O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

sexta-feira, 2 de março de 2012

A GUERRA QUE O ESTADO NEGA VER


Um Rio de tiros - O GLOBO, 23/08/2010 às 15h45m; Artigo do leitor Paulo André Gomes Faria

Como morador de São Conrado, posso dizer que vivenciei no sábado uma situação rotineira em várias comunidades da cidade. Sempre vivi no Rio de Janeiro, tendo morado na Tijuca na Zona Norte do Rio, em São Conrado na Zona Sul da cidade, em Jacarepaguá na Zona Oeste, e agora de novo, voltei à São Conrado. De todos os lugares em que morei, sempre guardo na lembrança o barulho longínquo de balas e bombas oriundo de comunidades próximas, mas desta vez, o barulho foi na porta da minha casa.

Até quando o Rio de Janeiro será este corredor de turistas, onde políticos cobrem as imagens da violência modificando estatísticas e maquiando a real situação em que a cidade se encontra? Varrer a sujeira para baixo do tapete não é, e nunca será, a solução. Fechar a visão da linha vermelha para as favelas e pintar as casas das comunidades próximas ao asfalto não eliminam a farra dos bandidos armados, com equipamentos utilizados para fazer guerra, como se vê mundo afora.

É urgente o fim da favelização e a presença do Estado nas comunidades. Não há mais como comportar tamanha escalada da violência, e simplesmente mudarmos a estatística pedindo para a polícia não registrar mais o roubo de documentos e telefones celulares. Os delitos, por menor que sejam, precisam servir de parâmetro, para não tolerarmos algo além do normal para uma vida saudável.

Nossos padrões de complacência mudaram e hoje vivenciamos esta situação absurda. Crime é crime, e deve ser coibido com força bruta, imediata e inteligente, não importa onde, seja na favela, na comunidade ou no asfalto, e não importa o seu tamanho. Em paralelo, é necessário trabalhar a reaproximação do Estado com a população de baixa renda, não assistida pela omissão de décadas dos Governadores e Prefeitos.

Não podemos mais deixar os cidadãos do Rio de Janeiro terem como única opção de vida a criminalidade, mas também não podemos ser complacentes com os que já tomaram a decisão de seguir por este caminho. As vítimas de verdade estão na frente da arma, por onde a bala sai, e não do lado que puxa o gatilho.

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