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quarta-feira, 26 de março de 2014

EXÉRCITO COMEÇA A DAR APOIO ÀS AÇÕES DA PM


Exército começa a dar apoio às ações da Polícia Militar na Maré. Equipes farão buscas a paióis de armas de traficantes nas favelas Parque União e Nova Holanda, com uso de detectores de metal. Data da ocupação definitiva da região ainda não foi divulgada

SÉRGIO RAMALHO
VERA ARAÚJO
O GLOBO
Atualizado:26/03/14 - 11h33


Equipes do Exército chegam ao Batalhão da Maré para dar apoio à PM Márcia Foletto / Agência O Globo


RIO - Uma equipe do 1º Batalhão de Engenharia de Combate do Exército fará um trabalho de busca aos paióis de armas de traficantes com uso de detectores de metal MD8, no Complexo da Maré, na Zona Norte da cidade, nesta quarta-feira. O equipamento é capaz de encontrar uma agulha enterrada a até 30 centímetros de profundidade. De acordo com o capitão do Exército Rafael Medeiros, informações repassadas pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) dão conta de que os traficantes teriam enterrado armas em alguns pontos das favelas Parque União e Nova Holanda, dominadas pela facção responsável pelos ataques recentes às UPPs.

De acordo com o capitão, são 15 homens equipados com dez detectores de metal. Alguns dos soldados usarão roupas antiexplosão, pois o Exército não descarta a possibilidade de haver armadilhas com explosivos instalados por traficantes próximo aos pontos onde teriam sido enterrados os armamentos. Nos próximos dias, os soldados vão vasculhar uma área de 141 mil metros quadrados, onde se estima que haja cerca de 3,5 mil residências. Antes da publicação da Garantia de Lei e de Ordem (GLO) pela Presidência da República, os soldados não poderão agir como policiais e, por isso, atuarão em conjunto com agentes do Bope.


O caminhão com os homens do Exército chegou ao 22º BPM (Maré) nesta manhã. A presença dos soldados na comunidade faz parte de ações de inteligência para planejar a ocupação das favelas. Mais cedo, policiais do Batalhão de Ações com Cães (BAC) percorreram ruas do Parque União e da Nova Holanda com mandados de busca e apreensão e de prisão contra integrantes da quadrilha que comanda o tráfico de drogas na região. Muitas crianças que iam para a escola retornaram para suas casas porque algumas unidades não estariam funcionando por falta de professores.

O comando das operações do Exército no Complexo da Maré tem como objetivo, esta semana, fazer um levantamento detalhado das 16 comunidades que compõem a área. A previsão é de que um avião também seja usado para fazer o trabalho de georreferenciamento a fim de obter, com precisão, as coordenadas (pertencentes ao sistema no qual se pretende georreferenciar) de pontos da imagem ou do mapa, conhecidos como pontos de controle. A partir destes dados, será possível distribuir no espaço patrulhado o número de bases a serem montadas pelo Exército. Nos complexos do Alemão e da Penha, por exemplo, foram criados 10 setores, cinco para cada área.

O Exército possui na região, às margens da Avenida Brasil, o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), que servirá de quartel general da tropa. Os militares do Bope já têm uma base no complexo de favelas da Maré, onde vão planejar suas operações. Trata-se do Centro de Operações Especiais (COE), em conjunto com o Grupamento Aeromóvel (GAM), que também atuará no complexo patrulhando o Canal do Cunha e parte da Baía de Guanabara às da Maré.

O Comando Militar do Leste (CML) fez o planejamento da ação, que foi batizada de Operação São Francisco, nesta terça-feira. Em nota, o Exército não quis informar dados sobre o tipo de tropa, veículos, armamentos, efetivo, área de atuação e período da operação. O texto diz ainda que: “O planejamento também visa a minimizar o impacto das ações para a população local”.

Anúncio da ocupação na Maré

A ocupação por homens do Exército, no Complexo da Maré, foi anunciada na última segunda-feira pelo secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. A Polícia Federal vai ajudar com o serviço de inteligência e a Polícia Rodoviária Federal vai auxiliar no cerco aos acessos, nos mesmos moldes da ocupação do Complexo do Alemão, em novembro de 2010. Segundo Beltrame, a ocupação servirá de preparação para que o processo de pacificação seja implantado na região. O secretário disse que 1.500 homens devem atuar na Unidade de Polícia Pacificadora da Maré.

Na ocasião, durante reunião no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que não há prazo definido para a permanência dos homens da Polícia Rodoviária Federal, da Força Nacional e das Forças Armadas na cidade.

Desde a última sexta-feira, seis favelas dominadas pela facção que teria orquestrado os recentes ataques estão ocupadas pelas forças de segurança. A ocupação será mantida por tempo indeterminado. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estão no Parque União e a Nova Holanda, no Complexo do Maré. Outros batalhões da PM tomaram os morros do Chapadão, em Costa Barros; do Juramento e Juramentinho, em Vicente de Carvalho; e a favela Para-Pedro, em Colégio.


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