HUMBERTO TREZZI | RIO
OPERAÇÃO NO RIO. Exército e Bope juntos no Complexo da Maré
Pela primeira vez em três anos, as duas forças voltam a realizar patrulhamento em favelas conflagradas
A anunciada e celebrada ajuda das Forças Armadas no desmantelamento de redutos violentos do tráfico no Rio de Janeiro não ficou só na retórica. Militares do Exército e da PM fluminense realizaram ontem, antes da data prevista, que era 7 de abril, uma operação conjunta na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, próximo ao Aeroporto Internacional Tom Jobim.
Éa primeira ação colaborativa entre as forças federais e estaduais no Rio desde 2011. A região da Maré deve ser ocupada totalmente pelos militares já na semana que vem, em decorrência de pedido do governo estadual.
A ponta de lança do Exército na operação, ainda antes da ocupação, é o uso de sapadores para localizar armas. Quinze homens do 1º Batalhão de Engenharia de Combate e Escola do Exército, cuja sede fica no bairro de Santa Cruz (RJ), iniciaram, na manhã de ontem, uma varredura em busca de paióis (esconderijos) de armas dos traficantes da Maré. Contaram para isso com rastreamento prévio e escolta do Bope, o temido Batalhão de Operações Especiais da PM fluminense, celebrizado nas série de filmes Tropa de Elite.
Detectores de metais foram usados para encontrar armas
Os “caveiras” do Bope, vestidos de preto e portando fuzis com mira telescópica, se empoleiraram nos prédios de escolas da favela Nova Holanda para garantir a passagem do pessoal da Engenharia do Exército. Por não ter ainda ocorrido a ocupação pelo Exército, os militares federais não portavam armamento.
Levavam nas mãos detectores de metais, usados para rastrear minas explosivas, mas que, ontem, foram empregados para tentar localizar objetos metálicos em território transformados em esconderijo por traficantes. Os aparelhos são capazes de verificar a presença de armas e alguns tipos de explosivos enterrados no solo a uma profundidade de até 1,5 metro.
– É possível localizar até uma agulha enterrada num buraco de 30 cm – garante o capitão Rafael Medeiros, comandante do pelotão.
Em um entrosamento raro, policiais e militares do Exército andavam em duplas. As buscas se concentraram num terreno usado como horta e situado entre dois CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública), na divisa das favelas Nova Holanda e Parque União. Próximo à Linha Amarela, freeway que liga as zonas leste e oeste do Rio, esses CIEPs também formam a divisa de territórios entre as duas maiores facções criminosas que atuam nas 11 comunidades do Complexo da Maré.
De um lado dominam os bandidos do Terceiro Comando Puro (TCP). De outro, os do Comando Vermelho. Os PMs e militares do Exército tiveram de fazer seu trabalho em meio a vidraças quebradas, slogans agressivos pintados nas paredes (palavrões hostilizando as Unidades de Polícia Pacificadora) e estouros incessantes de fogos de artifício, disparados por olheiros dos traficantes, mas que faziam tremer cada soldado pela semelhança com disparos de fuzil.
Ontem à noite, o chefe do tráfico em 11 favelas da Maré, Marcelo Santos das Dores, o Menor P, foi preso por agentes da Polícia Federal em um apartamento em Jacarepaguá. O traficante dividiu o território dominado por sua facção em áreas e escolheu homens de sua confiança para administrá-las, conforme reportagem do jornal O Globo.
A OCUPAÇÃO - Complexo da Maré, que já está sob intenso patrulhamento do Bope e do 22º Batalhão da PM fluminense, - Ganhará no início de abril (possivelmente dia 7) reforço de 4 mil PMs, integrantes das Forças Armadas e da Polícia Federal. - Nas 11 favelas da região vivem 130 mil pessoas. - A estimativa das autoridades é de que pelo menos 500 bandidos fortemente armados atuem no Complexo da Maré. Ação antecipada
OPERAÇÃO NO RIO. Exército e Bope juntos no Complexo da Maré
Pela primeira vez em três anos, as duas forças voltam a realizar patrulhamento em favelas conflagradas
A anunciada e celebrada ajuda das Forças Armadas no desmantelamento de redutos violentos do tráfico no Rio de Janeiro não ficou só na retórica. Militares do Exército e da PM fluminense realizaram ontem, antes da data prevista, que era 7 de abril, uma operação conjunta na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, próximo ao Aeroporto Internacional Tom Jobim.
Éa primeira ação colaborativa entre as forças federais e estaduais no Rio desde 2011. A região da Maré deve ser ocupada totalmente pelos militares já na semana que vem, em decorrência de pedido do governo estadual.
A ponta de lança do Exército na operação, ainda antes da ocupação, é o uso de sapadores para localizar armas. Quinze homens do 1º Batalhão de Engenharia de Combate e Escola do Exército, cuja sede fica no bairro de Santa Cruz (RJ), iniciaram, na manhã de ontem, uma varredura em busca de paióis (esconderijos) de armas dos traficantes da Maré. Contaram para isso com rastreamento prévio e escolta do Bope, o temido Batalhão de Operações Especiais da PM fluminense, celebrizado nas série de filmes Tropa de Elite.
Detectores de metais foram usados para encontrar armas
Os “caveiras” do Bope, vestidos de preto e portando fuzis com mira telescópica, se empoleiraram nos prédios de escolas da favela Nova Holanda para garantir a passagem do pessoal da Engenharia do Exército. Por não ter ainda ocorrido a ocupação pelo Exército, os militares federais não portavam armamento.
Levavam nas mãos detectores de metais, usados para rastrear minas explosivas, mas que, ontem, foram empregados para tentar localizar objetos metálicos em território transformados em esconderijo por traficantes. Os aparelhos são capazes de verificar a presença de armas e alguns tipos de explosivos enterrados no solo a uma profundidade de até 1,5 metro.
– É possível localizar até uma agulha enterrada num buraco de 30 cm – garante o capitão Rafael Medeiros, comandante do pelotão.
Em um entrosamento raro, policiais e militares do Exército andavam em duplas. As buscas se concentraram num terreno usado como horta e situado entre dois CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública), na divisa das favelas Nova Holanda e Parque União. Próximo à Linha Amarela, freeway que liga as zonas leste e oeste do Rio, esses CIEPs também formam a divisa de territórios entre as duas maiores facções criminosas que atuam nas 11 comunidades do Complexo da Maré.
De um lado dominam os bandidos do Terceiro Comando Puro (TCP). De outro, os do Comando Vermelho. Os PMs e militares do Exército tiveram de fazer seu trabalho em meio a vidraças quebradas, slogans agressivos pintados nas paredes (palavrões hostilizando as Unidades de Polícia Pacificadora) e estouros incessantes de fogos de artifício, disparados por olheiros dos traficantes, mas que faziam tremer cada soldado pela semelhança com disparos de fuzil.
Ontem à noite, o chefe do tráfico em 11 favelas da Maré, Marcelo Santos das Dores, o Menor P, foi preso por agentes da Polícia Federal em um apartamento em Jacarepaguá. O traficante dividiu o território dominado por sua facção em áreas e escolheu homens de sua confiança para administrá-las, conforme reportagem do jornal O Globo.
A OCUPAÇÃO - Complexo da Maré, que já está sob intenso patrulhamento do Bope e do 22º Batalhão da PM fluminense, - Ganhará no início de abril (possivelmente dia 7) reforço de 4 mil PMs, integrantes das Forças Armadas e da Polícia Federal. - Nas 11 favelas da região vivem 130 mil pessoas. - A estimativa das autoridades é de que pelo menos 500 bandidos fortemente armados atuem no Complexo da Maré. Ação antecipada
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