atualmente, aproveita a folga na TV para deixar a barba crescer, preparando-se para interpretar o Analista de Bagé (personagem de Luis Fernando Verissimo) em um especial da TV Cultura. A partir de janeiro, o ator quer realizar um sonho antigo: viajar de caminhão pelo Brasil levando cenários de peças que pretende montar em vários Estados. E por quanto tempo pretende viajar?

– Para sempre – sorri.

A ARTE IMITA A VIDA

> REBELIÃO - Referências, citações e pesadelos cotidianos em “Tropa de Elite 2”
Um dos asseclas de Beirada (Seu Jorge, foto) na revolta do Bangu 1 é o MC Jovem Cerebral. Ex-traficante e ex-assaltante, passou cinco anos em presídios cariocas e prestou consultoria aos atores que interpretam traficantes.

> PARABÉNS PARA MIM - O ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel – inspiração para o personagem de Wagner Moura – aparece na cena do restaurante, quando Nascimento é aplaudido de pé. É Pimentel quem puxa as palmas – aplaudindo, de certa forma, a si mesmo.

> OLHO NO OLHO - Uma fala de Nascimento é resposta a quem achou “fascista” o primeiro Tropa: – Fraga vivia me chamando de fascista, mas não tinha coragem de dizer isso na minha cara.

> CÁLCULO - Na cena da aula, o professor Fraga (Irandhir Santos, foto) faz uma conta: – A população carcerária brasileira dobra, em média, a cada oito anos. Enquanto que a população brasileira, ela dobra a cada 50 anos. Se continuarmos com isso aqui, em 2081 (...) 90% dos brasileiros vão estar na cadeia. Já imaginaram? A conta foi emprestada de Marcelo Freixo, inspirador do personagem, professor, ativista dos direitos humanos e recém-eleito deputado estadual pelo PSOL-RJ.

> HOMENAGEM - Ainda na mesma cena, entre os estudantes aparece um outro professor da vida real, Michel Misse, do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

> FILME CULT - Fraga, Rosane e Rafael aparecem saindo do tradicional cinema Estação Botafogo, reduto de cinéfilos no Rio. O filme em cartaz é Z (1968), do grego Constantin Costa-Gavras. Trata-se de um filme político multipremiado (Oscar, Cannes, Globo de Ouro), do qual o diretor José Padilha é fã. Mais do que isso: Costa-Gavras era o presidente do júri no Festival de Berlim em 2008, quando Tropa de Elite ganhou o Urso de Ouro, prêmio máximo.

> MARÉ VERMELHA - A lancha usada pelos bandidos do filme para passear e eliminar inimigos saiu direto da vida real: milicianos usavam o recurso para descartar pessoas em alto-mar.

> ASSALTO À DP - Outro episódio real foi o assalto à delegacia executado pelos milicianos para roubar armas. Padilha filmou as cenas na própria delegacia em que tudo aconteceu na vida real.

> JORNALISTAS - A história da jornalista Clara (Tainá Müller, foto) é uma mistura de dois eventos verdadeiros: em 2008, uma repórter, um fotógrafo e um motorista do jornal O Dia foram torturados por milicianos que dominavam a Favela do Batan, em Realengo; em 2002, o repórter Tim Lopes, da Rede Globo, foi torturado, morto e queimado por traficantes no Complexo do Alemão.

> APRESENTADORES DE TV - Apontado como uma versão cinematográfica de Wagner Montes (apesar de os paulistanos reconhecerem no personagem a figura de José Luiz Datena), o apresentador e deputado Fortunato (André Mattos) é inspirado nos programas de jornalismo policial. Quanto a Wagner Montes (também apresentador e deputado), ele realmente já defendeu as milícias, mas atualmente se posiciona contra.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Leia neste blog a postagem:

http://blogdainseguranca.blogspot.com/2010/10/tropa-de-elite-2-e-hipocrisia.html

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