O Rio de Janeiro é o espelho do Brasil. O que ocorre no Rio de Janeiro fatalmente se transmitirá em cadeia para os outros Estados da Federação. As questões de justiça criminal e ordem pública não fogem desta regra. Portanto, é estratégico manter a atenção, estudar o cenário, analisar as experiências e observar as políticas lá realizadas, ajudando no alcance dos objetivos. A solução desta guerra envolve leis duras e um Sistema de Justiça Criminal integrado, ágil, coativo e comprometido em garantir o direito da população à segurança pública.

sexta-feira, 21 de março de 2014

ATAQUES ÀS UPPs - GOVERNADOR VAI PEDIR APOIO DAS FORÇAS FEDERAIS


Cabral vai a Brasília pedir apoio das forças federais para conter ataques em UPPs. Após ações desta quinta, governador se reuniu com a cúpula de segurança para definir providências

O GLOBO
Atualizado:21/03/14 - 8h18

O governador Sérgio Cabral se reuniu com autoridades da cúpula de segurança do estado Fernando Quevedo / Agência O Globo


RIO — Depois de uma reunião com autoridades da cúpula de segurança do estado, o governador Sérgio Cabral disse, no início da madrugada desta sexta-feira, que marcou para as 11h uma reunião com a presidente Dilma Rousseff para discutir os recentes episódios de violência nas unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio. Cabral, o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o secretário de Segurança José Mariano Beltrame vão a Brasília para propor um plano de segurança para o estado. O governador, no entanto, não quis dar detalhes do plano que será proposto, mas adiantou que vai solicitar o apoio das forças federais.

— Solicitei uma reunião com a presidente Dilma e ela vai me receber numa reunião hoje, às 11h, junto com alguns ministros. O Estado vai responder, unindo forças e sendo um Estado presente. Isso foi mais uma prova que o tráfico está enfraquecido e tenta enfraquecer a política de pacificação. Neste momento, não temos o menor constrangimento para solicitar o apoio de forças federais. Só não posso adiantar como será esse pedido — disse Cabral, contando que conversou com a presidente Dilma no fim da noite de quinta-feira.

Mesmo sem revelar detalhes do pedido de apoio que será feito a Dilma, Cabral disse que a segurança do Rio está em "alerta máximo" e que as polícias do estado, a Militar e a Civil, estão de prontidão e com força máxima para garantir a segurança da população.

Também sem detalhar o que foi discutido na reunião, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, fez críticas a falta de debates para melhorar a questão da segurança pública no país. De acordo com ele, o sistema penal e prisional deve ser repensado e que algumas questões, como o aumento no uso de crack, a falta de controle das fronteiras, a maioridade penal e o uso de armas de fogo militares por parte de civis, contribuem com o crescimento da violência.

— Se não discutirmos isso tudo de forma ampla, vamos passar a vida inteira resolvendo crises e não resolvendo o problema de segurança pública. Isso é um problema que atinge todos os estados, não é só do Rio de Janeiro — disse o secretário.

Beltrame também comentou os recentes ataques às UPPs que, segundo ele, são uma prova que os problemas da segurança pública acabam beneficiando os criminosos.

— Desta forma, essas pessoas continuam pensando que o crime vale a pena. As pessoas agem sem o menor temor às leis — encerrou Beltrame.

Gabinete de crise

A reunião, realizada no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, na noite desta quinta-feira, ainda contou com a presença do chefe de Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, e do comandante-geral da PM, coronel Luiz Castro Menezes, além de outras autoridades do setor. O objetivo do encontro era avaliar os ataques contra UPPs e definir as providências que serão tomadas para evitar novas ações de criminosos.

Mais cedo, em nota, Cabral disse que os ataques desta quinta-feira foram mais uma tentativa da marginalidade de enfraquecer a política vitoriosa da pacificação, que retomou territórios historicamente ocupados por bandidos. Ele afirmou ainda que mantém o firme compromisso assumido com as populações das comunidades e de todo o estado de não sair, em hipótese alguma, desses locais ocupados e manter a política da pacificação.

Nas ações desta quinta-feira, quatro unidades de Polícia Pacificadora foram atacadas. Os ataques se concentraram na região do Complexo de Manguinhos, na Zona Norte. Três policiais militares acabaram baleados na comunidade, incluindo o comandante da UPP do Mandela, o capitão Gabriel de Toledo, atingido na virilha. Além disso, dois carros e cinco bases de apoio da unidade foram incendiadas. O clima de pânico tomou conta da comunidade, porque várias ruas ficaram às escuras, depois que tiros atingiram transformadores da Light. A Avenida Leopoldo Bulhões ficou fechada por quase seis horas. Já a circulação de trens do ramal de Saracuruna foi paralisada por pouco pouco mais de duas horas.

O conflito teve início no fim da tarde desta quinta-feira, após PMs terem sido atacados por moradores que reagiram à remoção de um grupo que invadira um prédio. No fim da noite, houve ataques a tiros também contra as UPPs do Parque Arará (em Benfica), do Camarista Méier, no Lins, onde um ônibus foi incendiado, e do Complexo do Alemão. O confronto no Alemão terminou com um suspeito ferido. Ninguém havia sido preso até as 0h30m.

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