O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

quarta-feira, 21 de março de 2012

ROCINHA TEM SEGUNDO CONFRONTO EM DOIS DIAS


Policiamento é reforçado na Rocinha após segundo confronto em dois dias. Homem fugiu após troca de tiros com PMs e deixou para trás pistola. ATHOS MOURA e FERNANDA BALDIOTI. O GLOBO, 21/03/12 - 9h29

RIO - A PM reforçou ainda mais o policiamento na Favela da Rocinha, ocupada pela polícia em novembro de 2011, na noite desta terça-feira, após um homem ter atirado contra um grupo de militares. O patrulhamento já havia sido reforçado na segunda-feira quando três homens foram encontrados mortos a tiros no início da madrugada. A assessoria da PM não informou, no entanto, o efetivo que foi destacado.

De acordo com o jornal “Extra”, moradores e comerciantes da comunidade demonstravam medo com a possibilidade de confrontos. Rumores davam conta de que uma disputa entre traficantes rivais poderia trazer a violência de volta ao local. Ainda de acordo com o jornal, alguns moradores chegaram a falar na imposição de um toque de recolher. No centro do briga estariam dois criminosos: um deles é Amaro Pereira da Silva, o Neto — que substituiu Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, no controle do tráfico. O outro é Inácio de Castro e Silva, o Canelão, que foi expulso da Rocinha por Nem em 2008.

Canelão estaria tentando voltar a comandar o tráfico na região. Duas vans com bandidos do bando de Neto teriam sido vistas na Rua 2. Antigas bocas de fumo, localizadas no Valão e nas Ruas Um e Dois, teriam voltado a funcionar. A assessoria da PM informou que não tem informações sobre o suposto toque de recolher.

Segundo o serviço reservado do Batalhão de Choque (BPChoque), o incidente de terça-feira ocorreu por volta das 23h30m, quando um homem atirou contra um grupo de PMs. Após trocar tiros com os militares, o suspeito conseguiu fugir, mas deixou para trás uma pistola calibre 45 importada. Seis homens foram detidos e encaminhados para a delegacia da região para averiguação, mas foram liberados.

Mais cedo, por volta das 20h30m, a Polícia Militar divulgou uma nota negando que PMs do mesmo batalhão teriam se envolvido em um tiroteio. De acordo com a nota, o comandante do BPChoque, Fábio Souza, informou que o que houve foi a prisão em flagrante de um traficante com maconha.

Na segunda-feira, três homens foram encontrados mortos a tiros no início da madrugada. Os PMs suspeitam que uma briga entre traficantes rivais causou as mortes. No local do crime, na Rua 2, homens do Grupamento Tático de Motociclistas do batalhão chegaram a uma casa arrombada que servia de abrigo para traficantes. No imóvel, foram apreendidos cinco pistolas, três granadas e 1.505 papelotes de cocaína. Em nota, a PM pede que a população faça denúncias pelo Disque-Denúncia (2253-1177) e pelo 190.

Ocupada desde novembro pela Polícia Militar, a Rocinha ainda aguarda a instalação de uma sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que será inaugurada ainda neste primeiro semestre. A comunidade tem sido alvo de conflitos entre traficantes nas últimas semanas. Em 16 de fevereiro, uma disputa pelo poder decretou a morte de pelo menos dois homens. Um deles, Thiago Schimmer Cáceres, o Leão ou Pateta, substituto de Nem no comando do tráfico da favela foi morto na mesma Rua 2. Na ocasião, Rodrigo Tavares de Paula, o Rodrigo PQD, também foi morto.

Antes da ocupação policial, traficantes transformaram a Rocinha e o Vidigal num entreposto de drogas, armas e munição de uma facção criminosa. Bandidos foragidos de outras favelas da Região Metropolitana ocupadas por UPPs teriam buscado refúgio na Rocinha e só na comunidade havia mais de 200 traficantes e 200 fuzis em poder da quadrilha. A Rocinha era estratégica para o tráfico por seu faturamento alto (os traficantes vendem drogas a um tipo de viciado que pode pagar mais caro) e sua localização, cercada de rochas e matas (o que amplia o número de rotas de fuga numa ação policial).

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